Só confuso...
- Mãe, posso passar o resto do verão na casa do Sr...quero dizer, do Harry? – minha mãe levantou os olhos do jornal trouxa que lia, e seus lábios se estreitaram levemente. Sinal de perigo! SALVEM-SE, PERIGO! PERIGO!
- Ah, claro, porque passar as férias na casa dos seus pais que ficaram seis meses sem ver sua sombra? Pode ir, vá... – ela dobrou o jornal gentilmente, a boca se estreitando ainda mais e a têmpora pulsando cada vez mais.
QUE MEDO!
- Mãe...vai ter missa de sétimo dia dos meus amigos que faleceram... – essa palavra parece bem menos cruel do que ‘morreram’ – além disso, você nem se lembra do que aconteceu nos últimos seis meses.
- E daí? – ela se levantou – filha, ano que vem você vai embora daqui. Não adianda negar, eu sei que você vai se mudar...daí vai correr perigo de novo – uma lágrima desceu pelo rosto de minha mãe. Odeio vê-la chorar, principalmente quando a culpa é minha. Merda.
- Mãe, não precisa chorar – abracei ela. Nossa, ela não é alta, mas...eu to mais baixa que ela! Ain nãão –‘ vou ser baixinha. Bom, crise de altura vamos deixar para mais tarde – mãe...eu preciso ir. Tenho que aparatar...
- APARA O QUÊ? – ela perguntou. Ops, esqueci que tenho pais trouxas...
- Aparatar, o teletransporte que eu te falei.
- Ah sim – minha mãe olhou para mim com aqueles olhos castanhos estilo gato-de-botas – ta filha...vai lá. Não esqueça de nos telefonar, ok? – ela me abraçou – sentirei sua falta.
- Eu também mãe – abracei ela, e corri para o meu quarto. A mala estava pronta em cima da escrivaninha. Peguei minha varinha e a mala, para descer correndo as escadas – mãe, mande um beijo para papai, ok?
- Ta, filha – minha mãe estava com o rosto vermelho...o sentimento de culpa baixando em mim – boa viagem. Te amo.
- Também te amo, mãe – abracei ela e saí da casa.
Minha casa é de condomínio, então não tinha nenhum beco decente para eu aparatar. Saí do condomínio, e caminhei um pouco até chegar a entrada de Londres. Havia um posto de gasolina, então pedi para usar o banheiro. Entrei lá, tranquei a porta, segurei firme minha mala e rodpiei rápido, visualizando o Largo Grimmauld. Senti uma grande falta de ar durante um tempo e logo depois, senti novamente o chão sob meus pés. A vizinhança estava a mesma, então caminhei para o lugar onde deveria estar a casa, e logo ela apareceu. Bati três vezes na porta.
- Quem é? – a voz masculina perguntou
- Hermione Jane Granger, nascida no dia 15/09, enfrentei Voldemort com você – respondi, rindo.
- Qual é o nome do seu ex que é meu melhor amigo? – Harry perguntou. Que saco.
- Ronald Billius Weasley – já estava cansada disso – qualé, Harry, quer que eu adivinhe a cor da sua cueca também?
A porta se abriu, e um rapaz moreno de olhos extremamente verdes, óculos, o corpo...nada mal! Parece ter melhorado muito desde a ultima vez que o vi. Gina fez um ótimo trabalho com ele.
- Harry! – corri até ele e pulei em seu pescoço – que bom te ver!
- Mione! – ele me segurou pela cintura – pensei que você tivesse enjoado da minha cara!
- Nunca! Estava morta de saudades! – ficamos assim durante um bom tempo. Cara, o Harry ta diferente...suas mãos, sei lá, parecem mais firmes e seguras. Da ultima vez que o abracei, ainda sentia mãos fracas de um adolescente, mas agora ele parecia tão...homem.
E como ele tava cheiroso! Meu Deus, será que Gina está aí? Só pode ser obra dela! Não, ela tinha que ajudar os pais e irmãos nos funerais e tal...
- Senhorita Granger! – ouvi uma voz arrastada vinda de baixo, e quando olhei, Monstro estava parado, vestindo o que pareciam ser roupas formais de criança. Seu rosto estava bem mais cansado e velho do que eu me lembrava... – O meu senhor Potter não avisou que receberíamos visita.
- Monstro! – abracei ele – Como você está? Harry tem te tratado bem?
- Muito bem! – ele falou, tive tanta pena...mal parecia se agüentar – Ele me dá roupas novas todos os fins-de-semana, eu sou livre, mas gosto de servir ao senhor Potter. Ele é bonzinho.
- E eu o treinei para falar isso – Harry sorriu. Que sorriso branco...- Vamos entrando, Mione. Conte-me, o que fez nas férias?
Ficamos conversando na sala de jantar, enquanto Monstro preparava alguns sanduíches para nós. Harry estava completamente mudado, muito mais maduro e confiante, além da voz ter engrossado e ele ter crescido mais uns sete centímetros – Parece que a comida de monstro fez bem a você...
- Hã? – ele perguntou, parecendo um tanto confuso. Droga, pensei alto! Odeio quando faço isso...é muito estranho e constrangedor!
- Nada não...e com vai o namoro com a Gina? – perguntei para ele, e senti uma pontada de...o que seria isso? Só sei que não era bom. Parecia ser algo ruim...sei lá. Agora que percebi, eu falo muito “sei lá”. Isso é ruim?
- Ah... – o rosto dele ficou triste de repente. Falei algo errado? - ...vai indo.
- Não entendi o ar triste – eu falei, olhando para ele. Ele desviou o olhar – o que aconteceu?
- Ela ta estranha, temos brigado muito... – Harry não conseguiu continuar
- Porque as brigas?
- Ela tem ciúmes de mim, eu tenho dela, e ela não tem mais tempo pra mim... – Harry falava como numa confissão. Calma, Harry! – além de ela não me escrever já faz uma semana, ela não respondeu minha ultima carta...
- Quando você mandou? – perguntei
- Há quatro dias – ele respondeu, seus olhos verdes me encarando. Sustentei o olhar enquanto pude, até que ele baixou a cabeça – não sei o que fazer, não sei mais o que sinto por ela...
Levantei-me e fui me sentar ao seu lado. Parecia ser a coisa certa a fazer...bom, só parecia. Quando sentei-me ao seu lado ele me olhou novamente. Os olhos verdes dele mostravam genuína confusão e tristeza, mas acima de tudo, sentimento de perda. Cheguei perto dele, encostando minha cabeça em seu ombro, e ficamos ali por um bom tempo, até que senti seu olhar sobre mim. Levantei o rosto, e percebi que estávamos, muito, muito perto.
Beije-o, Hermione! O que está esperando? (essa é a parte impulsiva da minha consciência)
Esperando que ele se levante, constrangido, e me lembre que somos apenas amigos! (essa é a parte certa da minha consciência)
Acho que tenho uma parte vidente dentro de mim, porque foi exatamente o que aconteceu. Harry se levantou, aparentemente constrangido, e sorriu.
- Amanhã Teddy estará aqui, e depois de amanha iremos ao Beco Diagonal – ele chegava perto das escadas – fique a vontade, Mione, a casa é sua – ele então tropeçou no porta guarda chuva de perna de trasgo, e por pouco não caiu, ocnseguindo se apoiar no corrimão da escada. Eu ri brevemente, enquanto ele assumia uma expressão abobalhada. Estaria ele...não, não pode ser.
- Ok – levantei também, e percebi que ele ainda me olhava – o que foi?
- Você está diferente – ele respondeu, sorrindo – está mais...não sei, mais...ah, esqueça.
- Fala Harry! – segurei ele pela manga da camisa. Já falei que ele tava usando uma blusa meio colada de manga comprida? E que ele ficava gostoso nela? – começou, agora termina!
- Não, esqueça – ele sorriu, e me deu um beijo na bochecha – boa noite, até amanha.
- munhuhum – eu resmunguei, murmurei, sei lá o que eu fiz. Estava abobalhada. O que foi aquilo? Um beijo? Não sei, só sei que coloquei minha mão na bochecha...estava formigando. Na verdade, minha cabeça inteira tava formigando. Harry subiu as escadas, enquanto eu fiquei ali parada que nem um espantalho olhando para o nada. A sensação de nada e tudo tomou conta de mim...é quando sua mente parece realmente branca e gelada, o topo de sua cabeça fica frio, é geralmente desconfortável.
Mas naquela noite, nada foi desconfortável. Nada mesmo. Nem a aparatação, nem o formigamento, nada.
Algo acordou dentro de mim. Ai não! Da ultima vez que isso aconteceu, eu descobri que não estava apaixonada por Vítor, e sim por Ronald. Oh meu Deus, não! NÃO! NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!
Não, nada disso ta acontecendo. É só minha fértil e inútil imaginação...só isso, e mais nada. Fim. The end. Fin.
Subi apressada as escadas da casa, entrei no quarto que antes nos hospedamos durante o natal do ano retrasado, caí na cama e lutei para dormir.
Dormi.
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