Perseguida




Capitulo 2:
Perseguida

Kate sentiu-se enjoada. Olhou para o prato em sua frente e o empurrou para longe. Ela olhou para a janela; o dia estava lindo e claro, nenhuma nuvem no céu, e o vento não estava forte; seria perfeito para dar um mergulho no mar cristalino em sua frente. Mas mesmo assim, ela tinha vontade de voltar para cama e dormir. Algo devia estar errado. Algo estava errado.

Sentou-se no sofá e percebeu que algo havia caído do bolso de sua calça. Era a
carta que ela havia achado em sua casa. Não ousou abri-la para rele-la. Reler a maldita carta só faria se sentir rejeitada, e ela não queria sentir isso. Não novamente.

Guardou a carta em uma caixa e desejou esquecê-la. Enroscou-se no sofá, abraçando uma almofada, olhando vagamente para a lareira apagada. A porta de correr abriu, mas ela não se ergueu para ver quem havia entrado. Achou que era Christopher, que estava na praia, voltando para dentro. Passaram-se uns instantes e ninguém veio. Achou melhor fechar a porta por precaução, e se levantou, se dirigindo a porta em passos lentos.

Ela se assustou quando viu que tinha alguém no quintal. Era um garoto alto e estranhamente familiar; a atitude marota, os olhos azuis celeste, o sorriso no canto dos lábios – parecia que ela já o tinha visto em algum lugar.

-Kate, o que houve?

Kate se virou tão abruptamente que quase deu um susto. Christopher havia chegado, sem que ela percebesse, e ele estava com uma expressão confusa.
Kate suspirou e virou de costas para ele, e viu que não havia ninguém mais no quintal. Ela fechou a porta e olhou para Christopher.

-Nada.

-Então porque se assustou? – ele disse, agora preocupado.

-Me assustei quando vi a sua cara. – ela disse, numa voz cínica e irônica. – E vá se secar, você está me molhando toda.

Christopher sorriu e subiu para o segundo andar. Kate olhou para o quintal novamente, e mordeu o lábio inferior. Quem será que era aquele garoto? Ele não parecia uma ameaça, mas era esquisito ter alguém em seu quintal.

Finalmente, achou que era bobeira e foi para o seu quarto, mas quando passou pela porta de correr, havia um ar duvidoso em sua expressão.


~~*~~


Lilly estava em seu quarto, com o rádio ligado, ao som máximo. Adorava a música trouxa, e gostava principalmente das bandas de rock. As paredes de seu quarto eram enfeitiçadas para que os vizinhos não reclamassem da musica. Mas hoje, ela não estava com o rádio no máximo para diversão; e sim para distração.

A música alta dificultava a capacidade de concentração dela, e não queria se lembrar das memórias que havia visto na casa de Kate.

Não conseguia acreditar que era Christopher. Não conseguia acreditar que era a mãe de Kate. Não conseguia acreditar que os dois estavam noivos, prometidos a casamento. Não conseguia acreditar que alguém havia deixado Christopher.

Por Lord Voldemort.

A musica não parecia estar fazendo efeito. Estava tudo gravado em sua mente, se repetindo toda hora. Cada expressão e cada fala de Christopher. Raiva, surpresa, choque, tristeza, dor, perda.

Lilly pegou seu violão e tentou tocar, mesmo com a musica tocando. Qualquer coisa que a distraísse. Mas mesmo assim, a voz de Christopher ecoava em sua cabeça:

”Pelo que eu me lembre, estávamos noivos quando você se tornou uma maldita Comensal. E depois de tudo, como se não bastasse me largar, você engravidou de Riddle. Você acha mesmo que não é da minha conta?”

Lilly rolou os olhos. Não conseguia tocar violão, e a maldita cena continuava em sua cabeça. Deitou na cama, e cobriu a cabeça com um travesseiro. Quando o retirou da cabeça, viu que havia algo na janela.

Estranhando, se levantou lentamente e viu uma coruja. Abriu a janela, deixando a coruja entrar. Ela pareceu levemente incomodada com o volume do som.

Lilly desamarrou a carta na perna da coruja e viu que era de Ron e Hermione. A coruja saiu pela janela, deixando Lilly com um bilhete de apenas algumas linhas.


Lilly, arrume suas malas. Estaremos ai as onze horas. Explicaremos tudo quando chegarmos ai. Faça o que quiser, mas não conte isso para ninguém. Mione e Ron.


Lilly olhou para o relógio, nove e quarenta e cinco da noite. Sem mesmo pensando, pegou sua mala e começou a arrumar suas roupas. A curiosidade para saber o que era varreu sua mente, e ela se esqueceu completamente da memória.


~~*~~


Harry cansou-se de esperar pelo noticiário trouxa; ele sabia que se houvesse alguma morte de alguém, o noticiário mostraria... Mas parecia que Lord Voldemort ainda não havia atacado ninguém. Ele pensou que, com a volta de
Voldemort, todos estariam preocupados e haveria mortes quase toda hora...
Mas estava errado. Desde o começo de suas férias, nada de estranho havia acontecido.

Porém, ele estava tendo uma sensação de estar sendo observado, espionado.
Sempre achava que havia alguém observando cada passo que dava, mas quando virava para trás, não havia ninguém. Sempre que olhava pela sua janela em seu quarto, parecia ver alguém olhando para a janela, mas misteriosamente desaparecia. Com um péssimo pressentimento, ele havia escrito uma carta para Ron, Hermione e Lilly, mas eles apenas haviam respondido respostas curtas:


É estranho mesmo. Mas quem estaria te perseguindo? Espero que as férias estejam boas.


Irritado, ele jogou a resposta de Hermione no lixo. Eles estavam agindo de um modo muito estranho... Praticamente como se ignorassem Harry.

Ele não havia escrito à Kate porque ela tinha viajado junto de Christopher. E ele ficou praticamente um mês sem noticias de ninguém, apenas recebendo as cartas curtas e diretas de seus amigos.

Ele também estava tendo sonhos estranhos; onde se encontrava num corredor longo, com várias portas. Quando ia abrir alguma, acordava. E também havia um sonho mais esquisito ainda, em que ele estava numa cidade escura, com as ruas cheias de sangue... E no alto de uma montanha que parecia a beira de desabar, havia uma mansão de estilo gótica, com telhas caindo e heras crescendo nas paredes.

No alto da janela, ele via uma mulher loira de olhos cor-de-violeta, um homem de cabelos negros ondulado, de aparência severa e sombria, um garoto bem parecido com o homem, e por último, ele via Kate, parada junto ao resto daquelas pessoas... E ele chamava o nome dela, e ela parecia não ouvir... E quando ela finalmente o ouvia, torcia o nariz e fechava a cortina.

Ele se levantou do banco no jardim dos Dursleys e partiu para uma caminhada pela Magnolia Road, e se sentou no balanço do parquinho. Ele ficou quieto, absorto nos pensamentos, que não havia percebido uma pessoa se aproximando.

-Harry! – chamou uma garota, que Harry imediatamente reconheceu como Kate. – Eu voltei mais cedo!

A garota o abraçou com tanta força que ele quase caiu do balanço, e segurando firme na corda do balanço, ele se levantou. Os dois se beijaram por um tempo que pareceu horas, e Harry se esqueceu momentaneamente de suas irritações.

Nem sabendo para onde estavam indo, os dois saíram caminhando de mãos dadas, conversando. Harry lhe contou sobre o sonho do corredor, mas não ousou mencionar o segundo sonho. Quando o assunto se virou para Ron, Hermione e Lilly, Harry começou a ficar irritado novamente. Eles não haviam escrito nada para ele, depois de tudo que ele havia passado...

O que ele queria bloquear de sua mente voltou rapidamente; a memória do cemitério, vendo Voldemort retornar... Como ele escapou por um triz da morte... Cedric sendo assassinado em sua frente... Tentou bloquear essas visões, mas elas viam como se fossem um filme automático em sua mente... E sua cicatriz começara a arder.

-O que houve? – perguntou Kate, ao ver que ele passava a mão na cicatriz. – Está ardendo?

Ele concordou, e caiu em silêncio. Sentou-se num muro, e a dor continuou, embora começara a cessar.

-Harry, você devia contar isso para Dumbledore...

-Há, obrigado pelo conselho que todos me deram; - disse ele sarcasticamente, e sua raiva aumentou. – mas eu já escrevi para ele, e ele não me respondeu.

-Não precisa descontar a raiva em mim! – disse Kate, levantando uma sobrancelha, com o braço cruzado. – E Sirius? Você já contou para ele?

-Sim. E ele me mandou ficar aqui, quieto, sem fazer nada de errado. – falou, com a voz áspera.

-Harry, se você continuar falando assim comigo, eu irei lhe aconselhar a seguir o conselho de Sirius e estarei indo embora agora! – disse ela, visivelmente irritada.

Ele ficou quieto e controlou o temperamento. Ela estava a ponto de dizer algo quando viu algo que a fez ficar de boca aberta, e ela saiu correndo na direção daquilo. Confuso, Harry olhou para a direção em que ela estava correndo, e viu Dudley e seus amigos irritando uma garotinha.

-HEI! – gritou Kate, chamando a atenção dos garotos – Parem com isso AGORA!

Harry se levantou e começou a andar na direção de Kate, quando viu alguém espiando atrás das árvores na rua oposta. E essa pessoa estava segurando uma varinha. Estava observando Kate, que estava dando uma bronca nos garotos, e Harry percebeu que seja quem fosse a pessoa com a varinha, ela era certamente mais perigosa que os companheiros de Dudley. Ele pegou a varinha no bolso de trás dos jeans e andou na direção do bruxo, que nem prestava atenção nele.

-Vocês não podem fazer isso com uma criança! – disse Kate, ajudando a garota a se levantar, que havia caído sentada no chão por chorar.

-E quem é você para mandar na gente? – perguntou um dos amigos de Dudley, olhando Kate de cima e abaixo.

-Kate Jackson. – disse ela arrogante e cinicamente, cruzando os braços.

-E você, lindinha, tem namorado? – perguntou Dudley, se aproximando dela.

Harry, ao ver o olhar de Dudley, quase lançou um feitiço naquela cara de porco dele; mas se lembrou que poderia ser expulso de Hogwarts, e se controlou. O bruxo se aproximou mais ainda de Kate, mas sempre cuidando para não ser visto.

-Tenho, e mesmo que não tivesse, nunca iria me aproximar de uma criatura tão repugnante como você. – disse ela, com uma cara de nojo.

Harry conseguiu ver o rosto da pessoa em sua frente. Era um adolescente, de ombros largos e era alto. Tinha o cabelo castanho ondulado, de olhos azuis claros. Ele achou que fosse Christopher, mas depois que viu melhor, não era ele. Afinal, porque Christopher iria estar perseguindo a irmã?

Harry estava tão preocupado em descobrir quem era a pessoa que estava ali, que ele não havia visto uma cena peculiar no grupo de Dudley; as roupas dos seguidores de Dudley imediatamente pegaram fogo, e eles saíram correndo, tentando apagar a chama. Dudley estava caído ao chão, e seu nariz estava sangrando, e Kate estava com seu punho cerrado.

-NUNCA, nunca, encoste um dos seus dedos desprezíveis em mim!

O garoto na frente de Harry olhou para trás, sorriu enigmaticamente para Harry, levando o dedo para os lábios, como se pedisse silêncio. No segundo seguinte, ele sumiu.

-Meu nariz! Meu nariz! – guinchava Dudley – Sua louca! Você quebrou meu nariz!

-Pois bem que mereceu! – falou Kate, lançando um olhar mortal a Dudley.

Harry foi se juntar a Kate, e a temperatura da rua caiu. O tempo havia fechado, estava tudo escurecendo. As pequenas poças de chuva da noite interior estavam congelando, e Harry começou a se lembrar de suas piores experiências...

Dementadores”, pensou Harry.

A escuridão era tanta que ele não conseguia enxergar o que estava em sua frente. Ele ouviu alguém falar “Lumos!”, e Kate apareceu ao seu lado, com a varinha erguida, e uma luz iluminou a rua.

-O que vocês dois fizeram? – perguntou Dudley, com a voz tremendo de medo.

Dudley, obviamente, não conseguia enxergar os dementadores. Aterrorizado e querendo sair daquele local logo, ele começou a andar em qualquer direção, e acabou indo exatamente na direção de uma figura alta e encapuzada – um dementador.

-DUDLEY! – chamou Harry – VOLTE! Não vá nessa direção!

O dementador se aproximou de Dudley, e Harry perdeu a visibilidade. Kate havia gritado e desaparecido, assim como a luz de sua varinha. Harry começou a entrar em pânico. Ele segurou a varinha com a mão direita e mirou na direção de Dudley.

-Expecto Patronum!

Harry não conseguia se concentrar; nenhuma memória feliz vinha em sua cabeça. Ele imaginou então Sirius sendo limpo de todas as acusações, e que ele iria morar com ele...

Uma luz prateada saiu da varinha de Harry e atingiu o dementador que acabara de abaixar o capuz e estava se aproximando de Dudley. O dementador saiu, mas Harry foi surpreendido por um outro dementador, que apareceu atrás dele.
O garoto caiu no chão, e a lembrança do cemitério apareceu de novo... Ele conseguia ouvir o grito de sua mãe na noite que fora assassinada...

Ele sentiu alguém segurar sua mão direita. Kate havia voltado, e ela estava ali, ao lado dele... Aquilo já era suficiente. Lembrando-se da noite do Baile de Inverno, ele mirou a varinha para o dementador em sua frente.

-EXPECTO PATRONUM!

O brilho prateado surgiu outra vez, junto com o patrono que assumia a forma de veado, atingiram o dementador, que saiu da Magnolia Road. Pouco a pouco, a rua foi esclarecendo e a temperatura voltou ao normal.

-O que foi isso? – perguntou Kate, surpresa. – Dementadores? Num bairro trouxa?

Harry tomou fôlego. Realmente, era muito estranho. Ele olhou para Duddley, que estava deitado no chão, estatelado, com o olhar petrificado e murmurando coisas sem sentido.

Aproximando deles, Harry viu Mrs. Figg, olhando de Kate e Harry e para Duddley. Harry escondeu a varinha atrás das costas; mas fora tarde demais, ela já havia visto. Com uma expressão preocupada, ela olhou para o local onde os dementadores estavam segundos atrás, receosa. Ela observou Dudley, que continuava murmurando frases sem sentido. Finalmente, se virou para Harry e falou em uma voz preocupada:

- Não guarde sua varinha, Harry, eles podem voltar.




















**

Serena: claro que não nos esquecemos de você! E adoramos seus elogios =)
bom, quanto ao noivado... teremos que lhe matar um pouco de ansiedade ;D
hahahaha!

beijos,
K.

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