Capítulo 1
Ninguém pode se contentar em ser normal. Essa era a frase que perambulava pela minha mente enquanto olhava pela janela do meu quarto. Minha professora de história havia proferido tal frase, tentando despertar em seus alunos interesse pelas figuras mais importantes da história do mundo. Obviamente ninguém prestou atenção, porém essa frase não escapou de minha mente desde então.
De repente fui obrigada a prestar atenção na imagem por trás do vidro da janela. Um carro caro, que se destacou na paisagem como nada antes havia se destacado na minha rua, parou em frente à minha modesta casa. Dele saíram um homem alto de terno e gravata e duas senhoras de idade muito bem vestidas. A curiosidade me levou a descer as escadas e me posicionar atrás do melhor ponto da parede entre a sala e a escada em que dá para ouvir perfeitamente quem está na sala. Eu sofro do “mal de ouvir atrás das portas”, assim nomeado por minha melhor amiga Hermione.
Quando a campainha tocou minha mãe foi a escolhida para se levantar do sofá e abrir a porta, meu pai havia deixado bem claro que não se mexeria dali até que o programa ao qual estava assistindo terminasse.
- Senhora Louis?- disse o homem de terno.
-Sim, em que posso ajudá-lo?- respondeu minha mãe, pela voz se notava que estava surpresa.
-Meu nome é Calvin Vales. Podemos entrar? É um assunto sério.
-Por favor, fiquem à vontade. - disse minha mãe desconfiada - Querido temos visitas, esse senhor diz que o assunto é sério.
Relutantemente meu pai desligou a televisão e convidou os três a se sentarem. Pediu a minha mãe que fizesse café e esperou que alguém iniciasse a conversa.
-Senhor Louis, viemos tratar de um assunto muito delicado, é sobre sua filha. – disse Vales.
-O que ela fez dessa vez? Vocês são da escola? – disse meu pai.
-Não, não se preocupe ela não fez nada de errado. Algo inusitado ocorreu alguns dias atrás. – Calvin fez uma pausa, claramente para causar certa ansiedade em meus pais.
Nesse momento ele foi interrompido pela minha mãe que havia trazido o café, ela serviu a todos e se sentou ao lado de meu pai.
-Senhor e senhora Louis, como estava dizendo, algo inusitado aconteceu alguns dias atrás. Os pais biológicos de sua filha faleceram em um acidente de carro e sua filha herdou toda a fortuna que eles deixaram.
Ouvi um copo se quebrando, um pedido de desculpas e choros, provavelmente de minha mãe. Eu estava absolutamente estarrecida, nunca soube que era adotada, e de repente era herdeira de uma fortuna. Comecei a sentir náuseas, mas não consegui me mexer daquele ponto da escada, precisava ouvir mais, saber mais sobre o que estava acontecendo.
-Mas como... – começou meu pai, porém ele não teve palavras para continuar.
- Senhor Louis, meu nome é Molly Weasley, sou mãe do pai biológico de sua filha e esta é Gabrielle Malfoy, mãe da mãe biológica de sua filha, o senhor compreende que agora que a fortuna de nossas famílias está nas mãos de nossa neta nós queiramos nos envolver na vida da menina? Ela sabe que é adotada? – uma das senhoras começou a falar, mas a outra a interrompeu:
- Molly, é melhor nos preocuparmos com a parte jurídica da questão antes da parte emocional. Senhor Louis a menina terá que assinar muitos documentos e satisfazer a toda burocracia que envolve a passagem da herança para seu nome. Ela está no momento? Quanto antes ela souber mais trabalho ela poupará para todos.
-Ela está sim, mas precisamos de tempo, nunca a contamos que é adotada, isso será um choque para ela. É muito cedo, não podem nos dar tempo para conversarmos com ela? Não sei como explicar tanta coisa de uma só vez, por favor, voltem amanhã. - pediu meu pai.
-Senhor Louis, viemos de muito longe até aqui para tratar disso hoje, adiar essa conversa não vai ajudar em nada. Acabamos de perder nossos filhos, este é um momento muito delicado para nós também, não queremos nos desgastar emocionalmente com mais ansiedade e stress. Por favor, nos deixe conversar com a menina hoje mesmo. -disse Gabrielle;
Quando percebi, eu já estava no último degrau da escada, e logo depois na sala, eu também sentia que não precisava de um dia de ansiedade e stress até saber mais sobre esses novos fatos a meu respeito.
-Tudo bem papai, eu ouvi tudo, por mais chocada que esteja quero saber mais. Preciso saber de tudo. -Disse.
-Você ouviu tudo filha, não queríamos que descobrisse desse jeito, na verdade não queríamos que descobrisse nunca... - disse meu pai.
-Pai, é meu direito saber, mas vamos conversar depois, quero entender melhor o que está acontecendo aqui.
Molly se levantou, andou até onde eu estava e me abraçou. Eu nunca conheci minhas avós adotivas, os avôs já haviam morrido e as avós moravam muito longe, em outras cidades. Foi muito estranho estar sendo abraçada por uma avó pela primeira vez. Molly cheirava a erva-doce, tinha a pele macia e suas roupas eram tão cheirosas e macias quanto ela.
-Qual é seu nome, minha filha?- disse Molly ao se afastar de mim.
-Ginevra, mas todos me chamam de Gina. – respondi timidamente.
-Ginevra, lindo nome, tenho certeza de que seus pais adorariam. - ela olhou para meus pais adotivos e se corrigiu – Quer dizer, que seus pais biológicos adorariam. Sente-se conosco, temos muito a explicar.
- Gina, meu nome é Calvin Vales, sou advogado da família, seus pais biológicos se envolveram em um acidente de carro, e infelizmente ambos faleceram. Os testamentos deixavam toda a fortuna da família para você. Será preciso preencher muita papelada, fazer um exame de sangue provando que você é mesmo a filha biológica deles e outros procedimentos, mas tenho certeza que com minha ajuda essa será um processo muito rápido e fácil.
- Senhor Vales, por favor. A menina acabou de nos conhecer, será que podemos antes conversar um pouco com ela sem assustá-la?-perguntou Molly ironicamente.
- Claro, senhora Weasley, perdoe-me, a senhora tem toda a razão.
- Claro que tenho. Gina, você deve estar com dezessete anos, estou certa? - disse Molly.
- Sim, senhora.-respondi
-Não precisa me chamar de senhora, Molly está bom. Como você deve ter ouvido eu sou a mãe de seu pai biológico. Ele se chamava Enrico, trouxe uma foto de seu pai e sua mãe para você ver. - ela retirou uma foto dobrada ao meio de sua bolsa e a entregou para mim. - Sua mãe, Linda, estava grávida de você como pode ver. Seu pai, era muito bom para ela, fez companhia durante toda a gravidez, eles decidiram manter o bebê e colocá-lo para adoção, foi uma decisão muito difícil para todos.
Eu reparei em cada detalhe da foto, era inebriante, minha mãe era realmente linda e jovem, provavelmente engravidara muito cedo, e meu pai parecia muito seguro, confiante, tinha um sorriso gentil e segurava a barriga de Linda com uma das mãos. Linda parecia mais espontânea, tinha um olhar feroz, como se nada pudesse detê-la. Ambos eram muito diferentes de meus pais adotivos, minha mãe adotiva era loira, mas para economizar, parara de tingir os cabelos que estavam com um tom de loiro desbotado, o que lhe dava uma aparência de mais velha e de cansada, minha mãe biológica era muito atraente, cabelos compridos, vermelhos, estava muito bem vestida. Já meu pai adotivo era um homem corpulento, muito alto, inspirava medo em todos os meus namorados pela altura e pelo olhar ameaçador, usava óculos e já estava começando a ficar calvo, Enrico era de estatura mediana tinha o corpo em forma e estava tão bem vestido quanto Linda.
-Gina, Ginevra querida você está ouvindo? – era a voz de minha mãe.
-O que estavam falando? Desculpe-me, a foto me hipnotizou, eles são tão... Atraentes. - disse. - Já estou falando besteira. Mas por que eles não quiseram ficar comigo? Parecem tão felizes juntos.
-Era isso que estávamos explicando, meu bem. - disse Gabriella, a primeira vez– Os seus pais sempre foram melhores amigos, desde a infância. No colegial começaram a namorar, todos estávamos felizes, se casassem seria a união de duas famílias importantes da alta sociedade. Porém Linda engravidou muito cedo, tinha dezessete anos, seu pai se assustou, disse que eram muito jovens para criar uma criança. Eles decidiram que o melhor seria ter o bebê e colocá-lo para adoção. E foi isso que aconteceu, eles resolveram terminar o namoro e continuar com a amizade, porém se distanciaram e até a amizade acabou. A gravidez os assustou muito.
-Mas... Eles estavam juntos quando morreram.
-Sim, eles se casaram alguns anos atrás. Durante uma festa para a qual ambos foram convidados eles se reencontraram e eu diria que a chama reacendeu. Eles reataram e alguns meses depois se casaram. Linda confessou alguns meses antes do acidente que eles estavam procurando por você. Queriam saber como era a família que a havia adotado, nunca imaginei que a colocariam no testamento. Ela disse que sentia muito por não ter criado você, principalmente agora que ela e Enrico estavam juntos e poderiam ser uma família, mas seria muito injusto interromper sua vida depois de dezessete anos procurando-a. - explicou Moly.
De quanto podia ser essa fortuna?A curiosidade era tanta, e aumentou quando Molly usou a expressão “alta sociedade”. Não pude resistir e perguntei:
-De quanto é essa fortuna?
-Nós vamos discutir isso depois Ginevra. -disse Calvin.
-De quanto, senhor Vales?- insisti.
-Aproximadamente um bilhão. Porém uma parte disso está em imóveis.
Outra xícara caiu no chão, dessa vez a de meu pai. Era uma quantia impressionante, sua família adotiva sempre fora humilde, seu pai era farmacêutico e sua mãe professora de primário, porém nada lhes faltara, eu tinha herdado mais dinheiro do que jamais sonhara em ter.
-Quão importantes a família Weasley e a família Malfoy são na alta sociedade?- perguntei.
-Muito importantes, Gina. Nossos maridos, já falecidos, eram donos de grandes empresas e investiam em ações, sempre acertavam. Homens de sorte. Porém a vida os tirou de nós muito cedo, corações fracos. – respondeu Molly.
-Senhor Louis, eu espero que o senhor concorde com a nossa idéia de colocar Gina em uma escola particular, de alta qualidade. Queremos apresentá-la à sociedade como nossa neta, herdeira da fortuna de nossas famílias. - disse Gabrielle.
-Eu prefiro pensar nisso depois e discutir com Gina antes de tomar qualquer decisão. Filha você tem mais perguntas para fazer à senhora Malfoy ou à senhora Weasley?- disse meu pai.
-Ou a mim? -acrescentou o senhor Vales.
-Tenho muitas perguntas, mas no momento eu quero pensar sobre isso e depois começar a tomar decisões importantes.
-Então eu acho melhor vocês se retirarem e continuarmos essa conversa amanhã.
-Talvez no meu escritório. Assim começamos a preencher toda a papelada. - disse o senhor Vales.
-Pode ser. Marquemos às duas da tarde, está bom para todos?
Todos concordaram e se despediram. Fui dormir. Mas tive a pior insônia de toda a minha vida.
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N/A:Olá bem vindo a minha primeira fic que eu posto no floreios, creio que a Neta Malfoy foi a primeira fic que eu escrevi. Bom ai está meu primeiro capítulo, espero que gostem e comentem sobre o que acharam, amanha postarei o capítulo. Obrigada a todos
Ass:
Thalita Memora
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