Capítulo V[100%]



Capítulo V
Menos uma?





11 de abril, segunda-feira
Dormitório feminino 5:30 a.m


 


Será possível? Que horas são? Porque diabos Dorcas está futricando TANTO na minha cama? Ninguém me deixa dormir, ar.


Tentei cobrir o meu rosto com o travesseiro mas alguém – Dorcas, cof cof – o tirou de mim logo depois. Me recuso terminantemente a abrir os olhos.


- Dorcas, eu tenho uma noção de tempo muito boa – eu resmunguei – e sei que não está na hora de acordarmos.


- Não é a Dorcas, bem. – ouvi alguém dizer. Abri os olhos com dificuldade e me deparei com umas das meninas do dormitório a qual eu não lembrava o nome.


Meus olhos estão provavelmente me enganando. Será que eu realmente já acordei?


Pisquei duas ou três vezes para me assegurar de que tinha visto direito e, para o meu espanto, tinha visto sim. O quarto estava vazio.


Ok, alguma coisa está realmente muito estranha.


- Estão te esperando lá embaixo, quer que eu diga que está passando mal? – ela disse me encarando.


- Não será necessário – disse desconfiadamente, me levantando. – Diga que já vou descer.


- Bem, ok. Mas é porque, parece grave – ela disse, quase num sussurro. Me deu um sorriso sem graça e foi embora, acenando timidamente antes de sair e fechar a porta.


Estranho.


Arrumei rapidamente, colocando calça jeans preta, uma blusa de manga cinza e uma boina roxa, aproximadamente quinze dólares no bolso e minha carteira, além do meu celular.


Nunca se sabe quando se precisará sair de última hora, principalmente quando é o West quem está no comando.


Ri com o meu pensamento enquanto descia as escadas correndo, me deparando com todo mundo na sala. Quando eu digo todo mundo, é realmente todo mundo.


Lílian e James – que não deviam visitar a casa sob hipótese alguma – Dorcas, Emmeline e Remus – que não deveriam estar ali – West, Mary Beth e Sirius.


Quando cheguei todos automaticamente viraram para mim, e alguns me olharam com um certo tipo de pesar. Percebi que Lílian mordendo o lábio inferior e Emmeline que estreitou os olhos para West.


- Alguma coisa que eu deva estar sabendo? – perguntei, tentando arrancar alguma coisa dos movimentos deles. Estavam todos ( a maioria ) desconfortáveis.


Lílian mordia o lábio inferior e James me calculava, procurando algo na minha expressão. Parecia tentar entender algo. Sirius estava parecendo conter sua boca de abrir, parecia surpreso. Dorcas não conseguia ficar numa posição por mais de sete segundos, ou ela mudava o jeito de sentar ou se ajeitava na cadeira, ao lado de Remus. Que parecia nervoso, com os movimentos um pouco duros enquanto cutucava Emmeline para parar de encarar West tão secamente. West se sentia, definitivamente, incomodado e ele não era nem um pouco bom para esconder isso.


Não estava entendendo.


- Marlene, - West começou. – Você está fora do caso.


Ele falou. Assim. Sem escrúpulos. Esperei um tempo para ver se ele estava brincando, e para minha surpresa ele não estava não.


- Como assim?


- Você está fora, Lene. – ele suspirou. – De acordo com evidências nos relatórios e...


- Opiniões fracas dos seus colegas de trabalho e conclusões que não podemos saber... – Emmeline completou. Ela parecia querer avançar nele, coisa que Remus não deixou, segurando o ombro dela.


A minha ficha ainda não tinha caído. Fora do caso? Por quê?


- P-p-porquê? – ouvi minha voz falhar. Isso não fazia o menor sentido, quer dizer. Eu não havia feito nada errado! Havia escrito as suspeitas no relatório, o menino perto da bomba, isso não faz nenhum sentido.


- É, West, por quê? – perguntou Emmeline, se levantando. Não prestei muita atenção nesta afronta, estava totalmente absorta em pensamentos.


Se eu não fiz nada, alguém fez alguma coisa. As meninas e o Remus não, nós lemos os relatórios uns dos outros, antes de entregar (não poderíamos fazer isso, mas fazemos para evitar mal-entendidos).


Alguém que teria acesso às informações da Casa Branca ou do FBI.


Isso me dá, mais ou menos, trezentos suspeitos.


Adorável.


- Depois de ler os relatórios eu cheguei a conclusão que sua retirada do caso será necessária, Marlene. Você já tem um vôo marcado para voltar à academia e sua freqüência começará a ser cobrada a partir da quarta feira – ele disse, sem me olhar nos olhos. Ele deve estar de brincadeira.


Depois de alguns segundos que me pareceram horas, eu realmente pude entender e perceber.


Estou sendo tirada do caso!


EU ESTOU SENDO TIRADA DO CASO!


Quando, onde, por quê, pra quê, COMO?


- Ok, - eu disse, meio atordoada. Isso não está acontecendo, não comigo.


- OK O CAR.... –começou Emmeline, possessa. E eu também estava, OK O CARALHO, concordo.


- Arrume suas coisas, então – disse o West interrompendo-a, numa tentativa fraca de ser frio.


- Vamos ir com você... – começou Lílian, se levantando e desvencilhando-se de James. – Vamos porque...


- Sem contato, gente. Quando as três voltarem – West apontou para elas. A essa altura eu já estava boquiaberta. SEM CONTATO? – vocês poderão conversar. Mas vocês estão em missão e não têm permissão de interagir, ela foi retirada de acordo com conclusões nos relatórios. – ele disse, pegando o celular.


Eu não acredito.


- Alô? Frank? Eu já... – Foi até aí que eu ouvi, uma vez que no instante seguinte já estava correndo escada acima para o quarto.


Arrumei minhas malas correndo e desci rápido. Peguei a passagem na mão de Emmeline, que murmurou ‘não vai’ com uma cara feia, enquanto me livrava de conversar com West.


- Sai daqui, West. – resmunguei enquanto ele me seguia para fora da pensão. – Já está ruim o suficiente, não vê? Quantos anos você acha que eu tenho? Eu vou pegar o maldito vôo e vou ir pra casa. Só me larga. – revirei os olhos.


- Se você quer assim... – ele disse, voltando para pensão.


Ele realmente tem muita sorte de eu ser muito controlada porque se não ele estaria total e completamente perdido.


Ao chegar na rua eu liguei para um taxi, que chegou em cerca de cinco minutos para me buscar. Coloquei as malas no porta-malas e me joguei no assento, imaginando o que fazer.


De fato, eu não tinha muitas opções. Mas eu seguiria a pior delas.






 



11 de abril, segunda-feira
Dormitório feminino 11:30 a.m




O clima estava realmente tenso. Emmeline se atritava com West o tempo inteiro e Lílian estava tentando ligar para a academia pedindo para que dessem um descanso para Lene.


Afinal, se ela chegar sem nós eles vão deduzir que ela foi posta de fora do caso...


E aí vai virar um inferno para ela.


Aliás, já era hora dela ter chegado lá. O celular dela está desligado ou sem bateria – provavelmente – e a baixa já devia ter chegado.


Estávamos todos na casa branca, passando os relatórios recentes para o presidente. Quando ouviu sobre Marlene ele fechou a cara, questionando o que ela havia feito de errado.


M.B também perguntou o que havia de errado com ela, mas West não quis responder para nenhum dos dois.


- DORCAS! – ouvi um grito e fui correndo para o quarto do James, onde Lily provavelmente estaria.


- O quê? O James está abusando de você? Nós podemos denunciá-lo, sabe e eu...


- Cala a boca e escuta. – ela disse, observando o chão. – Conte comigo – ela apontou para as malas.


Só concordei com a cabeça, acompanhando o raciocínio.


- Uma, duas, três. – ela disse, finalizando.


Eu devo ter feito uma cara de interrogação muito grande porque ela revirou os olhos e contou de novo.


- Só tem três malas aqui! – ela exclamou. – Cadê a da Lene, hein?


- Mas ela foi embora e... – demorei um segundo para reparar.


Aquelas eram as malas que Lily tinha pegado de roupas/perucas e etc na academia para usarmos aqui. Não fizemos muito uso, uma vez que não foi tão necessário assim, mas a mala etiquetada como ‘Marlene’ não estava lá.


- Será que ela... – lancei a Lily um olhar significativo e ela concordou com a cabeça.


- Provavelmente.


- Em que tipo de enrascada ela se meteu, afinal?


- Nós bem que podíamos ter acesso às câmeras de segurança daqui... – ela disse, pensativa. – Não, West já disse que não podemos. Quando que ela...


- Será que tem mais alguém nessa?


- Quem? – ela me perguntou, encarando. – Stella nem pensar... Sophie? Sem chance... Emmeline ia contar...




Eleições
Em uma semana


Tremeu ao pegar no papel. Ninguém imaginaria que um homem como o presidente dos Estados Unidos tremeria ao ver algo ou per ante uma situação.


No papel as letras recortadas de revista indicavam o recado maldito, aquele que ele tanto temia receber:


A MeNOs QUe DEsisTa DaS ElEiÇÕeS
A ViDa De VOCê-SaBE QUem eStarÁ
eM PeRIGo.
EsCOLha cUIDadOsAMeNTe


Levou a mão a testa quase instintivamente. O partido não iria concordar em tirá-lo a essa altura do campeonato. Ele não podia deixar o filho na linha de tiro.


Suspirou pesadamente e pegou o telefone.


Esse gesto, extremamente calmo não condizia com o que ele estava sentindo; desespero.


- West Williams, aqui é o presidente – ele falou, com a voz dura.




Nós não jantamos na Casa Branca, fomos até o Mc Donald’s mais próximo – Mc Donald’s é o dono do mundo, fato. Já viu quantas unidades disso existem?


Pedimos o que queríamos – osteoporose no copinho e colesterol/hipertensão na caixinha – e fomos nos sentar. Depois de um tempo que Lílian começou a falar.


Emmeline não estava ciente ainda – ela estava em outra pousada, com o Remus – e logo Emmeline abriu um sorriso, constatando que Marlene não havia ido para casa.


- Será que ela descobriu alguma coisa? – perguntou a loira, me encarando com aqueles dois olhões azuis – Porque se armaram contra ela foi provavelmente porque ela descobriu alguma coisa.


- Telefones? – perguntei.


- Grampeados – Lílian fez uma careta – o FBI não quer contato com ninguém, agora que a situação está mais ‘tensa’. Não pensamos em um detalhe, porém...


- Qual? – perguntou Emmeline, analisando seu copo de coca-cola como se realmente tivesse alguma coisa interessante lá.


- As eleições são em uma semana. – ela disse com um pesar na voz incrível. Havíamos esquecido completamente que as eleições seriam daqui a uma semana! E agora?


- Sem Marlene... – Emmeline ponderou.


- É... – concordei, enquanto Lily dava um aceno com a cabeça.


- Vamos concordar, estamos desgovernadas – disse Emmeline e Lily concordou  com a cabeça, concentrando na sua coca-cola. – e desnorteadas.


- Ok, nós precisamos de um jeito de entrar em contato com ela! – eu disse um pouco alto demais, e Lily e Emmeline olharam em volta, paranóicas.


Até eu me obriguei a fazer este procedimento, uma vez que estávamos proibidas.


- Quem sabe depois que a missão acabar... – Lily disse.


- Onde quer que ela esteja...


Rimos. Isso era teoricamente impossível. E nem tinha escutas do FBI no McDonalds e muito menos nas nossas coisas – Emmeline saberia – e eles não fazem isso com os mais ‘inexperientes’.


- Eles julgam nossa capacidade – Emmeline ponderou, balançando a cabeça negativamente.


Nesta hora o meu telefone apitou, e eu pude ver que era West. O de Lílian também e Emmeline fez uma cara de quem foi deixada fora da festa.


- Alô, West, o que foi? – perguntei, enquanto me concentrava no fato de que Lílian tinha acabado de ouvir algo muito ruim, pois ficou estática e com os olhos arregalados.


Não pude deixar de fazer o mesmo quando ouvi a notícia,


- O que foi? – Emmeline perguntou, vacilando sua atenção entre mim e Lílian.


- Vamos. – eu disse, levantando rapidamente e deixando praticamente a minha comida intacta.





11 de abril, segunda-feira
Casa Branca - Quarto de James 20:30 a.m




- Não, Lílian, você não entende – James repetiu para mim, enxugando com a mão o suor da testa. – Se é sobre o meu respeito eu tenho o direito de saber. Quantos anos eles acham que eu tenho? CINCO? – tentei dar um sorriso solidário, mas não conseguir.


- James, eu não acho certo – eu disse, e logo completei: - mas não cabe a mim achar certo ou errado. É o seu pai, tem que obedecê-lo.


Ele riu, irônico.


- Só porque ele é o presidente dos Estados Unidos?


- Não, porque ele é seu pai – repliquei, cerrando os olhos e ele se deu por vencido, encarando o chão.


Outra ameaça havia aparecido – em papel – para o presidente, o que o deixou muito nervoso e desesperado.  Eu não cheguei a ler, pois quanto cheguei pai e filho discutiam sobre a importância de um ler o papel.


E é claro que o presidente, super protetor, não deixou que James chegasse perto daquele papel.


Não o culpo, afinal, era uma ameaça, certo?


Mas não compreendo como uma pessoa do tamanho e idade de James – idade física, mental não – não poderia ler uma ameaça. O fato de James não ler está deixando-o mais desesperado do que se ele tivesse lido.


Sentei ao seu lado, na cama. Ele encarava o chão, o teto, as paredes, a porta e depois voltava para o chão.


- Não fique assim, James – eu disse, tentando confortá-lo. – Olha, eu saio com você.


Embora seus olhos não sorrissem, um sorriso formou em seus lábios e no mesmo instante me arrependi completamente da proposta.


Mas de qualquer forma, eu tinha que tirá-lo de casa. Detetives iriam ficar circulando por aí o tempo todo e eu não acho que seria um ‘calmante’ para ele todo mundo lendo uma coisa que ele não pode.


- Que tal irmos...


- Eu escolho – o interrompi. Vasculhei a coisa mais light potencialmente não perigosa e exposta... Difícil. – Cinema. Troque de roupa.


- UAU, sempre gostei das mandonas – ele riu e eu revirei os olhos.


Depois de James ter trocado de blusa coloquei um sobretudo preto com a saia um tanto rodada e peguei uma bolsa. Coloquei a boina vermelha na cabeça e me dirigi a porta.


James me acompanhava, espiando pelos corredores.


Tentei desviar de todos os lugares que tivessem agentes, mas nem tudo é possível. James sempre olhava pesarosamente para eles, o que me fez me sentir culpada, um pouco.


Troquei um olhar com Emmeline, que estava com Remus checando os vídeos das câmeras de segurança, procurando alguma pista – pois pelo o que ouvi, ela havia tido seu conteúdo alterado.


Dorcas estava lá em cima, ouvindo tudo, substituindo a parte da Lene e fazendo uma cara um tanto desesperadora.


E isso tudo enquanto eu ia para o cinema com o James.


Eu me sentia tão inútil...




O motorista de James insistiu, mas acabei convencendo-o de que seria melhor se fossemos no carro do próprio James, para não chamar muita atenção.


Não que o carro dele não chamasse a atenção, por assim dizendo.


Era uma espécie de caminhonete preta e reluzente, tinha acabamento moderno e o motor roncava insuportavelmente, mas James dizia que era isso que deixava mais mágico.


E é claro que eu não levei a sério.


Chegamos ao cinema – James com sua caminhonete barulhenta – e estacionamos bem perto. Estava vazio e eu custei a me lembrar que dia era hoje.


SEGUNDA FEIRA!


Eu havia completamente esquecido das minhas aulas e de todo o resto, e não só eu. Pelo visto, todos foram afetados pela suposta expulsão de Lene e deixaram coisas por fazer...


Ou sem fazer.


O único filme que estava passando era a reprise de Harry Potter 6, antes que o sete saísse. James tirou o dinheiro da carteira e se dirigiu a bilheteria, eu revirei os olhos.


- Não, eu pago – disse, afinal, eu sou paga para isso.


- Aí eu não estaria sendo um cavalheiro – ele sorriu, me empurrando para o lado.


- Quando você foi um cavaleiro, afinal? – resmunguei, tentando tomar o seu lugar de frente para bilheteria. – Ande logo, ou o vão reclamar comigo por aproveitar...


- Não senhora – ele disse, dando a palavra final e entregando o dinheiro para moça do caixa, que nos observava pacientemente – hoje você não está a trabalho, está em um encontro comigo.


- Sinto te informar, James, mas... – eu iria completar, mas fiquei totalmente sem defesas diante da face de tristeza que ele havia assumido.


Suspirei.


- Tá bom, ta bom.


Depois de comprar a pipoca, os refrigerantes – cavalheirismo machismo as vezes me mata – e fomos para a sala, ver o Harry potter.


Não consegui me concentrar muito, uma vez que eu não tinha assistido nenhum dos cinco filmes, o que fez com que eu ficasse voando nos primeiros dez minutos, que me pareceram dez horas.


Ok, eu não estava entendendo lhufas.


Concentrei-me na pipoca, no refrigerante e... na pipoca. Estava realmente sendo muito divertido. Encarei James por um instante.


Ele parecia bastante concentrado, encarando a tela. Seus cabelos bagunçados lhe davam um ar bastante rebelde e despojado, e seus olhos sempre aparentavam doçura. Seu sorriso era maroto, brincalhão.


Ele se virou para mim e sorriu.


Tentei fazer um meio sorriso, mas não estava entendendo uma vírgula do filme, o que realmente não contribuía para que eu fingisse bem.


- Não está se divertindo?  - ele disse, fazendo bico. – Ah, assim não tem graça!


- É a vida – disse, procurando algum lugar para deitar. Olhei para os lados e para ele, fiz uma careta. Era lá mesmo. – Vou deitar em você, me avise quando tiver acabado. – eu sorri, piscando para ele.


- Ok – ele riu, tirou o braço para por refrigerantes que estava entre as nossas cadeiras e eu me deitei, para dormir. Não demorei muito a pegar no sono.




Acordei com esperança do filme ter acabado, mas não parecia muito perto do final. Encarei o relógio, meio tonta. Tinham passado aproximadamente MEIA HORA. Isso é tão injusto, está demorando uma eternidade.


- O que foi? – ele sussurrou, demorando um pouco para desgrudar os olhos da tela.


- Nada – respondi, tentando me levantar e arrumar os meus cabelos. Sem perceber eu estava dormindo completamente em cima dele. Tentei me soltar, mas ele estava me segurando.


- Fique aí – ele resmungou, me virando de um jeito que eu ficasse mais em cima dele ainda, face a face. Sorri amarelo.


- Acho que vou voltar a dormir... – comecei, mas ele me interrompeu.


Selou seus lábios no meu e eu mal percebi o que estava fazendo. Passou suas mãos pelas minhas costas com intuito de me aproximar dele. Enlacei seu pescoço e puxei o seu rosto mais para perto, cogitando se eu tinha perdido minha sanidade.


Suas mãos passeavam pela extensão dos meus cabelos, minha cintura e meu rosto, revezando entre estes. Eu estava em cima dele e podia jurar que de relance, vi uns menininhos bem novos nos encarando, assustados.


Ri como isso.


- O que foi? – ele perguntou, o nariz colado no meu – o que aconteceu no filme?


- Você fala isso como se eu estivesse vendo o filme – respondi, ainda de olhos fechados. Colei minha boca na dele de novo, mordiscando seu lábio inferior, fazendo soltar um risinho animado.


Em um rápido lampejo de razão me afastei e encarei seus olhos castanhos no escuro.


- O que foi? – ele sussurrou, olhando para os lados. – Não parece que vai acabar ainda...


- James, você está doido? – murmurei, e um homem na poltrona da frente virou e fez ‘shiu’ para nós. Revirei os olhos – eu estou aqui a trabalho, eu posso perder essa missão – minha voz vacilou na última frase.


Mas teoricamente a culpa é minha.


- Pare com isso – ele disse, me puxando de volta – você só está... incorporando o papel – e piscou para mim, eu ri.





11 de abril, segunda-feira

Casa Branca 23:34 a.m


Encarei Lílian desconfiada, quando ela passou pela porta arrumando o cabelo. Desde que ela estava saindo eu estava aqui sentada procurando uma edição viável nas imagens e ela já havia chegado.


E chegado muito bem, por sinal.


Ri com meu pensamento e voltei ao trabalho, analisando minuciosamente cada detalhe. Voltei meu olhar para frente de novo. Lílian piscou para mim e subiu as escadas, pude ver que James puxava a mão dela, mas ela se soltava sempre que ele fazia isso e o encarava com um sorriso, seguindo de uma virada de olhos.


Ok... O que está acontecendo aqui?


Passei mais um tempo analisando os vídeos. Olhei para Remus e ele para mim, suspiramos quase junto.


- Nada? – perguntei, esperançosa.


- Nada – ele respondeu, com tristeza.  As pessoas não passam muito na área do escritório do presidente, a não ser ele próprio e a babá. É muito difícil achar algo em coisas paradas, estáticas.


Pisquei os olhos, cansada. Eu estava morrendo de vontade de dormir, já que me tiraram da cama cedo hoje, para resolver assuntos com a Lene.


Ugh, só de pensar eu ficava com raiva. Era melhor guardar minha energia para gastar em algo realmente importante...


Alguns momentos depois Dorcas chegou e se jogou no sofá, bufando.


- Preciso de uma Marlene – ela resmungou.


- Todos nós – eu repliquei.


- Concordo – um homem, no topo da escada piscou para nós. Se não me engano, era um colega de West.


- Sr. Frank – disse West, em tom de advertimento. – Vamos.


Eles foram embora, o que me deixou confusa. O que aquele Frank queria dizer?


Eu não ia correr o risco de ir atrás dele e ficar perdido nesse labirinto gigante que eu chamo de casa branca...


Continuei meu trabalho, mas algo ainda apitava na minha cabeça.


- O que fez hoje? – Dorcas me perguntou. Estava com os olhos fechados, no sofá e a cabeça para trás. Acho que nunca tinha visto fazer algo não-perfeito dentro do campo de visão do Remus.


- Nada muito interessante, como de praxe – Remus disse, fazendo uma careta. – As imagens estão tão perfeitas que estou começando a achar que é impossível o fato de haver sequer uma falha.


- É... – concordei, desanimada. Eu estava caindo de sono e podia ouvir minha cama gritando para mim daqui. Aquela cama da república, macia, confortável, com um monte de gente correndo de um lado para o outro fazendo festa...


Acho que eu prefiro ficar aqui, mesmo.


Dali a pouco desceu Lily, que com o sofá todo ocupado se sentou no chão e sorriu para mim.


- Oii amiga. – ela disse e eu a encarei, incrédula.


- O que fez hoje, Lily? – Dorcas perguntou, ainda sem  abrir os olhos. Acho que a capacidade motora dela decaiu, porque ela mal está mexendo.


- Hm... Cinema – e sorriu. – Não me culpem, eu também estou me sentindo a mais inútil da missão.


- Pare com isso, - Dorcas disse – você é importante. E vai ser mais ainda amanhã, acredite.


- Hm, lá vem...


Eu já sabia o que viria amanhã e, enquanto Dorcas explicava, eu me dei o luxo de levantar e ir procurar West. Tinha alguma coisa errada...


E eu precisava do Remus.


- Remus, vem cá – eu disse, já subindo as escadas. Ele tirou o notebook do colo e subiu as escadas comigo, sem contestar. Acho que nunca tinha visto Remus sem reclamar, sério.


- Oi? E ‘vem cá’ é para baleiro, ta? – ele disse. Falei cedo demais.


- Eu quero saber onde aquele papel foi encontrado, porque aqueles filmes não tem alteração alguma.


Ele pareceu pensar por um minuto, depois concordou e seguiu comigo, atrás de West. Ficamos rodando por algum tempo, vendo a casa mais vazia.


Mais cedo estava simplesmente cercado de agentes para todos os lados discutindo, planejando e tudo o mais enquanto o Potter pai ficava desesperado, andando de um lado para o outro, checando tudo.


Porém agora a maioria já tinha ido embora, restando uns poucos, ou os mais ‘necessários’. Também pudera, neste horário se tivesse mais alguém aqui eu poderia dar os parabéns de má-sorte.


Além de mim, é claro. Eu já estou me parabenizando há muito tempo...


- Não já passamos por este cômodo? – Remus disse e eu olhei para o quadro de Napoleão... Droga.


- Já – eu disse, pensativa – E quando passamos formos por este caminho – indiquei a direita – então agora viremos para cá.


Ele revirou os olhos, mas continuou me seguindo (o que não era muita boa opção, já que minha noção de orientação é mortalmente falha).


Ouvi vozes vindas por uma fresta da porta semi-aberta, e vi que era o quarto de James sem o James. Espiei por dentro e me deparei com Sirius conversando com o cara da escada.


Ele acenou com a cabeça para ele, o olhar um tanto pesaroso. O homem parecia explicar-lhe algo de extrema importância e pude ouvir o chuveiro ligado.


Será que ele...


- Emmeline, não faça isso! – murmurou Remus, tentando gritar pó um sussurro. Você não pode espionar as pessoas,  vamos logo achar o West.


Fui puxada pela blusa antes que pudesse ouvir alguma coisa realmente interessante.


Alguma coisa me dizia que esse assunto era importante.


Alguma coisa me dizia isso muito alto...


Enquanto fui arrastada pelos corredores cogitei vários suspeitos, possíveis lugares de provas e envolvidos. Quais pessoas tinham facilidade para entrar na Casa Branca? Quais pessoas podiam circular lá dentro? Quantas? Quatro? Cinco? Nos deparamos com West quase instantaneamente, que conversava com Mary Beth sério.


- West – Remus começou, chamando a atenção dele. – Aqueles vídeos não tem alteração alguma. – West se mostrou surpreso de início e depois dispersou em pensamentos.


Aposto que se fosse eu quem falasse ele diria que eu era muito apressada e que se o Remus estivesse fazendo e blábláblá.


É o que todos dizem, no final.


- Onde foi achado este papel? – perguntei. – Quem o pegou?


- O papel foi encontrado dentro do quarto do presidente – West disse, pensando – Marybeth o encontrou e o levou para o escritório. Tem certeza que não há imagens e alterações nos vídeos?


- Certeza, teríamos percebido – Remus disse, e eu me senti realmente menos inútil quando ele disse o verbo denotando nós.


- Onde você achou o papel, M.B? – perguntei, me voltando para ela.


- No quarto – ela disse, fazendo a expressão de quem estava desesperada e com vontade de chorar, sem conseguir decidir qual dos dois fazer primeiro – bem em cima da cama, não acharam nada lá, só minhas digitais no papel, porque eu peguei – ela choramingou e eu cheguei a ficar com dó.


Será que este tanto de gente nesta casa não viu ninguém suspeito com um bilhete assassino na mão? O que estamos deixando passar?


- Então queremos todos os vídeos. Precisamos fazer a comparação. Tem uma câmera do quarto do presidente? – ele perguntou.


- Não, é um quarto mais particular, não há câmeras de segurança. Só do lado de fora e na parede das janelas – West disse.


- Quero estes das janelas...


- E todos os outros – eu disse, completando-o. Ouvi M.B soltar um suspiro, e logo disse:


- Vou pegar para vocês – e saiu com seus sapatos fazendo aquele cleck cleck notável. Remus agradeceu a West e o máximo que eu fiz foi trocar um olhar assassino com ele, e logo me virei para ir embora.




Voltamos para sala e para os computadores, tentar analisar para ver – de novo – se realmente não havíamos perdido nada. Nós já tínhamos certeza uma vez que verificamos isso a tarde toda em duas pessoas, mas seguimos o procedimento padrão.


Lílian e Dorcas ainda estavam lá, conversando preguiçosamente. Cheguei e contei tudo para que elas me ajudassem a pensar. Sobre o fato de não haver ninguém entrando no quarto – além de M.B, que pegou o papel e logo voltou correndo. Eu havia assistido a esta cena quinhentas vezes e não podia cogitar nada errado, além do fato de só M.B entrar no quarto e sair com um bilhete e nenhum homicida entrar para colocar um bilhete.


- Alguém está mentindo – Lily disse, interrompendo os meus pensamentos – eu preciso ouvir as pessoas, eu posso dizer quando estão mentindo – refletiu, pensativa – na maioria das vezes.


- Por hora teremos de nos contentar com incertezas... – Remus resmungou. – Onde está o serviço de quarto do presidente?


- Ele não dorme lá há dois dias, dormiu fora em hotéis onde reuniu e fez campanha. – Dorcas respondeu. Pela sua voz eu podia dizer que ela estava realmente exausta.


- Onde você vai? – Remus perguntou para Sirius, que saia pela porta de fininho.


- Sair – e piscou. – Andar por aí, pegar alguém. James estraga minha noite com essa melancolia – e riu. Percebi que Lily o encarava com afinco, como se o estudasse.


Será que ele estava...




N/A: HÁA, FINALMENTE, HEIN? Desculpem a demora, agora mesmo que eu peguei no tranco[?] todas as minhas fics. Estou escrevendo tudo, em cadernos, em agendas, em qualquer coisa e além disso estou cheia de fics novas, ui ui ui. Miss Spies está perto do final, já... ); Receio que ela tenha mais uns quatro capítulos e findará. Novas fics virão, podem apostar.


GENTEM, não está betado, viu? Deve estar cheio de erros e perdoem todos. Nessão vai betar e depois eu vou trocar aqui. Eu não ia conseguir fazer NADA hoje se não postasse.

Anyway, aqui está o link das minhas novas fics:


http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=37891Boêmios! (breve)
http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=37790  - O buquê da noiva e suas propriedades inexplicáveis (Já está no capítulo três)
http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=37821 – Love Song (fic de capítulo único já postado)
http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=37849 – Pur Sucre (Winter Series – a mesma de Snow. Já tem um prólogo e ela terá aproximadamente quatro capítulos)


Obrigado pela atenção,
beijos para quem ainda está por aqui ♥


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