Capítulo 1
Narrado por: Dorcas Meadowes.
17h00min.
Eu sempre vivo vagando pela floresta, clareira por clareira, todos os dias. Observo a natureza agir de seu modo naturalmente, sem a força bruta do homem intervindo. Aqui é o meu segundo lar, minha segunda vida, e se algo ou alguém ameaçar destruí-la, eu dou minha vida se for preciso para protegê-la.
Eu estava passando por um córrego, e vi um urso pardo passar. Eu deveria correr dele, mas não o fiz; de algum modo, parece que os animais daqui, por me verem neste lugar desde os meus seis anos, quando fugia de casa pra ter meu tempo sozinha, acabaram se acostumando com a minha presença. O urso passou por mim tranqüilamente, como se eu nem estivesse ali.
Tudo na floresta sempre foi tranqüilo, nunca vi nada estranho acontecendo. E também nem humanos eu vi. Eles parecem não gosta de vir à floresta só pra olharem a natureza e admirá-la, acho que só lembram deste lugar quando precisam sobreviver, e então, vários animais são sacrificados em vão.
Tudo bem se for para sua própria sobrevivência, mas se for por apenas diversão e/ou para fazer casacos de pele ou contrabando de animais - coisa que eu nunca vi acontecendo aqui -, eu logo reagiria de maneira agressiva, causando até mortes se fosse necessário.
Meus pais nem se preocupam mais quando eu sumo de casa, pois eles sabem que eu estou aqui, apenas passeando.
Dentro dessa floresta, eu acabei adquirindo muitas habilidades sozinha, como correr numa velocidade quase imperceptível aos olhos, ter uma ótima mira com flechas e outras coisas, e bastante equilíbrio, quando se era necessário passar por lugares estreitos. Isso tudo porque, quando eu não tinha nada pra fazer, ficava correndo o máximo que eu podia, me equilibrando em troncos caídos, subindo em árvores etc.
Além disso, parte da minha família é ninja, então, com eles, eu pude aperfeiçoar minhas habilidades. Eu uso shurikens e até espadas, é muito legal! Por isso, quando eu era pequena e algum garoto se aproximava de mim com más intenções, eu torcia alguma coisa deles naturalmente, rapidamente, e sem fazer esforços, mantendo sempre um rosto suave e neutro. Sempre fui muito calma, e meus pais não entendem isso, já que eles são muito agitados e não conseguem parar em um lugar por muito tempo, pois acham cansativo.
A floresta fica bem atrás da minha casa, então eu venho pra ela a hora que eu quiser, e a conheço muito bem, até na escuridão da noite, até quando está chovendo. Conheço essa floresta como a palma da minha mão.
Quando eu era mais nova, às vezes tinha medo de animais grandes, mas sempre mantive a calma, pois graças a Deus não puxei a impaciência e agitação dos meus pais. Assim, os animais nunca reagiram de forma selvagem contra mim. Hoje, mesmo vendo uma sucuri passando bem na minha frente, nenhum temor passa por mim.
Quando eu estava numa parte densa da floresta, ouvi barulho de passos até um pouco distantes de mim; eu me virei surpresa, pois nunca vi nem ouvi alguma pessoa passando por aqui.
- Tem alguém aí? – eu perguntei inutilmente, sabendo que a pessoa não responderia.
Eu vi um vulto preto passar rapidamente por entre as árvores. Eu pude ouvir o barulho de um urso sendo morto, pois ele soltou um urro terrível.
Ah, não. Alguém está matando os animais.
Eu saí correndo na direção do urro do urso, e logo o achei caído no chão, morto. Só havia uma pequena gota de sangue no pescoço do animal, parecia que todo o seu sangue havia sido sugado. Mas que tipo de pessoa seria tão cruel a ponto de matar um animal indefeso assim tão brutalmente? Tudo bem que um urso saiba se defender, mas, como ele estava em decúbito ventral, parecia que fora pego pelas costas. Seja quem o tenha matado, fora deliberadamente covarde.
Ouvi passos novamente, então ergui a cabeça para olhar à minha volta. O vulto.
Saí correndo o mais depressa que eu pude na direção do vulto. Ele era bem rápido, eu pude perceber. A minha sorte é que o lugar era cercado de todos os lados e difícil – quase impossível – de se sair. O vulto parou de costas para mim – pude perceber que era um rapaz. Uma árvore das grandes que o havia feito parar. Ele pareceu suspirar, e se virou, derrotado.
Eu fiquei boquiaberta: ele era lindo demais, até. Cabelos castanho-claros num tom mel, os olhos da mesma cor, mas com um leve toque amarelado, e era muito, muito branco. Eu fiquei pasma com o belo formato que o seu rosto continha, parecia até surreal a sua beleza.
Logo, eu parei de ficar abobalhada e lutei para fazer uma cara suave e impassível.
- Por que você matou aquele urso? – eu perguntei, ainda tentando manter meu rosto impassível.
Ele não respondeu, apenas me encarou com o mesmo olhar que o meu.
Não creio que você entenderia ou sequer acreditaria.
O garoto não moveu os lábios, mas eu pude ouvir sua voz aveludada na minha mente. Eu estaria surtando ou algo do tipo?
Não, você não está surtando.
De novo, eu ouvi sua voz, mas seus lábios não se moveram um centímetro sequer.
Ele riu, e desta vez o som saiu da boca dele. Sua risada era bonita, forte, encantadora. Eu paralisei onde estava.
Ele cessou as risadas lentamente e me encarou, o seu sorriso chegando aos olhos. Ficou mais bonito do que já era.
Olha, não fique aí parada. Eu sei que você não é muito de falar, mas...
Foi aí que a ficha caiu, de um modo confuso. Mas fora a única coisa que eu pude deduzir.
-Você está lendo a minha mente. – não foi uma pergunta; eu estava afirmando.
Até que você é esperta.
- Dá pra parar com isso? – eu aparentava uma calma meio vulnerável, agora.
- O.k., o.k... – ele concordou, enfim falando.
- Como você...? – ele já sabia a minha pergunta antes mesmo de eu completá-la.
- Eu já disse que você não acreditaria.
- Que seja. Olha, eu não sei o que você estava pensando quando matou aquele urso, e como o fez, mas eu estou avisando que você não deve voltar aqui novamente se for para isso, somente.
- Eu estava fazendo isso para a minha sobrevivência.
Ele parecia ser de classe alta – bem alta – pela roupa que usava, e não parecia perdido.
- Você não parece perdido... – eu comentei, tentando manter um tom casual.
- E eu não estou.
- Você fugiu de casa ou coisa assim?
- Não.
- Então por que você não volta pra sua casa e come algo decente?
- Acho que você não precisa saber sobre isso.
Eu bufei.
- Olha, se for pra você ficar matando animais à toa, eu peço que se retire e não volte mais aqui.
Ele riu.
- Eu não vejo graça alguma nisso.
- Por que você precisa ser tão dura? E, aliás, sou Remus Lupin. – ele se apresentou, estendendo sua mão. Eu hesitei, mas dei alguns passos até poder apertar sua mão fria e dura como mármore e soltá-la logo em seguida.
- Sou Dorcas Meadowes. – eu disse, tentando manter um tom indiferente.
- Dorcas, abra um sorriso! – ele tentou me animar, em vão. – O.k., não vou mais insistir... – ele disse, por fim, desistindo. – Você sempre é assim. – não foi uma pergunta. Será que ele conseguiu saber isso lendo a minha mente por alguns segundos? Como ele poderia fazer isso?
- Sabe, varia conforme a situação. Veja bem: você acabou de matar um urso cruelmente; eu não posso sorrir por causa disso, posso? – ele fez uma cara.
- Tudo bem. O que você vai fazer comigo, Curupira? – ele perguntou, com ar de deboche.
- Ora, seu...! – mas, antes que eu pudesse fechar minhas mãos em seu pescoço, ele saiu correndo pelo lado esquerdo da mata; eu pude ouvir uma gargalhada. – Eu vou te pegar – eu murmurei pra mim mesma, enquanto corria em seu encalço.
Logo cheguei perto dele, mas não o suficiente para pular em suas costas, como eu pretendia.
Foi quando ele deu uma ‘freada’, por causa da cachoeira que atravessava aquele lado da floresta, que eu aproveitei a oportunidade e pulei nas suas costas:
- Te peguei! – mas ele sequer se mexeu, e nós não caímos nas águas da cachoeira. Ele era muito duro, firmara os pés do chão; Lupin não se movera um centímetro sequer.
Com as mãos fortes que ele tinha, me tirou de suas costas com muita facilidade. Lupin me pôs à sua frente.
Ele me encarou por um vago momento, e começou a rir.
Eu fiquei com uma cara tipo: “What the fuck?!”
Depois de ver ele rindo mais, não agüentei, e ri timidamente. Pude sentir minhas bochechas corarem e meu rosto esquentar.
Ele sorriu.
- Bem, pelo menos você riu hoje...
- É.
- Posso te levar pra casa?
- O quê? – eu perguntei, confusa com a pergunta.
- Posso te levar pra casa, Srta. Meadowes?
- Aff. Me chame de Dorcas, somente, por favor.
- O.k. Mas então... aceita meu convite?
- Hum?
- Esquece. – ele me pegou tão rapidamente nos braços que eu mal pude sentir, e quando me dei conta, já estávamos atravessando a floresta em direção à minha casa.
- Dá pra me largar, por favor? – eu pedi, quase gritando.
Ele não respondeu.
Eu revirei os olhos.
Ele parou suavemente, me colocando no chão. Oops, eu estou zonza...
Cambaleei pro lado, mas ele me segurou com seus braços frios e fortes, e me levou até a porta de casa.
- Como você...?
- Digamos que eu tenha minhas técnicas. – ele adivinhou minha pergunta de novo. Shit. – Amigos? – eu ainda estava um pouco tonta.
- Isso só o tempo vai dizer.
- Uou. O.k., então. Até logo.
- Como assim?
- A gente se esbarra por aí, Dorcas. – ele foi falando, enquanto dava uma piscadinha pra mim e descia as três escadinhas da porta de casa até o pequeno jardim, que dava pra rua alguns passos depois.
Foi então que ele virou na esquina e sumiu de vista. Garoto estranho... mas muito atraente, devo ressaltar.
Entrei em casa ainda um pouco zonza, e sentei na cadeira perto da geladeira, pegando um copo e uma jarra de água. Bebi uns três copos até a tonteira passar, e então fui tomar banho. Logo minha mãe chegaria do mercado e faria o jantar, e meu pai voltaria da casa da vovó com aqueles docinhos maravilhosos.
O rosto de Remus Lupin ficara gravado na minha cabeça até a hora que eu fui dormir, e tive uma surpresa quando cheguei em meu quarto:
- O que você está fazendo aqui? – eu perguntei cautelosamente para um garoto alto, forte, com olhos num tom mel amarelado e cabelos castanhos num tom mel também.
- Uma visitinha.
- Isso não são horas de se fazer visitinhas, Lupin. – eu pensei por um momento. – E aliás... como você subiu no meu quarto, que por acaso fica no segundo andar, sem fazer nenhum barulho?
- Digamos que eu tenha meus métodos.
- Aham, sei. – eu, sem pensar, fui para minha cama e me deitei, me tapando com o cobertor.
Eu olhei pra ele, esperando que se retirasse imediatamente. Qual era a dele, afinal?
Ele me encarou um momento, e veio até a minha cama, sentando-se na beira da mesma, na direção da minha barriga. Eu podia sentir a temperatura fria dele passando pelo cobertor.
PÁRA TUDO!
- Ei, pode sair daí agora! – eu o repreendi, empurrando seu peito para longe. Eu tentei, mas não deu; ele era muito duro. - Urgh! – eu bufei, enquanto ele sorria. Por fim, depois de quase quebrar as minhas mãos, eu dei mais um forte empurrão, que pareceu não surtir efeito algum, e me virei pro lado, contando até três mentalmente. – Eu vou contar até três. Se quando eu tiver aberto os olhos você não estiver fora daqui, você vai ter que arcar com as conseqüências.
“Um... Dois... Dois e meio... Três.”
Me virei pro lado para olhar, e ele ainda estava ali. Eu levantei da cama brutamente, abrindo o meu armário e tirando uma shuriken muito velha, mas que ainda poderia machucá-lo seriamente. Rodei ela nos meus dedos e apontei para Lupin, com o cotovelo se curvando para trás, flexionando-se.
- Se você não quiser se ferir, sugiro então que saia pelo mesmo lugar de onde veio, agora. Ele arregalou seus olhos amarelados, e levantou da cama, mas sem pressa alguma.
- O.k., o.k., tô indo nessa, Dorcas. Tchau! Durma bem. – ele tentou se aproximar, mas eu levantei mais a shuriken, de forma ameaçadora.
Ele riu baixinho e pulou a janela sem medo. Pelo menos ele já tinha ido e eu poderia dormir em paz. Ou será que ele voltaria?
Durante toda a noite, eu fiquei pensando no que ele era.
19h00min.
Depois que ela se fora, aquele lugar era como uma segunda casa pra mim. Eu não posso dizer que não sinto falta dela, porque eu realmente sinto. Desde que minha mãe morreu, eu não tenho mais meus Sábados e Domingos no parque, fazendo piquenique ou colhendo flores. Eu não tenho mais os melhores biscoitos do mundo e nem alguém para me contar histórias antes de dormir.
O dia já estava começando a escurecer, mas eu não tinha medo de ir visitá-la. Afinal, aquele era o meu lugar predileto da cidade. Ultimamente, quando não estou com as minhas amigas no final de semana, eu sempre estou procurando a companhia da minha mãe.
Eu entrei no cemitério, e caminhei até o túmulo de mármore dela, onde tinha uma foto e dizia: "Marie McKinnon".
Ajoelhei-me ali, e botei as flores em cima da foto dela, como sempre fazia.
Comecei a contar como fora a minha semana, como sempre faço. Desabafo com ela e conto os meus problemas. Não sei como, mas de alguma forma, ela está sempre me ajudando e me dando conselhos. Ela era uma ótima mãe.
Eu olhei para o lado, e ali estava o túmulo, que eu sempre deixava uma florzinha de dó, pois os familiares nunca o visitavam.
Um túmulo de mármore preto, com um porta-retratos do tipo de uma "árvore genealógica", com a foto de todos que estavam enterrados ali. Em cima do túmulo tinha uma escrita bem grande e legível, onde dizia-se: "A família Black". Logo abaixo havia uma frase onde dizia-se: "Aqui jaz a melhor família, unida e vencedora. Rica em todos os sentidos. De geração em geração passamos o... " e o resto da frase tinha sido apagada de alguma maneira, e estava ilegível.
Eu tinha dó daquela família; por mais ruim que alguém pudesse ser, será que ninguém os visitaria?
Quando virei para o túmulo da minha mãe, percebi que as flores não estavam mais lá. Eu fui até atrás do túmulo, pensando que elas poderiam ter caído lá, por culpa do vento. Mas as flores não estavam lá. Saí de trás do túmulo, e dei de cara com um homem parado na minha frente. Ele não parecia ser mais velho do que eu, tinha os cabelos pretos compridos, na altura dos ombros, a pele branca, bem branca, e os olhos azul-piscina.
- Procurando por elas? - Ele estendeu as flores.
- Sim... - Eu as peguei. - Onde estavam?
- Caíram ali. - Ele disse apontando para o lado do túmulo.
- Mas eu passei por ali, e não as vi. - Eu disse, encarando-o.
Ele bufou, e ficamos alguns minutos em silêncio.
- É a sua mãe? - Ele me perguntou, apontando para a foto.
- É, sim. - Eu sorri, olhando a foto. - Veio visitar a minha mãe?
- Não. Eu vim visitar outra pessoa, quer dizer, outra morta. - Ele riu e eu continuei séria.
- E quem veio visitar? - Perguntei.
O homem olhou para o túmulo da família Black, e apontou com a cabeça.
- Que estranho, nunca ninguém os visita. - Eu comentei.
- Pois é. Eles não eram uma família muito querida por aqui. - O homem disse me encarando com aqueles belos olhos.
- Por que não? Eles parecem que eram tão unidos e tão felizes. - Eu repliquei.
- Isso é uma longa história. - Ele disse desviando o olhar de mim.
- Pois me conte, eu tenho todo o tempo do mundo. - Eu disse, me sentando.
- O.k. - Ele concordou, e se sentou do meu lado.
Estávamos a centímetros um do outro, mas alguma coisa impedia-nos de nos tocarmos. Era uma sensação meio estranha.
- A família era formada por quatro pessoas. - Ele dizia enquanto contornava a minha mão e o meu rosto com suas mãos, mas ele não encostava em mim. - A mãe ela era uma louca, gritava com os filhos, com o marido, não trabalhava e só pensava em dinheiro. O pai era um coitado, sempre fazia tudo o que a mulher louca mandava, e vivia da herança do pai. Se trancava o dia inteiro no quarto para não ter que ver a cara dos filhos, e o casal dormia em quartos separados.
Eu soltei um gemido de exclamação, mas fiz um sinal para ele continuar.
- O casal tinha dois filhos: um era normal e outro era como os pais. O mais velho, e louco, também só pensava em dinheiro, não podia conversar com ninguém que não fosse da classe alta ou que não fosse do seu colégio. Ele ia para um colégio particular, e tinha uma namorada. Também da classe alta, os dois estavam sempre brigando, porque o ego do menino era gigantesco, e sempre acabava traindo a namorada. Ele era obrigado a ir para a escola levado pelo motorista da família, pois não podia passar em lugares onde gente da classe média morava. O filho mais novo, e normal, era bem diferente dos pais e do irmão. Ele achava todas essas regras uma idiotice, e por isso sempre acabava brigando com a família. O menino era obrigado a estudar no mesmo colégio que o irmão, mas ele não queria ser levado para a escola pelo motorista, e então ia andando. Mas o menino tinha outro motivo para sair mais cedo de sua casa e ir andando: ele gostava de uma menina que morava perto da sua escola, e por isso saía mais cedo de casa, para dar tempo de vê-la indo para a escola.
- Que fofo. - Eu exclamei.
- O menino não podia conversar, e nem sequer olhar para pessoas da classe média. Mas com ela era diferente. Ele não sabia como não olhar para ela, e por isso admirava-a todo santo dia. Mas não tinha coragem de falar com ela. Por medo de ela rejeitá-lo por ele ser rico, ou então pensar que ele era igual à família.
- Coitado! - Eu disse tristemente.
- Mas um dia, o irmão mais velho descobriu o por que dele sair mais cedo de casa, e resolveu contar para os pais, que arranjaram mais um motivo para discussão em casa. A mãe e o pai faziam o filho mais novo de escravo, mandando-o fazer todos os serviços da casa, e tinham mudado o quarto dele para o porão.
- Mas ele nem tinha conversado com a garota. - Eu exclamei, tentando parecer justa. Mas ele me ignorou e continuou com a sua história.
- O garoto viveu assim por dois anos, até não agüentar mais, e matar os próprios pais, depois o irmão. Ele resolveu fugir de casa, mas quando chegou à rua da casa daquela menina, ela não morava mais lá, e então ele reconheceu que realmente a sua vida estava perdida, e nada mais teria sentido, se ele continuasse vivendo. Então o garoto voltou para casa e se matou no porão.
- Meu Deus! Mas isso é... é... simplesmente inacreditável. - Eu disse, espantada. O homem olhou para o céu. - Está na minha hora. - Ele disse se levantando.
- Não, espera. - Eu me levantei também. - Me diga o seu nome.
- Meu nome é Sirius. Sirius Black. - O homem respondeu.
- Black? – Eu perguntei, confusa.
- Sou um parente distante deles. - Ele respondeu simplesmente, e saiu caminhando pelo cemitério.
- Espere, Sr. Black... - Eu disse indo atrás dele.
- Pode me chamar de Sirius. - Ele sorriu pra mim.
- Sirius... - Eu disse. - Sim? - Pode me contar o que aconteceu com a garota? - Perguntei quase sussurrando.
Ele olhou nos meus olhos, como se tivesse algo a dizer, e suspirou.
- Ela cresceu. Longe dele, e hoje continua maravilhosa. Mas até hoje ela não sabe sobre aquele menino. - Ele respondeu caminhando rápido para fora do cemitério.
- Me desculpa, Sirius, mas... Está muito tarde. Nós perdemos horas conversando, e acho que o meu pai vai ficar bravo se eu chegar em casa sozinha. - Eu disse meio desconfortável. - Será que... você não poderia me acompanhar, até em casa?
- Sinto muito. Realmente está na minha hora. - Ele virou-se e foi andando em outra direção. - Sirius... - Eu o chamei.
Ele virou de longe, mexendo a sua longa capa preta, e me olhou.
- Meu nome é Marlene, Marlene McKinnon. - Eu disse, dando um sorrisinho.
- Muito prazer, Marlene. - Ele deu um sorriso simpático, e desapareceu no final da rua.
Realmente, também estava na minha hora, e se eu me atrasasse mais, meu pai com certeza me mataria. Eu fui andando rapidamente para casa, pois a noite estava fria, e eu não tinha pego o meu casaco antes de sair. A neblina cobria a rua e eu já conseguia avistar a minha casa.
Entrei correndo, e meu pai já estava sentado na mesa do jantar.
- Marlene, onde você estava? Eu fiquei preocupado, filha. - Ele disse, vindo me dar um beijo na bochecha.
- Desculpa. Eu fui visitar a mamãe e acabei perdendo a hora. - Eu menti.
- Tudo bem, vem, vamos comer.
Depois de um banho e um chocolate quente, eu fui para a cama.
Mas eu não conseguia dormir. A história daquela família não saía da minha cabeça.
Se eu fosse aquela menina, eu iria correr atrás, e procurar o garoto Black. Do jeito que o Sirius me contou, ele parecia tão atraente, e apaixonado. O Sirius também não perde nada. Vai ver que é de família.
18h57min.
Aqui estou eu de novo. Sentada no mesmo lugar, no mesmo carro, olhando pra o mesmo céu. Só que ele não é mais o mesmo das vezes em que eu vinha aqui pra dar um ‘‘oi’’ pro mundo (?), mas ele agora é o céu que ouve as minhas preocupações; quero dizer, eu não fico falando meus problemas pessoais pra Deus, o mundo e o céu, não, não é nada disso, eu simplesmente venho aqui pra pensar. Mesmo que eu tenha demorado pra explicar isso, é o que eu sinto. Nunca fui boa em externar sentimentos; é uma das minha melhores qualidades. Posso muito bem fingir que estou feliz quando estou mais emo que uma não-sei-o-quê (?). Mas ultimamente, esse meu lado ruiva-ema tem se acentuado; mais do que o normal. Não, eu não estou sendo ameaçada, nem meus pais com problemas e tal. Eu sempre estou ameaçada, e nem tenho pais, mesmo que não pareça. Às vezes uma garota precisa de uma mãe ou um pai, mas eu não. Não mesmo; nunca precisei, e talvez não vá precisar, mas quem sou eu pra supor algo sobre o futuro, não? Bem, o meu problema original, é o fogo. Não, eu não sou engolidora de fogo, e muito menos tenho algo a ver com o circo; é mais uma coisa que eu não sei completamente sobre mim mesma.
Resumindo todo esse blá-blá-blá, eu consigo controlar o fogo. É isso aí. O fogo me obedece: eu posso tocar numa vela sem me queimar, posso queimar uma floresta inteira se quisesse e também posso atravessar um quintal em chamas sem me queimar, nem nada. Não que eu queira acabar com a vida de espécies em extinção, e nem queimar o quintal da vizinha, eu não sou uma ruiva tão pirada assim. Só que o céu com línguas de fogo se entrelaçando com o recente azul me acalma, e me ajudam a colocar as idéias no lugar; pelo menos um pouco. Se bem, que nada está realmente no lugar quando você é capaz de literalmente brincar com o fogo.
Suspirei resignada, e, quando começou a aparecer mais azul-escuro do que laranja o céu, entrei de novo no meu carro e liguei o motor de novo. Ou pelo menos tentei. Alguma coisa, ou alguém, tinha impedido meu carro de ligar. Eu entendo de carros; sei o que pode acontecer se algum engraçadinho resolvesse se divertir com a ruivinha aqui. Grunhi de tédio e saí do carro pra abrir o capô, ver se o problema tinha sido lá, ou alguém tivesse mesmo querendo se queimar.
Mas tem alguém mais aqui. Não do meu lado exatamente, mas... Aqui. Eu tô sentindo: tá me espiando (?). Queria poder me virar para a pessoa e pedir pra não se meter comigo, mas acho que é melhor continuar fingindo que não percebi. Levantar mais suspeitas pra cima de mim não seria inteligente. Nada inteligente.
/creck/
Opa, esse é um barulho no qual eu preciso me preocupar. Fechei a tampa do capô silenciosamente e cruzei as pernas para me virar rápido se preciso.
/creck/
Sempre nos filmes de aventura ou de mistério esse é o barulho de um galho se quebrando. Eu acho que deveria estar com medo, mas não fui eu quem quebrou o tal galho e tá realmente em perigo agora. Coloquei a mão no bolso da calca jeans, alcançando meu isqueiro: não posso conjurar (?) fogo do nada, não? Não é exatamente um elemento natural, se é que me entende.
/creck/
Virei-me muito rápido, quando percebi que o barulho estava mais perto de mim. Não como na primeira vez, o barulho estava exatamente do meu lado. Vi várias coisas ao mesmo tempo. Nada estava se movendo em câmera lenta, como naqueles filmes que eu mencionei ainda agora. Em vez disso, o jato de adrenalina parecia fazer com que meu cérebro trabalhasse muito mais rápido, e eu pude absorver simultaneamente várias coisas em detalhes nítidos.
Tinha um cara, na verdade. Estava do meu lado num minuto, e do outro estava dentro do carro. Tinha o rosto muito pálido e olhos negros e cabelos igualmente negros e oleosos, de uma cortina e um corte ‘‘cabeça de cuia (?)’’. Olhando-me com aqueles olhos negros cheios de ódio, estava ele acelerando meu carro, mal me dando tempo de sair da frente. Só que tinha algo mais. Outro cara. Mas esse não era feioso que nem o que estava acelerando. Era igualmente rápido, mas não parecia querer me matar. Estava igualmente pálido, por um motivo que não detectei, porque tinha um louco dentro do meu carro querendo me matar com o meu carro.
Ah, não. Com o carro não.
Só deu tempo de pegar o meu isqueiro e atirar fogo ao céu enquanto jogava as mãos pra frente antes de ouvir uma batida ensurdecedora ao meu lado, e meu sentido me avisar pra fechar imediatamente os olhos.
E depois, só... Fogo. O meu fogo.
Eu não fiquei desacordada em momento algum. Mas fiquei meio que numa bolha de água, me sentindo extremamente fraca. Eu sou praticamente feita de fogo. Posso ficar o tempo que for necessário dentro da água, mas eu tenho um preço a pagar: minha essência fica meio fraca, como se eu espirrasse e precisasse de um pouco mais do que um segundo pra me recuperar. Eu ainda estou na espécie de bolha, mas eu aposto qualquer coisa que estou perfeitamente bem.
Só preciso sair daqui. De qualquer jeito, preciso sair daqui.
Levantei-me do chão (?) da bolha e olhei em volta. Estava tudo quase exatamente igual, só que com algumas folhas do outono a mais no chão, meu carro com um arranhão no vidro, e um rastro que alguém esqueceu totalmente de apagar. Meio invisível por causa do ar escuro da noite, mas visível, se você for perceptiva (o). De repente me lembrei de um detalhe: eu não estou morta.
Não que isso seja um detalhe, mas na situação, é um mero detalhe, sim.
Suspirei pela terceira ou quarta vez hoje; não tenho certeza, mas eu me lembrei do meu alicate (?). Não estranhe: você também teria um alicate se a sua vida fosse corrida e louca como a minha. Peguei o alicate do bolso da minha calça e mal ele encostou-se à parede da bolha, ela furou e eu caí de bunda no chão.
- Auch! – exclamei.
Mas exclamar foi um erro, um lindo erro. Apareceram várias pessoas ao meu redor. E elas saíram de trás das arvores. São pálidas, e parecem estar com frio, mas sem perder a elegância. Parecem estar procurando alguma coisa, mas comigo aqui, acho que deve ser o suficiente. Eu sei o que são: vampiros. É, mesmo que pareça ridículo isso até pra mim, eles são mesmo vampiros. Têm a pele pálida e olhos escuros, porque estão com fome, são muito elegantes até pra um bando que com certeza estaria prestes a me matar.
Deus, acho que isso nunca vai ter fim.
Não parecem ser como o Remus. Nem um pouco, cara. Remus é um amigo vampiro (?) que eu tenho. Me levantei e corri pro carro. Mesmo eu sendo uma humana, eles não podem me rastrear: só sentiriam cheiro de fumaça, se tentassem. Abri a porta com tudo e me joguei no banco, pisando na embreagem e passando logo a marcha pra sair depressa daquele lugar.
Não gosto muito de florestas.
Me dão arrepios.
Oi, meu nome ser Jú. (?) Ai, gente, eu amei escrever esse capítulo, bg. :* Ficou muito legal, porque, bem, tava pronto há um tempão, mas isso não vem ao caso. (?) Queria que ficasse claro o dilema interior dos personagens e panz. Eu sei que isso não vai servir de nada, mas eu sou a Lily, obrigada. :* E também faço o James (6). Enfim, brigada pelos comentários, eu amei eles, obg. (: /mesmo eu tendo deixado um ou dois. (?)/ OEHAOUEHAOUEHUOEAHOU, amo escrever com as gurias. <3
Bem, beisho. :*
Jú. x)
Ah, meu, amei escrever esse capitulo, na minha opinião foi o melhor! :D Primeiro, obrigada pelos comentários, eu amei todos. E, segundo, obrigada à Jú e à Mari que me agüentam sempre falando dessa maldita fic. Aehueaheau :) amo muito vocês duas. Ah, espero que tenham gostado, porque eu AMEI esse capítulo. :D Ah, e só pra deixar claro, eu escrevo a parte da Lene e do Six. õ/
Beijão, pessoas. :*
Lê Grint.
Hi, my name is Mariane, but my nickname is Enne (?). Eu amei escrever esse capítulo! *-* Acho que o final da minha parte (eu faço a parte da Dorcas e do Remus, oi) ficou meio sem nexo, mas enfim. EU GANHEI O LIVRO TWILIGHT HOJE! :D:D:D Isso não é demais? Não precisa responder, eu sei que é! Haha (?). Hoje eu estou muuito feliz, porque estou de FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS! /parei/ Só volto dia 4 de Agosto, oi. (?) Mas enfim, amei todos os comentários, thanks. (: Ah, esqueci de falar que eu fui num passeio à Petrópolis antes de ontem (?), e foi demais! *-* Nossa, como eu falo. o_o’ Quem quiser ver as fotos, visita meu orkut. õ/ Pode me adicionar, se quiser, q. http://www.orkut.com.br/Profile.aspx?uid=7371219166544888489 Amo escrever com a iguana (Juh) e a lagartixa (Lê). <3
Beeijos. :*
Enne.
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