Pergaminho




Pergaminho.

Estou vivendo uma noite insone. Uma noite que não esperava viver...
É só um pedaço de pergaminho destinado à ninguém. Mas diz tanto do que sinto no momento, que é quase como se tivesse vida, como se guardasse parte de mim, uma parte que não conheço de todo, e que talvez, tenha medo de conhecer...
Mas é como se esse sussurro secreto não fizesse sentido sem ele...
E no fim é verdade. É verdade que sem ele, esse pedaço se desabafo não viria a existir.

Eu estava sentada no Salão Comunal da Grifinória, sentindo-se mais lixo do que gente, folheando um álbum de fotos. Eu me sentia um lixo a cada foto que via. Eu me via ao lado de Stacy e Lauren, durante todos esses anos, e eu também o via, detrás de cada uma daquelas fotos.
Eu mal podia acreditar que o tio Roger havia sido assassinado... Mal podia acreditar que Lauren havia perdido aquele brilho especial que só ela têm... Mal podia acreditar que eu estava ali sozinha, entretida com o meu egoísmo e minha inutilidade enquanto a Lauren sofria na casa dos Malfoy...
Nem humana eu me sentia, era mais um não sentir... Uma ausência de qualquer coisa boa em mim e no mundo... E eu ainda me lembrava do ódio com que Sirius me olhara, e insuportavelmente eu parecia sentir o cheiro dele...
Minha cabeça rodava e doía, e as lágrimas vieram sem que eu pudesse deter. Uma atrás da outra, em um choro que eu não conseguia sufocar. E eu me odiava por chorar. Porque chorar me deixa vulnerável, e quando estamos vulneráveis, permitimos que as pessoas nos magoem, permitimos que elas nos machuquem. E há muito tempo, eu prometi a mim mesma não deixar que ninguém tivesse esse poder...
E eu não conseguia parar de sentir o cheiro dele, e de certa forma, não me surpreendi quando as mãos dele vieram tirar as minhas do meu rosto. Meu rosto deveria estar vermelho pelo choro, e não me surpreenderia se eu estivesse aparentando um zumbi que não dorme a dias, mas nada disso o fez se afastar... Ele sorriu de modo triste, e eu o abracei... E pela primeira vez naquela noite, era como se eu pudesse sentir.
Ele se afastou com gentileza, enquanto me dizia que eu deveria ser forte, e tentava me fazer sorrir. Eu sabia que o havia magoado, e ainda assim ele estava ali, Sirius estava ali, tentando me fazer sorrir. Eu enxugava as lágrimas, mas por dentro elas continuavam a correr.
Sirius tocou meu queixo fazendo com que meus olhos encontrassem os dele.

– Nós vamos cuidar da Lauren, vai ficar tudo bem eu te prometo isso. – ele disse com a voz suave e com uma sinceridade que chegava a doer.
- Você nunca cumpre suas promessas. – eu contrapus, não porque realmente não acreditasse, mas porque precisava tentar não acreditar.
- Essa eu cumprirei sabe por que?
- Não...
- Por que eu estou prometendo para você.

Até agora posso ouvi-lo dizer isso, é como se a frase ecoasse dentro de mim. E com uma certeza estranha, é como se eu soubesse que ela vai sempre ecoar...
Eu fitava os olhos de Sirius e sentia como se permitisse que ele me fitasse além, eu naquele momento eu tive certeza do que viria a seguir, e era como se naqueles dias onde nada estava certo, aquela fosse a única coisa errada pela qual eu não iria me arrepender...
A mão dele deslizou para minha nuca, em um carinho suave e me puxou em direção a sua boca, onde nossos lábios se encontraram com perfeição. Ele me puxou em direção ao seu corpo, fazendo com que deitássemos no tapete, e era como se eu não tivesse controle sobre mim, ou mesmo quisesse ter. Ele beijava cada canto do meu rosto e com isso me fazia querer chorar, porque mesmo com o rosto marcado pelas lágrimas, e com a aparência infeliz, Sirius fazia com que eu me sentisse bonita, fazia com que eu me sentisse única... Nossos lábios tornaram a se encontrar, e eu descobri que minha boca havia se apaixonado pela dele, e parecia agir por conta própria.


Não sei dizer quanto tempo ficamos ali, juntos. Só sei que durante todo o tempo, não trocamos uma palavra, e isso só me deixa mais e mais confusa. Eu sabia, ele sabia, que se conversássemos, eu fugiria, eu iria embora para onde a solidão pudesse me acolher. E ele não falou uma palavra.
Por Merlim! O que esse garoto quer? Já não basta que seu físico me atraia, que minha boca anseie pela dele, e que ele ocupe grande parte de minha lembranças? Ele ainda tem que me compreender?
Sirius Zabine nunca foi algo fácil para se entender, mas será que ele precisa mesmo me confundir? Ele tem que me fazer desejar acreditar nele quando todos me dizem que sua vida é composta de jogos e apostas? Porque eu quero tanto ver o melhor que há nele? Porque eu não posso esquecê-lo agora, neste momento?
Se dúvidas fossem uma pessoa, ela provavelmente seria minha irmã.
Mas tentativas de humor não amenizam meus pensamentos, ou minha tristeza, ou minha confusão.
Termino por dizer, que beijar Sirius Zabine me é extremamente perigoso, porque tal qual chorar, me deixa vulnerável, e então é como se Sirius pudesse tirar de mim o que ele quisesse, e isso me assusta...

Danielle O’Brian.





Nota da Dani:: Seguinte, esse cap tá pronta há um tempããão, foi o primeiro a ser escrito e o que me deu a idéia de escrever Segredos eu só não postei ele antes porque tava travada tentando escrever um extra do cap 5 de onm5 se não me engano, enfim. Desisti da idéia pra publicar esse logo e vocês não desistirem da fic XDD hahaha
Comenteeem ok? Não dói nada em vocês e significa muito pra mim ;*

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