Capítulo Doze



 


Capítulo 12
ou The One With Gone With The Wind


- Está nervosa? – Lily perguntou, enquanto andávamos rapidamente em direção ao auditório.


- Talvez um pouco. – respondi, sem olhá-la. – Okay, eu estou muito nervosa!


- Vai dar tudo certo. Você mesma disse que os ensaios foram bem. – Lily tentou me acalmar.


Eu não queria admitir, mas eu estava nervosa sobre o beijo. Não havíamos ensaiado essa parte. Porque seria estranho. Agora que Nigel e eu estávamos namorando oficialmente, não me sentia bem beijando Black. Pelo menos eu acho que não.


Lily e eu nos separamos; ela foi para o auditório procurar um lugar, e eu fui para o backstage.


- Srta. McKinnon, está atrasada! – srta. Joy exclamou afobada, assim que me viu.


- Atrasada, hein Lene? – Dorcas brincou quando me viu. Ela fazia parte do grupo de teatro.


- Como as grandes estrelas! – eu disse, entrando na sala de figurinos. Todos já estavam prontos, e Dorcas ia me ajudar com o vestido. – Ai! – reclamei quando ela puxou muito forte o cordão que ajustava o corpete do vestido à meu corpo. Ao mesmo tempo, Anna Bell, que também fazia parte do grupo de teatro, arrumava o meu cabelo.


- Aguenta aí, baby. Se as mulheres daquela época conseguiam, você também consegue. – Dorcas terminou, rindo.


- É, mas as mulheres daquela época não precisavam respirar! O figurino precisava ser tão realista?


- Mas o sofrimento vale a pena! – ela terminou de arrumar a saia do vestido enquanto eu me olhava no espelho.


Realmente valia a pena. O vestido era lindo, verde, e com muitos detalhes em renda. Com certeza eu nunca tive uma cintura tão fina quanto naquele vestido, de tanto que ele apertava.  Precisei da ajuda de Dorcas para conseguir sair da sala e ir para o auditório, com todas aquelas saias e armações que o vestido tinha.


- Sr. Black, você e srta. McKinnon são os próximos! – Srta. Joy disse, e eu me apressei. Conseguia ouvir o barulho de pessoas conversando na platéia.


Quando cheguei ao palco e levantei um pouco a saia para não pisar nela ao subir o degrau que havia lá, uma mão surgiu na minha frente para me ajudar. Levantei os olhos para ver Sirius, usando um terno preto, daqueles modelos bem antigos. Tenho que admitir: ele estava melhor que Clark Gable.


Aceitei sua ajuda, e nos posicionamos no centro do palco.


- Belo vestido. – ele sussurrou ao meu lado.


Eu o olhei de cima a baixo, e o encarei, levantando meus olhos:


- Você também não está tão mal.


Ele sorriu levemente de lado, e a cortina se abriu. Ele começou a se movimentar, dando início à cena.


- Não vá, Rhett! Porque vai, agora que preciso de você?


- Por quê? Talvez por que eu tenha uma fraqueza por causas perdidas.


- Você deveria morrer de vergonha por me deixar aqui, desamparada!


- Você, desamparada? – ele riu levemente. - Deus ajude os yankees se eles te pegarem.


- Eu nunca o perdoarei!


- Egoísta até um fim, hein?  Eu não peço que me perdoe. Eu não entenderei ou perdoarei a mim mesmo. – ele passou as mãos pela minha cintura, trazendo-me para mais perto, como a cena mandava. – E se uma bala me atravessar, rirei de mim mesmo por ter sido tão idiota.


- Me solte! – disse, me debatendo em vão. Ele realmente era mais forte do que eu.


- Aqui está um soldado que a ama, Scarlett. Que quer sentir seus braços ao redor dele, que quer levar a memória de seus beijos com ele na batalha. Não se preocupe em me amar. Você está mandando um soldado para a morte certa com uma linda memória. 


E então aconteceu. Ele não precisou me puxar pela cintura, de tão próximos que estávamos. O que era para ser apenas uma representação virou verdade. Ele aprofundou o beijo e eu correspondi. Ou será que fora eu quem aprofundara? Não sei, mas a intensidade da cena fora tão grande, que senti arrepios. Apertei minhas mãos no colete dele, não me importando se o estava machucando com minhas unhas ou não.


Ele se separou de mim, e ouvimos os aplausos dos outros alunos e da Srta. Joy. A cortina caiu e soltei o colete dele, reparando que o tecido agora estava amassado, enquanto ele dava passos para trás, afastando-se de mim.


xxx


- Então, - Lily começou, andando ao meu lado depois que saí do auditório. – Como é que foi?


- Lily, acho que essa não é uma boa hora. – disse, olhando para frente.


- Porq... – ela seguiu meu olhar. Nigel me esperava logo a frente, com uma cara nada feliz. – Oh. Boa sorte, te ligo mais tarde.


- Hey. – disse, sorrindo levemente, indo beijá-lo, mas ele virou o rosto. – Nigel, não seja ridículo.


- Ridículo? Você estaria assim se eu tivesse beijado outra.


- Não foi um beijo de verdade! – eu estava começando a me irritar.


- Foi sim, e você estava aproveitando muito! – ele estava se alterando, e algumas pessoas que estavam mais distantes nos olharam. Ele abaixou o tom de voz. – O problema é que você sabia que iria beijar o cara e nem me contou.


- Não achei que era importante! – ele revirou os olhos, mantendo a mesma expressão irritada. Respirei fundo e dei um passo à frente, colocando uma mão em seu rosto. - Foi apenas um trabalho para escola. Não significou nada, ok?


Ele parecia estar mais calmo e assentiu sem falar nada, um pouco contrariado. O problema era que nem eu mesma tinha certeza do que acabara de dizer.


xxx


- Foi impressão minha ou eu vi umas faíscas saírem daquele palco? – James disse, enquanto eu tentava assistir House para esquecer dos acontecimentos da tarde.


Mostrei meus dois dedos a ele¹, sem ao menos tirar os olhos da televisão. James riu, sentando-se ao meu lado. Encostei nele, enquanto ele me abraçava.


- Você tem certeza que gosta do Nigel? – ele perguntou.


- O que quer dizer?


- Eu vejo vocês dois juntos sempre, e vi a discussão hoje. – eu o olhei, esperando que continuasse. – Não tem nenhuma... – James pausou, aparentemente procurando uma palavra. – Paixão entre vocês.


- De novo: o que quer dizer com isso?


- Vocês até que combinam, mas ele não te leva ao limite sabe? Não te irrita, ou te desafia. Ele te trata como uma princesinha.


- Então, eu tenho que estar com um cara que me irrite? Que me trate mal? Esse é um pensamento muito estranho, James.


- Pensa sobre isso, ok? – ele disse levantando-se do sofá me deixando sem respostas.


Imediatamente peguei o telefone para falar com Lily. Eu precisava de respostas agora.


- Eu entendi o que seu primo quis dizer. – Lily respondeu depois que eu contei tudo que James dissera.


- Ah, legal. Agora vocês estão de complô contra mim. Pode me explicar pelo menos?


- Ele quis dizer que você precisa de alguém que te desafie porque você não tem um gênio fraco, Lene. – fazia sentido. Meu gênio sempre fora forte, uma característica que muitas vezes irritava as pessoas. – Eu quero saber uma coisa: quem beija melhor? Nigel ou Sirius?


Fiquei sem responder. Passara o resto do dia tentando esquecer todo esse assunto e agora ela falava sobre ele.


- Essa é a sua resposta, Lene. Você não tem certeza, porque aconteceu alguma coisa ali naquele palco que você não quer admitir. Sei disso, sou sua melhor amiga.


- O que eu faço agora?


- Você pode tentar tirar a sua dúvida beijando-o de novo.


- Não posso fazer isso, Lily!


- Prefere continuar sem saber?


Fiquei sem resposta mais uma vez.


xxx


- Preciso de um favor, e você é a minha melhor amiga, então tem que aceitar! – Lily despejou de uma vez, numa manhã no colégio.


- Lily, respira. Você está toda vermelha.


- Este sábado vai ter um festival de música em Cambridge. Com Florence+ The Machine, OneRepublic, Mat Kearney, e muitos outros! - ela disse, com a voz esganiçada de tanta felicidade.


- Deixa eu adivinhar: você quer que eu vá? 


- Meus pais só vão me deixar ir se você for comigo! Por favoor... – ela disse, juntando as mãos em sinal de imploração. Shows lotados nunca foram algo que eu gostasse. Especialmente um protótipo de Woodstock, num local aberto.  – Lifehouse está em turnê pela Europa e vai tocar lá, sabia?


Eu a encarei. Ela sabia que isso me faria mudar de ideia no mesmo instante. Eu amava Lifehouse, não tinha como eu recusar. Revirei os olhos e bufei, fazendo que sim com a cabeça. Ela de um berro de felicidade me abraçando e eu ri.


 


¹.  O “v invertido” é considerado um insulto no Reino Unido. 


N/A: O que acharam do capítulo? Queria ter feito a cena deles melhor mas não consegui. :/
ps: N/A bem curta porque são 02:36 do horário de verão, acabei de chegar de uma festa e estou acabada. Depois faço uma decente. Beijos.

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Comentários (1)

  • Lana Silva

    Que cena...Melhor ainda foi perceber que os dois ficaram mexidos com isso...E nossa todo mundo percebe a quimica dos dois kkk

    2011-12-12
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