Capuz encantado...



- Nossos filhos estão mortos, Mione... eu sinto muito – Disse Rony, chorando copiosamente. Os olhos verdes já inchados pelo choro.


Hermione deixou-se cair sentada. Sentiu alguma coisa se partir em sua alma. Uma tristeza tão grande e tão absurdamente assustadora que nem sequer poderia chorar.


- Eu sinto muito, Hermione!!! – explicava Rony – Eles estavam comigo, mas houve um ataque em Hogwarts. Três aranhas nos atacaram ao mesmo tempo. Levaram Rose e Hugo e estava me matando. Eu estaria morto se não fosse por Harry...


Hermione não conseguia atinar no que Rony dizia. Em sua mente, vinha a imagem de sua pequena Rose e do seu corajoso Hugo. Da última vez que os vira, ambos estavam tristes e revoltados contra ela. Sentia-se culpada. Ela era a culpada por ter deixado Rony tirá-los dela. Era a culpada por obedecer a uma maldita lei mágica que a obrigava a se afastar de seus próprios filhos. E agora, estavam mortos... não podia ser... não podia ser... Era um pesadelo... um pesadelo do qual ela logo acordaria. Talvez ainda estivesse naquele avião indo para Russia, onde tudo havia começado. Mas seus filhos não estavam mortos... não podia ser!


AHHH!!! – escutou um grito ao longe, mas parecia muito distante dela que já não conseguia escutar nenhum som ao seu redor.


- ATAQUE!! ATAQUE DE ACROMÂNTULAS!!!


Pessoas começaram a gritar desesperadas e a correrem de um lado para outro, apertando-se nas lareiras que não conseguiam suportar a quantidade de gente. As aranhas surgiram com uma ferocidade incrível, espalhando-se pelo Ministério no meio das pessoas que tentavam, em vão se defender.


- Rony!! Rony! – escutou Harry gritar. Ele arrastava Gina e os próprios filhos em direção a uma das lareiras.


- Vem, Hermione... vem comigo!!! – gritou Rony, gesticulando para que ela o seguisse, mas ela não conseguiu fazer nada. Estava estática. O mundo parecia girar em câmera lenta.


Rony se afastou, olhando arregalado na direção  de uma aranha gigante que caminhava em direção a Hermione. Hermione também percebeu a Acromantula, mas nem se moveu. Viu que o animal mostrava as presas. A acromântula sabia de alguma maneira que Hermione era uma sangue-ruim e estava disposta a envenená-la e consumi-la lenta e dolorosamente como todos os nascidos-trouxas. E, mesmo sabendo disso, Hermione não reagia. Esperava mesmo que a acromantula pudesse mata-la. Merecia aquela dor... merecia aquela dor por ter deixado seus filhos morrerem... MATE-ME MALDITA! MATE-ME!!!, pensou Hermione sentindo as lágrimas escorrerem por seu rosto.


Entretanto, quando a acromantula estava muito próxima, algo aconteceu. O animal foi atingido por um raio que vinha de trás de Hermione e caiu no chão com as pernas para o alto. Em seguida, Hermione sentiu duas mãos a agarrarem pela cintura, obrigando-a a se levantar. Era Draco que a envolvia em seus braços. E a segurou firmemente, pois temia perde-la para o caos que havia se instaurado no maior de todos os ministérios e agora, centro do reino mágico. Ela, por outro lado, ao vê-lo, enterrou-se em seus braços, tomada pela angustia e pelo desespero.


- Draco... Draco – choramingou Hermione, deixando-se envolver por aquele abraço. Como no dia em que foi resgatada de Azkaban, achou que talvez ele pudesse devolver-lhe o sentido de sua própria vida. – Meus filhos, Draco...


- Eu escutei o que Rony falou, Hermione... – sussurrou Malfoy em seus ouvidos.  – As acromântulas não estão matando os nascidos-trouxas. Elas os estão capturando. Elas estão estocando comida e sabem que vão precisar de muita comida se continuarem com os ataques aos humanos. Há uma chance de seus filhos estarem vivos, Mione. E se estivem, eu prometo a você que vou encontra-los.


Hermione arregalou os olhos, segurando fortemente o robe de Malfoy.


- Você acha... você acha mesmo que eles podem estar vivos? – perguntou ela, olhando dentro daqueles olhos azuis, ambos alheios às aranhas que atacavam ao redor.


- Sim, Hermione, e eu te prometo que se eles estiverem vivos, eu vou acha-los e vou trazê-los a salvo para você! Mas agora você precisa ser forte, está bem? – falou ele. E depois, na direção de Harry, gritou bem alto – HARRY, RONY, GINA...VENHAM COMIGO!!!


Draco segurou Hermione pela mão e começou a se afastar dos ataques das outras acromântulas, mas ao invés de tentar se aproximar das lareiras, chamou por um dos elevadores. Quando a porta se abriu, Rony, Gina, Harry e as crianças se juntaram a eles no elevador que se fechou um pouco antes de uma acromântula os alcançarem. Ela chegou a enfiar a ponta da pata na porta que parecia de papel, mas assim mesmo, o elevador se moveu e em poucos minutos estavam salvos.


- QUE DIABOS! – falou Harry, nervoso. – VOCÊ ESTAVA CERTO, MALFOY! NOSSAS DEFESAS SÃO INÚTEIS CONTRA ELAS... E AGORA? AZKABAN?


- Azkaban? – perguntou Hermione, olhando aturdida para Malfoy.


- Primeiro eu preciso pegar o meu livro no meu escritório. Podemos usar a lareira de lá. Vocês todos irão para Azkaban. Eu vou retornar a Hogwarts!!! – falou Malfoy, resoluto, olhando para Hermione. – Eu juro que não vou retornar enquanto não achar Rose e Hugo.


- Eu vou com você! – falou Rony, muito abatido. – Se você vai tentar resgatar meus filhos, é meu dever ir com você.


- Eu também vou! – falou Hermione, tirando a varinha do bolso e segurando-a firmemente nas mãos. Malfoy havia lhe dado, com aquela ínfima esperança, a força que Hermione necessitava para continuar - Eu vou com você e juro que vou acabar com a maldita aranha que pegou meus filhos!


- Hermione... você é nascida trouxa.. você não pode ir conosco...- começou Draco, olhando preocupado para Hermione.


- NEM TENTE ME IMPEDIR... EU JURO POR DEUS QUE MATO O IDIOTA QUE TENTAR ME IMPEDIR DE SALVAR MEUS FILHOS!!! – falou ela, totalmente descontrolada.


Malfoy fez um muxoxo, franziu o cenho, mas depois se calou.


- Hermione... – começou Harry. – Eu sinto muito por seus filhos, meus sobrinhos... sinto muito mesmo. Mas...


- Você precisa ficar com a sua família agora, não é? – completou Hermione, olhando de Harry para Gina. Percebeu que os dois também estavam de mãos dadas.


- Não se preocupe! Vá... e salve meus sobrinhos... nós nos encontraremos mais tarde.


 


Quando o elevador se abriu, os oito correram para o escritório de Malfoy, o centro do Reino Mágico. Harry, Gina e os filhos entraram imediatamente na lareira e sumiram entre as labaredas esverdeadas. Hermione imaginava se um dia veria seus amigos novamente. Malfoy, por outro lado, revirava suas gavetas, tirando de um cofre, parecido com o que havia no escritório de Harry, o livro de Draconiatus Malfoy! Além do livro, retirou também uma capa com capuz negro. Aproximou-se de Hermione e colocou o capuz sobre sua cabeça, amarrando-o embaixo de seu queixo.


- Se você quer mesmo ir nessa tocaia, é melhor que use isto.


- O que é isso? – perguntou Hermione, olhando fixamente para Malfoy que ajeitava o capuz e os cabelos de Hermione.


- É um capuz encantado.  Descobri que as acromântulas são atraídas pelo cheiro de quem não foi infectado com a praga de Dracon. Então, embebi esse capuz de uma poção que vai confundir as acromântulas. Assim, poderemos passar despercebidos por elas. – ele explicou e depois fez outro muxoxo, olhando fixamente para ela - Hermione...


Os dois trocaram olhares profundos naquele instante. Parecia que ele estava querendo dizer algo a ela, como naquele dia em que se encontraram no elevador.


- Vamos ou não vamos? – perguntou Rony, tirando-os do devaneio.


- Sim vamos... você tem certeza, Mione, de que quer ir? Você sabe que eu cumprirei minha promessa... não vou descansar enquanto não achar seus filhos... mas você pode ficar a salvo. Elas não podem chegar até Azkaban. A ilha é rodeada por agua salgada.


- NÃO! – falou Hermione, totalmente decidida. – SE ESTE FOR MEU FIM, AO MENOS ESTAREI AO LADO DOS MEUS FILHOS... É SÓ O QUE ME RESTA...


 

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Comentários (1)

  • Srta. Zabini

    Que fic maravilhosa, mas posso aguardar pelo proximo capítulo.Por favor, poste logo!Parabéns!

    2012-10-18
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