Acromântulas
Hermione passou com o carro pela guarita do estacionamento, mas não havia ninguém ali, o que era um pouco estranho, mas ainda mais estranho era o caos que havia na rua. Pessoas perambulando no meio da rua, carros parados. Havia dois carros que haviam invadido a calçada e um deles atingira um poste. Havia uma certa comoção ao lado de uma mulher que olhava para o bueiro. Alguém havia desaparecido ali. Aquilo era muito estranho e se não estivesse atrasada para o trabalho, certamente iria investigar.
Seu atraso foi intensificado por outros incidentes ao longo do caminho.
Como já tinha se passado mais 15 minutos do início da aula, foi correndo para a sala de aula, evitando parar na sala dos professores. Para sua surpresa, a sala estava quase vazia. Os que estavam é porque moravam no campus. Foi difícil para ela iniciar a aula. Os alunos pareciam preocupados e distraídos. Conforme o cronograma que ela havia estipulados, a discussão cursou sobre Hipogrifos e Acromântulas, ambos mitos gregos.
- Acromantulas não existem na vida real, não é professora? – perguntou Tobias, um aluno não tão brilhante assim, mas muito curioso.
- Bem, primeiro, é preciso entender que há percepções da verdade, e não uma verdade única e irrevogável. O que acontece é que, às vezes, um mito é a explicação de algum fenômeno que não poderia ser explicado em determinada época. Às vezes, é uma representação da realidade, Tobias, uma imagem, uma metáfora – explicou ela, calmamente. Não poderia dizer que ela mesma já havia visto uma Acromântula.
- Mas se mito é uma representação da realidade, o que as arantulas...
- Acromântulas! – corrigiu Hermione.
- Pois é, o que as aromântulas podem estar representando? – perguntou Tobias. Hermione sorriu, pois gostava de alunos curiosos.
- Veja bem, alguns escolásticos atribuem o nascimento do mito das acromântulas à Pérsia, outros à Grécia. Na época em que os persas conquistavam nações em lutas brutais, eles eram tidos como um povo estranho, diferente, assustador. Pareciam infindáveis, pois jamais perdiam batalhas e, apesar disso, eram possuidores de grande inteligência. Agora pensem nas Acromântulas...
- São nojentas – disse outra aluna.
- Sim, são nojentas porque são diferentes. Nós rejeitamos o que é diferente. As acromântulas são assustadoras. Aranhas Gigantes, peludas, com veneno paralisante e uma força brutal. E, epesar disso, conta a lenta, que as Acromântulas são dotadas de fala, mas só o fazem em ocasiões muito especiais e com pessoas especiais – Hermione lembrava-se de quando Harry contara de sua conversa com Aragogue, o rei das Acromântulas. Depois de terem participado na guerra a favor de Voldemort, entretanto, as acromântulas foram restringidas a Floresta Proibida e, por isso, nenhum dos seus alunos jamais teriam a oportunidade de ver ou falar com uma delas.
- Então, as acromântulas são uma espécie de representação do povo persa? – disse Tobias, tentando entender o que Hermione falava.
- Exatamente, Tobias, exatamente! – falou ela, com uma ponta de orgulho.
- E os Hipógrifos, professora? O que os hipógrifos representam?
- Os hipógrifos...
Um som alto de sirene soou de repente, silenciando Hermione.
- O que é isso? – perguntou ela, sem saber direito o que estava acontecendo.
- É o som do alarme, professora – falou uma aluna, levantando-se – Será que está pegando fogo?
- Esperem, aí! – disse Hermione, revisando sua bolsa e colocando discretamente sua varinha no bolso do casado. – Fiquem todos sentados, eu vou verificar.
O corredor, quase sempre vazio, agora esta cheio de pessoas. Alguns alunos haviam saído de sala e alguns professores também.
- Sabe o que está acontecendo? – perguntou Hermione à professora de História Egípcia que dava aulas na sala defronte a sua.
- Não, mas é melhor dispensarmos os alunos.
Hermione concordou e retornou a sala.
- Pessoal! Eu não sei direito o que está acontecendo, mas vamos dispensá-los por enquanto. Saiam com ordem e calma.
- Professora... – falou Tobias, que ficou por último – Sabe por que eu perguntei se as tais aromantulas existem...? Meu pai disse que viu uma aranha gigante ontem a noite, comendo o nosso cachorro. Eu fiz o trabalho a respeito dos Hipógrifos, mas fiquei curioso com as aromantulas. Meu velho costuma beber muito, mas achei uma coincidência enorme a senhora pedir o trabalho sobre Aromantulas justo agora.
- Acromântulas, Tobias! – falou Hermione com uma nota de desapontamento. Então era essa a causa de tanta curiosidade. De qualquer forma, era estranho. Não havia Acromântulas em Londres e se existissem, o Departamento de Controle de Animais Mágicos estaria sabendo. – Não existem Acromântulas, Tobias. Seu pai deve ter bebido.
Hermione saiu para corredor lotado de pessoas que andavam devagar. De repente, sem aviso, um grito de horror veio da direção contrária, forçando todos a se virarem. No final do corredor, uma enorme Aranha se aproximava, tomando todo o corredor. Passando por ela, pelo teto, uma outra aranha, um pouco menor, agitava-se em direção aos alunos e professores. O caos foi geral. Alguns começaram a correr e outros a cair. Hermione acompanhou a multidão até sair para fora. No estacionamento, a situação não era melhor. As aranhas atacavam os alunos com seus ferrões. Os alunos atacados caiam duros no chão, instantaneamente paralisados. Alguns estavam muito machucados. Alguns alunos eram engolidos instantaneamente e outros eram enrolados em teias muito espessas. Perto dela, Hermione viu o chefe do departamento entrar no seu carro, um sedan antigo, mas uma das aranhas enfiou a pata sobre o capô do carro, cortando-o em dois. O professor morreu instantaneamente.
Hermione até tentou chegar até seu carro, mas como havia muitas acromântulas no caminho, correu na direção contrária, atrás de outros alunos e professores que entravam em um ginásio perto dali. O último que conseguiu entrar, fechou a porta de aço, lacrando-a no chão.
- Que merda é essa? – perguntou uma aluna, chorando copiosamente.
As aranhas começaram a bater com violência na porta até que simplesmente uma das aranhas maiores enviou a pata, cortando o aço como se fosse manteiga.
Quando as aranhas começaram a invadir o ginásio, Hermione não teve outra alternativa, sacou a varinha e agitou-a na direção da maior aranha que encontrou:
- IMPERIUS.... MATE AS OUTRAS, AGORA!!! – azarou Hermione, forçando a aranha a fazer o que ela queria. A enorme acromântula girou nas próprias patas e começou a atacar as outras.
- CRUCIUS!!! – gritou ela, na direção de outras duas que se contraíram em dor, gritando um guincho estranho e estridente. Mas eram muitas e continuavam a avançar e avançar.
- AVADA QUEDAVRA!!! – gritou Hermione para a acromântula mais perto. O animal caiu imediatametente de costas no chão, as pernas convulsionando para cima até pararem completamente. E com a pior das maldições imperdoáveis, Hermione começou a matar aranha por aranha. Os alunos gritavam, se posicionando atrás de Hermione. Os que tentavam fugir eram apanhados pelas aranhas. E elas continuavam a avançar.
Hermione quase foi atacada por uma acromântula que vinha pelo telo, mas conseguiu se livrar e a matou instantaneamente. Hermione já estava cansada e sabia que não poderia durar muito, mas para seu alívio, escutou uma estranha explosão perto da porta.
Entrando no ginásio, três aurores que Hermione conhecia começavam a atacar as aranhas até que não restasse mais nenhuma viva.
- Srta. Granger! – falou um dos aurores, Arthur Boyle, amigo de Rony. – Nós viemos resgatá-la.
- Resgatá-la? – falou um professor que saiu do meio de um bando de alunos. – E nós?
- Não temos autorização para resgatar ninguém além da srta. Granger.
Hermione franziu o cenho, aborrecida.
- O que está acontecendo? – perguntou Hermione, tomada de raiva – O que diabos está acontecendo para que as acromântulas ataquem os trouxas desse jeito?
- ACROMÂNTULAS? – falou um aluno atrás de Hermione e, sem se virar, ela sabia que era Tobias.
- As Acromântulas estão atacando todo o reino . O mundo inteiro está sendo acometido. Os trouxas estão morrendo porque não conseguem mata-las. Tiros não matam acromântulas. Talvez só os mais potentes.
- Isso não é bom! – falou Hermione, pensando no que os trouxas poderiam fazer se estivessem desesperados para conter uma crise.
- Sim, srta. Granger – falou Arthur, lendo sua mente. Alguns líderes estão cogitando a possibilidade de usar bombas nucleares. É por isso que todos os bruxos e abortos estão sendo convocados para se abrigarem nos lugares mágicos que são à prova dessas armas mortais de trouxas.
- Bruxos? – falou um outro aluno.
- Meus filhos...? – perguntou Hemione, tomada de assalto.
- Até onde sei, seus filhos estavam em Hogwarts. Alguns alunos de Hogwarts foram resgatados. Os outros continuam no Castelo. É arriscado demais viajar nessas condições.
- Eu preciso vê-los.! –falou Hermione - Eu preciso ir para Hogwarts!
- Espera aí... professora!!! – falou Tobias, aproximando-se de Hermione. – Não abandona a gente não... por favor, vocês são os únicos que conseguem atacas essas coisas, as acromântulas... por favor, por favor...
Hermione olhou para Tobias e dele para os outros alunos e professores ali. Estavam todos apavorados. Hermione suspirou e, depois disso, retornou o olhar para Arthur.
- Eu não vou com vocês. Vou ficar e ajudar os trouxas. Depois vou para Hogwarts... – falou Hermione, resoluta.
- Você não está entendo, Srta. Granger – falou Arthur. – O rei e o vice-rei pessoalmente deram ordens para resgatar a srta....
- O rei??? – falou Tobias atrás de Hermione.
- Não vou deixar meus alunos!!!
- ESCUTE AQUI... – começou Arthur, mas não conseguiu terminar a bronca: uma leva de acromântulas invadiu o ginásio e dessa vez pareciam ferozes ao ver as irmãs já mortas. Foi brutal. Os alunos foram atacados, sem que Hermione ou os aurores pudessem fazer nada. Tobias que estava muito próximo a ela, foi um dos últimos a sucumbir. Quando uma das aranhas o capturou, enfiando-o entre as mandíbulas, Hermione tentou azará-las, mas uma outra aranha surgiu pelo outro lado e enfiou a pata em seus ombros, cortando-lhe a carne. Era tarde demais, não havia como ajuda-los. Por isso, quando Arthur surgiu atrás dela e a puxou pelos braços para fora, Hermione deixou-se ir. Um dos aurores também havia sido assassinado, mas Arthur, Hermione e o outro auror correram para fora. Lá fora, havia uma lata de lixo enorme e redonda que Hermione não tinha visto ainda.
- É nossa chave de portal... – disse Arthur.
- Precisamos buscar ajuda... – falou Hermione segurando o braço do ombro ferido.
- Acho que a senhorita não está entendendo. Tem sorte de ter sido ferida apenas com a pata da acromântula. Quando uma pessoa é ferida com o ferrão, isso significa que elas não estão querendo mata-la e sim suga-la lenta e dolorosamente. Se a senhorita ficar, será consumida dessa forma. E a senhorita é necessária para o rei. Não há como ajuda-los. Sinto muito, mas não há...
Hermione olhou para o ginásio recheado de aranhas. Era impossível entrar lá agora e também não poderia ficar ali. Respirando fundo e desistindo, Hermione, Arthur e o outro autor seguraram a lata de lixo ao mesmo tempo. Hermione sentiu-se leve por alguns segundos. Viajava de chave de portal a uma velocidade inimaginável. Quando soltou o objeto, pousou habilmente diante do Ministério da Magia.
- Venha, Srta Granger... – não podemos ficar aqui muito mais tempo...
Hermione olhou para o outro lado, para a cidade de Londres na qual vivera por tantos anos. Havia fumaça negra vindo de diversos pontos da cidade. O caos era geral, as pessoas corriam de um lado para outro e eram atacadas por aranhas. Nos arranha-céus, Hermione podia ver enormes acromântulas escalando e saltando, criando um véu de teia que aos poucos estava cobrindo toda a cidade.
Era o fim. Londres havia sucumbido...
Comentários (1)
Nossa, que capitulo tenso.Que pena que os alunos da Herms morreram.Ansiosa pelo proximo capitulo.Beijo!
2012-10-11