A volta à Elite



N/A: Peço desculpas a todos pela demora. Viajei e acabou não dando tempo de terminar o capítulo. =/

Mas resolvi o problema e de ontem pra hoje, por algum tipo de milagre operado por Merlin, terminei!

Bom, todo mundo chutou errado nos comentários a respeito do 2º livro de HP. Sinceramente, achei que vcs fossem descobrir de cara.

Amores meus, não vou enrolar mais aqui. Só vou dar mais um alerta a vcs. O capítulo é narrado pela garota misteriosa ok?! Imaginem-se alunos de Hogwarts, lendo seus pergaminhos! Entretanto, há situações que ela não pode narrar, então tudo que virem em itálico é narração da autora, certo?!

Agora chega de recados e vamos ao capítulo.







Capítulo 14
A volta à Elite







Flashback – 1ª parte

Era noite e a maioria dos alunos voltava para suas casas comunais. Os corredores já não estavam tão apinhados de pessoas, a biblioteca estava quase vazia e o salão principal completamente deserto.

Entretanto, em um banheiro feminino localizado em um dos corredores que os alunos não costumavam ir à noite – por ser um dos mais sombrios do castelo – uma menina andava de um lado para outro, completamente impaciente. Parecia ter vontade de fazer um buraco no chão, de tanto andar em círculos.

Então, quando ela pensava em sair dali e correr atrás do que estava aguardando, outra menina chegou ofegante. Parecia ter corrido quilômetros para estar ali, de tão cansada.

- Achei que fosse ter que fazer todo trabalho! – a menina mais alta brigou com a amiga – Então, trouxe o que eu pedi?

- Antes de mais nada, vamos baixar o tom, pois você não está falando com qualquer uma! – a menina mais baixa disse entre os dentes – E sim, trouxe o que você pediu! – de dentro da capa, ela retirou um pequeno frasquinho e entregou para a amiga.

A outra jovem ergueu o frasco contra a luz para analisar o conteúdo. Parecia que sua amiga, apesar da demora, havia cumprido o combinado.

Sem prolongar mais a conversa, até porque o tempo corria contra as duas, a jovem mais alta abriu o frasco e jogou o conteúdo dentro de uma poção que se encontrava dentro de um pequeno caldeirão, no chão do banheiro.

Assim que o ingrediente entrou em contato com a substância pastosa, a poção começou a borbulhar. Sua cor, antes estranha e indefinida, finalmente assumia um tom avermelhado.

As amigas se encararam e sorriram.

- Espero que você tenha realmente acertado quanto ao último ingrediente dessa poção, caso contrário, tudo irá por água abaixo e não teremos tempo pra preparar outra até as férias de natal.

A menina mais baixa ergueu uma das sobrancelhas e encarou a amiga com certa arrogância. Desde quando ela era do tipo que falhava em alguma missão?

- Por favor, com quem pensa que está falando? – ela perguntou de forma superior.

A outra jovem nada respondeu. Ao invés disso ficou observando o pingente de seu colar, como se fosse algo muito interessante. E, como se aquele pequeno objeto pudesse dar algum tipo de orientação, ela encarou a amiga e sorriu. Estava na hora.

- Me deseje sorte!

- Definitivamente não!

Então a menina mais alta pegou um pouco da poção que havia no caldeirão e se trancou em um dos banheiros.

A outra menina, enquanto esperava parada à porta, não conseguia conter a ansiedade. E se tivessem falhado durante o preparo da poção? Apesar de ter certeza que isso era praticamente impossível, não conseguia deixar suas dúvidas de lado.

De repente, para o completo alívio de Paola, a porta do banheiro se abriu e Maris saiu de lá, de olhos fechados e com uma expressão de horror no rosto.

- E então? Deu certo? – ela perguntou, sem esconder o pavor na voz.

Paola não respondeu. Apenas caminhou para perto da amiga, na intenção de avaliá-la melhor. Estava boquiaberta.

- Por Merlin, Paola! Diga-me de uma vez, com quem pareço?

Ao invés de responder, Paola segurou o braço da amiga e a arrastou para frente do espelho. Assim que estavam posicionadas, ela sorriu e disse com uma voz vitoriosa:

- Abra os olhos e se encare no espelho, Rose Weasley!


Fim do Flashback




A Elite de Hogwarts


Bom dia alunos de Hogwarts!

Garota Misteriosa aqui, para contar especialmente o que rolou na festa de ontem. Então, se você não foi um privilegiado e não recebeu um dos famosos convites dourados, continue com os olhos vidrados em seus pergaminhos e descubram o que aconteceu no evento mais comentado da semana.

Junte um quarteto de sonserinos com talento especial para armações e produções, música alta e muita bebida. Isso não é uma poção, mas tenho certeza que vocês sabem que o resultado dessa mistura só pode ser uma coisa: Confusão.

Eu estava lá, queridos, e com a ajuda dos meus amados fofoqueiros de plantão – que ao invés de se divertirem, preferiram observar a vida alheia e escrever em seus pergaminhos – dividirei com vocês um pouquinho da loucura que foi a festa de ontem.

Domingo de manhã. Não há nada mais entediante certo? Errado! Ontem as coisas pareciam ferver antes mesmo do dia clarear! E tudo isso se dava graças ao tema da festa. Por algum motivo absurdo, Chad LeCompt, Samantha Jennings, Michael Carter e Jude McGuire, acordaram em homenagear Rose Weasley, que tinha acabado de voltar de seu tão triste e dramático coma.

Confesso que até eu estranhei a homenagem. Não que eu seja uma completa insensível e não me importe com a volta da nossa amada Monitora chefe. Mas, que graça tem homenagear alguém que, aparentemente, não liga para nada? Nem para si mesmo. Bom, é como dizem por aí, de bumbum de bebê e cabeça de Sonserino nunca sabemos o que vai sair...

Bom, se vocês conseguiriam imaginar todos os cochichos e expectativas, antes mesmo dos convites dourados começarem a anunciar quem poderia se dirigir à Sala Precisa, podem prever o que aconteceu quando os grupos foram sendo liberados.

Conforme os convidados se dirigiam para seu destino, e o grande salão ia se enchendo, os murmúrios de curiosidade iam aumentando. A cada vez que a porta se abria, diversos pares de olhos se viravam para entrada, esperando que Rose Weasley, acompanhada por seu melhor amigo e primo, Alvo Potter, aparecesse. Mas é claro que eles somente se decepcionavam.

Os organizadores da festa, mantinham seus sorrisos nos rostos e cumprimentavam animadamente cada convidado. O que nos prova, que a falsidade se faz presente em nossa vida, pois todos sabem que o quarteto sonserino não gosta de ninguém, além deles mesmos. Chad LeCompt foi o primeiro a provar essa tese, quando viu um grupo de 5 novatos entrar na festa. Deviam ter entre 13 e 14 anos, no máximo. O mais novo, provavelmente, ainda completaria 13 anos.

LeCompt caminhou até o grupo, de forma casual, com as mãos nos bolsos e um sorriso amigável, cuja tradução real seria algo como ‘expliquem porque vieram em 5 segundos ou estão ferrados’. O moreno parou em frente ao grupo e os analisou. Provavelmente pensava que eram muitos jovens, não sei.

- O que fazem aqui? – ele perguntou de forma tranqüila. No lugar dos novatos, eu tremeria.

- Nós fomos convidados. – um garoto de tipo esquisito, muito magro e com cabelo seboso, respondeu. Ele foi patético.

- Convidados por quem? – LeCompt deu um passo em frente. Sua expressão estava mais ameaçadora que antes. Era como se ele tentasse colocar os novatos em seus devidos lugares, e pelo visto, estava conseguindo.

- Os convites estavam perto de nossas cabeceiras hoje de manhã! – uma menina mais corajosa respondeu. – Quero dizer... Acordamos e eles estavam por lá, e... – É claro que toda sua coragem se esvaiu, quando ela encarou o rosto do Sonserino. Queria estar mais perto para ver o que a intimidou... Mentira! Eu não queria.

- Deixe-me ver se entendi... Vocês estão dizendo que foram convidados por alguma alma caridosa, que queria vê-los aqui hoje? Ou será que foi Merlin quem colocou os convites ali, como uma espécie de presente de natal antecipado? – Chad sorriu. E meus queridos, não se enganem. Nos lábios de um Sonserino, um sorriso pode significar tragédia. – Eu quero a verdade.

- Mas é verdade, nós...

- Eu os convidei! – Uau! Jude McGuire salvando um grupo de novatos. Isso não é coisa que vemos todos os dias – Andei observando e pesquisando... Eles me parecem bons candidatos à Elite. É claro que precisam melhorar em alguns aspectos, como roupas, por exemplo, mas se forem bem ensinados, podem ser um de nós.

Ao ouvir a explicação da McGuire, Chad, mais uma vez, encarou o grupo de novatos a sua frente de forma avaliativa, e sem dizer nada, saiu. Não, vocês não enlouqueceram! Foi exatamente isso que eu disse. LeCompt foi calado por McGuire! Estranho? Não fazem idéia do quanto.

Enfim, não demorou para que aquele pequeno grupo se dissolvesse e fosse se juntar aos outros tantos grupos formados no salão. Se tem uma coisa que precisam saber, é que durante as festas, todos se tornam altamente amigos. Pessoas que não se conhecem ou que simplesmente se detestam, conversam como se fossem íntimos e sorriem como se tivessem escutando alguma piada incrivelmente engraçada. Talvez isso seja apenas para manter a aparência, mas pessoalmente, prefiro apostar que tanta simpatia é efeito da bebida.

A porta da Sala Precisa se abriu novamente, e dessa vez, todos se viram obrigados a mudar o foco dos cochichos de Rose Weasley, para o pequeno grupo que acabava de chegar. Scorpius Hyperion Malfoy, acompanhado de seus amigos e ainda casal, Vincent Williams e Sophie Horowitz, foram à festa. (sim, achei necessário ressaltar a palavra “ainda”, pois do jeito que as coisas andam pela escola, não se sabe quanto isso pode durar.)

Pois bem, se já é altamente esquisito dar uma festa em homenagem a alguém que provavelmente não iria aparecer, imagina o quanto é estranho ver o ex da anfitriã no local. Sim, pois até onde todos nós sabemos, Scorpius Malfoy trocou o doce e puro amor que sentia pela Weasley, pelo mais profundo e amargo ódio.

- Se todas essas cabeças começarem a virar em nossa direção, logo teremos alguém dando um giro de 360º no pescoço! – Vincent observou, enquanto se encaminhava com a namorada e o amigo, para perto do bar – A única e última vez que vi algo assim, foi naquele filme trouxa... Como é mesmo o nome? Tem um padre e uma criança possuída... Vamos, eu sei que vocês sabem.

- Pra ser sincera amor, não sabemos! – Sophie respondeu entre risos.

- Que decepção! Vocês deviam pesquisar mais, incultos! – Vincent fingiu-se de ofendido e arrancou risadas dos amigos... Como sempre.

- E você devia ocupar seu tempo livre nas férias com coisas mais úteis do que filmes de terror trouxas! – Scorpius revirou os olhos – Não sei por que estão preocupados. Eu nem sou a atração principal do circo.

Ah não é mesmo, meu querido. Mas é impossível, para nós, pobres mortais, deixar de observar o gato de botas se apresentando, enquanto aguardamos o espetáculo do leão. Desculpe, mas a magia do circo funciona assim, e até pulgas adestradas chamam nossa atenção.

- É “O Exorcista”! – Vincent exclamou de repente e suficientemente alto, para que um grupo um pouco à frente de onde estavam, se virassem, curiosos.

- Tá, agora eu tô realmente ficando preocupada com sua saúde mental! – Sophie o encarou com uma de suas sobrancelhas erguidas.

- Eu me lembrei do nome do filme! – ele explicou.

- E por que, meu caro amigo, não ficou com essa informação só pra você? – Scorpius deu um tapinha nas costas do moreno.

- Porque não sou um cara egoísta e gosto de compartilhar!

Pela expressão de Scorpius, tenho certeza que ele pensou em alguma resposta, mas creio que preferiu guardar para si.

Mais uma vez a porta da sala se abriu, e dessa vez um grupo Grifinório, formado por Weasleys e uma única Potter, entrou no local, sem se importar muito com as perguntinhas de ‘Onde estão Rose e Alvo?’ que os mais corajosos ousavam fazer.

O casal de ruivos Lily Potter e Hugo Weasley, foram os primeiros do grupo recém-chegado, a se afastarem da multidão e irem para um lugar mais reservado.

Fred, Roxanne e Lucy Weasley também desapareceram, deixando as primas Molly e Dominique para trás.

Do lado oposto de onde estavam a pequena loira Weasley, Michael Carter já a observava, antes mesmo que ela pudesse se dar conta disso. Hum... Tenho certeza que dentro de sua mente mil e um planos começavam a se formar.

*


- Sabe Chad, eu sei que não sou loiro, mas ainda não entendi o motivo de colocar a Rosecreide como homenageada da festa. – Vincent disse, enquanto pegava o seu 2º ou 3º copo de bebida. Não sei, não estava prestando atenção na quantidade de coisas que consumiam. – Quero dizer, é mais fácil o Filch aparecer aqui e dançar tango com Madame Norra, do que ela dar as caras. A pobre coitada já tem muita gente falando dela, não acha que isso vai piorar a situação?

- É exatamente por isso que acho que a Rose virá! Pense comigo, ela já tem sua vida bastante comentada sem fazer nada demais. Então, agora que voltou do coma, não seria legal ela aparecer e começar a dar motivos para as pessoas falarem? De um jeito ou de outro, ela vai continuar sendo o centro das atenções. Aparecer aqui só vai fazer com que as pessoas tenham um porque para comentarem.

Conclusão esperta, caro Chad. Agora era uma questão de tempo para vermos se você estava ou não certo quanto a sua teoria.

*


Voltando ao núcleo grifinório e esquecido, formado por Molly e Dominique Weasley, as primas estavam paradas, conversando com outro grupinho, quando Michael Carter finalmente quis mostrar a que veio.

O Sonserino atravessou a pista de dança, e se achando o dono da verdade, parou em frente a Weasley, como se fosse seu dono ou coisa do tipo. Isso chamou mais atenção do que se ele tivesse gritado tal fato aos quatro ventos.

- Você, saia daí! – ele apontou para o garoto que estava ao lado de Dominique e obviamente teve sua ordem obedecida.

- O que você pensa que está fazendo? – Dominique perguntou o óbvio. Tão tolinha, coitada.

- Por enquanto, nada. Mas pretendo te levar pra dançar! – ele deu de ombros.

Molly Weasley, mais perdida do que um sicle na calçada, apenas ergueu a cabeça e encarou o sonserino como se ele estivesse louco. Alguém, por favor, informe essa menina que discrição existe e é bom usar de vez em quando?

- Eu não vou dançar com você, Carter!

- Por mim tanto faz, mas é melhor saber que só saio daqui depois que dançar comigo... Então se não aceitar meu convite, terá que me aturar durante toda festa!

- Você é patético!

- E você uma teimosa!

Acreditem vocês ou não, o fato é que enquanto Weasley e Carter discutiam, a prima Molly ‘sou indiscreta mesmo, e daí?’ Weasley, continuava de cabeça erguida, encarando o garoto. Acho que ela tem algum distúrbio de atenção.

E quando pensamos que nada pode piorar, eis que surge um NERD – bonitinho até – com intenção de levar a pequena loira, para dançar.

- Quer dançar, Nick?

- Sim! – ela concordou.

- Não! – Michael anulou a concordância dela. Definitivamente, eles são problemáticos.

- Essa é uma escolha minha, Carter! – a loira disse entre os dentes.

- Tem razão... Entretanto, creio que você não gostaria de dançar com um fracassado! – a constatação de Michael era mais um aviso para o menino não insistir, do que um fato óbvio.

- Nick, você que eu chame o Fred, ou qualquer outra pessoa? – PASMEM, A MOLLY SABE FALAR! Ok, preciso parar com essas ironias.

A pobre pequena Weasley parecia estar num dilema. Chamar os primos e se livrar daquela situação irritante com Carter, ou provar que não era tão dependente e enfrentá-lo. Ganha um doce quem adivinhar qual opção a tolinha escolheu!

- Não precisa Molly, obrigada! Eu posso lidar com isso sozinha! – ela realmente se acha muito corajosa, não?! – Vá dançar com o... Desculpe, mas qual é seu nome mesmo?

- Tim! – o garoto respondeu.

- Isso, dance com Tim em meu lugar, e eu me resolvo com o Carter! – ela disse.

- Tem certeza? – a prima prestativa perguntou.

- Absoluta!

Então, sem contradizer a vontade da prima, Molly seguiu com seu mais novo acompanhante para o meio da pista de dança, deixando para trás uma dupla mal resolvida e problemática. Deviam proibir pessoas assim de se juntarem, sinceramente, esse tipo de atrito dá dor de cabeça até em quem assiste!

- Parece que só restamos nós... – o Sonserino sorriu vitorioso.

- Sim! – a pequena Weasley respondeu sem nenhuma animação – Vamos sair daqui, já chamamos bastante atenção! – ela disse. E depois disso, ninguém sabe onde se meteram! Se eu não tivesse escutado um dos discursos da nossa Monitora Chefe sobre a impossibilidade de aparatar e desaparatar nos terrenos de Hogwarts, diria que eles haviam feito exatamente isso.

~

Sem trocar nenhuma palavra, Michael e Dominique atravessaram toda a pista de dança e foram para um espaço mais discreto, longe não apenas dos olhares fofoqueiros, que poderiam informar à garota misteriosa qualquer um de seus passos, mas também dos olhares dos primos, que não eram tão fãs do Sonserino.

Assim que pararam, Michael encarou a jovem a sua frente, com uma expressão zombeteira. Finalmente, ele pensava, havia conseguido dobrar a loira e obrigá-la a fazer uma de suas vontades.

- Vamos dançar! – ele anunciou.

Dominique o encarou com o mais profundo desprezo.

- Eu não vou dançar com você Carter! Só disse aquilo para acabar com seu showzinho patético.

- Ah, fala sério! Qual é o seu problema? – Michael se aproximou da menina.

- Meu problema? Eu não tenho problema nenhum, ao contrário de você! Por que simplesmente não me esquece e parte pra outra? Com tanta menina em Hogwarts, por que você tinha que cismar logo comigo?

Pela primeira vez em toda sua vida, ao menos ele pensava isso, Michael não sabia o que responder. Se fosse outra garota qualquer, ele diria que sua cisma era porque gostava de desafios, mas em relação à Dominique, o jovem não sabia o que dizer. O que o motivava a querê-la tanto, a ponto de deixar de lado seus joguinhos? Deveria ser só uma brincadeira, não? Ele deveria ficar com ela, e depois disso, deixá-la e partir pra outra, certo? Errado. Por algum motivo bizarro, Michael não conseguia encontrar a verdadeira razão de não conseguir simplesmente largá-la.

- Não vai responder minha pergunta? – ela pressionou, depois de alguns minutos terem se passado.

- Não! – ele disse, ainda vagando pelas suposições estranhas que sua mente lhe dava.

- E por quê? Acha que não vou agüentar escutar sua resposta?

Michael finalmente baixou seu rosto e encarou a menina, de uma forma profunda. Talvez, se a olhasse bem, conseguiria encontrar uma explicação para tudo aquilo.

- Não é isso! – ele suspirou. Definitivamente não havia explicação para toda aquela situação – Só não vou te responder por que eu não tenho a resposta para essa pergunta.

Dominique ergueu uma das sobrancelhas em busca de algum sinal de que ele estivesse mentindo. Mas ao invés disso, só conseguiu encontrar a mais pura sinceridade estampada nos olhos de Michael.

Suspirou.

- Certo. Bom, já que, aparentemente, não temos respostas para muitas de nossas perguntas, acho que podemos voltar à festa! – a loira disse, tentando se manter indiferente – E não se preocupe, vou dizer que dancei com você! Não queremos um sonserino com o ego ferido aqui, não é?!

A menina mal teve tempo de se virar e dar dois passos, quando sentiu a mão de Michael segurar seu braço gentilmente, impedindo que ela partisse.

- Não te chamei para dançar por questão de ego! – ele sussurrou parado atrás da garota – Eu realmente quero dançar com você, garota!

- Eu... – Dominique perdeu a fala por um instante – Não acho que isso seja uma boa idéia!

Diante a resposta da loira, Michael a virou para si, obrigando-a encará-lo.

- Por favor?! – ele pediu.

- Uau, eu realmente estou ouvindo você dizer “por favor”? Achei que pessoas como você não fizessem isso. – ela brincou e os dois sorriram.

- Ah, qual é! “Pessoas como eu” também recebem educação! – Michael disse em tom de brincadeira – Então, senhorita, você aceita dançar comigo? – ele fez uma pequena reverência e estendeu a mão, esperando que ela aceitasse seu pedido.

Dominique riu e segurou a mão do rapaz.

- Diante do exagero na cordialidade, eu aceito!

E como se fosse algum tipo de brincadeira do destino, a música mais animada foi trocada por uma lenta e romântica.

Na mesma hora Dominique sentiu vontade de desistir da dança, e correr para longe dali. Aquela proximidade com Michael não seria saudável, ela sabia. Parte de sua consciência informava que era melhor que corresse, antes que descobrisse algo que não queria. Mas, havia uma parte que, embora menor, conseguia comandar toda sua razão, e impedia que ela se movesse dali. Essa “pequena parte” informava a Dominique que estar com Michael era a única coisa que precisava naquele instante. A loira até tentou ignorar essa parte, mas foi totalmente fracassada. Como se afastar dali, quando Michael tinha os braços em volta de sua cintura? Como se afastar dali, quando o perfume que vinha dele, embebedava sua mente, impedindo que tivesse qualquer reação correta? Como se afastar dele, se seu coração batia acelerado, gritando para que ficasse?

Enquanto guiava a menina, Michael se via atormentado com todos os pensamentos que ferviam em sua mente. Nunca planejara se sentir assim em toda vida. Nunca quisera tanto alguém, como queria Dominique. Julgava ter ido longe demais naquela batalha de egos. Mas não conseguia entender quando isso acontecera, afinal de contas, nem havia colocado em prática qualquer um de seus planos. Talvez isso não tivesse nada a ver com ele ou com ela. Talvez isso fosse uma brincadeira do destino, para provar que, quando menos se espera, uma pessoa aparece e tira do eixo toda uma vida.

Houve um momento então, que os dois se afastaram. Mas não para correrem dali, e sim para se encararem. Talvez se olhassem bem fundo nos olhos do outro, conseguissem perceber que aquilo era uma loucura e que os dois pertenciam a mundos completamente opostos. Ele era o Sonserino, o cara famoso por conquistas, o arrogante, o confiante, o tipo que nunca elogiaria alguém por ter belos olhos ou muito menos faria uma declaração de amor sincera. Ele era o cara errado para se chamar de amor. Já ela era a Grifinória, a garota vaidosa, gentil, que se preocupava com o irmão e os primos, o tipo de menina esperta que não deixava barato quando recebia uma provocação e ao mesmo tempo frágil, que algumas vezes precisava de cuidado. Ela era o tipo de menina errada para conquistar em jogos.

- Eu acho que... – Dominique não teve tempo de completar a frase, pois os lábios de Michael encontraram com os seus num beijo que pôde explicar aos dois o porquê de tantas diferenças serem essenciais para que ficassem juntos.


~

Há três coisas na vida que jamais podemos ignorar. A primeira delas é o fato de que se formos pegos desobedecendo às regras da escola, seremos postos em detenção. A segunda delas é que provavelmente o Sr. Filch, acompanhado pela sua gata horrenda, tentará convencer a diretora que métodos cruéis são eficazes para nos corrigir. E a terceira, é que a esperança de que algo novo aconteça deve ser a última a morrer. E foi nos apegando a essa terceira alternativa que, apesar de terem se passado horas, ainda tínhamos fé de que Rose Weasley daria as caras.

Então de repente, tudo aconteceu ao mesmo tempo. Uma música mais agitada começou a tocar, as pessoas se separaram para dançar mais à vontade e a porta da Sala Precisa se abriu mais uma vez. E, como se todos tivessem combinado essa reação antes, as cabeças se viraram para a porta, e todos os rostos se contorceram numa careta engraçada. Todos ficaram boquiabertos, ao ver que a pessoa mais aguardada do evento tinha acabado de chegar, trazendo uma companhia consigo.

Rose Weasley e Alvo Potter chegaram à festa com um gigantesco sorriso nos lábios. Estavam completamente à vontade com todos aqueles olhares voltados para eles. Pareciam não se importar com as pessoas que pareciam estar a beira de um ataque ou coisa do tipo.

Juntos, os primos atravessaram a pista de dança, cumprimentaram alguns amigos e conhecidos, e foram até os responsáveis pelo evento. Por incrível que pareça, a ruiva Weasley não parecia incomodada em ver seu ex-namorado, parado lá, a encarando completamente confuso e admirado.

- Ou bebi demais, ou realmente vejo você parada a minha frente! – Vincent comentou, tão chocado quanto os outros. – É sério Rosecreide, esperava ver Merlin atravessando a pista de dança e não você!

- Não sei se fico irritada ou agradecida pelo seu comentário, Vincent! – Rose disse entre risos – Agradeça ao Alvo, graças a ele estou aqui.

- Só fiz a minha parte! Sem agradecimentos ok?! Pela quantidade de pares de olhos virados para nós, tenho a ligeira impressão que se todos forem agradecer, não saio vivo daqui! – Alvo falou.

De fato, todos naquele local pareciam em êxtase com a presença da dupla mais sofredora da escola. Aqueles que apostaram na chegada deles façam fila e cobrem seus sagrados Galeões!

- Então Chad... Parece que você estava certo quanto a Weasley querer dar motivos para que falem dela! – Scorpius “Perigoso e Cruel” Malfoy disse, enquanto se unia a roda de amigos.

- Desculpe, perdi alguma coisa nessa conversa? – Rose se pronunciou e pela primeira vez, em semanas, a vi encarar o Malfoy de cima, como se não temesse seu olhar frio e cortante.

Chad LeCompt, provavelmente temendo uma discussão daquelas que não costuma tem um fim tão cedo, se meteu na conversa dos dois, tentando parecer o mais descontraído possível.

- Eu havia comentado com o pessoal, que talvez você aparecesse à festa hoje. Já falam da sua vida sem que faça nada demais, então creio que não haveria problema se viesse aqui e finalmente desse a esse povo motivos para falar.

Rose ergueu uma das sobrancelhas, exatamente como costuma fazer quando está refletindo sobre algo muito importante. Todos aqui já viram essa expressão pensativa e alguns costumam temer esse olhar.

- Ótima teoria. Pra ser bem sincera, esse foi um dos argumentos que Alvo usou para me atrair pra cá. – ela finalmente sorriu e encarou um grupo de meninas que estavam com os pescoços virados em sua direção – Se quiserem me encarar melhor, é bom que virem o corpo por completo. Ficar com o pescoço nessa posição vai lhes deixar com torcicolo.

- Ou então tirem uma foto, ela dura mais tempo! – Alvo deu uma piscadela para o grupinho, e este imediatamente se virou constrangido. Definitivamente os primos pareciam ter se recuperado em um dia, o que sofreram em um mês.

Todos sabemos que uma festa só é realmente boa quando alguma confusão acontece, certo? Então, quando nós pensávamos que tudo estava bem e que nada poderia deixar o clima mais tenso e surpreso, eis que a porta da Sala se abre novamente e quem entra? Sim queridinhos, eles mesmos. O trio do mal, conhecido também como Adam Krum, Marisa Craig e Paola Gusmand.

É claro que haviam sido convidados para a festa. A mania de acharem que podem tudo chamou atenção no momento que pisaram na escola. Mas, depois de tanto tempo, não esperávamos que eles chegassem.

Diferente dos demais, os três atravessaram a pista de dança, sem cumprimentar ninguém. Cada olhar que lançavam aos convidados era um aviso concreto de que se sentiam melhores do que qualquer um ali e que não faziam questão de serem amados ou idolatrados.

Sinceramente, do jeito que as coisas andavam, todos esperavam que Maris fosse até Scorpius, e que Adam fosse distribuir sua simpatia para Rose. Mas não. Diferente do que todos imaginamos, o trio do mal da Corvinal (adoro minhas rimas sem nenhuma graça), foi para o lado oposto do bar, pegaram suas bebidas e ficaram apenas observando. Parecia que para eles, ainda era cedo para começar qualquer coisa.

- Não vai dizer “olá” para seu querido amigo, Weasley? – Por Merlin, alguém precisa informar ao Malfoy que às vezes o silêncio é mil vezes melhor do que palavras carregadas de ciúme e sarcasmo.

- Não! Mas creio que você deva ir falar com sua amiguinha. – e alguém precisa informar a Weasley que ignorar é sempre a melhor solução.

- Venha Rose, não vim aqui pra ficar parado. Vamos dançar! – ninguém precisa informar nada ao Potter. Afinal de contas, ele parece saber perfeitamente o momento de sair estrategicamente.

De todos os convidados, é claro, sempre haviam aqueles que ficavam mais chocados com essas aparições misteriosas. De longe, todos podiam observar que uma das mais chocadas, sem dúvida, era a ex-santinha, Alice Huntington. A expressão com que encarava o ex-namorado era algo que misturava confusão e frustração. Talvez esperasse que ele fosse ficar sofrendo por ela o resto da vida. Cara Huntington, se ninguém nunca te disse isso, serei a primeira a ter o prazer de lhe informar que a fila anda, e se você quiser pará-la é bom que corra.

~

- Acha que fizemos a coisa certa vindo aqui? – Rose perguntou ao primo, levemente constrangida pelo excesso de olhares.

- Acho. Quero dizer, esse monte de gente nos olhando como se fôssemos a nova celebridade pop do momento, tornam as coisas um pouco mais complicadas, mas sinceramente, vir aqui foi a melhor opção! – Alvo deu de ombros.

Rose suspirou e abaixou a cabeça. Parecia cansada de lutar contra algo que não havia jeito. Tentava enganar-se, repetindo constantemente para si que devia esquecer Scorpius e continuar sua vida, afinal, ele não havia parado com a dele. Queria muito superar a tristeza que lhe invadia com a falta dele, e a dor que sentia com seu olhar frio e cheio de insinuações, mas julgava ser impossível.

- Hei, vamos lá, anime-se! – Alvo ergueu o rosto da prima com uma das mãos – Ou se quiser, podemos sair daqui agora, voltar para o quarto e nos entupir de chocolate quente, enquanto choramos nossas mágoas e lamentamos por nossa vida azarada!

Rose riu e lutou contra as lágrimas que haviam surgido em seus olhos ao pensar em Scorpius.

- Não! Vamos ficar e provar que por pior que possa parecer, estamos superando! – Rose anunciou e sorriu para o primo.

Alvo sorriu de volta e puxou a prima para um abraço de urso, igual ao que sua avó costumava dar.

- Al, eu não consigo respirar! – Rose disse rindo.

- Eu sei, mas quero ver quanto tempo leva até você ficar roxa com um desses abraços! – ele brincou e em seguida soltou a prima, e a girou no meio da pista de dança, animadamente.


~

Enquanto algumas pessoas se preocupavam em manter suas atenções voltadas para dupla de primos que dançava animadamente na pista, em um canto, não se importando com nada que acontecia à volta deles, estavam Lily Potter e Hugo Weasley.

Sinceramente? Gostaria de ser uma mosquinha para escutar cada coisa que aquele casalzinho estava dizendo. Eles pareciam os únicos a não serem afetados pela maré de azar que tomava todos os casais da escola.

~

Despreocupados com toda aquela falação a respeito de seus irmãos, Lily e Hugo bebiam tranquilamente suas cervejas amanteigadas, enquanto conversavam e riam de comentários absurdos que ouviam a respeito da chegada de Rose e Alvo.

- Se eu fosse eles, começaria a cobrar por cada palavra dita sobre suas vidas. – Hugo disse e bebeu mais um gole de sua bebida.

- Eu nunca vou conseguir entender a atitude desse pessoal que só fica em paz quando tá falando da vida de alguém. – Lily comentou, observando à sua volta – Veja! Mais um pouco eles vão quebrar o pescoço.

Hugo riu e encarou a menina a seu lado.

- Nessas horas que eu fico feliz por não ser o centro das atenções! – ele disse e largou sua garrafa de bebida em cima de uma das bandejas enfeitiçadas que passavam acima de suas cabeças.

- Somos dois! É bom saber que podemos respirar em paz, sem sermos vítimas de tanta fofoca.

- Bom, não é só respirar que podemos fazer sem sermos vítimas de fofoca! – o ruivo sorriu maroto e ficou em frente a namorada.

- Ah não?! – Lily perguntou sorrindo, fingindo-se de desentendida.

- Não! – Hugo respondeu calmamente, caminhando para frente, obrigando assim sua namorada a dar passos para trás, encostando-a na parede – Há outras coisas que podemos fazer sem nos importar com os outros.

- Ah sim. E uma delas seria? – Lily perguntou e bebeu mais um pouco de sua cerveja, enquanto esperava pela resposta do namorado.

Hugo sorriu e retirou a garrafa de Cerveja Amanteigada das mãos de Lily, jogando ela em um canto qualquer. Num movimento rápido, colocou sua mão na nuca da menina, entrelaçou os dedos em seus longos cabelos ruivos e o puxou levemente para trás, obrigando-a erguer a cabeça para encará-lo. Ainda sorrindo, o rapaz aproximou seu rosto do dela, mordeu levemente seu lábio inferior e a olhou nos olhos.

- Bom, sinceramente, acho que há várias coisas que podemos fazer sem nos importar com os olhares das pessoas. E uma delas é nos beijarmos! – Hugo concluiu, como se estivesse em um raciocínio bem lógico – Então, se não se importa, vou fazer isso agora, porque acho que já perdemos tempo demais conversando.

- Ah não, eu não me importo!

- Que bom!

E sem se preocupar nem um pouco se estavam ou não sendo observados, Hugo puxou a namorada para mais perto de si e a beijou apaixonadamente, agradecendo aos céus, por ter a sorte de não sofrer tudo que sua irmã e primo sofriam por estarem longe de quem amavam.


~

Algumas pessoas deveriam pagar promessa e subirem as escadas da escola todos os dias de joelhos, por não passarem por situações constrangedoras. Deveriam agradecer também por não fazerem parte de um mundo onde tudo, até uma cor de batom nova, vira uma notícia escandalosa. Mas não! Ao invés disso, os alunos daqui se estapeiam e se sujeitam a tarefas nada fáceis, só para terem 15 minutos de fama.

Lembram-se do grupo de novatos que citei no início? Pois bem, vocês não acharam que o quarteto sonserino os deixaria curtir a festa sem antes provar do que eram capazes, não é?! Pelo que soube, os meninos pegaram pesados com os garotinhos de 13 e 14 anos, mas ninguém teve coragem suficiente para relatar o que havia se passado. Ok, é brincadeira. Contara-me sobre as peças que tiveram que pregar e os micos que foram obrigados a pagar, mas não vejo porque relatar isso aqui, quando uma outra tarefa foi bem mais interessante.

Entre o grupo de novatos convidados por Jude McGuire, se encontrava Karen Swift, uma menina baixinha, de cabelos castanho-claros, olhos cor de chocolate, até que bonitinha. Ela havia completado 13 anos dois dias antes da festa, e como uma espécie de milagre dos céus, viu seu maior desejo de pertencer à Elite ser realizado quando viu seu convite dourado naquela manhã de domingo. Foi para ela que sobrou a tarefa mais difícil, ou pelo menos, a mais constrangedora.

Não vou relatar cada parte do diálogo que a pequena teve com Samantha Jennings e Jude McGuire, mas resumidamente, sua missão era tirar Alvo Potter para dançar e beijá-lo. Não, vocês não estão lendo errado. A tarefa da menina foi exatamente essa, e com muito custo ela seguiu até o bar, onde o moreno e sexy Potter se encontrava.

O que aconteceu por lá? Sinceramente não posso afirmar. Mas o interessante foi o que aconteceu depois disso.

~

Alvo bebia mais um copo de Whisky de fogo, enquanto ignorava por completo – ou a menos tentava fazer isso – os cochichos que faziam. Não percebeu de imediato quando uma garotinha, bem menor que ele, se prostrou ao seu lado, com uma expressão de completo horror e constrangimento.

- O... Oi! – Karen gaguejou e sua voz saiu relativamente baixa. Torcia internamente para que Alvo tivesse escutado, para não precisar fazer uma nova saudação.

- Desculpe, você tá falando comigo? – Alvo perguntou confuso ao ver a garota.

Karen arriscou lançar um olhar para cima, mas rapidamente tornou a baixar a cabeça. Julgava ser incapaz de falar enquanto encarasse a íris verde de Alvo.

- Bom, eu... Ãhn... Eu sou Karen!

Alvo ergueu uma das sobrancelhas e encarou a menina, levemente desconfiado. Em seguida desviou o olhar, à procura de algo que justificasse àquela situação constrangedora para pequena. Não demorou para achar, o que julgava ser, a fonte daquela cena. Do lado oposto ao que estava, Jude e Sam pareciam que teriam um ataque, de tanto que riam.

- Bom, eu sou Alvo! Mas acho que isso você já sabe! – ele disse gentilmente – Então Karen, vai me dizer por que está aqui ou terei que adivinhar?

Ao ouvir a pergunta de Alvo, a menina ficou tão constrangida que assumiu uma tonalidade que beirava a púrpura. Agora que estava naquela situação se perguntava o motivo de querer tanto fazer parte da Elite.

- Bom... Eu... – Karen hesitou e respirou fundo – Você quer dançar comigo? – ela o convidou, encarando os próprios pés.

Movido por pena Alvo suspirou, segurou a mão da menina e a puxou para o meio da pista de dança. Sabia perfeitamente que havia algo errado, e suspeitava levemente do que se tratava.

- Sam e Jude te mandaram aqui, acertei? – ele perguntou e ao ver que a menina não ia responder, insistiu – Karen, conte-me a verdade e eu prometo tentar te ajudar.

- Sim, elas me mandaram aqui. – Karen finalmente admitiu.

- É algum teste para entrar na Elite? – Alvo disse com desdém. Nunca simpatizara com as brincadeiras que os Sonserinos submetiam aos mais novos.

Karen não respondeu. Apenas balançou a cabeça afirmativamente. Tinha dúvida de que se abrisse a boca sua voz falharia.

- Pelo seu constrangimento, creio que dançar comigo seja a parte mais fácil do teste! – ele afirmou e ergueu o rosto da pequena Karen com uma das mãos – Vamos lá, me diga qual é sua verdadeira “missão”.

Karen engoliu em seco, mas nem isso impediu que as lágrimas em seus olhos escapassem. Rapidamente secou o rosto com as costas da mão.

- Na verdade, eu...

- Você...?

- Eu tenho que beijar você! – ela disse tudo num jorro e baixou os olhos, completamente envergonhada.

Furioso, Alvo tornou a correr os olhos pelo salão até que encontrou os olhos de Jude e Sam, observando toda a cena atentamente. O moreno precisou respirar fundo algumas vezes, para se controlar. Aquelas meninas haviam ido longe demais. Karen era uma criança. Provavelmente nunca havia beijado ninguém na vida. Agora se via “obrigada” a encarar aquela prova se quisesse entrar no grupo titulado como “Elite”.

- Karen, quantos anos você tem? – ele perguntou curioso.

- Fiz 13, há dois dias! – ela respondeu.

Treze anos! Com essa idade sua irmã ainda brincava de bonecas! Será que ele era o único a enxergar aquele absurdo?

- Karen, escute-me! – Alvo pediu e se abaixou até ficar da mesma altura que a menina – Tudo isso que você vê agora parece ser espetacular! Parece perfeito. As pessoas comentando de você, te transformando no centro das atenções. Popularidade total! Uma vida por 15 minutos de fama... – começou a explicar, sem desviar o olhar da menina – Mas nada disso vale a pena sabia?

- Diz isso porque faz parte da Elite!

- Não! Digo isso porque sei o que é ter a vida comentada por cada pessoa dessa escola. Vai me dizer que nunca ouviu os absurdos que dizem sobre mim, Rose, Scorpius, Vincent, Sophie, e todos os outros que fazem parte desse grupo? Tudo que nós fazemos, tudo mesmo, parece ser motivo de fofoca! Viu quando Rose e eu chegamos aqui? Por Deus, parecíamos alguma celebridade que acabou de sair numa edição recente do Profeta Diário. No início, Karen, tudo parece divertido. Mas depois, quando as pessoas não te deixam em paz, te fazem perguntas, inventam histórias sobre você, mentem e se aproximam só para poder aparecer um pouquinho, a coisa perde a graça! Não vale a pena pertencer um mundo em que precisamos observar cada passo que damos com cuidado, para não sermos vítimas de mais comentários maldosos!

Karen não disse nada. Apenas balançou a cabeça afirmativamente, mostrando que estava compreendendo aonde ele queria chegar.

- Estar onde todos nós estamos é pagar um preço muito alto por algo que realmente não importa! Talvez você não compreenda agora, mas um dia vai entender o que eu tô querendo dizer.

Ele observou a menina e sentiu certa tristeza ao ver que ela chorava. Talvez tivesse entendido perfeitamente seu recado, ou então estava desesperada porque seria a única de seu grupo a não pertencer a Elite. Alvo então suspirou, e rapidamente maquinou um plano que não a obrigasse passar pelo constrangimento de ter que beijá-lo. Pela expressão espantada da garota ao relatar qual era sua missão, ficou claro para o moreno que ela nunca beijara ninguém, a não ser seus pais e ursinhos de pelúcia.

- O que foi mesmo que Samantha e Jude pediram para que fizesse? – ele perguntou de repente, e Karen o encarou, espantada.

- Elas disseram que eu tinha que te tirar para dançar e beijar você! – Karen repetiu a ordem dada pelas meninas, levemente confusa.

- Bom, você já me tirou para dançar, agora só falta a segunda parte da tarefa! – Alvo disse.

- Você vai deixar que eu te beije? – Karen arregalou seus olhos, e por um momento, Alvo achou que fossem saltar de seu pequeno rosto. Ele riu.

- Sim e não! – ele falou e ao ver a expressão da menina, tratou de explicar – Karen, tenho certeza que você nunca beijou ninguém na sua vida!

- E como sabe disso?

- Ora, se fosse o contrário você não estaria tendo um ataque de pânico! – ele comentou divertido – Escute-me, você não vai querer dar seu primeiro beijo em mim.

- E por que não? Você, pelo menos pra mim, é o cara mais bonito da escola, e...

- Obrigado pelo elogio, mas me achar bonito não é o suficiente para que você queira me beijar! – disse gentilmente – Karen, o primeiro beijo de uma pessoa deve ser especial. Com alguém que essa pessoa goste. E não com alguém que ache simplesmente “bonito”!

- Então por que disse gora só faltava a segunda parte do plano se não vai deixar que te beije? – Karen agora estava completamente perdida.

Alvo sorriu.

- Bom, quando se pede para alguém cumprir uma tarefa, deve-se especificar bem do que se trata, se não elas ficam com... “falhas”. – ele disse – As meninas disseram que você teria que me beijar, mas não especificaram que esse beijo deveria ser na bocas. Então, teoricamente, sai tarefa estará cumprida assim que beijar meu rosto.

Alvo olhou para a menina e sorriu triunfante ao ver os olhos da menina brilharem de felicidade. Só não soube ao certo se era por não ter que beijá-lo ou por estar entrando no grupo.

- Então, o que está esperando? – ele disse, apontando pra sua bochecha.

Karen, sem esperar mais nenhum minuto, seguiu a ordem do moreno e beijou o local que ele indicara.

- Bem vinda à Elite! – disse e deu um beijo na testa da garota. – Agora quero que me prometa uma coisa.

- Que coisa?

- Não se corrompa. Nem tudo que você vê aqui, é o certo! Promete que vai se cuidar?

- Prometo! – ela disse e se virou para sair. Mas antes de se afastar, olhou novamente para o moreno – Obrigada Alvo! – agradeceu e saiu correndo em direção às amigas, para contar tudo que havia acontecido.


~

Foi só quando vimos a pequena Karen Swift correr pelo Salão, com um ar de quem tinha acabado de ganhar um presente novo, que nos demos conta de que sua missão havia sido cumprida. Mas, é claro que a coisa não iria terminar por aí.

Embora não saibamos exatamente o que ocorreu com ela e o nosso lindo Potter, a expressão que ele tinha no rosto, ao caminhar em direção à McGuire e Jennings, era completamente assustadora.

Até eu, queridinhos, cheguei a me espantar quando o vi tão sério. Todos estavam mais que curiosos para saber o que havia acontecido para que ele mudasse tão rapidamente seu humor. Será que Alvo Potter havia sido mordido pelo bichinho da ira? Ou estaria ele a fim de bancar o salvador da pátria?

- Vocês enlouqueceram? – Ui. Essa é uma pergunta difícil de responder, considerando que muitos pensam que na Elite ninguém está em seu juízo perfeito. – Como puderam fazer isso com uma menina que mal completou 13 anos?

Samantha e Jude lançaram olhares cúmplices e deram de ombros. Afinal, é como costumam dizer: pimenta nos olhos dos outros é refresco, e desafios mirabolantes para os pequenos é diversão garantida. Fez sentido essa frase? Não sei, mas isso realmente não me importa.

- Ah, qual é! Não banque o santo protetor dos novatos ok?! No final das contas ela nem o beijou! – Jennings revirou os olhos e balançou sua longa cabeleira loira. Garotinha insuportável, devo acrescentar. Ah, e o loiro dela também é falso!

- Não beijou porque eu a livrei de tamanho constrangimento! – Alvo disse entre os dentes. Algumas meninas que escreveram para mim, disseram que ele fica mais sexy quando está furioso.

- Constrangimento maior é estar frente a frente com você e não conseguir te dar um simples beijo! – McGuire disse em deboche. Se sua amiga é insuportável, essa aí não fica atrás.

- Definitivamente vocês são duas...

- O que está havendo aqui? – Uau, e mais uma vez o dia foi salvo por LeCompt! Isso me lembrou a uma frase de desenho animado trouxa... Mas não vamos nos ater a coisas pequenas. O fato é que Chad apareceu bem na hora que o Potter ia começar a tecer “elogios” para as duas mocinhas nada santas da escola.

- Parece que essas duas acham divertido submeter uma criança a tarefas constrangedoras!

- O que vocês fizeram? – Chad se virou para suas coleguinhas de casa, revirando os olhos. Diferente do Potter, ele não tinha um espírito protetor e pouco se importava com as missões que eram dadas aos novatos. Desde que eles não morressem ou pior, não fossem parar na enfermaria e contassem tudo que havia acontecido, para ele estava tudo certo.

- Nada demais! – Jude disse numa inocência tão grande que qualquer um acreditaria nela – Só demos a ela a tarefa de beijar o Alvo! Mas ele não pareceu gostar muito da coisa, porque veio aqui e começou a distribuir grosserias! – ela deu de ombros.

Por algum motivo a explicação de Jude pareceu afetar Chad. Estaria ele enciumado por não ter sido escolhido pelas meninas, ou estamos diante de um caso em que ele se descobriu apaixonado por Alvo e não gostou nem um pouco de imaginar seu amado com outra? Uau, eu realmente viajei nessa. Desculpem, mas achei que precisasse descontrair o clima. Enfim, voltando ao que realmente importa, LeCompt deu um passo ameaçador em direção a McGuire e a encarou de uma forma completamente esquisita.

- Só porque, desde sempre, você tem uma atração absurda pelo Potter... – fui só eu ou mais alguém percebeu que Chad praticamente cuspiu o sobrenome do nosso moreno de olhos verdes? – Que todas as meninas também terão!

E sem dizer mais nada, ele se virou e saiu em passos duros. Todos, obviamente, ficaram se encarando com expressões que beiravam a idiotice. Todos, exceto Jude, que achou de seguir Chad, para sabe-se lá Merlin onde. A sala precisa é um lugar irritante às vezes, pois quando precisamos, ela nos fornece o que queremos, e assim acaba prejudicando pessoas como eu, que são privadas de alguns acontecimentos.

~

- Chad, espere! – Jude correu em direção ao rapaz e segurou em seu braço.

- Me deixe em paz! – ele disse entre os dentes e se soltou das mãos da menina.

No instante seguinte, diante de seus olhos, uma nova porta surgiu, dando passagem a uma nova sala. Chad havia desejado ficar sozinho, e atendendo seu desejo, a sala precisa forneceu aquele esconderijo para que ele se refugiasse dos demais convidados.

Jude, é claro, ignorou o pedido de distância e sem pedir permissão, entrou na sala de Chad e trancou a porta atrás de si.

- Será que você pode me explicar o que foi aquilo? – exigiu.

- Explicar o que? Não lhe devo explicações! – ele gritou. Sua voz ecoou agressiva por sua sala particular, e rapidamente o rapaz desejou que ninguém pudesse escutar o que fosse falado ali dentro.

- Explicar o que? Que tal você começar pela parte que afirmou “desde sempre” tenho uma atração pelo Potter? Você exagerou na bebida, foi?

- Ah, vai me dizer que não é verdade? – Chad deu uma risada seca.

- Não!

- Não vai me dizer ou não é verdade? – perguntou sarcástico.

- Não é verdade! – Jude gritou. Todas as tentativas de reprimir a raiva e a mágoa foram por água abaixo.

- Ah tá, corta essa! Acha mesmo que eu acredito que você não é apaixonada por ele? – Chad caminhou até a jovem, e sem nenhuma delicadeza, empurrou-a contra parede, parando à sua frente.

- O que você está falando? E me solta! – ela o empurrou, mas não obteve êxito, afinal de contas, ele era bem mais forte que ela. – Nunca fui apaixonada pelo Alvo!

- Tem certeza? Nas férias do 6º ano você se demonstrou muito à vontade, beijando ele na praia! – ele acusou e novamente deu uma risada seca – Engraçado que foi bem no dia que começamos a namorar!

- Ahhhhhhh, então você quer mesmo falar do passado? – Jude sentiu seus olhos queimarem, a menção do quase relacionamento que tiveram. Ainda doía em seu peito o fato de ter se deixado enganar com as palavras amorosas de Chad. Tornou a empurrar o moreno, que dessa vez cedeu e deixou que passasse.

- E por que não? Acho que já está mais do que na hora de colocarmos os pingos nos “is”, sobre nosso namoro relâmpago, que nem chegou a ter um término decente! – ele disse, caminhando de um lado para outro.

- Ok, vamos falar disso então! – Jude o encarou de forma fria – Vamos falar de sua falsa declaração de amor e de como horas depois de ter me pedido em namoro, você beijou minha melhor amiga!

- Eu o que? Jude, dessa vez sou eu que pergunto se você abusou da bebida! Do que está falando? Eu nunca beijei a Samantha! – Chad se defendeu. De fato, ele não havia procurado a loira. Ela quem havia invadido seu quarto, o beijado e dito coisas absurdas sobre sua nova namorada.

Jude gargalhou friamente e tornou a encarar Chad. Dessa vez seu olhar além de frio era acusador.

- Antes de descer pra praia eu fui até seu quarto ok?! Fui te chamar para descermos juntos, queria... – ela hesitou e então prosseguiu – Veja só, eu queria contar a novidade para todos, junto com você! Mas quando eu cheguei à porta do seu quarto... – ela fechou os olhos e respirou fundo, dizer aquilo doía mais do que ela imaginava – Você estava com Sam! Eu não consegui ficar parada ali, vendo tudo aquilo e então corri. Pude ouvi-la brigar com você, antes de me trancar em meu quarto. Então ela apareceu, e quando me viu chorar, me explicou tudo que havia acontecido.

Jude se virou de costas. Sentia as lágrimas se formarem em seus olhos, e não queria ser traída por elas, permitindo que Chad a visse chorar.

- Eu nunca beijei a Sam! – Chad disse mais controlado – Foi ela quem me beijou! Quero dizer, ela apareceu no meu quarto, e começou com uma conversa barata sobre nosso namoro, e depois veio com outra conversa barata sobre sua grande paixão pelo Potter, até que por fim se “atirou” em meus braços e me beijou! Então ela se afastou, gritou comigo e saiu. E quando desci para praia, vi você agarrada ao Potter num beijo enorme... Lembro-me dela ter dito algo como “ela não vale a pena...”, e...

- Espera! – Jude se virou rapidamente para encara o ex. Não se importava que ele visse que estava chorando – Você disse que Sam falou que eu era apaixonada pelo Alvo?

- Sim, por quê?

- Quando ela entrou no quarto, depois de me explicar o que estava acontecendo, ela... – Jude fez uma pausa e finalmente pareceu compreender o mal entendido que sua ex-melhor amiga havia causado propositalmente – Chad, ela me disse que para me vingar deveria ficar com o Potter. Eu fiz isso. Só o beijei aquela noite porque vi você se aproximar e queria que sentisse exatamente o que eu senti... Eu não acredito que a Sam tenha feito isso! – ela disse revoltada – Ela é minha melhor amiga!

- Bom, acho melhor você começar a arrumar outra “melhor amiga”, pois essa sua pareceu bem satisfeita ao nos ver separados! – Chad constatou.

Um silêncio incômodo se instaurou naquela sala por alguns instantes, e os dois não ousaram se encarar. Estavam absortos em suas conclusões, e não tinham certeza do que fariam ou como agiriam agora que sabiam o verdadeiro motivo de sua separação.

- Me desculpe! – Jude finalmente quebrou o silêncio e se virou para sair.

- Aonde você vai? – Chad foi mais rápido e parou em frente à porta, bloqueando a única saída da sala – Acha mesmo que pode terminar o assunto assim, sem esclarecer os principais pontos?

Jude o encarou confusa.

- E quais seriam os principais pontos?

- Nós terminamos por que achávamos que tínhamos sido traídos. – Chad explicou – Agora que sabemos a verdade, precisamos esclarecer nossos verdadeiros sentimentos! – ele deu um passo em direção a menina, que parecia uma estátua no meio da sala – Não sou bom com declarações, e posso me arrepender dessa que farei agora, mas prefiro arriscar. Eu amo você, está bem? Me irrita profundamente vê-la com outro cara. Antes eu engolia isso, porque tinha certeza de que você não valia à pena, mas agora que sei da verdade, não acho que vou conseguir te ver com outros, sem reagir mal! Não quero que ninguém lhe toque, da forma como eu desejo fazer, e não quero ninguém lhe dizendo coisas que só deveriam ser ditas por mim!

- Que tipo de coisas? – ela perguntou em voz baixa. Lágrimas involuntárias escorriam por seu rosto.

- Coisas como o quanto você é linda. O quanto quero você... – ele deu mais um passo, e passou os braços pela cintura da menina, puxando-a de encontro ao seu corto – O quanto seu perfume me enlouquece. – com uma das mãos, Chad colocou para trás o cabelo que cobria o pescoço da jovem, e começou a beijá-lo de forma provocante – O quanto eu te amo! – ele sussurrou em seu ouvido e sentiu a jovem estremecer em seus braços. – Não acho que vou conseguir ficar bem, imaginando que outro cara possa fazer você reagir da mesma forma que reage a mim.

- É impossível! – ela finalmente disse – Eu nunca reagi a ninguém dessa forma, porque só você me deixa assim. Só você faz com que minha respiração fique irregular, só você faz com que meu coração acelere, só você me enlouquece... – Jude se afastou para encará-lo nos olhos – Eu sempre amei você. E sinceramente, já estava contando os dias para que corresse até você e dissesse tudo que estava guardado dentro de mim.

- Acho que essa é uma boa hora pra você dizer tudo, não é?! – ele perguntou e sorriu.

- Não, essa não é uma boa hora!

- E posso saber o motivo?

- Por Merlin, Chad! Passei muito tempo longe de você pra perder mais ainda lhe dizendo coisas! – Jude disse como se fosse o óbvio – Ao invés de falar, eu prefiro mostrar o quanto senti sua falta!

Sorrindo marotamente, a Sonserina puxou o rapaz para um beijo provocante, e caiu com ele em um sofá que ela havia desejado a Sala Precisa que aparecesse.

- Hei, acho que estamos esquecendo que tem uma festa lá fora! – ela disse, enquanto Chad beijava todo seu pescoço e seguia em direção ao seu colo.

- Festa? E quem se importa com a festa? – ele a encarou de forma zombeteira – Deixa que eles se matem! – e com essa última frase, ele tomou os lábios da menina novamente. Como ela mesma havia dito, haviam perdido tempo demais separados para continuarem com essa conversa sem sentido.


~

Durante um longo tempo ninguém avistou a dupla sonserina Chad e Jude. Alguns juraram solenemente em seus pergaminhos que os viram aparecer somente no final da festa, mas essa é a informação que menos interessa agora.

Eu havia dito a vocês que o trio mal da Corvinal (eu nunca largo as minhas rimas), havia chegado sem dizer uma única palavra e se recostado em um canto, para apenas observar. Pois bem, observação é uma coisa que cansa! E depois de certo tempo na festa, os três se separaram.

Adam Krum, o sem noção e metido a melhor, foi em direção a nossa adorada Monitora Chefe, que estava parada perto do bar, bebendo algo que provavelmente não continha álcool. Marisa Craig, por sua vez, não podia deixar de lado o fato de que Scorpius Malfoy estava ali e logo tratou de se juntar ao seu amiguinho. Paola Gusmand cansou-se de tudo e simplesmente foi dançar, ignorando completamente qualquer derrotado que tentava se aproximar.

Depois da separação do trio as coisas começaram a cheirar mal até para quem estava bem afastado daquele círculo. Ninguém deixou de reparar nos olhares assassinos que o Malfoy jogava sobre o Krum, enquanto tentava fingir interesse pelas futilidades que Marisa Craig comentava.

- Não parece muito animada com sua festa. – Adam constatou, tentando parecer simpático. Mas convenhamos que até simpático, ele é um tanto insuportável.

- Não dá pra ficar muito animada quando se sabe que todas as pessoas cochicham sobre você! – Rose sorriu e bebeu mais um gole de sua bebida. Retiro o que eu disse sobre não conter álcool. Pela careta que ela fez quando engoliu, provavelmente estava bebendo uma dose extra de Whisky de Fogo.

- As pessoas, não só as da escola como as de qualquer outro lugar, sempre estão cochichando sobre você. Se está na rua, observando alguma coisa, alguém com certeza passará ao seu lado e comentará, nem que seja com sua própria consciência, o quanto sua roupa pode ter chamado atenção ou como estava séria em uma bela manhã de sol. Quando vai a um restaurante, o garçom vai comentar seu gosto ou zombar de você por não saber o que contém num prato cujo nome é em francês. Se ganha uma discussão e faz com que sua tese seja bem aceita, todos vão comentar sobre sua inteligência e ótima persuasão. – Adam revirou os olhos – O fato é que sempre estão comentando sobre você em algum lugar. Só que por estar distraída ou preocupada com outras coisas mais importantes, não percebe ou então deixa passar. Na escola, a coisa parece grandiosa, porque estamos presos aqui 24hs por dia, e somos obrigados a conviver com todas as pessoas que gostam de falar de nossas vidas, por que provavelmente as suas não sejam nada interessantes. Então, o que tem que fazer é ignorar. Deixar que falem a vontade, sem se preocupar com os efeitos que as fofocas possam causar. Um comentário de um aluno qualquer não é mais válido do que o de um vendedor de livros que reparou o quanto você gosta de ler e comentou com seu funcionário.

Nossa, esse foi realmente um belo discurso, não concordam? Fiquei sem palavras. Depois dessa não comentarei mais nada... Mentira. Vou continuar comentando, e quem quiser me acompanhar, sinta-se a vontade.

- Acho que você tem razão. – a Weasley sorriu, depois de certo tempo refletindo sobre as palavras do Adam “sou sábio, me escute” Krum.

- Então, se eu tenho razão, que tal você parar de se preocupar e vir comigo dançar?

- Dançar? Com você?

- É, comigo! Algum problema? – ele a encarou com uma expressão divertida, que provavelmente assustaria alguém que estivesse realmente prestando atenção em seu olhar. Precisam ensinar ao Krum que diversão combina com uma expressão leve e não assassina. – Não vai me dizer que está preocupada com o que as pessoas vão comentar se virem você dançando com alguém que não seja seu primo?

Rose riu, e o som de sua risada foi ouvido por algumas pessoas que estavam próximas, incluindo o Malfoy.

- Não. Na verdade, eu não sei se vou conseguir dançar depois de ter bebido tanto! – ela explicou. – É bem capaz que eu pise no seu pé!

- Se o problema é esse não se preocupe. Do meu pé, cuido eu! – dizendo isso, o Krum puxou nossa estrela ruiva para o meio da pista e juntos começaram a dançar animadamente.

Do outro lado, Scorpius Malfoy pareceu não gostar nem um pouco daquela visão. Afinal de contas, ele é um cara possessivo e não fica a vontade vendo seu antigo amor nas mãos de outro. Pobrezinho...

- E então minha mãe disse que tudo era mentira, e nós vamos mesmo passar o natal lá! – Foi a única frase dita pela Craig, que o Malfoy pareceu escutar. Ele a encarou de uma forma estranha e logo depois sorriu. Tenho a leve impressão de que a bebida começava a fazer efeito.

- Vamos dançar! – ele disse por fim. Não foi um pedido, é claro. Pra ser sincera acho que o Malfoy raramente costuma pedir alguma coisa. No geral ele sempre ordena e poucos são aqueles que ousam contrariá-lo.

Marisa Craig, é claro, não desobedeceu a ordem do nosso loirinho, e o segui para o meio da pista de dança. Os dois só pararam quando estavam bem próximos a Adam e Rose. Coincidência? Tenho certeza que não.

- Ah não... – Rose gemeu, ao ver o ex dançando com sua rival. Tadinha, pela expressão que fez parecia estar com dor de estômago.

- Ignore! – Adam disse tranquilamente, e continuou dançando com a menina.

A Weasley até tentou fazer isso. Tentou ignorar o fato de que seu ex estava dançando com outra. Tentou ignorar como a outra se insinuava pra ele. Tentou ignorar a expressão dele que indicava que estava gostando daquilo tudo. Ah meus amores, ela realmente tentou ignorar tudo isso. A única coisa que não pôde realmente deixar de lado, foi o beijo indecente que Scorpius Malfoy deu em Marisa Craig, no meio da pista. Rose não podia ignorar tal fato, quando todas as pessoas se uniram num coro de vozes dizendo a palavra “Oh!”. Creio que foi exatamente por isso que saiu correndo de onde estava e se afastou ao máximo daquela cena.

- Rose, calma! – Adam a segurou bem a tempo, impedindo que ela tropeçasse nas pessoas e caísse.

- Como ele pôde? – a pobrezinha perguntou, com a voz embargada. Sinceramente até eu começo a sentir dó dessa situação.

- Ele não presta Rose! – o sujo falando do mal lavado. Como o Krum é cara de pau.

- Ele mentiu pra mim! – a Weasley estava histérica e magoada – Disse que me amava há alguns dias e hoje isso! Eu...

- Shhhh... – Krum a abraçou e afagou seus cabelos. Que bonitinho! – O Malfoy é um mentiroso, que só quer brincar com os sentimentos das pessoas.

- Todos são mentirosos! – e Rose Weasley descobriu que a Terra é redonda, ao afirmar tal fato.

- Não Rose, nem todos são mentirosos! – Adam disse tranquilamente, tentando consolá-la. Gentil da parte dele. – Eu nunca mentiria pra você!

Será que nunca mentiria mesmo? Vou deixar essa pergunta pra vocês responderem!

Agora que já estão por dentro dos principais fatos da festa, me despeço e os informo que tal leitura os atrasou para o café da manhã. Corram para o Salão Principal, se entupam de chá e torrada e tenham uma boa aula.

Estarei sempre de olho em tudo, não se esqueçam!

XoXo,

Garota Misteriosa.




Flashback – 2ª parte

Adam já estava dentro do quarto da monitoria, a espera de Maris.

A dona do quarto, Rose Weasley, encontrava-se dormindo profundamente, graças a uma poção do sono fortíssima que fora misturada em seu suco de abóbora. Adam, é claro, já havia se encarregado da ruiva, e após lançar um feitiço de desilusão, a escondeu dentro do próprio guarda-roupas.

Passados alguns minutos – que Adam julgou horas – Maris finalmente entrou no quarto. O moreno ficou boquiaberto, é claro. Sua cúmplice, então, sabia mesmo fazer uma boa poção polissuco, e cumpriu com sua parte no plano. Estava exatamente como Rose Weasley. Se não tivesse total certeza de que a ruiva estava dormindo profundamente no andar de cima, diria que a menina à sua frente era a Monitora Chefe.

- Você fez um bom trabalho! – Adam disse, sem conseguir esconder sua surpresa.

- Modéstia a parte, sempre faço ótimos trabalhos! – Maris disse de forma presunçosa – Agora é só esperar pelo sinal da Pah, para dar o golpe final nesse casalzinho ridículo!


***



Pah estava escondida, esperando que Scorpius cruzasse o corredor, para informar os amigos que podiam começar a agir. Estava frio, e ela começava se enfurecer com a demora do loiro. “Mas que diabos! Nunca vi alguém demorar tanto em uma detenção!”, ela pensou e cruzou fortemente os braços em frente ao corpo. Foi então que avistou Scorpius Malfoy aparecer no corredor, e rapidamente, utilizando o pingente de seu colar que fora enfeitiçado com o “Feitiço de Proteu”, a morena informou aos amigos que aquela era a hora para agir, e torceu intimamente para que tudo corresse bem.


***




- Está na hora! – Maris anunciou, observando seu colar. Rapidamente, ela e Adam correram para o andar superior e começaram toda a encenação. Espalharam algumas peças de roupa pelo chão, bagunçaram toda a cama e se deitaram, insinuando que algo mais além de beijos aconteceu naquele local.

“Weasley? Weasley, tá por aqui?” a voz de Scorpius ecoou no 2º andar.

Adam e sua falsa Rose precisaram conter-se para não caírem na risada. Tudo aquilo era um jogo muito divertido para eles, e ambos estavam dispostos a vencê-lo, nem que precisassem usar das táticas mais sujas e sórdidas.

Os passos de Scorpius ecoaram pela escada. Aquela era a hora de vestir a máscara de falsidade e entrarem perfeitamente na interpretação. Scorpius tinha que acreditar que aquela deitada na cama era, de fato, sua ex-namorada.

Os passos foram se aproximando da porta do quarto, até que finalmente se abriu.

Maris-Rose fingia dormir profundamente, com a cabeça encostada no peito de Adam. Este, por sua vez, fingia estar sonolento e emitiu um falso ar de surpresa, ao ver a figura loira de Scorpius parada em frente à cama.

- Rose você tá...

- Você quer alguma coisa? – Adam sussurrou e precisou se conter para não cair na risada. Achava a expressão chocada de Scorpius um tanto engraçada. Julgou nunca ter se divertido tanto.

- Mas o que é isso? – a voz de Scorpius saiu mais alta do que ele pretendia.

- Shhhhh... Fale baixo, assim vai acordá-la! E cá entre nós, seria muito constrangedora essa cena... – Adam ironizou.

Ao ver Scorpius contorcer o rosto numa careta furiosa e sair em passos largos do quarto, não se conteve e começou a rir. Na verdade, o moreno teve um acesso de risos interminável. Nunca pensou que fosse se divertir tanto vendo seu inimigo ser enganado.

Assim que ouviu a porta do 1º andar bater, se levantou e começou a gargalhar, dessa vez, acompanhado por Maris.

- Que estúpido! – Maris disse, rindo abertamente – Como se a santa Weasley fosse mesmo fazer isso!

- Você tinha que ver a cara dele quanto te encarou. Parecia ter sido esfaqueado ou coisa assim! – Adam sentia dores na barriga de tanto rir. – Agora vamos arrumar tudo, colocar a verdadeira Rose na cama, e sair daqui, antes que o efeito da poção do sono passe, e ela nos pegue!

Maris imediatamente concordou e junto com Adam deixou o quarto na mais perfeita ordem. Depois de tudo pronto, o moreno foi até o guarda-roupa e retirou Rose de lá. Deitou-a na cama, e logo em seguida desfez o feitiço da desilusão.

- Bom, vamos embora antes que ela acorde e nos veja! – Adam disse, e puxou a falsa Rose pela mão.

- Sabe, estou curiosa...

- Sobre?

- Quando a Weasley acordar, não vai entender o motivo pelo qual Scorpius agora a odeia.

- E?

- E provavelmente, quando ela perguntar o que aconteceu, ele vai dizer o que viu e ela virá procurar você!

- E?

- E que eu me pergunto, o que vai dizer a ela?!

Adam deu uma risada seca e encarou a menina à sua frente com as sobrancelhas erguidas, como se ela tivesse deixado passar o óbvio.

- Eu vou mentir é claro!


Fim do Flashback








~~









N/A:Aeee, demorou mais apareceu!

Bom queridos, o cap. 15 tá em produção *aleluia irmãos!* e espero terminar logo. Provavelmente essas festas de fim de ano vão atrasar, mas espero que não seja algo catastrófico. Tenho amor à vida e não quero receber ameaças de vcs.

Talvez o capítulo tenha ficado confuso, sinceramente não sei. Mas espero que tenha conseguido passar algumas mensagens importantes. Dentre elas, o fato de que Jude agora sabe do caráter da sua "amiga" Sam, e quem sabe, ela possa vir contribuir para a volta de Alvo e Alice... Scorpius e Maris juntos, algo que sinto que não vai durar... Paola quietinha demais... Bom, sem mais detalhes né?!

Eu ia comentar sobre o flashback. mas, como diria uma colega de faculdade: ele é "autoexplicativo", então não preciso falar nada.

Antes de terminar a N/A, quero falar que escrevi uma fic como especial de natal. O shipper continua o mesmo Rose/Scorpius, embora a história seja completamente diferente. Assim que postar, deixo o link pra vcs, e quem quiser e puder, passe lá e dê uma olhadinha ok?!

Bom, vou ficando nessa. Até mais!

XoXo,

Mily.





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