Um dia em Hogsmeade



tN/A: Hey Pessoal!

Antes de mais nada, quero me desculpar pela demora! Eu sei que ultimamente tenho atrasado demais com a postagem e que vocês estavam acostumados a todo domingo ter capítulo, mas, infelizmente, as coisas em off andam conturbadas demais. A faculdade tem exigido demais, quase toda semana tenho prova e trabalhos... Enfim, eu tenho dado o meu máximo pra escrever e apresentar coisas decentes de se ler aqui!

Talvez esse capítulo não supere a expectativa de ninguém, mas eu tentei! Espero que gostem!

E, antes de começarem a ler, quero dedicar esse capítulo a Viviane Cipriano e a Mayara Sales que fizeram aniversário no último dia 10. Parabéns Vivi! Parabéns May! Muito obrigada por serem leitoras fiés e estarem sempre aqui comigo! Adoro vcs! x3

Agora, sem mais enrolações, vamos ao capítulo!






***








Cap. 10

Um dia em Hogsmeade






Quando uma tempestade vem, é normal trazer consigo ventos fortes, relâmpagos assustadores e trovões ensurdecedores. É normal também, que com ela, alguns desastres aconteçam, deixando marcas um tanto profundas.

Quando a tempestade se vai, todos esperam que um céu azul e limpo apareça, e que um belo sol brilhe depois de uma curta temporada cinzenta... Mas, e se a tempestade não se for? E se o sol tão esperado não surgir? E se os ventos fortes, trazidos por ela, fizerem mais estragos do que o esperado?... Devemos culpar a tempestade por todas as destruições, ou a nós mesmos por não nos prevenir de danos óbvios?

Ora, uma tempestade é apenas uma tempestade. Boa? Não!... Ruim? Talvez!... Mas uma coisa de que se pode ter certeza, é que ela é necessária e não dura pra sempre... Provavelmente por isso, que os ventos maus que trazem a tempestade, se tornam ventos bons e a levam embora... E então, depois de tudo, o sol surge, transformando essa tempestade, em apenas uma brisa suave e refrescante...





***





Sábado – Quarto da monitoria – 06h00min

Rose acordou muito cedo àquela manhã. Embora seu pescoço doesse, graças à posição desconfortável em que dormiu, nunca se sentira tão feliz e segura como estava agora. Deitada ali, naquele sofá, junto com Scorpius, a ruiva sentiu se coração dar um pequeno salto de felicidade, seguido de um aperto inesperado. Estar com Scorpius, sem dúvida era uma coisa que se coração pedia desde o primeiro instante que seus olhos encontraram os dele, no primeiro dia em que se viram... Inconscientemente, ela sempre desejou estar junto com aquele “loiro irritante”, mas em nenhum de seus devaneios, podia esperar que um dia fosse estar ali, naquele momento, deitada ao seu lado e envolvida pelos seus braços, em um abraço apertado e reconfortante. Sorriu. Sem dúvida, àquela situação era bem melhor do que qualquer outra que sua mente, na época, infantil, poderia prever.

Foram 3 anos para descobrir o que ela realmente sentia, mais 1, para conseguir admitir, e agora, depois de quase 3 anos novamente, Rose Weasley poderia se considerar a jovem mais feliz do mundo. E isso, não se devia ao fato de namorar um cara popular, belo e rico. Se devia, unicamente, ao amor que ela tinha por ele. Todo carinho, compreensão e paixão, que agora, ela lhe dava sem nenhuma vergonha ou medo... É certo que no passado enfrentaram alguns problemas para ficarem juntos, assim como também é certo que passaram por cima de todos os obstáculos para ficarem em paz...

Apesar das brigas, desentendimentos, ciúmes, de uma coisa, qualquer pessoa que os observasse caminhando pelos corredores de Hogwarts juntos, poderia ter certeza: eles se amavam. Mas não era uma coisa simples, como uma paixonite qualquer ou um “gostar” um pouco mais forte... Era amor sincero. Aquele amor único, que você só experimenta uma vez na vida... Aquele tipo de amor, que quando encontra em alguém, julga a pessoa como sua alma gêmea... Aquele tipo de amor, que só quem conhece, pode entender a intensidade e saber, que por mais que tentem, por mais que o universo e o cosmo conspirem, por mais que obstáculos surjam, ele nunca vai se acabar... Não de verdade! Talvez precise de um tempo para entender ou simplesmente curar as feridas, mas acabar? Jamais!... O amor de Rose e Scorpius, não pode ser destruído, nem pela própria morte!

Perdida em pensamentos, por alguns instantes, Rose voltou a si, e resolveu que era hora de levantar, antes que se mexesse bruscamente e acordasse o rapaz que estava ao seu lado. Bem devagar, a ruiva afastou o braço do namorado que envolvia sua cintura e se levantou. Subiu as escadas de seu quarto lentamente, e quando desceu, trouxe consigo seu urso de pelúcia. Sorriu, ao colocá-lo no local que ela estava, e em seguida, colocar o braço de Scorpius por cima dele. A vontade de rir ficou ainda maior, ao imaginar a cara que o loiro iria fazer, quando acordasse e se encontrasse naquela situação. Silenciosamente, ela deu as costas e subiu novamente as escadas, para pegar umas roupas e tomar seu banho, antes de descer para o café da manhã.




***





Aos poucos, a claridade começou a invadir o aposento da monitoria, e a fraca luz, despertou Scorpius. No início, o loiro demorou um pouco para associar a informação de que não estava em seu quarto, e de que aquele ursinho de pelúcia, definitivamente, não pertencia a ele. Sentou-se, ainda um pouco confuso, até que seus olhos percorreram a sala e encontraram os de Rose, que estava sentada à mesa, e o observada divertida.

- Bom dia, meu Belo Adormecido! – Rose disse, com um largo sorriso no rosto.

- Bom dia, minha Princesa Encantada! – Scorpius respondeu, com o mesmo sorriso – Posso saber, minha cara princesa, o que eu faço agarrado ao seu ursinho, também conhecido como Ed?

- Ah sim! O Ed... Pobre Ed... – Rose suspirou – Ontem à noite, você estava com sono e o chamava... Daí fui obrigada a ceder e trazê-lo até você!

- Uau, desenvolvi uma paixão obsessiva por um urso de pelúcia durante o sono? – Scorpius fingiu-se de assustado.

- Sim! E agora acho que o perdi!

- Ah amor, perdeu mesmo! Eu sempre quis ter um urso assim, e confesso que ele é bem atraente! Essa coisa fofosa e cheia de pêlos, me atrai como ninguém!

- Fui trocada! – a ruiva arregalou os olhos, num falso espanto.

- Foi! Me desculpa, você ainda é linda e atraente, seus cabelos ruivos são perfeitos e te dão um charme especial, mas o Ed... Foi amor ao primeiro sonho!

Scorpius suspirou e logo caiu na gargalhada, sendo acompanhado por Rose.

- Tenho que ir ao meu quarto. – ele disse, se levantando do sofá – Preciso tomar um banho e colocar outra roupa. Acho que pijama não combina com o passeio, e sem contar que é provável que eu congele lá fora! – brincou.

- Ah, eu já cuidei disso pra você! – Rose se levantou da mesa e caminhou em direção ao loiro – Suas roupas estão em cima da minha cama e tem uma toalha no banheiro pra você!

Scorpius encarou a menina, incrédulo e ergueu uma das sobrancelhas.

- Desde quando acorda tão cedo, Rose Weasley? – perguntou.

- Desde quando meu pescoço dói e eu percebo que o sofá não é um bom lugar pra se dormir! – ela respondeu tranquilamente – Agora vai logo! Temos que descer pro café!

- Ok chefe! – Scorpius fez uma continência de brincadeira e em seguida marchou para o andar de cima.

Aproveitando o fato de que o namorado havia ido tomar um banho, Rose voltou novamente à mesa, abriu a gaveta e de dentro dela, retirou um espelho. Pra qualquer outra adolescente, aquele seria um espelho normal, que ela provavelmente usaria pra se maquiar ou verificar se o penteado estava direito. Mas não! Aquele espelho não era como os outros. Era especial, e Rose se lembrava perfeitamente de quando o ganhou no natal, há 2 anos.



Flashback

Era noite de natal. A neve castigava os jardins d’A Toca, e o inverno dava sinais de que o clima frio pioraria com o passar dos dias. A paisagem branca, contrastada com o espírito natalino, era perfeita. Alguns da família Weasley, julgavam ser impossível imaginar o natal, sem toda aquela diversão e guerra de neve, que havia se tornado uma espécie de tradição, quando todos se reuniam para festividade.

A família Weasley/Potter, mais alguns convidados especiais, como Luna Lovegood, Neville Longbotton, Andrômeda Tonks, Gabrielle Delacour, o esposo e a filha Kate (que agora tinha pouco mais de 1 ano), enchiam a pequena casa de Molly e Arthur Weasley, com muita alegria. A família Malfoy também havia sido convidada para a festa, mas Astoria – completamente triste e envergonhada – precisou recusar o convite, para passar o natal na casa da irmã mais velha Daphne (coisa que Draco não gostou muito, pois tinha suspeitas de que a cunhada convidasse Pansy Parkinson pra celebração).

A festividade, como sempre, contou com pratos deliciosos feitos por Molly, Gina e Fleur, (Hermione tentou participar, mas julgou sua culinária um pouco inferior a das outras, então decidiu apenas ajudar na arrumação), bebidas de vários tipos, e é claro, com conversas divertidas, e demonstrações dos novos produtos da loja de logros “Gemialidades Weasley”, que fazia mais sucesso que qualquer outra.

Já era quase meia noite, quando Harry e Rony chamaram seus filhos Rose e Alvo, para os seguirem até o antigo quarto de Ron. No início, eles estranharam um pouco, mas sem questionar, seguiram os pais até o local. Assim que entraram, Harry tratou de fechar a porta, e se virou para o filho e a sobrinha com um grande sorriso no rosto.

- Por que nos trouxeram aqui papai? – Rose finalmente perguntou e não conseguiu esconder a curiosidade em sua voz.

Harry e Rony trocaram olhares cúmplices e retiraram de seus casacos, dois embrulhos quadrados, um tanto suspeitos na opinião de Alvo.

- Nós pensamos muito no que daríamos de natal a vocês! – Rony começou a explicar – Rose já tem praticamente todos os livros lançados, e creio que sua mãe vai lhe dar mais uma coleção, a julgar pelo tamanho do pacote que está lá embaixo! – os quatro soltaram risadinhas e ele prosseguiu – Alvo também tem várias coisas relacionadas a quadribol, loja de logros, e pra ser bem sincero, Harry e eu gostaríamos de lhes dar algo realmente diferente.

- Algo que poderá ajudar vocês se souberem usar bem, e manter segredo! – Harry continuou.

- Algo que, em nossa opinião, vocês vão adorar!

- Merlin, estão nos deixando curiosos! – Alvo disse impaciente – Afinal, o que é nosso presente?

Novamente Harry e Rony trocaram olhares cúmplices, e entregaram a seus filhos, os embrulhos que seguravam. Rose mal recebeu o presente do pai, e já tratou logo de rasgar todo o embrulho, o que fez Rony rir e protestar, pois segundo ele, havia perdido cerca de uma hora pra colocar aquela fita e aquele papel, da forma trouxa. Alvo ignorou qualquer tipo de protesto do pai, seguiu a idéia da prima e rasgou todo o papel de presente. A expressão dos dois murchou, ao verem que o tal presente tão esperado, era um espelho.

Rose inclinou a cabeça pro lado, e ergueu o espelho a altura dos olhos. Provavelmente a ruiva esperava que ele fizesse algo diferente, soltasse faíscas ou falasse com ela. Alvo fez praticamente o mesmo. Encarou o espelho com uma expressão confusa, e deu um pulo ao ver que a imagem refletida no objeto, era a da prima. Rose soltou um gritinho, quando viu o primo em seu espelho.

Harry e Rony riram.

- Pelo visto vocês já descobriram pra que o espelho serve! Achei que demorariam mais! – Harry brincou.

- Pra falar a verdade tio, eu ainda não entendi muito bem! – Rose disse sincera, mas sem retirar os olhos da imagem do primo refletida no espelho.

- Eu tô com a Rose pai! Também não saquei muito a idéia desse espelho! Acho que sou lerdo! – o moreno brincou.

- Certo, então vou explicar! – Harry sorriu para os jovens – Rony e eu demoramos cerca de 1 mês pra reproduzir esse espelho! É uma réplica perfeita, de um, utilizado por dois caras, que assim como vocês, eram muito amigos!

- Quem eram? – Alvo perguntou curioso.

- Meu pai e meu padrinho, Sirius! – Harry respondeu, e de repente sentiu seu coração saltar, com a lembrança do dia que ganhou o espelho do padrinho, que nunca teve a oportunidade de usar.

- Como vocês dois são melhores amigos, Harry teve a idéia de recriar esse espelho, pra que pudessem conversar, mesmo a distância! – Rony falou com um sorriso no rosto – Por exemplo, se o Alvo estiver aqui e a Rose lá em casa, e quiser falar com ela, é só pegar o espelho e chamá-la.

- Uau, que legal! – Rose disse com um brilho nos olhos de excitação – Quer dizer que sempre que eu precisar do Alvo, ou vice-versa, e não puder estar com ele, terei como me comunicar!

- Exatamente! – Harry confirmou.

- Isso é um máximo! – Alvo disse.

- Sim! Mas sugiro que guardem segredo quanto a isso! Lily e Hugo com certeza vão implorar por um igual e perguntar porque não ganharam também! – Rony revirou os olhos.

- Pode deixar tio! Esse será um segredo só meu e da Ro! – Alvo garantiu.

- Ótimo! Agora vamos descer, antes que Molly se descabele e venha atrás de nós! – Harry disse e os quatro voltaram pra festa rindo.


Fim do Flashback



Rose encarou o espelho a sua frente, e em voz baixa chamou pelo primo, mas não obteve resposta. Então decidiu apelar.

- Alvo Severo Potter, se não me responder eu juro que arrombo a porta do seu quarto com um feitiço e te azaro sem piedade! – a ruiva ameaçou, completamente séria.

- Violência gera violência, alguém já te disse isso? – Alvo revirou os olhos e encarou a prima.

- Já, mas hoje foi necessário! – ela sorriu – Nossa, você tá péssimo!

- E queria que eu estivesse como? Caso não saiba, minha namorada terminou comigo e não me deixou explicar nada!

Rose suspirou e encarou os olhos verde-esmeralda do primo, através do espelho com um misto de tristeza e pena.

- Al, lembra quando eu vi o Scorpius e a Sophie se beijando? E do jeito que fiquei?

- Lembro!

- Aconteceu exatamente isso com a Ali! Só que no seu caso a coisa é um pouco pior, já que... Bom, é que...

- Minha fama de cafajeste não contribui muito pra coisa! É eu sei! – Alvo suspirou – Eu não sei o que faço! Mal dormi essa noite, e não tenho idéia de como arrumar essa confusão!

- Vou conversar com a Alice, e explicar o que aconteceu comigo! Talvez ela entenda e queira pelo menos te escutar!

- Faria isso por mim? – Alvo perguntou esperançoso.

- É claro que sim, seu tonto! – Rose mostrou a língua pra ele, e os dois riram – Agora vá se arrumar pro café e pro passeio a Hogsmeade!

- Eu não vou a Hogsmeade! – Alvo revirou os olhos.

Rose estreitou violentamente os olhos e o encarou com seu melhor olhar mortal. A ruiva teve a leve impressão de que o moreno arregalou os olhos, ao observá-la com aquela expressão.

- Alvo, eu não estou pedindo pra você ir se arrumar! Estou mandando! Então acho melhor você fazer tudo bem rápido, pois se não chegar ao Salão Principal em meia hora, eu venho pessoalmente, cumprir o plano de te azarar sem piedade, que havia dito no início!

- Pedindo com jeito, é impossível recusar! – Alvo brincou – Te vejo lá embaixo!

- Ok, vou indo que Scorpius tá descendo! Te amo!

- Eu também!

Rose guardou rapidamente o espelho na gaveta da mesa, quando ouviu a porta de seu quarto bater. Ela não precisava esconder aquilo de Scorpius, mas havia feito um pacto com Alvo, de que aquele seria apenas um segredo dos dois. Então, como detestava quebrar pactos, ela mantinha apenas isso escondido do loiro. Pretendia contar algum dia, sobre a forma que se comunicava com o primo, mas não estava com tanta pressa.

- Demorei? – Scorpius perguntou ao pé da escada.

- O suficiente pra eu ter a idéia de ir lá em cima te chamar!

- Ah, que pena então! Deveria ter ficado lá, e esperado sua visita! – o loiro sorriu e caminhou em direção a namorada, que agora estava encostada na mesa – Você está com muita fome?

- Não muito, por quê? – a ruiva perguntou confusa.

- É só pra saber se dá tempo de fazer uma coisinha...

- Que coisinha?

- Isso aqui! – Scorpius deu mais um passo em direção a namorada, passou o braço pela sua cintura e a beijou fervorosamente. Aproveitando o fato de que ela estava encostada na mesa, a levantou um pouco e a colocou sentada ali, para que a ruiva não precisasse se preocupar em ficar na ponta dos pés, enquanto o beijava.

Eles ficaram assim durante algum tempo, até que um pouco contrariada, Rose resolveu ouvir sua consciência, e se afastou do namorado, lembrando a ele que precisavam tomar café e que tinham uma visita à cidade de Hogsmeade pra fazerem.



***




Salão Comunal da Grifinória – 07h25min

Lily já estava de pé e completamente arrumada para o passeio em Hogsmeade. Com a mudança brusca no clima, a ruivinha se viu obrigada a vestir calça, casaco e botas, pra enfrentar o forte vento que soprava do lado de fora. Exceto por ela, a única companhia no quarto, agora, era Alice, que estava enfiada embaixo das cobertas e não parecia nem um pouco motivada a sair dali. Lily, inconformada, se aproximou da amiga e hesitou brevemente, antes de puxar a coberta de cima da cabeça da castanha e encará-la séria.

- Você não vai descer? – a ruiva perguntou.

- Não!

- E posso saber o motivo?

- Eu estou dormindo!

- Você não está dormindo! Está de pirraça, como uma criança de 5 anos de idade! – Lily continuou séria, enquanto falava com a amiga, e ignorava por completo, todos os protestos e reclamações que ela fazia – Você não pode se esconder pro resto da vida embaixo de um edredom, Alice Huntington!

- Eu não estou me escondendo! – Alice se sentou na cama e seu tom de voz era completamente transtornado – Só não quero descer, tá bom?!

- E pretende fazer o que? Ficar aqui o dia inteiro e desmaiar de fome?

- Essa é uma boa opção, e até onde eu saiba, é direito meu escolher ou não! E eu escolho ficar!

- Quer saber? Faça o que quiser! – a ruiva disse cansada – Se quiser se esconder aqui o final de semana inteiro pra não encontrar o Alvo, faça isso!

- Eu não estou me escondendo do Alvo! Nem todas minhas decisões giram em torno dele, e pro seu governo, seu irmão não é mais assunto meu! Eu não me importo de cruzar com ele!

- Então prove e vá, pelo menos, tomar o café da manhã!

- Luna você é impossível sabia?! – Alice revirou os olhos – Eu vou, só pra te provar que não me importo de trombar com o Potter, mesmo ele tendo feito o que fez!

- Ótimo, te espero no salão em 15 minutos, então melhor se apressar! – Lily disse satisfeita, ignorando o fato da amiga ter lhe chamado pelo segundo nome, deu as costas e saiu do dormitório.

Alice bufou de raiva, atirou as cobertas pro lado e se levantou da cama, muito contrariada. Não queria, de forma alguma, deixar Lily ou qualquer outra pessoa achar que não queria descer, porque não queria encontrar com Alvo, embora essa fosse a verdade... Alvo... Só o nome dele era capaz de fazer o coração da castanha saltar e seu estômago ter calafrios. Todas as palavras ditas, todos os momentos juntos, agora, não lhe traziam nada além de uma tristeza profunda.

Uma fina lágrima percorreu o rosto da jovem ao se lembrar da cena que presenciou no dia anterior. Jamais ela podia imaginar que Alvo faria uma coisa assim. Ele, que costumava dizer a ela que garotas como Jude, Sam e tantas outras, não serviam pra nada a não ser dar dor de cabeça, e que sua maior alegria era saber que Alice não era como elas, que era diferente... As palavras do moreno ainda ecoavam em sua cabeça, e ela podia escutar perfeitamente a voz tranqüila e gentil dele.

“Você é especial! Não é como as outras meninas que só querem diversão e não se importam se podem ferir os sentimentos de alguém! Pessoas como você são únicas. São jóias raras que nós encontramos apenas uma vez, e se perdermos, é praticamente impossível achar igual... Alice, foi esse seu jeito meigo que me encantou, e eu nunca, nunca mesmo, vou magoar você! E antes que você pense, eu também nunca te trocaria por garotas como elas...”

Garotas como elas, Alice repetiu mentalmente as últimas palavras, e uma idéia completamente louca, surgiu em sua mente, e ela pretendia colocar em prática já.



***




Salão Principal – 08h00min

As conversas ansiosas e eufóricas ecoavam das quatro mesas dispostas no salão principal. A felicidade dos alunos por finalmente fazerem seu primeiro passeio do ano a Hogsmeade era notável. Com exceção dos alunos do 1º e 2º ano, os outros faziam planos para quando chegassem à cidade.

Até os professores pareciam um pouco satisfeitos com a felicidade que emanava naquele local. Eles, assim como os alunos, sabiam que aquele passeio serviria pra recarregar as energias, para mais uma semana cheia de trabalhos e deveres complicados para se fazer.

Rose e Scorpius entraram no salão de mãos dadas e caminharam direto para a mesa da Sonserina, onde Vincent já se encontrava, e pra surpresa do casal, estava desacompanhado.

- Onde está Sophie? – Rose perguntou distraída, enquanto se sentava ao lado do namorado.

- Disse que já voltava! Ela esqueceu o cachecol no quarto, e, alegando o fato de que eu não gostaria de namorar uma pedra de gelo, voltou pra buscar! – Vincent respondeu divertido – Eu ainda tentei convencê-la de que namorar uma pedra de gelo pode ser uma boa idéia, principalmente quando está calor, mas ela não me ouviu e voltou correndo!

Os três riram e se voltaram para a comida que estava a sua frente. Rose ainda tentou sair dali e ir para mesa da Grifinória, se juntar aos primos, mas foi impedida pelo namorado, que com um olhar pidão, pediu para que tomasse café junto com ele.

- Eu acho que a Sophie foi tricotar esse cachecol, não é possível! – Vincent disse impaciente – Eu vou...

- Uau, mais uma notícia no “Elite de Hogwarts” – a voz de um garoto, provavelmente, novato, ecoou por todo saguão – A Garota Misteriosa não perde tempo mesmo!

Poucos instantes depois do anúncio do garoto, Sophie apareceu a porta do Salão com um grande sorriso no rosto, e caminhou até onde os amigos e o namorado estava. Vincent, Scorpius e Rose trocaram olhares suspeitos, mas ela pareceu não reparar.

- Onde estava amor? – Vincent perguntou, tentando esconder a curiosidade.

- Fui buscar meu cachecol! – a loira disse descontraída.

- E por que não está com ele?

- Bom... Eu não o achei! – Sophie deu de ombros e pegou uma torrada.

Houve mais uma pausa, em que os amigos se entreolharam.

- A Garota Misteriosa atacou de novo, sabia?

- Aham! – ela respondeu, enquanto se servia de suco – Mas, não foi nada tão grandioso!

- E como sabe disso?

- O que é isso? Um interrogatório? – a loira perguntou na defensiva – Acho que preciso de um advogado então! – foi só então, que Sophie olhou para o rosto de Rose e Scorpius, e percebeu que eles a encaravam de forma muito suspeita – O que foi hein? Falem de uma vez!

Scorpius e Rose se encararam. A ruiva não iria dizer o que estava pensando, então o rapaz se viu obrigado a abrir o jogo com a amiga.

- Olha Sophie... Não leva a mal, nem nada, mas é que... Bom, você disse que havia voltado pra pegar o cachecol! – Scorpius procurava pelas palavras certas, na intenção de não magoar a menina – No entanto, você volta sem ele e depois de dias, a Garota Misteriosa, aparece, com uma notícia, que segundo você, nem é tão importante assim!

Sophie nessa hora riu. Por algum motivo, as palavras de Scorpius a fizeram sentir uma enorme vontade de gargalhar.

- Deixe-me ver se entendi bem... – ela fez uma cara de pensativa – Segundo a teoria de vocês, eu sumi pra buscar o cachecol, voltei sem ele e nesse meio tempo, a Garota Misteriosa apareceu, certo? Então, a tese que deve estar martelando nessas cabecinhas ocas, é a de que eu seja a escritora! – ela riu mais uma vez – Não que isso seja uma coisa difícil de se pensar, talvez mentes menos criativas que a de vocês poderiam chegar a mesma conclusão. Entretanto, eu teria que ser bem rápida para correr até o Salão Comunal da Sonserina, ser vista por metade dos alunos, procurar meu cachecol, dar instruções aos novatos, falar com Slughorn e ainda escrever uma matéria... Bom, a não ser que eu seja a Super Girl ou qualquer outra super-heroína trouxa, acho que acabo de quebrar a tese de vocês! O que realmente me parte o coração, já que seria bem interessante, escrever em um jornal que fala mal de metade dos alunos e depois xingar a autora, que supostamente, seria eu!

Vincent, Scorpius e Rose pareciam que tinham perdido a fala. E Sophie não se deixou intimidar, pela expressão culpada nos rostos deles.

- Sabe o que mais me surpreendeu nisso tudo? – ela continuou usando seu tom calmo e sorrindo, como se aquilo tudo não passasse de uma piada – É que vocês, me conhecendo tão bem, realmente pensaram que eu seria capaz de ser autora de um jornal que vai contra todos meus princípios e ainda por cima, faz pouco caso da minha inteligência! – a loira deu de ombros – Acho que vou esperá-los lá fora, e se por acaso, alguma notícia aparecer em seus pergaminhos, acreditem, é apenas coincidência! – Sophie se levantou, e antes mesmo que seu namorado ou amigos pudessem falar alguma coisa, saiu do salão principal.

Os três amigos abaixaram a cabeça, envergonhados e o silêncio que se seguiu, foi digno de um velório.

- É... Eu acho que essa foi a tese mais inútil que nossas mentes pouco ativas puderam criar! – Vincent comentou – Vou atrás dela!

- Nós vamos com você! – Rose disse já se colando de pé.

- Mals aí Rosecreide, mas você e o Scorpius podem falar com ela depois! Acho que no momento, ela está mais brava comigo! Afinal, o noivo aqui sou eu! – Vincent sorriu para os amigos e saiu em busca da loira.

Rose e Scorpius apenas suspiraram, e continuaram tomando seu café da manhã.

Pouco tempo depois da pequena “confusão” que se seguiu, Alvo entrou no salão, e grande parte das cabeças do lugar, se viraram pra ele, com expressões avaliativas. O moreno apenas revirou os olhos, e com as mãos no bolso, seguiu em direção a mesa da Sonserina, atendendo a um aceno frenético de Rose, que o chamava.

- Bom dia! – ela disse, assim que engoliu o bolo – Como você tá?

- Quer a verdade ou prefere que eu minta? – Alvo brincou, mas sua tentativa de ser engraçado foi péssima – Podemos dizer que ainda estou vivo, o que, em minha opinião, já tá de bom tamanho.

- Eu sinto muito pelo ocorrido cara! – Scorpius disse sincero – Se puder fazer alguma coisa pra ajudar!

- Valeu, mas ninguém pode! – Alvo suspirou – O único que pode resolver isso sou eu! Além do mais...

Alvo foi interrompido, por uma onda de cochichos a respeito de alguém que tinha acabado de entrar no salão. Foi com certa relutância, que ele virou seu rosto para a porta, e o que viu, fez com que seus olhos se arregalassem de espanto. A pessoa que havia entrado no salão, era a menina mais bonita que seus olhos julgaram ver. Vestia calça jeans escuro, apertada; calçava botas pretas, por cima da calça; usava um casaco de gola alta branco e por cima um sobretudo preto, que contrastava perfeitamente com sua pele incrivelmente branca. Os cabelos da menina estavam presos em um rabo de cavalo frouxo, com alguns fios caindo pelo seu rosto. Seus olhos tinham uma maquiagem um pouco mais escura, enquanto nos lábios, ela usava apenas um gloss. Todo espanto de Alvo, se tornou surpresa e admiração, quando percebeu, que aquela menina, era ninguém mais, ninguém menos, que Alice.

- A... Aque... Aquela é... Aquela é a Alice? – Alvo gaguejou, sem tirar os olhos da menina, que agora caminhava com uma enorme elegância até a mesa da Grifinória.

- Parece que sim! – Scorpius respondeu, tão surpreso quanto o amigo – Ela tá tão...

- Linda! – Rose completou a frase – Não que ela não fosse bonita antes, mas a Ali tá... Como posso dizer...

- Sexy? É, está! E isso sem dúvida está mexendo com metade dos hormônios masculinos desse salão! – Alvo disse entre os dentes, quando observou que grande parte dos meninos encarava sua ex-namorada, com um olhar de cobiça – Eu preciso dar um jeito nisso!

- Alvo, não vá fa... – antes mesmo da prima completar a frase, Alvo já havia se levantado e caminhava em passos largos em direção a mesa da Grifinória. Sua expressão furiosa espantou metade dos novatos que estavam próximos ao local, mas ele não se importou com isso e se sentou ao lado da ex.

Alice nem se quer ergueu os olhos de seu prato, ao perceber a presença do moreno ali. Ao contrário disso, ela agiu como se o banco continuasse vazio, e como se ninguém estivesse comentado sobre ela pelas suas costas.

- Posso saber o que é isso? – Alvo perguntou seco, encarando a menina.

- Está falando comigo? – Alice falou tranquilamente, mas ainda sim se recusava a encará-lo.

- Acho que sim! Já que estou encarando você! – o moreno disse – Aliás, eu ficaria bem feliz se você também me encarasse! – com uma das mãos, ele segurou o rosto da menina e a obrigou que o olhasse.

- Será que você pode me soltar? – Alice afastou a mão do rapaz e o encarou furiosa – Se não estava olhando pra você, era porque não queria ter que ver a falta de vergonha estampada na sua cara, ao vir falar comigo depois de tudo! Mas, eu vou responder sua pergunta! – ela sorriu maliciosamente – Isso – ela apontou pra si – é a nova Alice, e acho bom se acostumar a me ver dessa forma, queridinho, pois cansei de ser idiota!

- Por quê? Quero dizer... Eu sei que não quer acreditar em mim, e não quer conversar comigo, mas Alice você não precisa se vestir com elas pra ser diferente!

Alice riu e sua risada saiu seca e fria.

- Engano seu se pensa que eu apenas me vestirei como elas!

- O que quer dizer?

Alice sorriu novamente e se aproximou de Alvo, até que suas bochechas estivessem praticamente coladas.

- Eu vou ser como elas! – a castanha sussurrou – Chega de ser a santa! A partir de hoje, eu quero conhecer o outro lado da história! E afinal de contas, preciso de diversão também! – ela se afastou para encarar Alvo e analisar sua expressão. Seu coração ficou apertado ao encontrar nos olhos do rapaz choque e dor. Mas ela não iria cair nessa novamente, não depois que ele a traiu.

- Alice...

- Já que você fez questão de estragar meu café da manhã e já está avisado, vou lá pra fora! – a castanha se levantou – Te vejo em Hogsmeade! – ela disse e saiu do salão.

Quando teve certeza que estava fora do alcance da visão de todos, a menina correu e se enfiou na primeira sala que encontrou e fechou a porta. Então, ela permitiu que as lágrimas viessem e encharcassem sua face, numa tentativa desesperada de se livrar da dor que a consumia.

- Não seja estúpida! – ela disse pra si, tentando se convencer – Ele te traiu e você não pode sentir pena dele por estar dando o troco! Alvo merece isso e muito mais, e você está proibida de desistir agora!



***




Não demorou, para que Vincent encontrasse Sophie no pátio da escola, observando o horizonte, aparentemente perdida em pensamentos. Sentiu uma pontada de culpa, ao vê-la assim, pois sabia que parte da sua chateação se devia ao fato de ter desconfiado que ela seria a suposta Garota Misteriosa. Lentamente o moreno caminhou até ela, com as mãos nos bolsos, maquinando algum pedido de desculpa.

- Estou chateada com você Vincent e acho que não é uma boa idéia que fique aqui! – Sophie disse, antes mesmo que o rapaz parasse ao seu lado.

- Bom... Olhando assim de longe, você não me parece muito chateada! – Vincent se aproximou mais da menina – Meninas costumam chorar quando estão chateadas, e você não está chorando...

Sophie riu.

- Eu não sou uma mangueira ambulante pra ficar vertendo água o tempo inteiro! – ela deu de ombros – E além do mais, é mais fácil eu chorar por ter chateado você, do que ao contrário.

Vincent engoliu em seco e andou um pouco mais, até que parasse em frente a namorada.

- Me desculpe! – o moreno sussurrou e ergueu uma das mãos para tocar o rosto da jovem – Eu fui um idiota!

- É, você foi!

- Acho que mereço um castigo por isso!

- Sim! Mas enquanto eu penso em um que seja bastante cruel, por que não cala essa boca e me beija de uma vez? Tô começando a ficar muito irritada com toda essa distância!

Vincent sorriu e deu mais um passo em direção a namorada. No momento seguinte, passou um dos braços pela cintura dela, a trouxe para perto de si e a beijou carinhosamente. Aquele, sem dúvida, era um pedido de desculpas bem convincente.



***




Cidade de Hogsmeade – 09h00min

O vento que soprava e o frio que fazia não pareciam diminuir em nada o ânimo dos alunos que visitavam a cidade. Todas as lojas estavam lotadas de jovens que iam e vinham com seus objetos recém-comprados, mas sem dúvida, as lojas de mais sucesso eram a Dedosdemel e a filial da Gemialidades Weasley, que estava crescendo tão rapidamente, que Jorge tinha pretensão de abrir filiais fora do país.

A animação que emanava dos alunos era tão contagiante, que até pessoas mal-humoradas como Aberforth Dumbledore, esboçavam sorrisos, quando alguns jovens (no geral membros da família Weasley/Potter), entravam no Cabeça de Javali, apenas para cumprimentá-lo.

Tudo poderia estar perfeito, se não fosse o fato de que alguns acontecimentos recentes estivessem mexendo com os ânimos dos alunos. O término de Alvo e Alice; a mudança repentina da jovem; a obsessão de Michael por Dominique; a recente briga – agora já resolvida – entre Vincent e Sophie; e algumas outras idiotices comentadas pelo jornalzinho “Elite de Hogwarts”, faziam a maioria dos integrantes da Elite e os que sonhavam em um dia pertencer a esse seleto grupinho, comentarem impacientes a respeito dos problemas.

- Acho que vou dar uma volta! – Alvo anunciou, quando ele e os amigos pararam em frente ao Três Vassouras.

- Por que não entra e bebe alguma coisa conosco? Assim você se distrai e...

- Não Rose, é sério! Eu não tô com saco pra ficar ouvindo cochichos sobre minha vida particular e muito menos pra ficar vendo o entusiasmo dos alunos do 3º ano, por estarem vindo em seu primeiro passeio na cidade! – Alvo revirou os olhos – Não se preocupe daqui a pouco eu apareço!

Dizendo isso o moreno deixou os amigos pra trás e foi caminhar pelas ruas da cidade. Embora estivesse frio, sua cabeça estava fervendo com pensamentos e lembranças dolorosas. Tudo em sua vida havia mudado tão rápido... Num dia, ele estava feliz, namorando a garota que julgava ser perfeita pra ele... No outro, tudo havia desmoronado e Alvo se via sozinho, tendo que sentir aquela dor da perda queimando em seu peito...

As lembranças agora pareciam tão distantes, que o moreno Potter poderia dizer que fizeram parte da vida de outra pessoa, ou até mesmo, que havia sido um sonho... Alice era tudo que ele sempre havia imaginado. Não que antes Alvo tivesse perdido muito tempo pensando em como seria quando encontrasse a garota certa, e muito menos planejando uma vida a dois com alguém, mas por vezes, quando imaginava estar com alguém, a visão de uma garota meiga e gentil, invadia sua mente, e agora ele entendia o motivo: a garota era Alice!... Na época ele não sabia que a “garota dos seus sonhos”, sempre esteve ao seu lado, apenas esperando que ele a notasse e dissesse “eu estou aqui pra você agora!”.

Enquanto caminhava, Alvo se amaldiçoava intimamente, por cada segundo que perdeu, buscando se divertir com outras meninas, enquanto a única que realmente lhe interessa, estava sofrendo em silêncio, por seu comportamento idiota.

- Se ao menos eu soubesse naquela época... – ele disse para si, mas logo em seguida, a voz de Alice invadiu sua mente, lhe lembrando do que ela havia dito a respeito dele saber de seus sentimentos.

- Você o que? – finalmente a castanha se virou para encarar Alvo – Deixaria de ser um cafajeste e passaria a me dar atenção? – ela deu uma risada seca – Faz-me rir, Severo! Você não iria levar em consideração! Talvez viesse com um discurso lindo, de como sou querida e que gostava de mim como irmã! Mas não mudaria sua forma de agir, por saber que eu era apaixonada por você!

Os olhos de Alvo ardiam, diante das lembranças e a dor em seu peito parecia aumentar consideravelmente, enquanto pensava. Sentia vontade de gritar para se livrar da mágoa que o invadia, mas sabia que isso não adiantaria. Gritar, xingar, se descabelar, não traria Alice de volta... E ela era o único remédio pra sua dor. A única cura pra sua doença repentina.

Ele caminhou mais alguns passos até se livrar das ruas movimentadas da cidade. Sua mente não sabia exatamente pra onde ia, mas seus pés o guiavam pra um local afastado, que o desse um momento de paz, para esfriar a cabeça e colocar os pensamentos em ordem...

Alvo, porém, se arrependeu amargamente de caminhar pra longe da cidade, quando viu a cena que se seguia, um pouco afastado do bar Cabeça de Javali. Se antes a dor da perda o dilacerava, agora ele se sentia completamente mutilado. Seu coração parecia ter parado e voltado a bater violentamente em seu peito, quando há alguns metros de distância, Alice e, ninguém mais, ninguém menos, que Robert Levesque, trocavam beijos pra lá de comprometedores. A primeira coisa que sentiu vontade de fazer foi correr até lá, para acabar com aquela cena. Mas se controlou, e decidiu esperar e acompanhar aquela cena, para ver até onde os dois chegariam.

Ver Alice com outro o machucava como se mil facas estivessem atravessando seu corpo... Ou talvez não! Com certeza não! A dor de ver sua amada com outro o torturava, o queimava, o matava... E mesmo assim, ele não conseguia se mover. Talvez porque esperasse que aquilo não passasse de uma peça pregada por sua imaginação, ou então porque embora soubesse que era real, não conseguia se convencer... Mas aquilo era o que menos importava! Na verdade, nada mais importava pra Alvo naquele momento. Nada mais havia significado pra ele...

Depois, do que pareceram horas, Alice e Robert se separaram e com certa surpresa, notaram a presença de Alvo ali. Robert apenas riu, e Alice ficou corada até a raiz dos cabelos. Alvo não demonstrou nenhuma emoção.

- E aí Alvo! Tudo bem? – Robert sabia que estava brincando com fogo, mas era inevitável deixar de zombar com Alvo, quando há algum tempo, o moreno havia interrompido o beijo que trocava com Alice.

- Tudo, mas pelo visto, você parece bem melhor! – Alvo deu um meio sorriso e encarou Alice – Vejo que fez valer o seu aviso no café da manhã... Sobre ser como elas!... Interessante que pra uma iniciante, você pegou as coisas bem rápido!

- Robert, me deixe a sós com Alvo, por um instante! – Alice pediu, sem desviar do olhar de Alvo.

- Como quiser gata! Mas não demore, eu sinto sua falta! – Robert deu seu melhor sorriso canalha e passou por Alvo com uma expressão vitoriosa.

Alice abaixou a cabeça e caminhou até Alvo, completamente desconfortável. Sabia perfeitamente que não devia satisfações ao moreno, mas vê-lo ali, observando tudo, quando mais cedo seu olhar implorava para que ela desistisse e voltasse pra ele, era algo que ela não podia suportar.

- Alvo, eu... – Alice tentou explicar, mas logo foi interrompida pelo ex.

- Hei, pode parar! Você não tem que me dar explicação de nada ok?! A vida é sua, faça dela o que bem entender! Saia com os caras que desejar e seja feliz, se isso for possível! – Alvo sorriu, e se virou para sair. Falar com Alice era pior do que havia imaginado.

Alice balançou a cabeça pra frente e pra trás rapidamente. Ela havia ouvido bem? Alvo realmente não se importava com o fato dela estar com outro? Não! Não podia ser isso, pois se fosse, seus esforços de se vingar eram inúteis e isso significava... Significava que ele nunca sentira nem atração por ela, o que, definitivamente, era muito pior.

- Alvo, espere! – Alice ordenou e ao ver o rapaz parar, sem se virar, correu até ele e puxou seu braço – Isso tudo... Nada disso afetou você? Quero dizer, você... Você não se importa? Não liga se eu sair por aí e ficar com outros garotos? Não liga mesmo pro que eu faço ou deixo de fazer?

Alvo encarou a menina profundamente e por um momento, sentiu repulsa por ela. Aquela Alice vingativa e tão cheia de insinuações, não era sua Alice meiga, gentil, amável...

- Quer que eu seja sincero?

- É claro!

- Ok, mas isso vai te machucar! – ele avisou.

- Nada mais pode me machucar!

Alvo analisou a expressão da castanha e em seguida suspirou.

- Sabe quando você faz um corte profundo em sua mão com uma faca? – ele perguntou e ao vê-la fazer um sinal positivo com a cabeça, prosseguiu – Então, pegue essa faca e junte a mais 999. Depois, imagine cada uma delas, entrando em seu corpo, lentamente, lhe causando uma dor tremenda e ao mesmo tempo lenta! Você pode imaginar isso? – ele respirou fundo – Pois bem, toda essa dor não chega perto da que eu senti, quando te vi com o Levesque! – ele deixou seus ombros caírem, num sinal de rendição – Mas tudo bem! Você queria saber se eu me importo, e agora já sabe que sim!

- Eu...

- Não me interrompa, ainda não terminei! – ele disse seco – Enquanto eu caminhava, procurava de alguma forma encontrar um jeito pra reparar um erro, que não foi meu! Queria encontrar um jeito de te explicar o que aconteceu com a Jude no vestiário... Dizer que ela veio com um papo de que queria me ver, e do nada se atirou em meus braços, bem na hora que você entrou... Eu estaria disposto até, se fosse preciso, a mostrar minhas lembranças a você! Nem que eu tivesse que revirar a cidade atrás de uma penseira e te mostrar o que havia realmente acontecido!

Houve uma pausa, em que os dois se encararam. Então Alvo retomou a palavra.

- Quando você me disse que seria como elas, eu imaginei que levaria certo tempo, e que reconsideraria a idéia, mas pelo visto... Bom, pelo visto você gostou do visual sexy e da forma como as pessoas te desejam, e resolveu colocar seu plano em prática! – Alvo deu uma risada seca – Ai, ai, mas como disse essa agora é sua vida! Mas, acho que o que realmente quer saber, é se sua atitude me afetou... E a resposta é sim! Você conseguiu me machucar agindo assim, e eu me pergunto se está feliz, sabendo que conseguiu acabar com a parte de mim que ainda acreditava ser possível te mostrar a verdade...

Alice tentou controlar, mas as lágrimas venceram a disputa com sua parte racional que a proibia de chorar na frente de Alvo, e escorreram por seu rosto.

- Você... Oras, a culpa disso é sua! – Alice disse histérica – Se você não... Se você não tivesse me traído, nada disso estaria acontecendo, e...

- Pode parar por aí Alice! – Alvo agora mantinha uma postura dura – Se eu realmente tivesse te traído, eu não seria canalha a ponto de negar e correr atrás de você como imbecil! Aliás, se por algum momento tivesse passado pela minha cabeça trair você, eu terminaria muito antes de fazer! – ele continuava duro com as palavras, sem se importar que a menina chorava – Acho que me conhece o suficiente pra saber que não sou do tipo que brinca com as pessoas! Se eu a pedi em namoro, foi porque eu realmente a amava e acreditava que você era a garota certa!... Mas agora eu vejo que estive enganado sobre isso!

- Como assim “esteve enganado”? Você descobriu que não me ama?

Alvo riu da pergunta da menina.

- Não! Não quis dizer isso! Infelizmente eu acabei descobrindo que te amo ainda mais do que eu imaginei, porque só isso pode explicar a dor que eu tô sentindo agora! Mas, felizmente, descobri a tempo que você não é a garota certa, e que eu preciso deixar isso passar com o tempo, e não me apegar a lembranças, que me farão sentir ainda pior! Você não merece meu amor, Alice Huntington!

- Eu não mereço seu amor? – Alice se revoltou – É você quem não merece o meu amor! Você é quem faz as coisas erradas! Tudo bem que a Jude tivesse se jogado em seus braços, mas você poderia ter se livrado dela facilmente não? Você poderia evitar situações como essa, você... Quer saber? Esquece, você não merece saber o que eu sinto e os motivos que me levaram a tomar essas atitudes! – ela apontou pra si, se referindo da forma que se vestia e por ter estado com Robert.

- Você ama de uma maneira estranha Alice... Você tenta se vingar da pessoa que ama, e isso não é uma coisa tão... Normal! Mas não se engane a respeito das suas atitudes! Não fui eu que a fiz mudar, foi você mesmo que quis! E eu vejo em seus olhos que não parece arrependida por ter feito isso... Por ter me machucado!

- Não! Não estou arrependida! Pelo menos agora você sabe exatamente como eu me senti, quando te vi com aquela menina!

- Eu não precisava que ficasse com outro pra saber como se sentiu... Eu pude sentir sua dor, assim que olhei em seus olhos! Mas, como eu disse, é passado! Você escolheu seu caminho, agora eu preciso arrumar o meu!

- E o que vai fazer? Voltar pra sua vida de pegação?

- Quem sabe?! Essa é uma opção muito tentadora... Mas é preciso pensar!

- Ótimo! Volte pra sua vida e fique com todas... Eu vou continuar na minha! – Alice sorriu – Quem sabe até, nós possamos aproveitar um dia juntos!

Alvo a encarou e sentiu uma enorme repulsa pela jovem a sua frente.

- Não se engane Alice! Quando eu digo que posso voltar a minha vida antiga, não incluía ficar com meninas como você!

- Pretende ficar com quem? Meninas santas e castas?

- Não! Meninas como Sam e Jude são uma boa opção pra essa vida de vadiagem!

- Achei que agora você me considerasse como elas!

- Como elas? Por favor, você as superou no aspecto repugnância! – Alvo balançou a cabeça – Sam, Jude e as outras são o que são, e não fingem pra ninguém! Elas também não se escondem embaixo de uma capa de falso sofrimento pra tentar justificar a escolha de seguirem uma vida de curtição! Agora você... Olhe pra você Alice! Tão baixa, tão suja, tão... Eu vou parar por aqui, pra não ser tão cruel!

- Não acha que já foi cruel o suficiente? – ela perguntou num fio de voz.

- Não tanto como você foi comigo! – ele respondeu – E além do mais, se é pra curtir, que seja com alguém que não significou ou significa algo em minha vida, não é?!

- O que quer dizer?

- Entenda como quiser! – Alvo deu de ombros e se virou para ir embora. Se ficasse mais um segundo ali, perderia seu alto controle e deixaria as emoções falarem mais alto que o necessário.

Alice caiu de joelhos onde estava e desatou a chorar, como uma criança perdida e desconsolada. Aquilo havia sido mais difícil pra ela do que imaginava, mas agora estava feito. Alvo estava ferido, e ela não podia voltar atrás em sua decisão.



***




As ruas de Hogsmeade estavam cheias, e Dominique passeava por elas, sozinha, já que sua prima e melhor amiga, Molly, tinha ido com um rapaz da Corvinal, até a casa de chá da Madame Puddifoot. A loirinha também tinha sido convidada para o local, mas preferiu dar privacidade ao, quem sabe, futuro casal, e andar pela cidade só.

Apesar do frio e do vento soprando seu cabelo loiro para todas as direções, Dominique preferia caminhar, ao invés de ficar dentro de um pub tomando cervejas amanteigadas. A loira só parou, quando estava próxima a casa dos gritos, e ficou ali admirando o local que já foi palco de diversas histórias.

Pouco tempo depois, Michael – que caminhava pelas ruas, sem destino certo – avistou a loira parada próxima a uma árvore. Sorriu, ao ver que ela estava sozinha e decidiu se aproximar, como quem não quer nada, só pra testar sua reação.

- Pequena Weasley, o que faz aqui sozinha? – o Sonserino sussurrou, a poucos passos de distância da jovem.

- Admirava a paisagem, mas com sua chegada, o ar e as figuras ficaram totalmente desagradáveis! – Dominique respondeu seca – Mas, a pergunta correta seria: o que você faz aqui? Será possível que vai me perseguir até no passeio escolar?

Michael riu e parou ao lado da menina, com uma expressão que mesclava diversão e falso desinteresse.

- Não sei por que está tão na defensiva! Eu estava passando, e a vi aqui... Só queria saber o que estava aprontando! – ele fingiu-se de inocente.

- Ah, por favor! Poupe-me desse discursinho barato! Até aonde me lembre, você não se importa com nada que eu faça, e mesmo que fosse o contrário, deveria saber que eu não lhe daria satisfações! – Dominique falou seca e se virou pra ir embora. Não chegou a dar um passo, quando a mão de Michael se fechou ao redor de seu braço e a trouxe para perto de si – Quer fazer o favor de me soltar?

- Por que a pressa? Fique para nós conversarmos! Eu gostaria de ter uma companhia... – Michael deu seu melhor sorriso canalha e a encarou, esperando pela sua reação.

Dominique apenas riu e sustentou o olhar do rapaz, sem se intimidar. Ela nunca foi uma pessoa covarde, e não seria um sonserino metido a besta que a faria recuar.

- Você pensa que é muito esperto, não é Carter? – o tom de Dominique era irônico, e Michael se viu surpreso com o jeito da menina – Acha mesmo que eu não sei o tipo de jogo que está tentando fazer comigo? Toda essa aproximação repentina, essa “perseguição”... Você acha mesmo que eu sou idiota a ponto de não entender o que quer? – ela riu – Por favor, seja inteligente uma vez na vida! Você acha que consegue seduzir todas as garotinhas, acha que pode fazer com que qualquer uma se apaixone por você e depois se juntar a seus amigos ridículos no salão comunal e rir das pobres coitadas que ficaram suspirando por você!... Agora, sinceramente, você acha que vai fazer isso comigo? Acha mesmo que eu, Dominique Weasley, sou o tipo de garota indefesa, que quando vê um belo sorriso se derrete toda e faz o jogo que você quer? – ela não esperou resposta e completou – Não! Eu não sou esse tipo de garota e você sabe bem, Carter!

Os dois se encararam por um breve momento, e ela prosseguiu.

- E é por eu não ser esse tipo de garota, que você me persegue! – Dominique concluiu – Você me vê como um grande desafio, como uma espécie de prêmio! E é só por isso que você quer jogar comigo! Quer ter sua “honra” lavada, e quer provar, não só para seus amigos, como também pra você, que eu não vou ser diferente das outras e não vou arruinar seus planos de cantar vitória aos quatro ventos! – a loira riu secamente e o encarou séria – Você é o típico garoto egoísta, que pensa que consegue tudo que quer sem fazer o menor esforço! Mas vou lhe dizer uma coisa Carter: você não vai me ter! Então, pode começar a chorar ou a se sentir um derrotado, pois esse jogo você perdeu!

- E como pode ter tanta certeza assim Weasley? – Michael puxou a menina para mais perto de si, e a encarou profundamente – Como pode saber que você não vai perder esse jogo e no final das contas terminará como as outras?

- Simples: a outra parte jogadora sou eu! – ela respondeu – Você pode me beijar, como eu sei que fará dentro de alguns instantes; pode fingir uma eterna mudança; pode usar de todas as táticas que conhece pra esse jogo... Mas eu sempre vou saber quem é você e qual é seu objetivo, e nem que um feitiço apague minha memória, eu vou cair em seus braços!

Como Dominique havia previsto, Michael segurou firme seu rosto e a beijou de forma nada gentil. A raiva que havia dentro de si, pelas palavras que ela tinha dito, era passada naquele beijo. Ele não se importava se estava machucando ela, ou se machucando. A única intenção de Michael era provar pra ela, e para si, quem seria o vencedor daquele “jogo”.

Dominique não lutou contra os braços do Sonserino. Pelo contrário, de alguma forma, ela tentava demonstrar a ele que não sentia medo do que estava por vir, e que não importava o quanto ele o perseguisse, ele nunca iria tê-la. Ela estava segura de quem venceria o jogo, e tinha certeza absoluta de sua decisão... Passado algum tempo, suas mãos saíram do pescoço de Michael e alcançaram a nuca do rapaz, onde ela agarrou um punhado de seu cabelo e puxou o obrigando a se afastar de si.

- Como eu disse... – ela disse ofegante – Não tenho medo de seu jogo e das suas regras! Mas, é melhor você se preparar pra perder, Carter! – ao final dessas palavras, Dominique saiu dos braços do rapaz e se afastou, voltando novamente para as ruas movimentadas de Hogsmeade.



***




Alvo só percebeu onde estava, pois ouviu o tumulto vindo de dentro do pub Três Vassouras. Sem pensar duas vezes, ele praticamente chutou a porta do local e entrou com uma expressão assassina no rosto. Parou no meio do bar, sem se importar com as pessoas que o encaravam curiosos, e vagou com o olhar a procura de alguém. Assim que seus olhos encontraram o que procurava, ele caminhou em passos largos até a mesa em que a pessoa estava, e sem nenhuma gentileza a puxou pelo braço e a colocou de pé.

- ISSO, É PRA VOCÊ GAROTA MISTERIOSA, TER O QUE COMENTAR ATÉ O FIM DA PRÓXIMA SEMANA! – ele gritou pra quem quisesse ouvir e em seguida, beijou Sam, da forma mais indecente e furiosa que pôde.

Vários cochichos e risinhos se espalharam pelo pub naquele instante. Ninguém parecia muito se importar em ser discreto com os comentários, já que o próprio Alvo não parecia se importar com o que estava fazendo.

Próximos a cena, Scorpius, Rose, Vincent e Sophie estavam com olhos arregalados de espanto. Vincent, que estava bebendo uma cerveja amanteigada, engasgou e cuspiu tudo, ao presenciar aquela cena. Há algum tempo atrás Alvo estava triste pela separação, e agora estava aos beijos com outra. Definitivamente, ele deveria ter uma explicação.

Quando Alvo encerrou o beijo que dava em Sam, a soltou como se fosse um objeto sujo e a encarou de forma furiosa.

- Eu sei o que você fez pra me separar da Alice! – Alvo sussurrou próximo ao ouvido da loira, que apenas sorria – Eu sei que Jude foi lá porque você pediu e sei que não iria sossegar até que conseguisse seu objetivo!

- Eu sou uma ótima jogadora, meu bem!

- Sim, e uma perfeita idiota também! – Alvo riu seco – Você pode ter me separado dela, mas isso não vai me fazer ficar com você!

- Parece que eu já te tenho!

- Não! O que você ganhou foi um beijo, sem nenhuma emoção boa! Sem nenhum sentimento, mas a mim, você nunca vai ter, pois eu nunca vou amar uma vadia como você!

- Então porque me beijou?

- Pra ter a minha vingança pessoal!

- Vingança? Eu não entendo!

- Já vai entender então! – Alvo riu, se afastou de Sam e a encarou – Definitivamente, você é péssima nisso! Assim como é péssima em tudo que faz! – ele disse em alto e bom som – Tá aí! Você ansiava tanto por um beijo meu, desde que “terminamos”, e pronto, você o teve... Embora eu deva dizer que isso me custou meu apetite! Te beijar me dá nojo, assim como encarar essa sua cara de loira oxigenada, prestes a aprontar mais uma com sua comparsa fiel! Nem pra ser vilã da história você serve, já que na hora de dar o bote, você fracassa! – ele riu mais uma vez e se virou, indo se sentar junto com os amigos, que por algum motivo, mantinham a boca aberta.

Rose encarava Alvo com uma expressão tão chocada, que parecia ter esquecido de respirar. O moreno riu e deu uma pequena sacudida em seu ombro, pra que ela voltasse ao estado normal.

- Acho que você pode fechar a boca agora! – Alvo debochou.

- Céus, o que foi aquilo? – Rose perguntou, ainda com os olhos azuis, arregalados.

- Uma vingança pessoal, por tudo que Sam me fez passar! – o moreno respondeu simples – Não que ela seja inteiramente culpada pela transformação da Alice, mas não posso negar que tem uma parcela de culpa.

- Como assim, “transformação da Alice”? – Vincent perguntou.

- Ah, aparentemente ela não mudou apenas o visual!

- O que quer dizer? – Sophie o encarou, curiosa.

- Quero dizer que peguei Alice e o Levesque, aos beijos! – Alvo deu de ombros, tentando se manter sob controle.

- Cara, eu sinto muito! – Scorpius disse sincero.

- Não sinta! Ela fez a escolha dela, embora errada, mas fez! Se algum dia ela quiser sentar e conversa, me procure que não farei nenhuma objeção a isso! – Alvo respirou fundo – É claro, que isso não significa que quando ela decidir me procurar, nós possamos voltar, mas ao menos, eu posso lhe mostrar o que realmente aconteceu!

Rose ergueu a mão e acariciou o rosto do primo. Apesar da máscara que ele usava pra fingir que estava tudo bem, a ruiva sabia exatamente o que se passava por dentro dele. Podia ver em seus olhos, o quanto estava ferido.

- Eu ainda posso conversar com ela, me dê só o tempo de encontrá-la e...

- Não Rose, é sério! Deixa isso pra lá! Uma hora toda verdade vai aparecer, e sinceramente, eu tô cansado de lutar!

- Mas você não tá bem! – ela insistiu.

Alvo sorriu e segurou a mão da prima com ternura.

- Não, mas vou ficar! Não se preocupe ok?!

- É mais fácil você pedir que eu tire notas baixas, ao invés de pedir pra não me preocupar! – a ruiva revirou os olhos.

- Eu vou ficar bem! Só não quero que fique esse clima de velório enquanto eu estiver por perto! Se não a coisa fica chata e eu me sinto aqueles caras que estragam festas!

Todos riram e rapidamente, Vincent tratou de puxar um assunto mais animado, para que toda aquela confusão fosse esquecida temporariamente.




***




Após, o que pareceram várias horas, dentro do Três Vassouras, cercados de alunos eufóricos e barulhentos, Rose e Scorpius conseguiram inventar uma desculpa nada convincente para os amigos, e saíram do local, para enfrentar o frio e o vento do lado de fora.

Os dois queriam um pouco de privacidade, queriam andar por aí e poderem namorar em paz, sem ter diversos pares de olhos grudados neles como se fossem as estrelas “pop bruxa” do momento.

- Finalmente conseguimos fugir daquele bar e andar um pouco sozinhos! – Scorpius sorriu, enquanto caminhava de mãos dadas com a namorada.

- Sim! Eu já estava nervosa com toda aquela gritaria do Três Vassouras!

- Amor, sem querer ofender, mas você é sempre nervosa, então isso não me surpreende! – os dois riram.

Quando estavam sozinhos, o mundo parecia ser apenas deles. Era tão fácil rir e conversar sem todas aquelas preocupações de escola e quadribol os envolvendo. Sem coisas que lhes davam motivos para brigarem... E eles imaginavam que quando se casassem suas vidas seriam assim, esse paraíso particular, formado por um universo criado apenas por eles e que ninguém poderia atrapalhar.

Scorpius e Rose caminharam até ficarem bem próximos a casa dos gritos. Se sentaram em frente ao local, para relaxar. Obviamente não pretendiam fazer outra excursão louca e sombria como a que fizeram em seu quarto ano, mas o silêncio que emanava daquele local era tentador, e os dois aproveitaram para ficar ali, sozinhos, sem ter nada com que se aborrecer.

- Sabe... Eu fico imaginando como vai ser nossa vida quando estivermos... – Rose hesitou e então concluiu – Casados!

Scorpius sorriu e beijou a testa da namorada.

- Eu também! – admitiu – Às vezes eu me pego pensando em como vai ser, chegar em casa e encontrar você atrás de uma pilha de livros, com nossos filhos brincando no jardim...

- Filhos? – Rose o encarou, chocada – Scorpius, quantos filhos você pensa em ter?

Scorpius fez uma cara de pensativo, e como quem não quer nada, começou a contar nos dedos, deixando a ruiva ainda mais espantada.

- Bom... Levando em consideração que eu te amo e a acho linda, eu teria vários, mas tenho certeza que você não vai concordar com isso, então sugiro que sejam dois!

Rose respirou aliviada e sorriu.

- É, acho que dois tá bom! Uma menina e um menino, de preferência!

- E o menino tem que ser mais velho, pra cuidar da irmã e não deixar nenhum espertinho dar em cima dela!

Rose rolou os olhos e riu.

- Ah claro, o espírito de pai ciumento começa a falar mais alto! – a ruiva se virou para beijá-lo. – Por favor, só te peço que não comece a bancar o Rony Weasley com a pobre criança!

- Amor, se for preciso, eu fico pior que meu sogro! Tá pensando o que? Eu crio uma princesinha pra vir um marmanjo qualquer tirá-la de mim? Não mesmo! – ele disse sério, mas logo abriu um largo sorriso – Ok, acho que acabei de entender perfeitamente o motivo do meu sogro não gostar de mim no início!

Rose riu.

- Oh Merlin, papai tinha mais umas mil razões pra te detestar naquela época! Não que qualquer uma delas fizesse sentido pra mim, mas ele o odiava mortalmente!

- Amor, você conseguiu me deixar feliz agora!

Os dois riram.

- Sabe... Apesar de tudo que a gente passou, eu posso dizer com toda certeza, que eu nunca fui mais feliz do que sou agora! – Scorpius disse sincero.

- Eu também... – Rose se sentou melhor e virou para encará-lo – Eu nunca, em toda minha vida, fui mais feliz do que agora! – ela sorriu e acariciou o rosto do loiro – Quando eu era criança e mamãe lia histórias de contos de fadas pra mim, eu sempre imaginava como seria ter um príncipe encantado e viver feliz pra sempre... E graças a você, hoje eu vivo meu próprio conto de fadas.

Scorpius acariciou o rosto da namorada e segurou uma mecha de seu cabelo entre os dedos.

- Eu sempre achei que fosse o vilão sonserino da história, que veio seduzir a mocinha grifinória, e deixar o mundo dela de pernas pro ar! – ele sorriu e continuou brincando com a mecha de cabelo da ruiva.

- Achou errado! Você sempre foi meu príncipe!

- E você sempre foi a minha princesa!

- Eu te amo! – Rose disse e logo encerrou a distância que a separava de Scorpius, e o beijou carinhosamente.

Embora pensassem que estivessem a sós naquele local, Adam, que caminhava próximo onde o casal estava, sentiu um ódio crescer dentro de si e uma fúria sobrenatural tomar conta de seu ser. Naquele momento, aquela cena o despertou pra um fato já alertado por suas amigas há alguns dias... A única coisa que conseguiu pensar, enquanto via Rose beijar Scorpius, foi encontrar Maris.



***




Algum lugar de Hogwarts – 18h30min

Chegar de um passeio em Hogsmeade era sempre frustrante, pois os alunos sabiam que levaria algum tempo, até o próximo final de semana em que poderiam deixar os arredores da escola e se aventurarem na cidade vizinha.

A melhor parte de sair da escola era saber que quando voltassem teriam diversas novidades pra contar, e ainda fazer certa “inveja”, aos pequenos alunos do 1º e 2º ano, que eram proibidos de saírem do colégio, devido sua idade.

Mas, para uma pessoa especial, todas as novidades ou fofocas, não eram segredo, já que, de uma forma ou de outra, ela sempre sabia de tudo o que acontecia entre os estudantes. A Garota Misteriosa estava muito tranqüila e ao mesmo tempo, ansiosa, por mais um passeio na cidadezinha inteiramente bruxa. Algo lhe dizia que seu “pergaminho chefe”, continha várias histórias bombásticas, mandadas por alunos sedentos de confusão e fofoca. Um sorriso apareceu em seu rosto, quando viu que suas suposições não estavam erradas e que realmente haviam vários recados de alunos para ela.

- Ora, ora, ora, o que temos aqui? – ela ergueu seu pergaminho e começou a ler seus recados – Quer dizer então, que o “Pegador” Potter agora me manda recadinhos em público? Hum... Interessante! – riu – Não se preocupe, caro Alvo, seu desejo será realizado! Afinal, quem sou eu para negar qualquer coisa a um cara como você?!

No instante seguinte, a Garota Misteriosa pegou sua pena e começou a escrever mais um de seus textos, que costumavam deixar todos os alunos de cabelo em pé.




***




Boa noite Hogwarts!

Hora do jantar é sempre um bom momento pra aparecer, não acham?! Eu sei que sim, caso contrário, não estariam com os olhos grudados em seus pergaminhos a espera de notícias!

Atendendo a um pedido, mega especial, do todo poderoso e pegador Alvo Potter, aqui estou, para falar de sua conturbada vida pessoal, até o final da próxima semana! Queridinho, você deu a brecha pra mim, agora espero que agüente as conseqüências de ser um alvo - adorei o trocadilho - de minhas insinuações.

Parece-me que sua história com a ex-santa e atual candidata a ídolo sexy juvenil de Hogwarts, Alice Huntington foi por água abaixo... Era de se esperar que um romance meloso não durasse muito tempo, ainda mais quando falamos de um cara popular com a ex-candidata a freira... Mas não se entristeça honey! Garanto que atrás de você há uma fila se formando de novas alunas, prontas pra rezar um terço e lhe provar que podem ser tão santinhas quanto sua ex.

Well, mas é claro que toda essa história, nos leva a nossa nova estrela da Elite: Alice Huntington.

Darling é óbvio que você mudou de time... Mas a pergunta que não quer calar é: Está pronta pra pagar o preço por essa mudança?

Vejo vocês em breve!

Xoxo,

Garota Misteriosa





***




Salão Principal – 19h00min

Alvo riu quando sua irmã terminou de ler o que o “Elite de Hogwarts” havia publicado. Aquela notícia, apesar de nova, não o surpreendia, pois quando gritou a plenos pulmões que a cena com Sam era pra Garota Misteriosa comentar até o final da próxima semana, soube que teria que agüentar ser a “estrela” do jornal durante os próximos 7 dias.

- Fiquei surpreso por ela não ter comentado mais sobre a cena do Três Vassouras”! – ele comentou divertido – Ai, ai, parece que essa Garota Misteriosa não costuma perder tempo.

- E só hoje você percebeu? – Lily fingiu espanto – Definitivamente, você é muito lerdo! – os dois riram – Eu sinto muito Al...

- Ah não! Por Merlin, você também não ok?! Já não basta a Rose, o Scorpius, o Vincent e a Sophie me encarando como se eu tivesse a beira da morte, agora você também? – ele ironizou – Sério Lily, não tem que sentir nada aqui! Aliás, se quiser sentir, vá em frente, mas direcione sua pena pra Alice! Ela terá sérios problemas com a mudança!

Lily sorriu e beijou o rosto do irmão. Embora soubesse que ele estava péssimo, o admirava muito pela força que tinha e se orgulhava disso.

- Vou tentar conversar com ela! Mas tenho a leve impressão de que não vai me ouvir! – ela suspirou.

- Pelo menos saberá que tentou! – Alvo sorriu – Agora vamos parar de falar e atacar logo esses pratos! Eu tô faminto!

- Tiago? Você morreu e encarnou no Alvo? – Lily fingiu horror e logo caiu na gargalhada com o irmão.




***





Salão Comunal da Corvinal – 21h00min

Após o jantar e todo um dia agitado, os alunos se recolheram em suas casas para descansar e colocar alguns deveres em dia. Ninguém queria passar o domingo preocupado com trabalhos.

Paola e Maris tinham acabado de entrar no salão, e como de costume, foram para o local próximo a janela, onde podiam ter um pouco mais de privacidade.

- Definitivamente, não sei o que esses alunos vêem em Hogsmeade! – Paola disse em desdém – Cidadezinha ridícula! Se conhecessem a que costumávamos ir, com certeza entrariam em êxtase!

- Com certeza, e... – Maris não pôde completar sua frase, pois Adam apareceu e a puxou pelo braço, levando-a consigo.

Quando estavam em uma distância considerável dos outros alunos, ele a encostou na parede, ficando a sua frente e a encarou sério.

- Posso saber que loucura é essa? Me arrastar pelo salão como se eu fosse uma boneca!

- Você está longe de ser uma boneca, tenha certeza disso! Sua cara não é nada inocente pra um brinquedo infantil! – ele disse seco, e ela revirou os olhos.

- O que quer?

- Você e sua amiga disseram que precisavam da minha ajuda para separar Rose e Scorpius! Pois bem, acho bom que tenham um plano eficaz, pois quero os dois separados até o final do mês! – Adam disse sério.

Maris o encarou, satisfeita. Finalmente conseguiria colocar suas idéias em prática.

- Finalmente uma decisão sábia! – ela sorriu – Mas confesso que estou curiosa... Qual o motivo dessa mudança?

- Vocês estavam certas! – Adam respirou fundo – Estou apaixonado pela Rose!

Maris gargalhou e o encarou mais uma vez.

- Nós sempre estamos certas, querido! Agora mãos a obra!

- O que pretendem fazer?

- Você verá...




***





Quanto mais difíceis os jogos são, mais excitantes eles se tornam. Por isso, preparem baldes de pipoca e as Cervejas Amanteigadas, a brincadeira finalmente começou.





***






N/A: Bom, tá aí mais um capítulo pra vocês!

Mais uma vez reforço meu pedido de desculpas pela demora, e já deixo um aviso no ar, para que não tenham vontade de me arrancar o cérebro, caso volte a demorar com a postagem.

Durante a próxima semana, estarei completamente ausente do mundo de Rose e Scorpius, pois é a detestável Semana de Provas, e preciso me dedicar a ela, em especial, a irritante prova de Direito Administrativo II, que tem me tirado o sono! Enfim, durante uma semana não escreverei nada! E se meu coração sobreviver a pressão das provas, na próxima eu volto a escrever com todo vapor!

Espero que me compreendam e não fiquem tão chateados [as] comigo!

Adoroooo vocês!

Xoxo,

Mily.

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