Retorno à Hogwarts



Estação de King Cross 10h30min da manhã



- Aqui diz plataforma 9 ¾... Não há essa plataforma aqui Melanie! – Duda exclamou confuso, olhando para plataforma 9 e depois para 10.

Melanie riu. Definitivamente, ele precisava aprender muito sobre o mundo bruxo. Pegou o bilhete da mão do marido e o encarou.

- Duda, meu bem, você não vai achar essa plataforma olhando para o nº das placas! – ela respondeu tranqüila.

- Ah não? Então como a Luluzinha vai embarcar?

- Tá vendo essa parede aqui? A plataforma 9? – Melanie perguntou e ao ver o marido consentir, prosseguiu – Vamos atravessá-la.

- Podemos atravessar paredes, mamãe? – Luiza perguntou esperançosa – Achei que só fantasmas fizessem isso.

- Podemos atravessar paredes mágicas, meu amor! Essa plataforma que você vai embarcar é invisível aos trouxas e para chegarmos até ela, precisamos atravessar essa barreira!

- Será que eles não podiam fazer coisas mais simples? – Duda revirou os olhos – Certo, vamos lá! Eu quero ser o primeiro! Quero ter a certeza de que vocês não vão socar o nariz na parede! Antes eu, do que uma de vocês com o nariz quebrado.

- Tudo bem meu amor, mas tenho certeza que você não sofrerá nenhum arranhão! – Melanie respondeu divertida.

Duda se afastou um pouco, segurando o carrinho com o malão e a coruja da filha. Tomou impulso e correu de olhos fechados em direção a parede, com medo de que a qualquer instante fosse colidir com ela. Mas, para sua surpresa, a colisão não veio, e quando abriu os olhos, deu de cara com um trem enorme e várias pessoas, andando de um lado para outro, provavelmente a procura de seus filhos. Soube na hora diferenciar os bruxos dos nascidos trouxas, pois alguns ainda não tinham a mínima noção de como se vestir como um trouxa. Duda pôde jurar que viu uma velha senhora usando trajes pra dormir. “Provavelmente achou que era um belo vestido florido!”, ele pensou.

Pouco tempo depois que atravessou a barreira, logo viu sua esposa e filha, vindo atrás, com sorrisos estampados nos rostos.

- Nossa... Como aqui é cheio! – Luíza olhava em volta, completamente encantada. – Posso andar pra conhecer?

- Não filha, fique perto de nós! Não queremos você perdida por aí, e além do mais precisamos procurar o Harry e a família! – Duda respondeu e segurou a filha com medo que ela disparasse a qualquer instante, correndo como as demais crianças que estavam no local.

A poucos metros de onde a família Dursley se encontrava, os Potter e grande parte dos Weasley, conversavam animados. Não demorou para Harry reconhecer o primo, e acenar para que ele se aproximasse.

- Duda, como vai? – o moreno perguntou simpático.

- Bem e você?

- Ótimo! – Harry sorriu – Vou te apresentar ao restante da família. Esses são Fred e Angelina Weasley; Gui e Fleur Weasley; Percy e Audrey Weasley; todos eles meus cunhados.

- Prazer! – Duda cumprimentou a todos, com um sorriso.

- O Rony e a Hermione devem chegar daqui a pouco, não se espante se ouvir...

- RONALD WEASLEY, JÁ SÃO 10h40min! QUANTAS VEZES EU TENHO QUE LHE DIZER PARA NÃO SE ATRASAR? MAS NINGUÉM ME ESCUTA! SÓ A ROSE É CAPAZ DE ENTENDER! O HUGO E VOCÊ PARECEM QUE GOSTAM DE SEREM OS ÚLTIMOS! – Hermione gritava com o esposo, enquanto se aproximava dos cunhados. Rose e Hugo, para evitar a cena, saíram em busca dos primos e dos amigos.

- Eu ia dizer pra você não se espantar com os gritos, mas a Hermione foi mais rápida! – Harry deu de ombros, e os demais riram.

- E aí cunhadinha! Calma como sempre, isso é realmente uma dádiva! – Jorge brincou.

- Jorge, não diga isso! Não é porque ela grita pros quatro cantos da Terra escutar, que quer dizer que ela não seja calma! Não ironize o dom da nossa cunhada! – Angelina entrou na brincadeira e os demais riram.

Um pouco afastada daquela confusão dos pais e dos tios, Rose procurava pelo namorado, que já deveria estar lá há algum tempo. Seus olhos correram por toda plataforma, mas nem sinal dele. Já estava desistindo, quando ouviu uma voz sussurrar atrás de si.

- Procurando alguém?

Rose se assustou e logo se virou para abraçar Scorpius. Ambos já estavam vestidos com as roupas de Hogwarts.

- Tava procurando você! – ela sorriu e o beijou rapidamente – Vamos, preciso me despedir dos meus pais! O trem já vai partir!

Os dois saíram de mãos dadas pela estação, quando ouviram o primeiro apito do trem soar. Correram em direção aos pais, que pareciam desesperados para dar os últimos avisos.

- Espera, vamos à chamada! É muita criança pra minha mente! – Gui brincou e começou a chamar os filhos e os sobrinhos – Em ordem, pelos mais velhos: Alvo e Rose?

- Aqui! – os dois responderam.

- Fred e Roxanne?

- Estamos aqui! – Rox respondeu e levantou a mão do irmão, que estava muito ocupado, olhando para uma menina da Corvinal.

- Certo... Lily e Hugo?

- Oi! – ela respondeu distraída.

- Tô aqui tio!

- Dominique e Molly?

- Estamos do seu lado, papai! – a loira respondeu divertida.

- Ah, é verdade! Lucy?

- Pois não?!

- E por fim, Louis e Luiza?

- A Luiza sou eu? – a pequena loirinha Dursley indagou.

- Claro! – Gina respondeu sorridente – Você também faz parte da nossa família!

- Ah, então eu tô presente! – ela respondeu.

- Certo, mas onde está o Louis? FLEUR, ONDE NOSSO FILHO SE METEU?

- Serve esse aqui? – Scorpius se aproximou, carregando um garotinho loiro, com olhos claros, e muito bonito para sua idade – Achei-o perdido no meio dos outros pais!

- Filho non desaparreça assim! – Fleur disse séria – Ficames muite prrreocupados com você! – ela beijou o rosto do filho.

- Desculpa mamãe! – o garotinho respondeu em voz baixa.

- Tudo bem, agora se despeçam logo e entrem, o Expresso já vai partir! – Rony alertou.

Logo, uma pequena confusão de Weasley, Potter, Dursley e Malfoy ocorreu, onde todos se despediram e ouviram, pela milésima vez, as recomendações para se comportarem, estudarem e respeitarem as regras.

- Ahhhhh, tá acontecendo uma despedida familiar e ninguém me convida? – Vincent chegou, acompanhado pelos pais – Eu quero participar também! – o moreno andou de braços abertos até o grupo que estava em frente à porta do trem. Começou a abraçá-los e a se despedir – Vejo você nas férias!

- Vincent, eu vou pra Hogwarts também, você vai me ver o ano todo! – Scorpius exclamou rindo.

- Ah, é verdade! Mas não estraga o clima! – ele zombou – Papai, mamãe, eu sei que a despedida é triste, mas preciso partir! Sintam minha falta, me escrevam sempre que tiverem saudades, mas mamãe, não exagera! É uma carta por vez, e não 15 por dia!

- Ele não toma jeito! – A Sra. Williams comentou com Astoria – Puxou ao pai! – as duas riram.

- Por que puxou ao pai? Quer dizer que o instinto palhaço ele herda de mim, e a inteligência sobrenatural foi herança sua? Mandarei fazer um mapa genético para provar que o Vincent herdou outras coisas minhas também... Como beleza e simpatia, por exemplo!

- E não se esqueça do ego superexaltado! Isso, sem dúvida, foi herança sua! – Vincent respondeu divertido.

Naquele momento, Sophie se aproximou com os pais e, para desespero do Vincent, com o irmão mais velho. Os quatro sorriram ao ver os amigos reunidos.

- Amor! – Sophie se aproximou do namorado e o beijou rapidamente. Seu irmão, Paul, ficou sério ao ver a cena – Já se despediram?

- Sim, e agora travávamos uma discussão para saber o que eu herdei de quem na família! Sabe, um ser de muita complexidade como eu, precisa de muita conversa e atenção para ser definido! – ele respondeu – E aí sogrinha e sogrão! Como estão?

- Muito bem, e você querido? – A Sra. Horowitz falou.

- Tudo bem! – ele se virou para o cunhado – E aí cara? Como você tá?

- Estava bem, mas essa cena da minha irmã com você me revirou o estômago! Simplesmente patético!

- Ah qual é?! – Vincent se aproximou do cunhado, levemente aborrecido – Paul, meu velho, tá na hora de você saber de uma coisinha!

- E qual seria?

- Não tenho medo de você e dessa sua cara mal-humorada, a cada vez que chego perto da sua irmã! Por favor, você nos chama de patéticos, mas quem implica comigo HÁ ANOS é você! Tá legal que a função dos irmãos mais velhos é pentelhar, infernizar e acabar com a vida da caçula, mas somos todos maiores de idade, e podemos passar da fase “Odeio meu cunhado”, para a fase “Sejam felizes, vocês merecem e eu apóio”.

Paul encarou o moreno a sua frente, parecendo reconsiderar suas palavras. Ao ouvir apito do trem soar mais uma vez, sorriu para o cunhado.

- Sophie, você por acaso comentou com seu namorado que toda minha raiva era uma farsa? – ele ergueu uma das sobrancelhas, e continuou encarando o cunhado.

- Sim, mas juro que foi sem querer!

- Percebi, de repente ele ficou tão corajoso!

- Certo, vamos pular a parte que vocês me chamam de covarde e vamos entrar no trem, o Expresso vai partir, e não podemos nos atrasar!

- Você não é covarde, Vincent! – nessa hora o moreno arregalou os olhos. Era a primeira vez que o cunhado o chamava pelo primeiro nome, em três anos! – Namora minha irmã durante todo esse tempo, sem se importar com minhas ameaças, e isso é sinal de coragem! Embora deva ressaltar que suas caras assustadas são realmente hilárias! – Paul deu uma palmada no ombro do cunhado, e este curvou um pouco para frente, com o impacto. A palmadinha amiga do loiro, não foi tão amiga assim. – Agora que sabe que vou com sua cara, me sinto a vontade para falar uma coisa.

- O que?

- Tudo que disse a respeito de te azarar, maltratar e torturar continua valendo, caso você magoe minha loirinha!

- Certo, vou me lembrar! – Vincent respondeu, massageando o local que o cunhado bateu.

Ao terceiro apito do trem, os jovens se despediram novamente dos pais e entraram no Expresso de Hogwarts bem rápido. As onze em ponto, a grande Maria fumaça deu partida. Como de costume, todos foram para janela, acenar para os pais, que agora já estavam acostumados com essa separação... Ou quase todos.

- Calma amor, ela vai voltar!

- Mas... Mas... Só nas férias de natal, e eu não consigo me imaginar longe dela por tanto tempo!

- Vamos escrever pra ela sempre! Todos os dias se você quiser, agora não chore mais!

- Minha pequena Luiza, tão longe de mim, e...

- Ah, por favor, homem! – Draco exclamou, revirando os olhos – Até sua esposa está sendo mais racional que você! Engula esse choro, seque essas lágrimas, essa cena está ficando ridícula! – todos encararam Draco com uma expressão de censura no rosto, mas ele não ligou – E podem me encarar assim o quanto quiserem! Garanto que todos estavam achando isso tão patético quanto eu, mas ninguém tinha coragem pra falar!

- Como você consegue ser tão frio? Seu filho também embarcou naquele trem! – Duda enxugava as lágrimas, em um lenço que a esposa havia conjurado para ele.

- Sim, e embarca nesse mesmo trem há 7 anos! Por Merlin, se eu fosse chorar a cada vez que Scorpius acena e some quando o Expresso faz a curva, alagaria Londres!

- Draco, não seja tão duro!

- Ast, meu amor, alguém precisa dar um sacode nesse homem! Daqui a pouco ele pula no trilho e começa a correr em direção ao além!

- Meu amigo, não dê idéias! Sorte teremos, se ele ficar calado até chegarmos A Toca! – Rony disse – Aliás, esqueci de avisar né? Mamãe convidou todos vocês para irem almoçar!

- Uma reunião em família? Adoro reuniões em família, são tão divertidas! Sempre saem aqueles assuntos de quando tínhamos 2 anos de idade e éramos fofos por sermos meio carecas e andarmos torto... Hoje em dia, se olham pra gente e nos vêem assim, somos chamados de velhos carecas e bêbados! – o Sr. Williams comentou, e todos riram.

Assim que conseguiram acalmar Duda e convencê-lo que Hogwarts era a escola mais segura da Inglaterra, partiram em direção A Toca, para o almoço em família.



***



Em uma, das diversas cabines existentes no trem, certa garota com um rosto delicado e expressão gentil, estava sentada sozinha, olhando-se no espelho, para conferir o visual, quando dois garotos, que aparentemente deviam ter a mesma idade que ela, abriram a porta do compartimento.

- Podemos dividir a cabine com você? – um garoto alto, com o nariz anormalmente grande e sobrancelhas grossas, perguntou.

- Está ocupada! – ela respondeu, sem se virar para encará-los.

- Só há você aqui dentro. Os outros lugares estão vagos! – outro garoto, um pouco mais baixo e com aparência bem mais agradável que o amigo, exclamou.

Imediatamente, a jovem começou a espalhar seus pertences pelo local. Colocou seu gato no assento à sua frente; a bolsa de mão, no outro; do seu lado, colocou um livro qualquer; e do lado do gato, ela colocou o espelho que segurava.

- Como eu disse, ela está ocupada! – novamente ela disse, sem encará-los.

- O lugar do seu lado direito, ainda está vazio! – ao ouvir o comentário do menino, a jovem retirou a faixa que tinha no cabelo e colocou no espaço vazio.

- Não está mais! – ela os encarou, pela primeira vez, com um sorriso – Agora, se puderem me dar licença, agradecerei! Meus pertences e eu precisamos de paz nessa viagem! – a menina se levantou e fechou a porta do compartimento na cara deles, sem nenhuma cerimônia. – “Idiotas! Tá pra chegar o dia em que eu dividirei o mesmo espaço que esses fracassados!” – ela exclamou em francês e voltou a conferir seu penteado no espelho.



***




Rose andava por todos os vagões do trem, conferindo se estava tudo em ordem. A primeira ronda era sempre da Monitora-Chefe, e ela começava a sentir o peso da responsabilidade cair sobre si. As pessoas a encaravam com certo respeito. Provavelmente tinham medo de ganhar uma detenção, antes mesmo das aulas começarem. Após caminhar por todo Expresso, tarefa que durou mais ou menos uma hora, encontrou a cabine que estavam metade dos primos.

- Merlin, estou cansada! – Rose exclamou, se sentando ao lado de Dominique – Só vim aqui pra saber como estão! Ainda tenho uma reunião com todos os monitores, e depois vamos lanchar na cabine do professor Longbotton!

- Slughorn não convidou os queridinhos pra um almoço esse ano? – Fred perguntou com um ar inocente.

- Ele não está no trem! E duvido muito que ele queira reunir todos nós na cabine novamente... Não depois da bomba de bosta que você soltou lá, Fred! – Rose comentou.

- Só fiz o que todos queriam, mas não tinham coragem! Qual é, aquele leão marinho precisa aprender que tanta bajulação cansa! – Fred riu – Bom, se me derem licença, vou fazer minha ronda pelos vagões, agora! – ele se levantou e saiu pelos corredores do trem.

- Fazer uma ronda? Mas ele nem é monitor! – Dominique encarou os demais, confusa.

- Quando o Fred diz que vai fazer uma ronda, ele quer dizer que vai atrás das garotas! – Roxanne revirou os olhos

Os jovens Potter/Weasley conversaram por alguns instantes, contando como foram suas respectivas férias. As famílias de Roxanne e Dominique foram juntas visitar Carlinhos, na Romênia, e elas contavam como foi visitar o local que o tio trabalhava. Já a família das irmãs Molly e Lucy, preferiu um passeio mais “tranqüilo”, e foi para uma excursão no Egito.

- Bom, vou pra cabine dos monitores agora! – Rose anunciou, assim que as primas terminaram de contar sobre suas viagens – Ainda preciso encontrar a cabine que o Hugo e a Lily estão... Definitivamente, eles precisam fazer uma cabine maior pra abrigar todos os Weasley/Potter! Ora, será que eles não vêem que não cabemos em um único compartimento?

- Eles estão no outro vagão! Na primeira cabine se não me engano! Procuraram uma mais próxima, mas estavam todas lotadas! – Molly comentou.

- Certo! Meninas vejo vocês depois então! – Rose saiu do compartimento e começou a procurar pela cabine em que estavam os primos e o irmão.



***




De fato, Alvo, Lily, Hugo, Alice, Louis, Luiza, e agora Fred, (que já havia marcado um encontro com uma menina da Sonserina e voltou para ficar com os primos), estavam reunidos em uma cabine um pouco distante da que Rose estava.

- E aí Alvo, já sabe pra quando vai marcar a primeira seleção pro novo time de quadribol? – Hugo perguntou. Estava sentado ao lado de Lily, e tinha um de seus braços, em volta do ombro da ruiva.

- Não! – Alvo respondeu e se virou pra Alice – Então, já sabe quando vai terminar com o Moss?

- Assim que o achar, eu termino! – ela respondeu.

- Eu ainda não entendo a razão pela qual você não quis terminar com ele por carta! – o moreno revirou os olhos.

- Alvo, terminar não é uma tarefa fácil! – Alice protestou – O que queria? Que eu escrevesse uma carta dizendo: “Querido Jay! Esta carta é só pra lhe informar que estou terminando com você! Não leva a mal, mas é que aquele papo de que te amava era mentira, e eu só estava com você para esquecer o Alvo. Agora que descobri que ele também gosta de mim, vim lhe dizer que está tudo acabado entre nós! Com amor, Alice Huntington!”

- Você ainda poderia dizer que sente muito por não corresponder o amor dele, mas espera que um dia ele supere o pé na bunda que levou! – Lily brincou.

Logo, a porta do compartimento se abriu, e Rose apareceu.

- Oi gente! – ela cumprimentou – Lily e Hugo espero vocês às 15h00min na minha cabine ok?! Tenho que fazer a primeira reunião com os monitores, e não tenho idéia do que falar! – a ruiva tinha uma expressão aflita no rosto.

- Calma Ro! Eu me senti assim no primeiro treino de quadribol que liderei! É só questão de prática e autoconfiança! Você vai ver que consegue! – Alvo sorriu pra prima.

- É Rose! Você é inteligente, tenho certeza que vai se sair bem como monitora! – Louis incentivou sorrindo.

- Obrigada! – ela se abaixou e beijou a bochecha do pequeno primo – Luiza e Louis, qualquer problema, eu tô na minha cabine! E por Merlin, não acreditem em nada do que Fred e Hugo possam dizer sobre Hogwarts! – sorrindo, Rose saiu.

Novamente, todos na cabine voltaram para uma conversa animada, sobre o quadribol e a escola. Fred já tinha em mente a série de coisas que pretendia aprontar para deixar Filch com os poucos cabelos que lhe restavam, de pé. Louis e Luiza apenas escutavam tudo calados. Tentavam absorver o máximo possível, embora alguma coisa lhes dissesse que aquele comportamento travesso não era o ideal para novatos, que receberam a recomendação de se comportarem. Alvo, apesar de brincar e rir com os demais, vez ou outra mudava sua expressão para uma séria e levemente aborrecida, e ele se recusava a dizer o motivo. Por sua vez, Lily e Hugo sorriam abertamente, pra quem quisesse ver. Estavam felizes por voltar, por serem monitores e por poderem namorar em paz.



***




Em uma cabine distante da que os Potter/Weasley se encontravam, um grupo de amigos da Sonserina estavam reunidos. Scorpius, Vincent, Sophie, Chad e Michael, também conversavam, sobre o que seria o último ano deles na escola.

- É tão estranho, saber que é a última vez que vamos andar nesse Expresso! – Sophie comentou, olhando pela janela.

- É verdade, dá certa tristeza em saber que ano que vem não vamos voltar! – Michael disse.

- Por favor, deixem esse clima de velório pro último dia de aula! Agora precisamos ficar felizes, estamos voltando pra escola, e é isso que importa! – Vincent falou animado. – Olha, a Rosecreide acabou de passar, completamente distraída!

Na mesma hora, Scorpius abriu a porta da cabine e viu Rose de costas, caminhando em direção a cabine dos monitores.

- Hei, você aí, Monitora-Chefe! – ele não resistiu e precisou provocar a ruiva – Será que pode vir aqui, um minutinho?

Rose riu e se virou para encarar o namorado.

- Algum problema, Capitão?

- Todos! Seu namorado pediu pra lhe dizer que sente sua falta e gostaria muito que você viesse até ele. Caso contrário, ele mesmo vai lhe buscar!

Sorrindo, ela se aproximou da cabine e beijou Scorpius carinhosamente.

- Olá! – ela cumprimentou os demais.

- E aí Rose, tá gostando de ser Monitora-Chefe? – Sophie perguntou.

- Pra falar a verdade tô nervosa! Céus, minha primeira reunião será dentro de algumas horas e eu não tenho idéia de como devo agir!

- Rosecreide sem saber o que fazer? Merlin, o senhor está realmente operando milagres ultimamente! – Vincent debochou.

- Amor, chega lá e dê ordens! Você é ótima nisso! – Scorpius brincou.

- Falando assim, vocês dois me fazem sentir como um Ditador cruel!

- E você é... Com uma cara mais meiga e vestindo saias, mas ainda sim tem o espírito de ditador cruel!

- Obrigada, Vincent!

- Disponha Rosecreide!

- Eu acho que você deve passar para eles a sua experiência como monitora, e é claro, fazer aquele discurso que ouvimos do Wood, quando estávamos no 5º ano! – Sophie disse.

- Boa idéia, eu também posso...

- Rose, Rose! – duas vozes chorosas ecoaram pelo corredor. Louis e Luiza correram em direção à ruiva, com lágrimas nos olhos, sendo seguidos por Alvo.

- Temos um problema aqui! – Alvo apontou para as crianças.

- O que aconteceu? – a ruiva se abaixou, para ficar da altura dos primos, e os encarou – Qual o problema?

- Eu não... Não... Não quero ser da Sonserina! – Luiza disse entre soluços.

- Eles são maus! – Louis disse firme, embora seus olhos ainda brilhassem devido às lágrimas.

- Ô baixinho! Caso não tenha notado, essa é uma cabine de Sonserinos, e não é muito seguro falar mal de nós, no nosso espaço! – Chad disse sombrio.

- Por Merlin, não piore as coisas, Chad! – Rose brigou – Alvo, o que aconteceu? – ela encarou o primo.

- O mesmo que aconteceu com a gente no primeiro ano! – o moreno disse, se referindo as histórias que Tiago contava a respeito da Sonserina – Eu dei uma saída e quando voltei pra cabine, Luiza e Louis já estavam com essa cara espantada, graças às histórias que Hugo e Fred contavam!

- E o que eles disseram exatamente?

- Quando eu cheguei, estavam contando as desvantagens em ser da Sonserina e em como o vovô ficaria se isso acontecesse! – Alvo revirou os olhos – Mas sem dúvida falaram mais coisas!

- Eu vou matar o Hugo e o Fred! – os olhos de Rose estavam prestes a soltar faíscas. Ela pediu tanto para os rapazes não assustarem os novatos, mas eles nem ligaram – Entrem aqui, sentem e me contem o que aconteceu!

Louis e Luiza se entreolharam e entraram na cabine. Sentaram-se ao lado de Vincent e Sophie, com expressões assustadas. Encararam-se mais uma vez e lentamente, começaram a falar as histórias horripilantes que os primos mais velhos contaram.

Rose, Alvo e os outros Sonserinos, faziam um esforço sobrenatural, para não rirem daqueles absurdos. Onde já se viu, a Diretora McGonagall, fazer parte de uma sociedade secreta que castigava os alunos que não tirassem notas boas?

- Antes de mais nada, vocês precisam saber que TUDO isso é pura mentira! – Rose disse, com uma expressão compreensiva.

- Verdade galerinha! A diretora pode ter aquela cara de maracujá de gaveta, e pode fazer hora extra na Terra, mas não é nenhuma maluca que castiga maus alunos! Se fosse assim, eu tava ferrado! – Vincent comentou, e viu as crianças rirem.

- E aquela história de dementadores é mentira! – Scorpius alertou – Criaturas como eles ficam em Azkaban, e não se aproximam do colégio!

- Os fantasmas não acordam vocês a noite, para lhes assustarem! – Alvo disse.

- Até Pirraça, que é o poltergeist, sabe respeitar nosso sono! – Sophie sorriu para as crianças – Vocês não precisam ter medo!

- Claro que não! Hogwarts é o lugar mais seguro que vocês poderiam estar! – Michael disse.

Os pequenos se encararam novamente. Pareciam estar mais calmos agora, com tudo que ouviram.

- Mas eu ainda não quero ser sonserino! – Louis comentou.

- O Fred disse que eles são maus! – Luiza disse em voz baixa.

- Nós – Scorpius apontou para ele e para os quatro amigos de casa – somos da Sonserina! E como puderam ver, não somos maus!

- É verdade, toda essa baboseira de que toda pessoa maligna é sonserina, é pura mentira! – Chad falou.

- Estão vendo? Vocês não precisam ter medo de nada! Não acreditem nessas mentiras contadas por Fred e por Hugo! Eles só querem se divertir as suas custas! – Rose os alertou – O Chapéu Seletor escolherá vocês para a casa correta, independente de qual seja, está bem?! Não precisam temer!

- Não mesmo! – Alvo bagunçou o cabelo dos primos – Agora vamos voltar para nossa cabine e mostrar a eles que vocês são corajosos!

- E caso eles insistam, os ameacem!

- Ameaçar como, Rose? – Louis perguntou confuso – Ainda não temos idade para ser monitor, e não podemos ameaçá-los com castigos!

- Há uma coisa que os assustam mais do que um simples castigo! – Alvo disse sombrio.

- E o que é? – Luiza encarou o moreno, curiosa.

- A mamãe e a vovó! – Rose respondeu divertida – Ameacem escrever cartas para as duas, com certeza eles param!

Rindo e muito mais calmos, Luiza e Louis, seguiram com Alvo, de volta para a cabine. Rose olhou para os amigos e namorado, com uma expressão que mesclava ansiedade e nervosismo, e se levantou.

- Vou pra minha cabine agora, esperar os monitores! – ela disse, tentando parecer calma – Vejo vocês mais tarde! – se despediu de todos e saiu.



***




Ao contrário do que imaginava, a reunião com os monitores foi bem tranqüila e Rose, com a ajuda do professor Longbotton, conseguiu passar todo o procedimento para eles. Explicou como seria feita a ronda noturna da Escola, como eles deveriam agir frente aos problemas, e o principal, ressaltou que não deveriam abusar da qualidade de monitores para aplicar castigos.

Depois da reunião e do chá que tomaram na cabine do professor Longbotton, o tempo parecia ter voado. Já era noite e o trem agora parava na estação de Hogsmeade. Lentamente, os alunos foram deixando os compartimentos, já vestidos e carregando seus malões. Os alunos do primeiro ano, assim que desembarcaram, puderam ouvir a voz de Hagrid, gritando a mesma frase que falava todos os anos:

- Alunos do primeiro ano, venham comigo! Alunos do primeiro ano, aqui, por favor!

Rose e Alvo, como eram mais velhos, levaram os primos menores até Hagrid e aproveitaram para cumprimentar o amigo.

- Ah mais é claro que eles não precisam ter medo! É muito segura a viagem de barco, muito segura! – Hagrid disse para os pequenos, que sorriram – Então, espero que vocês aceitem meu convite pra tomar chá, na sexta!

- É claro que sim! – Rose respondeu sorrindo – Agora nós vamos para a carruagem! E vocês dois – ela olhou para os pequenos – se comportem, e não tenham medo, como Hagrid disse, a travessia é segura!

- Vemos vocês em Hogwarts! – Alvo disse e junto com a prima, seguiu em direção as carruagens.



***



Em uma das carruagens, a mesma menina que escolheu viajar sozinha no Expresso de Hogwarts, agora dividia o espaço com duas meninas da Corvinal e um menino da Lufa-Lufa. Mantinha a mesma expressão tranqüila de antes, embora ainda se recusasse a falar com os demais, e preferisse olhar para o que acontecia do lado de fora.

- É nova em Hogwarts? – uma das meninas da Corvinal perguntou e em resposta, só obteve um aceno positivo com a cabeça.

- Como se chama? – o rapaz da Lufa-Lufa perguntou.

- “Não te interessa! Por acaso eu perguntei seu nome?” – a jovem falou em francês, sorrindo e de forma bem rápida.

- Desculpe, nós não entendemos! – a outra menina da Corvinal disse confusa, e novamente a jovem apenas sorriu para os demais, que dessa vez pareceram entender que ela não queria conversa.

Instantes depois, todas as carruagens partiram em direção a Hogwarts.



***




O Salão Principal estava lotado. Os alunos se encontravam dispostos nas mesas de suas respectivas casas, e aguardavam ansiosos para que começasse logo a seleção dos novatos. Não demorou muito, para que a porta atrás da mesa dos professores abrisse, e Minerva entrasse acompanha pelos novatos.

Um banquinho havia sido posto, como em todos os anos, em frente à mesa dos professores e um velho chapéu estava sobre ele. Os rostos dos alunos novatos misturavam satisfação, medo e ansiedade. Burburinhos se espalhavam por todo o salão a respeito da seleção, que foi cessado, quando o rasgo no chapéu se abriu, e começou a cantar sua música de saudação:

Eu sou o chapéu seletor de Hogwarts
E disso tenho certeza que já sabem.
Não sou um chapéu comum
Tenho a magia e sabedoria dentro de mim
Há anos faço a seleção dos alunos
E isso me destaca dos outros chapéus.
Sou o melhor, tenham certeza!
Nunca erro em minha escolha,
E é somente isso que precisam saber.

Podem procurar se quiserem,
Outro chapéu igual a mim.
Não vão encontrar, tenham certeza.
Chapéu como eu, jamais existirá.

Mais um ano se inicia,
E os novatos se aproximam.
Ansiosos com certeza
Para saber onde vão parar.

Talvez sua morada se encontre na Sonserina
Casa onde encontrará amigos e homens de astúcia
Que usam de todos os meios para conseguir o que almejam.

Quem sabe sua morada seja na Lufa-Lufa
Onde os integrantes não têm medo da dor,
São leais e sinceros.

Ainda temos a Corvinal
E os membros da casa se destacam pelo seu
Grande saber, e lá você
Sempre encontrará seu igual.

Ou quem sabe sua morada é na Grifinória
Casa onde abriga os corações corajosos.
Ousadia e sangue frio os destacam dos demais.

Vamos, venham até aqui e deixe-me ver!
Não devem me temer, estou aqui para ajudar.
Ah sim!
Eu sou o chapéu seletor de Hogwarts
E sempre sei onde devem parar.
Não se atrapalhem, não se amedrontem.
Porque sou único, sou um chapéu pensador!


Assim que a cantoria do chapéu se encerrou, Minerva abriu o pergaminho e começou a chamar os novatos, para que passassem pela seleção.

- Banes, Jessica. – Minerva chamou, e uma garotinha gordinha se aproximou completamente assustada, do banquinho e se sentou. Qu3ando o chapéu foi colocado em sua cabeça, ficou com os olhos cobertos.

- Hum... Deixe-me pensar um instante! O medo predomina sua mente nesse momento, ah sim... Mas você tem algumas qualidades preciosas, e é por isso que eu escolho... LUFA-LUFA! – o chapéu anunciou, e logo a mesa da Lufa-Lufa explodiu em palmas, para receber a nova moradora.

Mais um tempo se passou, em que a diretora chamava os alunos e estes eram selecionados. Na mesa da Grifinória, o silêncio entre os Weasley e Potter se fez, quando Minerva chamou o seguinte nome:

- Dursley, Luiza.

A loirinha Dursley estava aterrorizada. Nem as histórias de terror mais assombrosas a deixariam com tanto medo, quanto estava naquele momento. Caminhou em passos lentos até o banquinho, e se sentou. Antes mesmo do chapéu ser colocado sobre sua cabeça, ela já mantinha os olhos fechados.

- Do que tem medo, garotinha? Não sou um chapéu malvado!

- Não sinto medo de você! Só da nova escola, eu acho! – ela respondeu em voz baixa.

- A nova escola te receberá de braços abertos, como faz com todos os alunos, não deve temer nada, muito menos a seleção! Todas as casas são dignas para sua morada, mas devo escolher apenas uma para lhe mandar... Ah sim... É claro! – o chapéu fazia suspense, e isso aumentava o nervosismo da menina.

- É claro o que?

- Tem coragem e bom coração, embora sua mente nesse momento esteja tomada pelo medo... Já sei o que fazer com você! Sua morada a partir de hoje é... GRIFINÓRIA!

A mesa da Grifinória, mais uma vez, explodiu em palmas e gritos de felicidade. Luiza, imediatamente, saiu correndo e foi em direção aos primos. Foi recebida na mesa com um grande abraço de Alvo e ela se sentiu muito feliz por estar perto de quem conhecia.

Passado mais alguns instantes, a mesa os Weasley e Potter tornaram a fazer silêncio, quando Minerva chamou um sobrenome muito conhecido pela escola.

- Weasley, Louis.

Louis, ao contrário de Luiza, correu e se sentou no banquinho, tentando esconder o nervosismo. Quanto antes acabasse aquela seleção, melhor seria.

- Mais um Weasley... Não há o que pensar! Todos vocês têm a mesma característica, embora a cabeça vermelha tenha sido privada de vários... Seu lugar é na GRIFINÓRIA!

O loirinho Weasley não podia acreditar! Um peso enorme pareceu ter sido arrancado de suas costas e ele correu em direção à mesa da sua nova casa.

Assim que àquela seleção terminou, Minerva fez sinal para que os alunos se calassem, pois tinha um breve comunicado a fazer.

- A seleção esse ano se estenderá mais alguns minutos, pois há três novos alunos na escola, que vieram transferidos de outras unidades de ensino. Eu peço que aguardem mais uns instantes para o banquete, enquanto a Monitora-Chefe, Srta. Weasley vai buscar os novatos na sala do professor Slughorn.

Minerva não precisou falar duas vezes, para que Rose se levantasse de seu lugar e rumasse para a sala do professor. Todos se entreolhavam e faziam a mesma pergunta: Quem seriam esses novos alunos?



***




Na sala do professor de poções, dois alunos se encontravam sentados olhando o local. Até aquele exato momento, não haviam trocado nenhuma palavra.

- Será que isso vai demorar? – o rapaz perguntou seco.

- Não faço idéia! Caso não tenha percebido, querido, também sou novata! – a jovem respondeu no mesmo tom.

- E pelo visto está tão irritada quanto eu por estar aqui!

- Acredito que mais do que você! Meus pais não deviam ter me tirado da minha escola! – ela revirou os olhos – Mas vendo pelo lado bom, pelo menos eu me livrei de umas coisinhas...

- E que coisinhas seriam essas? – ele perguntou curioso.

- Digamos que onde eu estudava, tinha gente que sabia demais...

- Hum... Entendo! – ele sorriu de canto – Prazer sou Krum. Adam Krum! – ele estendeu a mão.

- Craig. Marisa Craig, mas pode me chamar de Maris! – ela apertou a mão do rapaz.

- Está certo Maris, então me chame apenas de Adam!

Pouco tempo depois, a porta da sala se abriu, e Rose entrou. Seu sorriso de boas vindas logo desapareceu quando viu quem eram os novos alunos.

- Meu Merlin, Weasley! Você por aqui, que surpresa! – Maris sorriu e se adiantou para cumprimentar a ruiva.

- Ah não! Não, não e não! Você também estuda aqui? – Adam perguntou revoltado – Era só o que me faltava. A má educada do restaurante estuda nessa escola!

- Em primeiro lugar, essa escola se chama Hogwarts, e em segundo lugar, o mal educado foi você! – Rose respondeu fria – Vim levá-los para a seleção e...

A porta atrás de Rose se abriu novamente, e a menina com rosto gentil e de faixa no cabelo, entrou no local. A expressão de Maris logo mudou ao ver a garota ali.

- VOCÊ?! – ela exclamou.

- Fico feliz em ver que gostou da surpresa, minha cara amiga!

- Paola, o que faz aqui? – Maris perguntou irritada.

- O mesmo que você! – ela sorriu – Ah, você deve ser a Monitora-Chefe que veio nos acompanhar, estou certa? Eu ouvi quando a diretora lhe mandou pra cá, e lhe segui. Não havia encontrado a sala do professor de poções e então fiquei sentada na escadaria principal.

- Sim, eu sou a Monitora-Chefe e vim buscá-los para irem ao salão principal! Meu nome é Weasley. Rose Weasley, e peço que me sigam, por favor! – Rose disse de forma séria e saiu na frente dos alunos, ignorando os olhares mortais que Krum lhe lançava, e a expressão furiosa que Maris tinha no rosto, devido à chegada da amiga.

Assim que Rose abriu a porta do salão principal, todas as cabeças do local se viraram para verem os novos alunos. Paola e Maris olhavam para o teto do salão encantadas. Adam, percebendo a admiração das meninas, comentou:

- É enfeitiçado para que se pareça com o céu lá fora!

- Como sabe? – Maris perguntou.

- Está tudo escrito em Hogwarts, uma história!

Ao ouvir a resposta do garoto, Rose se virou completamente surpresa. Além de sua mãe, nunca havia visto alguém que já tinha lido aquele livro.

- Você já leu Hogwarts, uma história?

- É claro que já li! Quando soube que vinha pra cá, procurei obter o máximo de informações possíveis sobre a nova escola! E nada melhor para conhecer um lugar, do que lendo sobre ele! – Adam respondeu tedioso – Agora não entendi o motivo da surpresa.

- É que tirando minha mãe e eu, não conhecia ninguém que também tivesse lido! – ela disse, ainda surpresa.

- Não conheceu pessoas muito inteligentes então! – ele respondeu em desdém.

Rose ia revidar a resposta, quando percebeu que estava próxima a diretora. Optou então por ficar calada. Não queria receber uma bronca logo no primeiro dia.

Minerva, gentilmente, cumprimentou os novatos e tratou de apresentá-los a toda escola. Logo em seguida, pediu a Rose que conforme os alunos se sentassem, ela colocasse o chapéu seletor neles. Assim seria mais rápida a seleção.

- Craig, Maris. – Minerva chamou e logo a morena se sentou no banco para ser selecionada.

Assim que Rose depositou o chapéu em sua cabeça, houve uns instantes de silêncio, que fizeram todo salão principal prender a respiração.

- “Interessante... Difícil, mas interessante! É astuta, rápida com seus pensamentos e idéias, e isso a tornaria uma ótima Sonserina...” – nesse momento, Rose fez uma careta – “Porém, sua mente evolui depressa e sua inteligência é sua característica principal, a tornando então, membro da casa CORVINAL!”

Maris se levantou do banco e se dirigiu até a mesa de sua respectiva Casa, que naquele momento explodia em palmas e gritos. Apesar de achar todos uns idiotas por tamanha felicidade, ela os olhou e deu um breve sorriso.

- Gusmand, Paola.

Assim como a amiga, Paola saiu de seu lugar e se sentou no banquinho. Sorria, enquanto encarava todos os rostos do salão voltados para ela. “Mesmo quando não quero, tenho a atenção toda voltada pra mim!”, pensou divertida.

- “Parece que a inteligência, a astúcia e a coragem são três pontos fortíssimos... Isso me coloca na dúvida... Sonserina?... Não, apesar das características, ainda falta um pouco para chegar lá” – Paola revirou os olhos – “Grifinória?... Seria uma boa opção, mas minha velha experiência diz que deve ir pra CORVINAL!”

A jovem se levantou e fingiu comemorar com os demais sua ida pra Casa. Viu a amiga revirar os olhos e praguejar algo em francês, mas não se importou, e fez questão de sentar-se ao seu lado.

- Krum, Adam.

Ao ouvir seu nome, Adam caminhou até o banco e se sentou com uma expressão de poucos amigos. Ao ver Rose se aproximar para colocar o chapéu, ele puxou a menina pelo braço, ficando praticamente de testa colada com ela.

- É melhor torcer pra eu não parar na Grifinória! – ele disse de forma ameaçadora.

Rose puxou o braço de suas mãos, com certa violência e respondeu em tom enojado.

- Tenha certeza que torcerei!

Na mesa da Sonserina, Scorpius se levantou imediatamente ao ver aquela cena, com a varinha em mãos, precisando que Vincent o segurasse para que ele não fizesse nenhuma besteira.

Adam percebeu aquilo e sorriu satisfeito, enquanto o chapéu pensava para qual casa deveria ir.

- “...A inteligência se fez reinar, por isso escolho CORVINAL!”

Novas palmas e gritinhos foram ouvidos, e Adam ignorou todos. Sentou-se ao lado das meninas e não sorriu para nenhum dos que o cumprimentaram. Pelo contrário, se pudesse azararia cada um, até que o deixassem em paz.



***




Assim que Minerva anunciou o banquete, Rose se afastou. Caminhava em direção a mesa da Grifinória, quando viu Scorpius lhe chamar. Pela cara que ele fazia, era óbvio que estava furioso. Achou melhor não provocar mais, e foi até ele, séria.

- Que bela cena que acabei de ver, pretende repetir ou foi apenas uma coisa de momento, pra seleção das casas tornar-se mais... emocionante? – Scorpius perguntou sarcástico, assim que a namorada parou em frente a ele.

- O que? Você enlouqueceu? Eu não fiz nada! Aquele maluco que me puxou, todo mundo viu! – Rose se defendeu.

- É cara, pega leve que ela não tem culpa! – Vincent apoiou à amiga.

- O que ele queria? – o loiro perguntou seco.

- Nada demais! Só disse em tom de ameaça para eu torcer que ele não fosse para Grifinória! – ela respondeu no mesmo tom.

- Hum...

- Aff, era só o que me faltava! Você ficar mal-humorado, por algo que não fiz! – Rose encarou o loiro, irritada – Vou pra minha mesa, vejo vocês mais tarde! – ela se virou para sair, mas sentiu a mão se Scorpius a segurar. Ele a virou e antes que ela pudesse protestar a beijou na frente de todo salão, como pedido de desculpas e também, como uma forma de anunciar que ela era dele.

Na mesa da Corvinal, Maris, Adam e Paola apenas reviraram os olhos e se serviram do banquete. Toda aquela festa parecia não significar nada para eles.



***




Depois do banquete e do discurso de boas-vindas, os alunos foram encaminhados para suas respectivas salas comunais. Como era de costume, os alunos da Grifinória festejavam o início das aulas com bastante Cerveja Amanteigada e diversão. Até Rose e Alvo, que graças ao cargo que ocupavam tinham quartos separados dos demais, estavam na festa.

Apesar de toda alegria, Alvo, embora tentasse demonstrar tranqüilidade, estava extremamente irritado em ver a irmã com o primo, juntos, sentados próximo a lareira. E pra completar seu humor, Alice não tinha conseguido falar com o Moss. Mas de todos, esse era o menor mal. Por mais incrível que pudesse parecer, o fato da namorada não ter terminado com o antigo caso, não o irritava tanto, quanto o fato da irmã, está aos beijos com um cara na sua frente.

Aproveitando que Lílian havia se afastado de Hugo para buscar mais bebida, ele caminhou até o primo, e sem nenhuma gentileza o puxou pela gola das vestes, para longe daquela confusão. Empurrou o ruivo contra parede e o encarou, completamente furioso.

- Mas o que...?

- Se divertindo com a minha irmã? – Alvo perguntou. Hugo podia jurar que dos olhos do moreno, saíam faíscas.

- O que quer dizer com o “se divertindo com minha irmã”? – o ruivo sustentava o olhar desafiador que o primo lhe lançava – Lily não é uma diversão e você deveria saber disso!

- Quando ainda estávamos naquela fazenda, e eu peguei os dois no quarto, vocês já estavam juntos?

- Ahn? Mais o que isso tem a ver...?

- RESPONDA!

- SIM, ESTÁVAMOS! – Hugo gritou – Agora se puder me explicar o motivo desse showzinho, eu agradeceria!

- O motivo desse showzinho, é para constatar que você não vale nada! – Alvo praticamente cuspiu as palavras na cara do primo – Se aproveitou da confiança que eu tinha em você para ficar com minha irmã!

- Hei, hei, pode parando por aí! Até onde eu saiba, o cara que não vale nada na família é você, e agora porque resolveu bancar o bom moço, tá querendo dar uma de santo!

- Quem você pensa que é pra falar assim comigo?

- Eu é que pergunto! Quem você pensa que é, pra me puxar daquele jeito e sair gritando? EU AMO A LÍLIAN, e aconselho você que aceite logo isso, pois não vou me afastar dela!

- Isso é o que vamos ver, e...

- Alvo? Hugo? Tá acontecendo alguma coisa? – Lily perguntou com uma expressão intrigada. Não havia ouvido a conversa, mas pelos olhares que os dois trocavam, percebeu que tinha algo errado.

- Não há nada errado, baixinha! Alvo e eu só estávamos discutindo coisas de quadribol, sabe como é! – Hugo riu e se virou pro primo – Você tem razão, acho que precisaremos ficar mais atentos esse ano!

- Com certeza! Principalmente se formos julgar pelo fato de que algumas pessoas podem jogar sujo... – Alvo sorriu para o primo e para irmã – Mas não esquenta, cara, ficarei de olhos bem abertos! E qualquer coisa eu aviso, afinal de contas, somos melhores amigos não?! – Com essa última frase, Alvo se despediu do primo e da irmã, e saiu do salão comunal, sem dizer mais nada.

Lily encarou o namorado com uma expressão que misturava confusão e incredulidade. Algo não estava certo ali, ela podia sentir.

- O que realmente aconteceu aqui? – ela estava com uma das mãos na cintura e com um ar levemente acusador.

- Não aconteceu nada! – Hugo mentiu e se aproximou da ruiva – Não aconteceu nada, ainda... – ele puxou a menina pela cintura e a encarou com um sorriso maroto.

- O que quer dizer com o ‘ainda’? – ela perguntou, embora soubesse a resposta.

- Ué, quero dizer que alguma coisa que deveria acontecer, ainda não aconteceu!

- E o que seria?

- Isso! – ele acabou com a distância que os separavam e selou seus lábios aos dela, em um beijo apaixonado. Apesar de estar feliz por namorar Lily, sentia-se mal por ter brigado com Alvo, e principalmente por ter mentido para ruiva. Não gostava de mentir pra ela nem quando eram amigos, agora que eram namorados, isso lhe partia o coração. Mas aquela mentira, ele julgava necessária. Lily amava o irmão, e não precisava saber que ele ainda era contra o namoro dos dois.



***




Na Corvinal, a comemoração de boas-vindas aos novatos morria aos poucos e os alunos se encaminhavam para seus dormitórios. Três alunos, em especial, não se importaram nenhum pouco com toda a festa e ficaram isolados em um canto. Adam estava sentado em uma das poltronas, lendo um livro, enquanto Maris e Paola discutiam algo em francês, para que os demais não entendessem.

- Como veio parar aqui? – Maris perguntou aborrecida – Por Merlin, achei que tivesse me livrado por completo do passado!

- Pelo visto, minha querida, não se livrou! E pra ser sincera, deveria agradecer minha presença, em meio a esses patifes! – Paola respondeu convencida.

- Como convenceu seu pai que aceitasse lhe transferir pra cá?

- Simples, disse a ele que sentiria muita falta da minha “melhor amiga”! E pra completar, ele acabou aceitando a proposta do seu pai, de se unir ao antigo sócio e expandir os negócios! – Paola respondeu, com um sorriso.

- E seu pai acreditou nessa história de “amo minha melhor amiga e não quero me separar dela”? Definitivamente, o tio Pierre não conhece a filha que tem!

- Digo o mesmo do tio Jeremy! – as duas riram – Já tem idéia do que pretende fazer aqui?

- Ainda não... Minha vida deu um giro de 360º quando meu pai resolveu vir para esse país idiota! Não esperava me mudar da França então não tive tempo para pensar em nada...

- Maris, não se desespere! Ainda temos tempo para pensar em como transformar essa escola num ambiente mais... Sociável!

- Quando diz sociável, quer dizer que pretende aprontar, estou certa?

- É claro!

- Sabe, é por pensamentos assim, que relevo o fato de você ser uma vadia sem coração, e te tenho como amiga! – Maris debochou.

- Não! É por estarmos uma na mão da outra que mantemos nossos laços de amizade! E obrigada pelo sem coração, realmente adoro elogios!

Adam, que escutava todo aquele blá blá blá em francês, mantinha seus olhos fixados na página do livro. Assim que percebeu que na sala só estavam ele e as duas meninas, sorriu e se sentou ao lado delas, com uma expressão divertida.

- Quando quiserem que ninguém entenda o que estão falando, certifique-se que o idioma utilizado é desconhecido por todos do local! – ele falou em francês e ao ver a expressão das meninas, riu abertamente – Francês é um dos meus idiomas favoritos, adoro usar ele, principalmente para xingar... – ele sorriu malicioso e se levantou – Boa noite meninas! – saiu em direção ao dormitório, deixando as duas levemente chocadas e aborrecidas.



***




Rose, que também estava na festa de boas-vindas da Grifinória, ao ver Alvo sair completamente irritado, decidiu segui-lo. Por mais que tentasse descobrir, o moreno se recusava a dizer, em detalhes, o que tinha acontecido, então ela decidiu não insistir e o convidou para acompanhá-la em sua primeira ronda como Monitora Chefe.

A primeira ronda foi tranqüila. Os alunos pareceram colaborar para que o serviço de Rose terminasse mais cedo, e estavam reunidos em suas salas comunais. Passava um pouco das dez quando a ruiva e o primo, voltaram para o andar onde ficavam seus quartos.

Os quartos do Monitor Chefe e dos capitães dos times de quadribol ficavam no mesmo corredor na ala oeste do castelo. O da monitoria era o quarto do meio, e na porta possuía o brasão de Hogwarts, que reunia a bandeira das quatro casas. Os dois quartos a esquerda da Monitoria, pertenciam a casa Sonserina e Corvinal, e a direita, eram da Grifinória e Lufa-Lufa.

Rose estava parada em frente à porta de seu quarto, completamente ansiosa para ver como era a decoração e a sala de uma monitora chefe. Ao ver Alvo ir em direção ao outro quarto, ela o chamou.

- Alvo, aonde pensa que vai?

- Dormir, é claro! É a única coisa que me resta depois de momentos tão estressantes! – ele respondeu como se fosse o óbvio.

Rose revirou os olhos, foi até o primo e o puxou de volta. Com a mão livre, ela girou a maçaneta e entrou em seu quarto, arrastando Alvo consigo. Assim que atravessaram o portal, ela fechou a porta atrás de si e soltou as vestes do moreno. Não havia reparado que outra pessoa estava ali dentro, acompanhando toda a cena, calado.

- Agora você vai se sentar aí e me contar o que aconteceu, e... SCORPIUS? – ela sobressaltou-se ao ver a presença do loiro, sentado na cadeira, com os pés sobre a mesa e uma expressão tranqüila.

- Bom, se não mudaram nada no meu registro de nascimento nesses últimos instantes, é esse o nome que consta na minha certidão! – ele respondeu com um sorriso irônico. – A propósito, belo quarto!

- Conheceu meu quarto antes de mim? – Rose perguntou com um misto de diversão e incredulidade. Alvo agora, já ria da cena. Contava mentalmente os segundos pra prima dar um ataque, e mandar o namorado tirar os pés de sua mesa.

- Sim! – Scorpius respondeu de maneira simples, ainda sentado de forma relaxada como se a mesa fosse sua, e ele pudesse colocar os pés sobre ela a hora que bem entendesse – A festa da Sonserina tava chata, ou melhor, meu humor que não tá dos melhores, então decidi vir até aqui, pra ver como é o quarto de um Monitor!

- Você conheceu meu quarto ante de mim? – Rose tornou a perguntar.

- Sim!

- E está com os pés, sobre a minha mesa?

- É o que parece!

- E não está nem um pouco preocupado com isso?

- Nem um pouquinho, se quer saber!

Rose caminhou em passos firmes até o namorado. Alvo agora já se curvava de tanto rir. Definitivamente aqueles dois eram uma comédia.

- Scorpius Hyperion Malfoy, tire os pés da mesa já! – ela ordenou e deu um tapa na canela do namorado, pra que a obedecesse.

Scorpius a encarou de maneira divertida e retirou os pés da mesa. Sem dizer nada, se levantou, caminhou em direção ao sofá da sala da monitoria e se atirou nele, da forma mais folgada possível.

Rose acompanhou toda a cena boquiaberta. Scorpius estava tentando irritá-la e ela não iria cair nesse joguinho. Ignorou completamente o fato dele jogar no chão, todas as almofadas que haviam no sofá, e encarou o primo, que parecia estar se recuperando de uma crise fortíssima de risos.

- Então, você vai ou não vai me contar o que aconteceu no salão comunal?

- Lumus! – Scorpius começou a brincar com sua varinha, na tentativa de atrapalhar a namorada – Nox!

Ela ignorou.

- Alvo, desembucha de uma vez!

- Certo! – ele disse rendido – Meu problema é com seu irmão e o fato dele estar namorando a minha irmã!

- Lumus! – a ponta da varinha de Scorpius se acendeu – Nox! – em seguida se apagou.

- Ahhh Al! Eles se gostam, você deveria entender, e...

- Lumus!... Nox!

Rose se virou furiosa para Scorpius, que não se intimidou com o olhar assassino que ela lhe lançava.

- Continua contando, cara! – o loiro sorriu.

- Pra você é fácil dizer, não?! É seu irmão! Coloque-se no meu lugar, durante uns instantes, que vai entender o que eu passo! Estamos falando da Lily, minha irmãzinha, caçulinha... Merlin, até ontem a Lily era uma garotinha indefesa!

- Desculpe Alvo, mas indefesa a Lily nunca foi! E tem mais, ela...

- Lumus...!

- AH, JÁ CHEGA! – Rose sacou sua varinha rapidamente – EXPELLIARMUS!

- Protego! – Scorpius se defendeu.

- Você está insuportável! Sai daqui, some, desaparece, vaza, tome o rumo do seu quarto! Alvo e eu temos assuntos sérios pra conversar! – a ruiva disse nervosa, mas Scorpius nem ligou.

- Os assuntos sérios a gente pode conversar amanhã, eu tô me divertindo com essa briga, ridícula, de vocês! – Alvo riu e encostou-se na parede pra observar tudo – Definitivamente priminha, você cai na pilha muito fácil!

- Eu caio na pilha muito fácil? Esse ser loiro está me provocando desde que cheguei aqui, e você diz que EU CAIO NA PILHA FÁCIL?

- Mas é isso que ele quer, oras! Ele gosta de te ver irritada!

- Com certeza, você fica linda quando tá irritada!

- É, você fica com as bochechas vermelhas, realmente uma graça! – o moreno concordou.

Rose olhou do primo, pro namorado, incrédula. Merlin, ao invés de Alvo apoiá-la, dava razão ao loiro, que fizera uma bagunça enorme na sala da monitoria. Respirou fundo mais uma vez. Ela já estava irritada.

- Quer saber? Saiam! Pra fora os dois! Amanhã temos aula, e eu não quero acordar com dores de cabeça, porque dois malucos resolveram se unir pra me tirar do sério! Anda, anda, sumam daqui já!

Ela os expulsou, e os dois saíram rindo porta afora. Definitivamente, Alvo e Scorpius eram impossíveis!

Rose fechou a porta assim que eles passaram, e se virou para olhar o quarto. A sala da monitoria estava uma bagunça. Scorpius havia derrubado as penas em cima da mesa, e espalhado todas as almofadas pelo chão. Balançando a cabeça negativamente, a ruiva caminhou devagar, sacou sua varinha e começou a colocar tudo em seu devido lugar.

Quando tudo estava organizado e ela caminhava em direção as escadas que davam acesso a seu quarto, ouviu várias batidas na porta. Respirou fundo. Quem era agora? Irritada, caminhou em direção a entrada e girou a maçaneta. Nem teve tempo de falar nada, pois logo foi surpreendida por um beijo apaixonado e quente, de Scorpius. Ela só teve tempo de bater a porta atrás do loiro, enquanto ele praticamente a carregava em direção ao sofá.

Beijavam-se ardentemente, enquanto espalhavam as almofadas pelo chão, que há alguns minutos, a ruiva havia arrumado.

- Eu ainda estou... zangada com você! – ela disse, quando os dois pararam para recuperar o fôlego.

- Olha o que aconteceu no salão comunal, foi uma burrice minha, eu sei, e...

- Não é por isso! – ela riu – Eu ainda tô zangada com você por ter bagunçado tudo aqui!

- Ahhhh... – ele riu também – Bom, bagunça por bagunça, a que acabamos de fazer aqui tá bem pior.

Eles riram e voltaram ao ritual de beijos, ainda mais quentes e provocantes que antes. Definitivamente, precisavam concordar, que a melhor parte das “brigas” que tinham, eram as reconciliações. Tudo ia muito bem, até que mais alguém bateu a porta. Eles pararam abruptamente e se encararam. Quem, àquela hora, iria perturbar a Monitora Chefe? Levemente aborrecida, Rose se levantou, arrumou os cabelos e as roupas, e caminhou até a porta. Se surpreendeu ao ver Alvo e duas crianças, paradas em frente ao quarto.

- Louis? Luiza? O que fazem aqui? – embora a pergunta fosse para os pequenos, Rose encarava o primo, completamente confusa.

- Tava saindo do banheiro quando escutei batidas tímidas na porta do meu quarto. Abri e dei de cara com esses baixinhos parados lá! – Alvo explicou e entrou no aposento – Ahhhh... – exclamou ao ver Scorpius lá também – Desculpa ter interrompido! – sorriu maroto.

- Tudo bem, eu perdôo só por causa das crianças! – Scorpius respondeu divertido – Então o que aconteceu com vocês? Deviam estar em seus dormitórios!

- Você também deveria estar no seu, mas, assim como nós, tá no quarto da Rose! – Louis respondeu rápido, e isso surpreendeu Scorpius – E eu não quero nada! A Luiza que tá mal!

- O que aconteceu Luiza? – Rose perguntou preocupada. Só agora ela foi reparar na expressão triste da menina.

A loirinha suspirou e levou as mãos ao rosto, tentando esconder algumas lágrimas que escorriam. Sentia vergonha de estar assustada em seu primeiro dia, enquanto as outras crianças comemoravam e mal esperavam para que tivessem sua primeira aula.

- Eu... Eu sinto falta da minha mãe! – a loirinha disse num fio de voz – E tô com medo...

- Medo de que? – Alvo se abaixou para ficar da altura da menina. – Eu sei que somos loucos, mas nada disso é motivo pra você se assustar!

A loirinha riu e ergueu o rosto pra encarar Alvo.

- Eu tô com medo de não ser igual a vocês! De não ser uma boa aluna e não dar orgulho a minha mãe... E sem contar que eu ouvi aquele chapéu lá falar que os alunos da Grifinória precisam ser corajosos e eu... Bom, eu sou medrosa!

Com o comentário da menina, os mais velhos não conseguiram conter a risada.

- Merlin, você realmente acha que nós não temos medo? – Rose comentou e se abaixou ao lado do primo – Luiza, não é porque somos Grifinórios, que não temos medo de nada!

- Verdade, a Rose, por exemplo, é a Grifinória mais medrosa que existe! – Scorpius brincou.

- Por que eu sou a mais medrosa?

- Você tem medo de altura e de escuro!

- E daí? Isso não significa que eu seja a mais medrosa!

Louis, Luiza e Alvo, olhavam de Scorpius pra Rose com expressões divertidas.

- Eles são sempre assim? – Luiza cochichou.

- Às vezes são piores, mas logo você acostuma! – Alvo respondeu sorrindo – Tá, já chega vocês dois, temos uma criança pra ajudar aqui!

- É verdade! Culpa do Scorpius que me distrai! – Rose respondeu e se virou pra menina – Olha, não precisa ter medo do medo que sente!

- Caraca, essa foi profunda hein! – Scorpius debochou.

- Tanto tempo com o Vincent, te fez ficar engraçadinho é?

- Não amor, eu sempre fui engraçadinho, mas você nunca percebeu, pois estava ocupada se aproveitando das minhas outras qualidades!

- Scorpius! – Rose corou.

- Desculpa, mas só falei a verdade!

- Os Grifinórios podem não ser medrosos, mas malucos eles são! – Louis disse e todos riram.

Percebendo que se dependesse de Scorpius e Rose, a pequena Luiza nunca iria se acalmar, Alvo a puxou pela mão e sentou-se com ela na escada que dava acesso ao quarto da prima. Louis continuava observando a discussão do casal, aquilo era realmente engraçado!

- Então, o que te assusta, exatamente? – o moreno perguntou descontraído.

- Acho... Acho que não vou ser uma boa bruxa! Nunca vou ser como vocês! – ela suspirou triste.

- Se continuar pensando assim, nunca vai ser mesmo! – ele encarou a prima – Luiza, eu sei que tantas novidades assustam, e você se sente meio perdida, principalmente por não ter convivido com bruxos quando criança. Mas tudo isso não pode interferir no fato de você se tornar uma boa aluna e desenvolver muito bem seus poderes!

- Mas eu tô com medo... – ela abaixou a cabeça.

- Eu sei! Também tive medo no meu primeiro dia. Principalmente porque Tiago não parou de fazer pressão e contar histórias horríveis!... E também tinha medo de não ser um bom bruxo, assim como meus pais são!

- E como perdeu o medo?

- Acreditei em mim! E de quebra ainda contei com a ajuda da Rose, que por mais medrosa que seja, tem um cérebro incrível! – os dois riram. – Mas falando sério, ter medo é normal! Com o tempo vai ver que tudo fica mais fácil, e tenho certeza que será uma bruxa tão boa ou quem sabe até melhor, que nós!

Com as palavras do moreno, Luiza sorriu radiante. Conversar com Alvo, sem dúvida, a fez perder grande parte do medo. O abraçou carinhosamente e agradeceu por ter um primo tão legal quanto ele.

- Caraca, eles não param? – Louis se aproximou de Alvo e Luiza com uma expressão de quem estava se divertindo muito.

- Param sim, só precisam de uma ajudinha! – Alvo se colocou de pé e praticamente gritou – Vocês dois aí, dupla de matracas, querem fazer o favor de discutir o relacionamento quando não estivermos aqui? Tá ficando chato já!

Rose e Scorpius pararam de discutir imediatamente e se viraram para os outros que estavam no local. Com a pequena “briga”, haviam se esquecido completamente que tinham que ajudar a pequena Luiza.

Constrangidos, eles caminharam até os outros e se sentaram ao pé da escada.

- Então...?

- O Alvo já me ajudou, Rose! – Luiza respondeu – Embora ainda sinta falta da minha mãe!

- Bom, você pode escrever pra ela todos os dias se quiser! – Rose disse com um sorriso no rosto – Amanhã posso te levar ao corujal pra você enviar uma carta!

- Eu quero! – a loirinha respondeu animada – Obrigada! Acho que agora já posso voltar pro dormitório! Não tenho mais medo!

- Não! – Rose disse rápido – Se Filch pega vocês caminhando a essa hora pelos corredores é detenção na certa!

- E onde vamos dormir? – Louis perguntou.

- Você pode dormir no meu quarto. – Alvo disse – E a Luiza fica aqui com a Rose.

- E eu volto pro meu quarto, sozinho e desconsolado! – Scorpius se fingiu de triste – Tudo bem, nada que 30 anos de terapia não resolvam!

- Um bom banho frio costuma resolver nessas horas viu?! – Alvo debochou e logo se colocou de pé – Louis, vamos embora dormir, porque amanhã vamos acordar cedo e acho que você não vai querer se atrasar pra sua primeira aula.

- Certo! Boa noite! – Louis se despediu dos demais e saiu junto com o Alvo.

- Eu também vou nessa! – Scorpius anunciou, deu um breve beijo na namorada e passou a mão pelos cabelos de Luiza – Ainda preciso do meu banho frio, e só assim poderei dormir em paz!

- Scorpius! – Rose corou novamente – Vai logo, vai!

Rindo o loiro correu pra fora do quarto e fechou a porta. Ainda corada, Rose se levantou e finalmente pôde conhecer seu quarto, que antes, as circunstâncias a impediram.



***




Bom dia Hogwarts!

Podem parar de se lamentar, eu cheguei!

Para os novatos, prazer, sou a Garota Misteriosa, autora desse jornal, e grande responsável por levar até vocês, as notícias mais quentes que acontecem por aqui!

Pra começar, sejam bem-vindos a Escola de Magia e Bruxaria mais famosa do mundo. Apesar do passado meio assombroso graças a uma guerra presenciada, Hogwarts é sem dúvida um lar muito aconchegante e tenho certeza que vão adorar.

Como é de praxe, vou explicar rapidamente como podem se comunicar comigo, caso queiram ver uma notícia publicada:

1 – Este pergaminho, como já notaram, é mágico. Enquanto os alunos vêem notícias sobre o mundo da Elite, os professores vêem apenas um pergaminho sem importância;

2 – Caso queiram se comunicar comigo, é simples! Escreva nas costas do pergaminho a notícia e colem a foto desejada. O pergaminho chefe (sim, eu batizei o meu pergaminho, queridinhos!) recebe tudo que for enviado e na manhã seguinte, as notícias mais importantes, aparecem publicadas;

3 – Não se preocupem quanto ao sigilo. Os nomes dos informantes só serão publicados, caso ele mesmo peça. Então se divirtam contando tudo que sabem, que eu me divertirei mais ainda publicando.

Recados passados, agora vamos às notícias.

Para aqueles que não sabem, tenho a felicidade de informar, que dois casais saíram de férias namorando e voltaram praticamente com o pé no altar. Vincent e Sophie, e nosso casal problema e popular, Scorpius e Rose carregam em sua mão direita, uma linda aliança. Parabéns aos noivos, mas todos torcemos para que as confusões continuem, afinal, os barracos da Elite precisam de vocês!

Por falar em Elite, parece que a queridinha, santa, pura e casta, Alice Huntington parece ter colocado as asinhas de fora. Não satisfeita em ter ficado com o riquíssimo e metido a pegador, Levesque, ela agora namora com Jayden Moss, um membro bonitinho, porém desprovido de inteligência da Elite... Esperem um minuto? Eu disse Moss? Ah não, devo ter me confundindo. A queridinha do 5º ano foi vista aos beijos com Alvo Potter! E minhas fontes informam que os dois estão namorando... Das duas uma: ou o Moss terminou com a princesinha estudantil (coisa que é bastante improvável, uma vez que ele foi visto suspirando por ela, há alguns dias), ou ele acaba de descobrir que a cabeça pesada não é pelos estudos, e sim pela linda galhada que deve estar nascendo!...

É por isso que eu sempre digo, volta às aulas me estimula... As notícias são sempre tão... Animadoras! Eu adoro isso!




***




Salão Principal – Café da manhã

Alguns alunos já estavam no salão principal, e comentavam, pra quem quisesse ouvir, as notícias publicadas no “Elite de Hogwarts”. A história do noivado de dois casais populares era bastante falada, mas nada, nada mesmo, era tão engraçado e causava tanto tumulto quanto a história de Alvo Potter estar namorando uma das garotas mais certinhas de Hogwarts.

Quem sofria com todo esse comentário, era Jayden, que obviamente não sabia que havia sido trocado durante o período de férias. Ao ver Alice aparecer na porta do grande salão, ele não esperou que se sentasse e foi em direção a garota com uma expressão furiosa.

- Que história é essa? – Jayden perguntou entre os dentes e jogou o pergaminho em cima da Alice.

- Ai meu Merlin! – a castanha exclamou assustada. Ainda não tinha lido o pergaminho e agora se sentia muito envergonhada – Eu... Eu posso explicar!

- EXPLICAR O QUE? – ele não se preocupava em gritar – TÁ TUDO EXPLICADO AQUI! VOCÊ DISSE QUE ME AMAVA ALICE E AGORA FAZ ISSO? POR QUÊ?

- Jayden, não... Não grita!

- EU GRITO O QUANTO QUISER! AFINAL DE CONTAS, O TRAÍDO AQUI SOU EU! – o rapaz estava descontrolado. Puxou Alice pelo braço para perto de si e a encarou com uma expressão que chegava dar medo – Essa história é verdade? Alice, você está mesmo com o Potter?

- Você tá me machucando! – Alice tentava se soltar das mãos do antigo namorado, coisa que era inútil, já que ele a segurava com força e não parecia disposto a soltá-la.

- Me responde! – ordenou.

- Sim, estou. Agora me solta! Meu braço tá doendo!

Se aquela confusão pareceu deixar todos do Salão com uma respiração cortada, devido à ansiedade, quando Alvo apareceu à porta, a respiração dos alunos cessou. Sabiam que agora a coisa iria piorar.

- O que está acontecendo aqui? – Alvo se aproximou da namorada. Sua expressão era, sem dúvida, mil vezes mais ameaçadora que a do rival.

- Ahhh, olha o novo namoradinho chegou! Veio defender ela foi? – Moss soltou uma risada seca.

- Largue a Alice! – Alvo ordenou, tentando manter a calma.

- Não! – ele respondeu – Até onde eu lembre, ela ainda é minha namorada!

- Então sua lembrança anda meio ultrapassada, já que como pôde ler, agora ela é minha namorada e... Quer saber, não sei pra que ainda tô te dando explicação! – num movimento rápido, Alvo soltou a namorada das mãos do rival, e antes que ele pudesse reagir, socou sua boca, o fazendo desequilibrar e cair pra trás.

- Você vai me pagar! – Moss se levantou e correu pra fora do salão principal, com a boca ensangüentada.

- Ah claro! Esperarei sentado o dia que você cumprirá sua ameaça! – Alvo gritou, fazendo os outros alunos do salão rirem – Acabou o show, podem voltar a comer suas torradas! – ordenou e se virou pra Alice – Você tá bem?

Ela não respondeu de imediato. Ainda estava chocada com toda aquela cena e seu braço ainda doía, devido à brutalidade do ex.

- Ali, tá tudo bem? – Alvo se aproximou da menina e acariciou seu rosto.

- Eu... Acho que sim! – a castanha finalmente respondeu – Vamos tomar café, é melhor! – ela sorriu.

- Certo! – ele concordou e foi de mãos dadas com ela até a mesa da Grifinória – Sabe, é a primeira vez que vejo você tão calma com uma notícia desse jornal!

Alice deu de ombros e se sentou.

- Decidi não ligar pra isso! Afinal, bem ou mal, a maioria das coisas que o jornal diz são verdadeiras, então a melhor coisa a fazer é ignorar! E sabe, dessa vez eu devo até agradecer a essa tal Garota Misteriosa, pelo menos o Moss já soube logo de tudo!



Ah pequena Alice, não precisa me agradecer viu?! Faço isso por diversão, e também porque adoro confusões... Mas, vejamos, se o maior pegador de Hogwarts decidiu bancar o bom moço, como ficarão as outras meninas que adoravam se divertir com o moreno Potter?... Não sei... Sinto cheiro de encrenca, e ela vem acompanhada com uma bela pitada de pimenta...


Na mesa da Sonserina, Samantha, uma das meninas que costumava sair com Alvo, praticamente soltava fogo pelas narinas. Ela não estava apenas surpresa com a notícia do namoro, mas sim furiosa.

- Ele não podia ter feito isso comigo! – a menina comentou, batendo forte seu copo de suco na mesa – Definitivamente não podia!

- Do que está falando, Sam? – a menina que estava do lado perguntou.

- Do que estou falando? Do Alvo, é claro! Como ele ousa a namorar aquela lerdinha da Huntington? Por Merlin, olhe só pra ela! Tão doce, tão ingênua, tão patética! O que ele viu naquela idiota?

- Certamente o que não viu em você! – Chad comentou, se sentando entre as meninas – Você pode falar o que quiser da Alice, mas precisamos concordar que ela é uma garota bonita! Boazinha demais e com ar angelical, mas ainda sim muito bonita, e isso atrai os homens!

- O que? A beleza ou a lerdeza dela? – Jude, a amiga de Sam, perguntou.

- Você quer dizer, a ingenuidade e não a lerdeza! – Chad a corrigiu – Bom, não sei se é o caso do Alvo, mas a maioria dos homens, e me incluo nessa lista, gosta de desafios, e meninas como a Alice representam tal coisa! Não é fácil levar uma garota como essa pra sair e muito menos obter algo mais que um simples beijo... E isso nos instiga! É como se precisássemos provar pra nós, que conseguimos chegar até elas!

- Vocês homens são ridículos! Definitivamente! – Sam revirou os olhos.

- Não é ser ridículo! Veja, sem querer ofender, garotas como você e a Jude, o Alvo, o Levesque, eu ou qualquer outro homem dessa escola, pode conseguir a qualquer instante! Mas garotas como a Alice, que não gostam desse joguinho de sedução, são bem mais difíceis!

Samantha encarou o casal sentado à mesa da Grifinória, e finalmente pareceu compreender o que Chad queria dizer... Mas infelizmente, tal compreensão, veio acompanhada de um plano totalmente sujo.

- Chad, me diga, o que acontece quando vocês conseguem garotas como a Alice? – ela perguntou com um ar inocente.

- No geral, nos damos por satisfeitos e, dias depois, largamos delas, pra voltar a nos divertir com garotas como você! – ele explicou – Por quê?

- Não, por nada... – ela sorriu.

- Samantha, Samantha... Devo lhe lembrar que esse provavelmente não seja o caso do Alvo! Talvez ele realmente goste dessa menina! – o amigo advertiu.

- Sim... Talvez... Mas ela não precisa saber disso! – Sam sorriu para o amigo – Jude venha comigo, esqueci meu livro de Transfiguração no quarto, preciso ir buscar!

Imediatamente a amiga se levantou e seguiu Samantha para fora do Salão Principal.

- Transfiguração... Sei! Ela realmente pensa que me engana! – Chad balançou a cabeça num sinal negativo e sorriu. – Samantha, você realmente não presta!



***




Assim que Rose e Luiza acordaram, a ruiva acompanhou a menina até o salão comunal da Grifinória para que esta pegasse seu material e terminasse de se arrumar. Deixou a pequena sob os cuidados de Roxanne e Molly, e saiu para fazer sua ronda matinal, antes do café.

Caminhava tranquilamente pelos corredores da escola, a procura de alunos do 1º ano que vez ou outra se perdiam, graças às mudanças constantes das escadas do Castelo. Tudo ia bem, até que de longe, avistou uma pessoa bastante indesejada. Fez menção de se virar e voltar pelo caminho que veio, mas antes mesmo que conseguisse fazer isso, foi vista.


- Ora, ora, veja se não é a Monitora Chefe! – Adam debochou e começou a caminhar em sua direção – Suponho que queira demonstrar trabalho, não?

- Bom dia, para você também, e já aviso que é melhor me respeitar, se não quer que sua casa comece o ano letivo com pontos negativos! – Rose revidou e começou a caminhar, na intenção de deixar o moreno falando sozinho. Mas não obteve sucesso, já que ele a seguiu.

- Você acha que me importo com a porcaria da Casa? Por Merlin, você não me conhece mesmo, não é?! Acha que eu ligo para essa coisa de competição e melhor do ano? Tenha paciência! Quero mais é que tudo se exploda, não tô aqui pra ficar ganhando pontos e festejando com esse bando de gente ridícula! – ele desdenhou.

- Ótimo! Se não quer se importar com sua Casa, o problema é seu! Agora que já deu seu recado, poderia me deixar em paz? – Rose falou, enquanto ainda caminhava para longe dele.

- Achei que a função do Monitor Chefe era ajudar os alunos! – Adam ironizou.

Rose parou e se virou para encará-lo. Foi com certa surpresa que percebeu que ele estava bem atrás de si, e por pouco os corpos não se chocaram.

- Minha função é ajudar os alunos sim, mas quando eles precisam realmente de ajuda!

- E quem disse que eu não preciso?

- Ninguém! Mas desde que nos conhecemos, me pareceu que seu esporte favorito é infernizar minha vida!

- E é! Mas hoje, por incrível que pareça, eu realmente preciso de ajuda!

Rose o encarou por alguns segundos e respirou fundo. Se pudesse, ela o azarava ali mesmo, mas tinha certeza que se fizesse isso, levaria uma bronca, já que sua função não era azarar os alunos e sim orientá-los. Contrariada, ela revirou os olhos e perguntou:

- O que quer?

- Olha, tá vendo como a educação às vezes funciona? – o moreno riu em deboche.

- Escuta aqui, se você pensa que...

- Calminha aí, eu só tava brincando! Será que a senhorita poderia me fazer o grande favor de me dizer pra que lado fica o salão principal? Acabei me perdendo com esse monte de escada!

- Certo! Siga-me, estava mesmo indo pra lá! – a ruiva disse e começou a caminhar em direção ao salão.

- Como se isso me importasse... – Adam murmurou e seguiu a ruiva de perto. Ele não sabia muito bem a razão, mas o jeito de Rose o tirava do sério. Sua mania de saber tudo, de querer dar ordens, de ser superior... A única pessoa que ele conhecia que tinha essa facilidade de comando e um gênio praticamente indomável era ele próprio. Ter uma “rival” não fazia parte de seus planos, e isso o deixava furioso.

Assim que chegaram ao grande salão, em um sinal de ironia, Rose tratou de puxar Adam pelas vestes e o colocou frente a frente com a mesa da Corvinal.

- Krum, essa é a mesa da Corvinal e espero que tenha decorado o caminho! Da próxima vez, faça um mapa, ou siga as crianças, pois elas parecem muito mais familiarizadas com o castelo do que você! – a ruiva sorriu em deboche e saiu em direção à mesa da Grifinória, onde os primos e o irmão já se serviam de pães, tortas e torradas.



Ai, ai, não sei por que algumas pessoas alimentam o ódio... Isso é feio e faz mal aos pobres coraçãozinhos!



Terminado o café, Minerva distribuiu os horários para todos os alunos do 6º e do 7º ano, e ressaltou para os últimos, a importância de estudar e levar a sério todo o ano letivo, já que prestariam os NIEM’s e isso decidiria suas carreiras.

Com os horários em mãos, os alunos se separaram e seguiram para suas respectivas aulas. Rose se despediu do primo e do namorado, que teriam o primeiro tempo vago, e foi para sua aula de Aritmancia. Não demorou para notar que não estava sozinha no corredor.

- Ah, que foi hein? Tá me seguindo? – Rose parou irritada e perguntou a Adam, que vinha logo atrás.

- Eu? Seguindo você? Ainda não bebi, nem coisa do tipo! – ele respondeu no mesmo tom irritado – Sei que não é da sua conta, mas eu tô indo pra minha aula de Aritmancia!

Rose riu. Ou melhor, gargalhou. Ele só poderia estar brincando. Não era possível, que Adam Krum, a pessoa que naquele momento a ruiva mais detestasse, estivesse na mesma turma que ela! Aquilo deveria ser brincadeira.

- Qual é a graça? Por acaso contei alguma piada e não percebi?

- A graça é que você disse que está indo pra sua aula de Aritmancia.

- E desde quando isso é engraçado?

- Isso só pode ser brincadeira!

- Brincadeira por quê? Está aqui no meu horário, Aritmancia, segundas, quartas e sextas, nos primeiros e quartos tempos! E... Espera um pouco! Não vai me dizer que você também estuda essa matéria?!

- Sim, estudo, e pelo visto parece que você também, e pra piorar a situação, ainda está na minha turma! – Rose bateu os pés no chão, completamente irritada – Eu devo ter feito algo de muito grave, não é possível!

- Só você? Acho que isso deve ser alguma vingança pessoal de Merlin, só porque praguejei por ter mudado para esse país!

- Você tem certeza de que tem aula agora? – Rose perguntou esperançosa.

- É claro que tenho! E quer saber, cansei dessa conversa. Não quero chegar atrasado ao meu primeiro dia de aula, então se me der licença! – ele terminou a frase e caminhou para longe da menina, em direção a sala de aula.

Muito irritada com a coincidência, Rose fez o mesmo e seguiu rumo à primeira aula do dia, que para ela já havia se tornado completamente inútil.

Assim que entrou, viu a professora Carmack sentada em sua mesa. Seus grandes óculos de aros negros estavam encarrapitados na ponta de seu nariz redondo, que mais parecia uma pequena batatinha. Seus cabelos crespos e compridos estavam presos numa trança frouxa, impedindo assim que caíssem sobre as páginas do livro que ela lia atentamente.

Assim que o último aluno entrou e se sentou, a professora deixou o livro de lado e deu as boas-vindas aos seus queridos alunos. Sua voz era gentil e doce, apesar de sua expressão, ser por vezes, dura e decidida.

- Bom dia, meus caros alunos! – ela sorriu – É com prazer que os recebo mais uma vez, para nosso último ano de estudos! Como sabem, esse ano vocês farão os NIEM’s e devo avisá-los que nossa matéria entrará numa reta mais difícil e mais trabalhosa que antes. Precisaremos revisar tudo que já foi passado até agora, para então compreendermos o que está por vir! – ela tornou a sorrir para os alunos, que retribuíram o gesto – Alguém tem alguma pergunta? – ao ver que todos permaneceram em silêncio, ela prosseguiu – Já que vocês não têm perguntas, eu farei uma, e espero que me respondam corretamente, já que vimos isso durante todo o ano passado! Quem poderia me responder o que é o Código de Fibonacci?

Instantaneamente a mão de Rose se ergueu. Mas, para sua surpresa, não foi a ela que a professora Carmack escolheu para responder.

- Ora Srta. Weasley sei perfeitamente que você poderia me responder isso como ninguém, mas vamos deixar o Sr. Krum, que é novato, nos dar a honra dessa resposta e mostrar o que sabe! – ao ver a ruiva com uma expressão confusa, a professora completou – O Sr. Krum levantou a mão no mesmo instante que a senhorita!

Rose se virou e encarou o rapaz com seu melhor olhar assassino. Ele, porém, não se intimidou e sorrindo, respondeu:

- O Código ou a Seqüência de Fibonacci, é uma das mais famosas progressões matemáticas existentes, na qual o número posterior, corresponde à soma dos dois números antecedentes.

Rose estava boquiaberta. Poucos alunos, embora tivessem se dedicado bastante ao assunto no ano anterior, saberiam responder tão bem a questão. Indignada com a resposta, ela resolveu mostrar a ele que não era o único a entender sobre a matéria.

- A resposta do Krum foi muito boa... – Rose começou a falar – Eu diria que se encontra perfeitamente descrita na página 675, do livro de Aritmancia Avançada, que utilizamos no ano passado! – ela se virou para Adam com um sorriso vitorioso e continuou – Porém, a Seqüência de Fibonacci não representa apenas uma progressão simples e algumas pessoas ignoram tal fato. O código é muito utilizado para o preparo de algumas poções! Alguns números indicam...

- Perfeição no trabalho e devem ser respeitados, caso contrário a poção pode virar um... – Adam completou, mas foi interrompido por Rose.

- Veneno altamente destrutivo! – a ruiva sorriu.

“Ah, ela quer brincar de quem sabe mais é? Então vamos brincar, pequena Weasley!”, Adam pensou.

- Já que você é tão esperta, poderia me dizer, Weasley, o que acontece se esse código for utilizado de trás para frente?

- A progressão matemática decresce, é óbvio, mas pode indicar perigo mortal, no preparo de remédios! Alguns estudiosos acreditam que quando os astros se encontram alinhados nas formas correspondentes a esses números, significa que podem estar perto de chegar a...

- Descobertas jamais vistas!

- Muito bem Krum! – Rose desdenhou – Você poderia me dizer, o que mais pode acontecer, quando os astros estão alinhados dessa forma?

- É claro, minha cara Weasley! – ele respondeu no mesmo tom – Existem alguns perfumes raríssimos, que só podem ser produzidos quando os astros se encontram dessa forma, pois os ingredientes de preparo só ficam prontos para o uso na noite em que isso acontece, e o boticário tem cerca de...

- Vinte e quatro horas para preparar a quantidade que deseja, ou então esperar mais...

- Cinco anos para que o fenômeno aconteça novamente! – Krum encarou a ruiva com seu melhor olhar desafiador e prosseguiu – Mas é claro que os perfumes foram apenas um dos diversos exemplos que poderia dar.

- É claro, pois existem antídotos, poções e venenos, que também só podem ser feitos quando tal fenômeno acontece... Acredita-se também, que algumas...

- Magias Negras só podem ser feitas nessa mesma condição, mas a esse respeito, nenhum estudioso chegou a uma conclusão concreta!

A professora Carmack e os outros alunos observavam tudo completamente pasmos. Já haviam presenciado várias brigas pelo colégio, mas nenhuma delas era de conhecimento.

- Mas é claro, Weasley – Krum retornou a falar, depois de algum tempo apenas encarando a ruiva – que a senhorita sabe que a Seqüência de Fibonacci nos leva a um resultado ainda mais importante e intrigante, que é o...

- PHI! – Rose respondeu de forma superior – Também conhecido como Divina Proporção, o número 1.618 está presente em todas...

- As proporções! Todas as poções...

- Os venenos, as magias...

- As plantas, os animais e até os...

- Seres humanos, são formados por partículas que divididas e calculadas correspondem...

- Ao PHI, que para os trouxas é apenas o número que fica entre o 1.617 e o 1.619! – Adam sorriu vitorioso – Sabe-se também que...

- Merlin, isso é assustador! – um aluno exclamou, ao ver que eles ainda não tinham acabado a disputa.

Foi nessa hora que Adam e Rose se deram conta de que estavam em uma sala de aula e que tinham mais pessoas a sua volta, observando toda cena. Ambos coraram e encararam a professora, completamente constrangidos.

- Nos desculpe professora! – Rose disse.

- É professora, nós exageramos!

- Exageraram? – a professora tinha um brilho no olhar completamente estranho e um sorriso nos lábios muito suspeito – 50 pontos para Corvinal e Grifinória! Céus, eu nunca vi uma discussão de saber tão produtiva! – a mulher estava orgulhosa – Vocês dois são gênios da Aritmancia! Gênios!

- Obrigada! – Rose respondeu orgulhosa de si, e com um ódio mortal de Adam.

- No final da aula eu ia dizer que vocês seriam divididos em duplas, para trabalharem uma tabela complexa esse ano! Mas, depois dessa demonstração, eu já posso dizer o nome da primeira dupla!

Rose e Adam engoliram seco. A professora Carmack não poderia estar pensando o que eles achavam que ela estava.

- E qual seria a primeira dupla, professora? – Adam perguntou receoso, embora seu instinto lhe gritasse a resposta.

- E o senhor ainda pergunta? – a professora riu – É claro que a dupla será formada por você e pela senhorita Weasley!

- NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!



É como eu disse antes, tanto ódio no coração atrai mais desgraça, e a prova concreta disso é que agora os dois inimigos serão obrigados a trabalhar juntos durante todo ano...

Mas, pensando por outro lado, se o ódio atrai desgraça; a desgraça atrai confusão, e até onde eu saiba, essa última palavrinha é ingrediente principal para dias divertidos e cheios de suspense.

Tenham uma boa aula, e não se esqueçam que eu estou de volta!

Eu sei que você me ama!

Xoxo,

Garota Misteriosa.












***




N/A: Olá!

Mais um capítulo postado... Ai, ai, vocês não sabem como eu tive trabalho pra conseguir terminá-lo a tempo. Por pouco, muito pouco *autora faz um gesto com a mão, indicando pouca quantidade*, vocês não ficam sem ele! Mas tudo deu certo, e ontem mesmo consegui terminá-lo, embora deva ressaltar que passei o restante da tarde e grande parte da noite escrevendo hauahauhauahau.

Mas, deixando meus problemas de lado, e falando do capítulo, lá vou eu fazer a mesma pergunta de sempre: O que acharam?

Confesso que eu pensei em colocar mais coisa nesse capítulo, mas como ele já estava com 44 páginas, resolvi deixar os detalhes pro próximo, se não vocês iriam desistir de ler, antes mesmo de chegar à metade.

Bom, vamos a alguns pontos importantes dessa história. Como viram, o Moss descobriu, de forma nada agradável, que foi traído pela Alice e que agora sustenta em sua cabeçinha, um belo par de chifres. Mas tenho a ligeira impressão de que ele não vai ser um problema na vida do novo casal, ao contrário da Samantha, que como perceberam, se interessou bastante pela história contada pelo Chad...

Alvo, por sua vez, não está nem um pouco satisfeito com o novo cunhado, e algo me diz que isso ainda vai causar certos... probleminhas [?]

Maris e Paola, a dupla de cretinas (me perdoem meninas, mas suas personagens não valem nada HAUAHUAHAU), ainda estão calmas, e perceberam que o Adam, de bobo não tem nem a cara.

Por falar em Adam, coitada da Rose... Será obrigada a trabalhar com alguém que detesta, e tudo isso graças a sua mania de querer saber tudo ¬¬

A garota misteriosa tá na área, e como já sabem, ela vai aparecer bastante daqui por diante, e com notícias ainda piores do que a galhada do pobre Moss.

No próximo capítulo, teremos mais confusões, treinos de quadribol, enfim, aguardem!

Aos que comentaram, obrigada! Leio cada um dos coments com muito carinho e fico feliz em saber que estão gostando.

Como sempre digo, qualquer dúvida, sugestão ou crítica, postem, pois prometo fazer de tudo para melhorar!

Continuem comentando hein! Vou fazer igual a um autor excelente, porém cruel e sem coração (Sim Claudiomir, estou falando de você hauahauahua), que adora chantagear os leitores. (A propósito, recomendo que leiam Apollyon e Renascido do Inferno, e aproveitando a propaganda, também recomendo a fic Revendo Conceitos, escrita pela Maris, n a qual sou beta).

Só posto o próximo capítulo, se os comentários tiverem ultrapassado o nº 150 hein! *autora solta uma risada maquiavélica*

Adoro vocês!

Xoxo,

Mily



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