Adeus Hogwarts!



Capítulo 23


Adeus Hogwarts!


 


 


 


 


Uma música alegre e harmoniosa tocava recepcionando os convidados que iam chegando ao Castelo. Parentes e amigos dos alunos do 7º ano começavam a se acomodar no Salão Principal que, naquela noite, estava irreconhecível.


O céu mágico do grande salão refletia a bela noite que fazia ao lado de fora. As estrelas e a lua brilhavam incansavelmente naquele teto enfeitiçado. As quatro mesas que costumavam separar as Casas durante as refeições haviam sido retiradas, dando lugar a outras mesas de cristal, com o símbolo de Hogwarts gravado em ouro, mostrando a união das 04 Casas.


A mesa onde costumavam sentar os professores havia sido retirada também, transformando aquele local numa espécie de palco que em breve seria ocupado pelos formandos para fazerem seu juramento e receber seu diploma, mas que agora dava lugar a uma cantora relativamente jovem que entoava alegremente uma canção para distrair os convidados.


No meio do Salão, a pista de dança se encontrava apinhada de jovens (e alguns adultos menos vergonhosos), que já estavam aproveitando a festa recém-iniciada. O grande lustre de cristal pendia sobre suas cabeças, e refletia todas as luzes do local, em diversos tons.  Não muito distante dali, uma enorme mesa estava posta com diversos aperitivos, ponches e taças para aqueles que quisessem se servir ficasse a vontade.


Os únicos que faltavam ali, naquele grande Salão, eram os anfitriões da festa. Os formandos, que deveriam receber os recém chegados e aproveitar tudo que havia sido feito para eles, não se encontravam no local, pois estavam em suas respectivas Salas Comunais esperando o momento em que a diretora mandaria os chamar, para fazer o que ela mesma chamou de “Entrada Triunfal”.


Todos os formandos deveriam usar becas longas e pretas, cujo único acessório colorido era uma faixa que contornava a cintura e indicava a qual Casa o aluno pertencia. Havia também seus chapéus pretos, que como a tradição mandava, seria jogado pro alto assim que recebessem seus diplomas. A roupa de Gala seria usada apenas depois das formalidades que exigiam a formatura.


- Já são oito horas? – Rose perguntou pela milésima vez a seu primo.


- Não priminha, conforme eu te respondi há 3 minutos, ainda não são oito horas. – Alvo revirou os olhos – Você deveria relaxar, certo? Não estamos lidando com algo sobrenatural, é só a formatura e não o fim do mundo.


- Acho que eu preferia lidar com o fim do mundo. – disse Rose, dando uma leve mordida no lábio inferior.


Alvo entendia a angústia da prima, mas julgava um tanto exagerada a necessidade que a ruiva sentia de dar voltas e voltas no pelo Salão. Cansado, ele se levantou da poltrona, caminhou até a prima e a segurou pelos ombros, fazendo-a parar.


- Rose, dá pra ficar quieta? Você vai ficar tonta desse jeito, ok?! – ele a advertiu, sem esconder o divertimento.


- Desculpe! – ela disse e então respirou fundo, tentando se controlar. Um ataque dos nervos não seria bem-vindo aquele dia – Vai... Vai ficar tudo bem, não é? Depois da formatura, quero dizer.


Alvo sorriu e então puxou a prima para um abraço de urso, que havia aprendido a dar com sua avó Molly.


- Vai ficar tudo bem, você não tem com o que se preocupar. – ele a tranquilizou.


- Promete?


- Prometo! – Alvo garantiu e então se afastou um pouco da prima para encará-la – E além do mais, depois de tudo que passamos esse ano, se Merlin decidir zoar com a gente eu parto a cara dele.


Os dois riram.


Aquele ano, eles sabiam, não havia sido nada fácil. Em uma breve retrospectiva, todas as coisas que não esperavam que acontecessem, os assombraram.


Perderam as pessoas que amavam, foram vítimas de brincadeiras maldosas, sofreram a dor de ver quem amavam com outros... O monstro deveria mesmo estar a solta, mas de alguma forma, eles conseguiram aprisioná-lo de novo.


Tudo estava bem. E se dependessem deles, ficaria assim para sempre.


Mas todos sabem que o para sempre é muito... Então, eles torciam que esse clima ameno e essa felicidade durassem tempo suficiente para que se tornassem mais fortes e maduros. 


- Eu realmente queria entender a visão que a Diretora tem de “Entrada Triunfal”! – Vincent reclamou, enquanto se atrapalhava ao ajeitar a faixa em sua cintura – Fala sério, o que tem de especial entrar num salão, parecendo um urubu vestindo todo esse preto, com essa faixa verde na cintura? Não vamos animar os convidados e sim dá-los a idéia de que estamos suficientemente deprimidos com o fim de tudo, a ponto de expressarmos nosso rancor com essas becas ridículas que possuem faixas complicadas. Detesto faixas! Será que não dava apenas para pintar a porcaria do verde na capa?


Scorpius riu, enquanto Sophie se aproximava do namorado para ajudá-lo com o acessório da roupa.


- Sabe amorzinho, quando inventaram a varinha, fizeram isso para que fossem capazes de fazer feitiços. – comentou Sophie, que com um simples floreio de sua varinha fez a faixa da cintura do namorado ficar no lugar – Você deveria parar de reclamar tanto, sabia?!


- Sophie tem razão, cara! Pra que todo esse estresse? – Scorpius perguntou, enquanto brincava com seu chapéu nas mãos.


Vincent deu um longo suspiro e revirou os olhos. Eles nunca iriam entender.


- Deixa pra lá ok?! Não há motivos para que eu fique mesmo estressado, afinal de contas, não há nada demais encarar todo mundo que está no Salão e fazer o discurso de Orador de turma. – Vincent disse em tom de sarcasmo – Definitivamente não há nada demais nisso. Ainda mais quando você é colocado no posto de Orador quando nem pediu!


 - Você deveria se sentir honrado por representar a todas essas almas incapazes de falarem por si só e expressarem sua humilde opinião, ok?! – Scorpius brincou – Houve uma votação para o posto de Orador, e por algum motivo, todos votaram em você. E, ainda que a Diretora não tenha achado essa uma idéia 100% genial já que você não consegue levar nada a sério, posso lhe garantir que o meu voto da semana passada foi seu, amigão!


- O meu também amor, o meu também! – Sophie disse, tentando se manter séria, sem muito sucesso.


 - Amor, quanto a você, vou deixar passar já que seu amor incondicional por mim te faz querer que eu esteja sempre em um posto de destaque – Vincent lançou um sorriso para Sophie e então se virou para Scorpius – Agora você, seu projeto de garoto propaganda de descolorante para cabelo, eu torno a fazer mais uma vez a seguinte pergunta: Você tem certeza que é meu amigo?


Scorpius riu e finalmente parou de brincar com seu chapéu de formatura, para encarar o amigo.


- Cara... É uma pergunta difícil. Se você se der bem no discurso, vou te chamar de melhor amigo, dar tapinhas em suas costas e dizer que você arrasou – Scorpius disse – Agora, se você me envergonhar bom... Aí vou fingir que nem te conheço e sair de fininho, me desculpa!


Vincent pensou em responder, mas bem naquele momento o fantasma do Barão Sangrento atravessou a parede da Sala Comunal e disse numa voz mal humorada e autoritária:


- Está na hora! Minerva deseja vê-los lá embaixo já e, por favor, não envergonhem a Casa! São anos e anos formando sonserinos, e espero realmente que vocês honrem o nome dessa Casa quando saírem daqui.


O fantasma lançou um olhar aos alunos que começavam a colocar seus chapéus, arrumarem as suas becas e seguirem caminho em direção à porta da sala comunal.


Porém, antes que o primeiro formando colocasse o pé pra fora dali, o fantasma pigarreou alto, chamando atenção dos demais.


- Só mais uma coisa. Uma frase antiga e muito dita por aí, mas que acho digno repetir: Nem todo Sonserino é mau; nem todo mal é Sonserino. Reflitam, e boa formatura!


Os alunos apenas acenaram com a cabeça e então começaram a sair rumo ao Salão Principal.


A festa iria começar.


 


 


 


***


 


 


 


- Onde será que eles estão? – Astoria perguntou preocupada, olhando mais uma vez em direção à porta de entrada do Salão Principal.


Já devia ter feito essa pergunta por pelo menos umas cinco vezes, e a resposta que obtinha de Draco era sempre a mesma: “Eles já vão aparecer, meu amor. Tenha calma!”.


Mas é claro que Astoria não tinha calma. Seu único desejo era ver o seu “pequeno” filho entrar no salão e receber seu diploma. Ela não aguentava mais aquela agonia e, definitivamente, Minerva havia sido muito má por privá-la de ver Scorpius antes das oito horas.


- Eu vou ter um ataque, Draco, juro que vou! – Astoria disse mais uma vez, se colocando de pé – Vou atrás da Minerva. Ora, eu quero ver o meu Pequeno! – ela disse inconformada – Preciso abraçá-lo, beijá-lo, dar-lhe os parabéns e agradecer por ter me enchido de orgulho durante esse tempo acadêmico.


Draco riu e balançou a cabeça, enquanto puxava gentilmente a esposa pela mão para que se sentasse. Ninguém havia notado a revolta da loira, claro. Estavam todos muito ocupados com a dança e com as conversas para notarem a insatisfação de uma mãe que ainda não teve a chance de abraçar o filho.


- Ast, minha querida, você precisa ficar calma. Faltam apenas 20 minutos para as oito horas, ok?! Em breve nosso filho lindo, loiro, sonserino e muito parecido comigo, entrará por essa porta e você poderá abraçá-lo e espremê-lo o quanto quiser. Por hora, espere! Não queremos deixar o pobre garoto mais nervoso do que já está, não é?


- Não, não queremos. Mas eu preciso que essa formatura comece logo! Por Merlin, eu preciso começar a planejar a festa “Adeus Hogwarts”, e pra isso contarei com a ajuda da minha linda norinha!


Draco não aguentou o argumento da esposa e riu. Aquele comportamento era digno de Astoria.


- Achei que a festa seria com o tema “Meu filho agora é MEU!” – ele observou.


- Ohhh, essa festa vem depois, é claro. Por hora, pretendo dar uma festa em homenagem a todos os amiguinhos do nosso Pequeno Filhote, que deixarão Hogwarts e seguirão novos passos.


Draco riu mais uma vez, enquanto Astoria simplesmente suspirou, e deixou-se perder por alguns segundos nos planejamentos da referida festa.


Não muito longe dali, na sala que ficava do outro lado do Salão Principal, cuja porta de acesso era próxima onde a mesa dos professores ficava, o nervosismo de Astoria parecia insignificante. Os formandos se encontravam ali, impacientes, a espera da Diretora.


Alguns roíam as próprias unhas, outros mexiam nos cabelos, os mais impacientes davam voltas e voltas pelo salão, enquanto os que tentavam esconder qualquer tipo de emoção ficavam sentados, encarando uns aos outros.


- Certo, eu posso enfrentar isso. – disse Vincent, quebrando o silêncio que havia se instaurado entre seus amigos – Vou chegar e agradecer nossos tataravós por terem gerado nossos bisavós; nossos bisavós por terem gerado nossos avós; nossos avós por terem gerado nossos pais; nossos pais, por terem se conhecido, se apaixonado, se casado e terem nos gerado com amor e perfeição, no meu caso muita perfeição, diga-se de passagem, e sairei dali com dignidade, afinal de contas ninguém espera de mim um discurso perfeito. Eu sou o maluco da turma, lembram?


Rose, Scorpius, Alvo e Sophie riram. Era impressionante como Vincent ainda mantinha o bom humor, independente do nervosismo. Definitivamente, ele era único.


- Vincent, eu confio em você! – Rose disse, e tal afirmação fez com que o Sonserino quase caísse da cadeira, espantado. – É sério! Você pode ser um maluco, mas nunca, em momento algum, ficou sem saber o que dizer ou como se expressar. Você é Vincent Williams, e se todos votaram em você, isso deve significar alguma coisa, não é? Você é inteligente, divertido, sabe se sair nas piores situações... Fazer um discurso sobre os sete anos na escola não vai ser nenhum problema.


Vincent pensou em rebater a afirmação, mas ainda estava chocado com a frase “Eu confio em você!” dita pela amiga. Não que Rose alguma vez tenha demonstrado não confiar nele, mas ainda sim era incomum vê-la expressar tal sentimento em público.


Um pouco afastado dos grupos que se formaram naquela pequena sala, estava Adam. O moreno da Corvinal estava encostado na parede, olhando para um ponto fixo, sem nenhuma expressão, o que era realmente curioso já que todos ali pareciam prestes a ter um colapso.


É claro que, assim como os outros jovens, Adam estava ansioso e até mesmo curioso para saber como seria sua vida quando cruzasse pela última vez o portão daquela escola que, infelizmente, só havia passado um ano. Hogwarts havia feito Adam crescer... Agora ele entendia perfeitamente o motivo de ter ido para lá. Se antes reclamava com seu pai e julgava que fora uma atitude completamente insana fazê-lo largar de sua antiga escola no último ano, agora seria obrigado a agradecer, já que foi graças aquela escola que ele aprendeu a importância de ser você mesmo em todas as ocasiões, e também o fato de que nunca se deve fazer nada a alguém, que não gostaria que fizessem consigo.


Adam respirou fundo e percorreu o olhar rapidamente pela sala. Era praticamente seu último dia na escola, e não poderia deixar o lugar, sem fazer uma última coisa: se desculpar com todos que fez mal. E, mesmo que tivesse consciência de que seria azarado, não se deixou intimidar e caminhou em direção as pessoas com quem precisava falar.


- Ah não... Deve ser algum tipo de piada! – Scorpius disse, enquanto observava Adam se aproximar e parar em frente ao grupo.


- Posso falar com vocês um minuto? – Adam perguntou sério.


- E o que gostaria de falar conosco, Krum? – Scorpius perguntou – Até onde eu saiba, todas as vezes que dirigiu a palavra a nós, foi para causar algum tipo de desconforto, e sinceramente não estou disposto a brigar com você hoje. Partir sua cara até me deixaria feliz, mas acho que seus pais não gostariam de ver o filho de olho roxo, e minha mãe provavelmente teria um ataque por ver minha beca amassada... Enfim, volte outra hora. Quem sabe daqui uns dez ou vinte anos!


Adam não se intimidou diante ao discurso sarcástico de Scorpius. Ele não era o tipo de garoto que se amedrontava com meia dúzia de palavras. Estava ali para se desculpar e faria isso, nem que tivesse que sair no braço com seu antigo rival.


- Não vou tomar o tempo de vocês, até porque não temos muito tempo até a nossa suposta “Entrada Triunfal”! – ele revirou os olhos – Em todo caso, eu vim aqui para me desculpar. Eu comecei da forma errada nessa escola, aprontei muita coisa... Nada justifica meu comportamento imbecil... Sinceramente se eu pudesse voltar no tempo e mudar tudo que aconteceu, acreditem, eu faria isso! Todos os meus erros me envergonham e eu não poderia deixar essa escola sem dizer a vocês, em especial Malfoy e Weasley, que sinto muito. De verdade, eu realmente sinto por tudo que fiz com vocês... Sei que não podem me perdoar, por que no lugar de vocês também não perdoaria, mas eu gostaria que soubessem que realmente me arrependo. Me perdoem, e é com toda sinceridade que digo que torço pra que tudo dê certo na vida de vocês.


Após seu breve discurso, Adam se virou para sair e voltar ao seu lugar, mas seu plano de se “isolar” novamente de todos foi interrompido quando ouviu a voz de Scorpius.


- Sabe qual a principal diferença entre você e eu, Krum? – Scorpius perguntou, com uma expressão séria – Eu costumo deixar pra trás as coisas do passado, e também costumo perdoar as pessoas, por mais que elas tenham demonstrado um comportamento absolutamente ridículo e inapropriado. Você foi um idiota, imbecil e tantas outras coisas que, sinceramente, não vou elencar pra não acabar com sua moral, mas mesmo com todos os defeitos, hoje demonstrou que é um homem de verdade vindo se desculpar conosco. Creio que nós temos todos os motivos do mundo para odiar você, entretanto isso nos transformaria em pessoas amargas... Então, acho que digo por todos, que perdoamos você.


Scorpius e Adam se encararam por alguns segundos, então como uma espécie de milagre de natal totalmente antecipado, considerando que estavam em julho, sorriram um para o outro.


- Alguém tem um lencinho pra me emprestar? – Vincent perguntou, fingindo uma emoção exagerada – Estou realmente comovido diante dessa demonstração de carinho, afeto e humanidade. Vocês dois tocaram meu pobre coração sonserino, ok?! Se derem as mãos e começarem a cantar uma canção, eu juro que não vou resistir.


Todos riram.


- Junte-se a nós, Adam! – Alvo o convidou.


- Não... Acho que um pedido de desculpas não nos torna amigos. – Adam respondeu.


- Tem razão... Para todos nós virarmos amigos, é necessária uma boa convivência. – Rose observou – Então, nada mais justo que você se una a nós agora e dê início ao que pode ser uma boa amizade. – a ruiva sorriu.


- Além do mais, é a formatura. Ficar sozinho, encostado em uma parede deve ser pra lá de angustiante. – Sophie disse, em apoio a amiga.


Diante dos argumentos, Adam se rendeu e se uniu aos demais. Talvez Rose estivesse certa e aquele fosse o início de uma grande amizade.


 


 


 


***


 


 


 


- Alunos, por favor, se dividam em quatro filas, conforme suas Casas! – Minerva disse, observando atenta a movimentação de todos – Ótimo, agora que já se encontram divididos, gostaria de lhes dizer algumas palavras.


Os alunos rapidamente se calaram e encararam a Diretora com bastante atenção. Aquela seria a última vez como alunos que ouviriam um discurso de Minerva.


- Bom, hoje é oficialmente o último dia de vocês aqui como alunos. Quando se levantarem amanhã, já serão pessoas independentes e com um grande futuro pela frente, eu espero... Até hoje, lembro-me do rosto de vocês quando chegaram aqui. O medo da seleção, a emoção de irem para suas respectivas Casas... É como se tudo tivesse ocorrido ontem. – Minerva pigarreou visivelmente emocionada com suas próprias palavras. Se despedir dos alunos era, sem dúvida, uma das tarefas mais difíceis para ela – Há 07 anos, eu vi entrar pelos portões de Hogwarts, crianças inseguras e cheias de temores... 07 anos depois eu verei sair por aqueles mesmos portões, homens e mulheres destinados a um futuro brilhante e capazes de enfrentar qualquer obstáculo. Parabéns formandos, vocês conseguiram!


Minerva mal terminou de falar e uma salva de palmas explodiu na sala. Todos, é claro, estavam emocionados com o discurso da diretora, e torciam para que as palavras dela se tornassem reais e que nunca fossem motivo de vergonha para a escola.


 


 


 


 


***


 


 


 


A música alegre e dançante, num passe de mágica foi substituída pelo Hino de Hogwarts, quando o relógio marcou exatamente oito horas. O salão foi silenciado por aquela melodia, e os convidados voltaram seus olhares direto para o palco em que há pouco tempo era ocupado por uma cantora.


Pouco a pouco, os alunos começaram a entrar no Salão Principal, parando lado a lado, em uma fila única. Sonserina, Grifinória, Corvinal e Lufa-Lufa... As quatro Casas reunidas para celebrar aquele momento de orgulho e vitória. Séculos e séculos formando alunos que, como todos esperavam, se tornariam exemplos de fidelidade, lealdade, astúcia e sabedoria.


Os formandos não sabiam se era a tensão do momento ou finalmente era a expectativa do “fim” que começava a dar as caras, mas julgavam que não poderiam se mexer. Olhavam para frente, para o mesmo ponto fixo: a entrada do Salão Principal, e mal pareciam respirar. Tantas eram as lembranças que tinham... A primeira vez que cruzaram o salão, quando foram selecionados para suas casas; o primeiro jantar, seguido pelo primeiro café da manhã no dia seguinte; a primeira entrega de cartas pelas corujas; a tensão de entrar no salão, antes do primeiro jogo de Quadribol; a tensão de entrar no salão após a primeira vitória no Quadribol... As lembranças eram tantas, que se fossem numerar todos os acontecimentos que marcariam suas vidas para sempre, levariam dias e ainda não conseguiriam reunir tudo.


Hogwarts agora não seria mais o lugar em que iam para aprender e fazer amigos... Agora aquele castelo mágico, respeitado por toda sua história, seria uma grande lembrança dos melhores momentos da vida de todos aqueles formandos.


- Pais, Professores e Amigos – Minerva falou, atraindo a atenção de todos para si – É com imensa satisfação que hoje venho aqui me despedir de mais um grupo de alunos. Digo satisfação, pois, apesar do clima estar propenso para despedidas, é com alegria que vejo todos esses alunos deixando a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, para seguir seus caminhos, conforme sempre planejaram. Alguns terão facilidade em descobrir o próprio talento e seguirão carreiras brilhantes, enquanto outros irão vagar entre suas diversas escolhas até que finalmente consigam encontrar aquilo que realmente lhe atraiam. Mas a questão é que em breve, muito em breve, eu espero, iremos ouvir falar o nome de cada um desses jovens, e como Diretora e também Professora, terei prazer em apontar e dizer: “este rapaz ou esta moça, foi meu aluno e estou orgulhosa por ter alcançado o sucesso”.


Minerva sorriu brevemente, quando os convidados aplaudiram seu pequeno discurso, e então se virou para os alunos e disse:


- É com prazer que os vejo se formarem hoje. E é com orgulho, que sou encarregada de lhes guiar em seu juramento. Por favor, alunos, peguem suas varinhas com a mão esquerda e estendam o braço. – seguindo as ordens da Diretora, os alunos pegaram as varinhas e fizeram o que lhes foi ordenado. Assim que estavam na posição correta, Minerva pigarreou e continuou – Muito bem, agora repitam o que eu disser em voz alta e clara, por favor:


“Juro, em nome de todos os princípios que foram passados, utilizar meus poderes moderadamente, fazendo um bom uso deles, utilizando-os com mestria e somente para o bem.


Juro também, manter nosso mundo em segredo dos trouxas e não usar de magia para atingi-los, e demonstrar uma falsa superioridade.”


 Todos repetiram exatamente o que fora dito pela Diretora Minerva, e em seguida a isso, uma salva de palmas explodiu no Salão, o que foi uma atitude considerada um pouco exagerada pelos alunos, já que aquilo mal havia começado. Se continuassem aplaudindo todas as coisas que fizessem, ficariam sem as palmas das mãos antes do final da festa.


Minerva pigarreou um pouco alto demais e ergueu a mão, na tentativa de conter toda aquela emoção exagerada (que vinha principalmente dos pais dos alunos. Astoria Malfoy já tinha lágrimas nos olhos e usava um lenço conjurado pelo marido, para conter a própria emoção). Assim que todos ficaram em silêncio novamente, a Diretora sorriu e iniciou um novo discurso:


- Queridos alunos, sei que já falei com vocês alguns minutos antes se entrarem aqui, mas agora, em frente aos seus pais e amigos, quero lhes dizer novas palavras. – Minerva abriu um largo sorriso, o que fez Vincent arregalar os olhos e implorar a Merlin para que alguém tivesse registrado aquele momento, já que ver a Diretora sorrir, para ele, era um milagre quase tão grande quanto ver os Lufa-Lufa ganharem a Taça de Quadribol ou o Torneio das Casas.


“Parece que foi ontem que os vi entrando nesse castelo, todos com expressões apavoradas, com medo de decepcionar os pais por irem parar na casa errada, não é mesmo, Rose, Alvo e Scorpius?”


No Salão Harry, Rony e Draco trocaram olhares cúmplices e não puderam evitar uma risada. Os dois últimos haviam mesmo pressionado os filhos a respeito de entrarem pra Grifinória e para Sonserina, ao passo que o famoso Potter havia deixado claro que não importava a casa em que Alvo fosse ficar desde que ele se sentisse bem.


- Cada um de vocês, de alguma forma, fez história nessa Escola. – Minerva continuou – Fosse por suas manias de divisões de grupos que deixavam os demais completamente loucos – o olhar da Diretora caiu sobre Chad, Michael, Jude e Samantha, que apenas sorriram – Por sua popularidade e força, capaz de superar as coisas mais difíceis sem derramar uma única lágrima – Sophie sorriu ao ver a mulher lhe lançar um olhar significativo – Até mesmo um novato com problemas de adaptação pode deixar sua marca por aqui – Minerva olhou para Adam, que apenas lhe deu um breve aceno com a cabeça – E, sem dúvida alguma, as manias de fazer piada com tudo e conseguir manter a ironia e o sarcasmo afiados desde criança, fazem muita história nessa Escola.


Ninguém naquele salão conseguiu evitar uma risada quando Minerva, ao dizer a última frase, encarou Vincent e este se virou, fingindo estar a procura do cidadão “palhaço” daquela Escola.


- Sr. Williams, caso não tenha percebido, é com você mesmo que estou falando. – Minerva disse, em um tom falsamente crítico.


- Sim, eu sei, mas não pude evitar me fingir de desentendido... Sabe como é, modéstia não é meu forte, mas preciso fingir pelo menos no dia da minha formatura!


Minerva revirou os olhos e sorriu mais uma vez. Definitivamente ela estava sorrindo demais naquele dia.


- Até mesmo os que pensam que não se destacaram aqui, por não serem do time de Quadribol ou porque não estavam entre o que vocês chamam de “mais populares”, deixaram sua marca, pois o requisito de Hogwarts não é ser suficientemente famoso entre os alunos, e sim fazer amigos, respeitar os princípios e, é claro, se tornarem pessoas de bem, o que tenho certeza que todos aqui se tornaram. – Minerva olhou lentamente para cada rosto dos alunos, como se estivesse decorando a fisionomia deles para jamais esquecer.


“Se vocês estão aqui hoje é porque durante esses sete anos conseguiram absorver todos os ensinamentos que lhes foram passados, e temos certeza que quando atravessarem os portões da escola pela última vez e encontrarem um mundo novo, conseguirão utilizar seus conhecimentos da melhor forma possível e nos darão orgulho de dizer que foram nossos alunos.”


Minerva fez uma nova pausa e dessa vez lançou um olhar para os professores, que estavam visivelmente emocionados. Hagrid até usava seu lenço florido (que tinha o tamanho de um lençol) para enxugar as grossas lágrimas que caíam e, por vezes, molhavam a cabeça do professor Flitwick (que agora considerava a possibilidade de pedir ao professor Longbotton que trocasse de lugar com ele).


- Sem mais, agora vamos a um dos momentos mais esperados da noite: A entrega dos diplomas. Conforme ouvirem seus nomes, venham até aqui, assinem seu nome no livro de Formatura e recebam seus certificados de formandos.


Os alunos assentiram e, em ordem alfabética, Minerva começou a chamá-los.


- Adams, Lisa Jordan – ao ouvir seu nome, uma menina gordinha da Lufa-Lufa caminhou até a Diretora com lágrimas transbordando em seus olhos, assinou o livro da Formatura, sorriu para a foto (e quase ficou cega com o flash da câmera) e recebeu seu diploma.


Minerva continuou chamando os nomes dos alunos. A chamada era bem demorada, considerando que havia muitos alunos para receberem seus diplomas.


Quinze minutos haviam se passado e ela ainda estava na letra “C”.


- Carter, Michael Adams.


Dominique mal conseguiu esconder a felicidade, ao ver o namorado caminhar até a diretora e receber o diploma. Definitivamente ela precisava se conter, se não acabaria aplaudindo fervorosamente aquele pequeno ato.


- Horowitz, Sophie Charlotte.


Sentados no salão, todos que conheciam Sophie desde pequena, aplaudiram a menina.


No pequeno palco, Vincent não conseguiu ficar em silêncio e gritou “Essa é minha loira!”, arrancando risadas dos alunos.


- Jennings, Samantha Ann.


O ritual de nomes se seguiu. Nem mesmo Minerva imaginava que havia tantos alunos para receber diplomas.


- Krum, Adam Mason.


Vitor Krum, a esposa e o irmão de Adam aplaudiram o menino, ao passo que no outro canto do Salão, Paola acenou e sorriu em incentivo.


- LeCompt, Chad Burton.


Assim que Chad recebeu seu diploma, Minerva respirou fundo, pois sabia que o próximo nome que chamaria iria causar certo alvoroço no Salão.


- Malfoy, Scorpius Hyperion.


Como previu, não só Rose que era namorada aplaudiu com vontade, como metade do salão. Assim como havia acontecido com Sophie, grande parte das pessoas que estavam ali não esconderam a felicidade por ver Scorpius receber seu diploma.


Astoria aplaudia o filho de pé e lágrimas de emoção rolavam pelo seu rosto, enquanto Draco estava dividido entre a vontade de aplaudir e de conter a esposa que parecia que a qualquer momento subiria ao palco e apertaria as bochechas do Scorpius.


- AEEEEE TIA ASTORIA, PREPARA A FESTA DO SCORZINHO QUE O PEQUENO SE FORMOU! – Vincent gritou, e recebeu uma “diplomada” na cabeça, quando Scorpius voltou ao seu lugar.


- McGuire, Jude Lewis.


Jude também foi fielmente aplaudida pelos pais, amigos e irmãos quando recebeu seu diploma.


- McPhee, Jason Lucas. – Minerva agora chamava os nomes numa velocidade um pouco maior. Os alunos pareciam impacientes, e ainda faltava um bocado de nomes na lista para receber o diploma.


Quando finalmente chegou a letra “P”, a Diretora precisou respirar fundo mais uma vez, pois sabia que as palmas e a gritaria iriam começar novamente assim que dissesse o próximo nome da lista.


- Potter, Alvo Severo.


Como não era nenhuma surpresa, as palmas preencheram todo o Salão. Molly Weasley, seguindo o exemplo de Astoria, se pôs de pé para aplaudir o neto e também parecia muito disposta a correr até ele, mas não para apertar as bochechas e sim envolvê-lo em um abraço de urso bem forte.


Harry lançou um enorme sorriso para o filho. Sabia que Alvo, sem dúvidas, era o mais parecido com ele, tanto fisicamente quanto emocionalmente, e sentia-se orgulhoso ao ver mais um de seus filhos se formar. Perguntou-se intimamente se sentiria vontade de chorar quando chegasse à vez da Lily, já que assim como foi na formatura de seu primogênito Tiago Sirius, agora se segurava para não cair no choro na frente de todos.


 Minerva teve dificuldade em estabelecer a ordem novamente, já que parecia que a cada vez que chamava um aluno “famoso”, perdia o controle.


- Weasley, Rose.


Rose ficou vermelha como seus cabelos, quando Rony começou a bater palmas e dizer coisas como “Essa é minha princesinha!” e também “Parabéns Anãzinha!!!!”. Tinha consciência de que o pai não fazia por mal, mas ainda sim ficava constrangida.


No palco, Scorpius aplaudia a namorada como se ela fosse a única que merecesse receber o diploma, e seus olhos brilhavam a cada movimento que ela fazia.


Vincent, levando a sério o ditado trouxa que diz “prefiro perder um amigo, ao perder a piada”, no momento em que a amiga segurou o diploma, gritou fervorosamente:


- É ISSO AÍ, ROSECREIDE! FINALMENTE PODERÁ APOSENTAR ESSA EXPERIÊNCIA AVANÇADA DA CIÊNCIA, QUE VOCÊ CHAMA DE CÉREBRO!!! DESCULPA AÍ, MAS MINHA AMIGA É CDF!


Quando Rose voltou a seu lugar, seguiu o exemplo do namorado, e deu uma diplomada na cabeça de Vincent, pra ver se ele tomava jeito.


- Williams, Vincent Brandon.


O Sonserino nem se importou com a gritaria de Scorpius, Rose, Alvo e Sophie, e simplesmente caminhou até a Diretora com um enorme sorriso no rosto e uma expressão de quem estava pronto para falar alguma bobagem assim que tivesse oportunidade. Mas obviamente, tal chance não veio, já que mal Minerva entregou o diploma, logo gritou o próximo nome da lista, a fim de abafar qualquer gracinha do moreno.


Minerva continuou chamando nome após nome, até que finalmente chegou a letra “Z”. Apesar de manter um discreto sorriso no rosto, ela agradecia a Merlin por ter chegado ao fim da entrega dos diplomas. Seus braços estavam doendo de segurar o pergaminho com a lista de alunos e entregar o certificado.


- Bom, agora que todos os alunos receberam seus diplomas, passarei a palavra ao Orador da turma, Sr. Vincent Williams.


Assim que Minerva o chamou, Vincent caminhou até o meio do palco e se colocou atrás do púlpito conjurado pela própria Diretora naquele instante.


- Uau, se eu disser que não tenho nada em mente para falar aqui, sinto que serei fuzilado por um grupo de formandos enfurecidos que esperam que eu faça um discurso emocionante, no qual todos vocês irão conjurar lencinhos floridos para enxugarem as lágrimas que provavelmente escorrerão por seus rostos. – Vincent disse – Mas, se querem saber, eu não tenho medo de um monte de estudantes com um canudo de papel na mão... A não ser que o papel se transforme misteriosamente em um bloco de cimento, o que me deixaria com sérios hematomas, e... Ah, enfim, se me escolheram para Orador da Turma deviam saber em quem estavam confiando certo? E creio que todos aqui sabem que seriedade nunca foi e, se Deus quiser, nunca será meu forte.


“Eu sei que muitos de vocês esperam por um discurso pra lá de emocionante, mas a verdade é que eu não preparei nenhum. Claro que isso não significa que não tenho nada para falar, só achei que se era pra vir e dizer alguma coisa, que fosse algo que eu estivesse sentindo e, sinceramente, nesse momento sinto diversas coisas... Pra começar, enquanto a Diretora falava a respeito da nossa chegada aqui, estava me lembrando de como achava super divertido entrar para Hogwarts. Desde criança ouço falar dessa Escola e quando eu recebi a carta... Nossa, foi um dos melhores momentos da minha vida, é sério. Não sei quanto a vocês, mas quando vi aquela coruja deixando minha carta, senti como se um mundo novo estivesse pra começar... Era como se eu fosse deixar tudo que havia aprendido pra trás e entrar em uma aventura na qual aprenderia novos feitiços, conheceria novas histórias e, com alguma sorte, faria amigos tão loucos quanto eu.”


Apesar do jeito relaxado de Vincent, os amigos mais próximos ao sonserino sabiam que ele estava nervoso, principalmente porque sabiam que de fato, ele não havia ensaiado nenhuma fala de seu discurso.


- Como eu já conhecia o Scorpius e minha adorada Sophie, sabia que estava garantido quanto a parte de amigos, muito embora eu deva ressaltar que esses dois são santos por me aguentar por tanto tempo... Caramba, eu não sei se vocês perceberam, mas não sou uma pessoa muito normal. – Vincent comentou casualmente, e fez com que todos rissem – Então, voltando ao meu belíssimo discurso improvisado, quando cheguei a Hogwarts, percebi que estava totalmente certo ao pensar que conheceria um novo mundo. Essa Escola me ensinou muito mais do que fazer poções e feitiços... Aqui eu aprendi o valor de uma amizade e posso dizer que me tornei um verdadeiro homem.


“Para aqueles que pensam que os professores dessa escola estão aqui somente para nos aplicar suas disciplinas, se enganam completamente. Cada um deles nos ensinou valores éticos e morais que vamos levar pro resto de nossas vidas, e principalmente, sempre pregaram que sozinhos não vamos a lugar nenhum e que trabalhar em equipe é a chave para o sucesso.”


Todos estavam em silêncio, ouvindo atentamente o discurso de Vincent. Os professores pareciam ter prendido a respiração em conjunto, já que aquela era a primeira vez que viam o jovem rapaz falando com uma seriedade digna de um adulto.


- Em Hogwarts aprendi o que significa a expressão “rivalidade saudável”, quando as competições das Casas começaram, e se enganam profundamente aqueles que dizem que Grifinórios e Sonserinos são inimigos por natureza, pois se fosse assim, dois dos meus melhores amigos não seriam da Grifinória, e preciso dizer que o Alvo e a Rose são pessoas incríveis que espero ter comigo para sempre. E é claro que se fosse verdade esse lance de inimizade entre as Casas, Scorpius não teria se rendido aos encantos ruivos e belíssimos da nossa querida Monitora Chefe, Rose Weasley.


- E isso aconteceu aos onze anos, sendo mais específico! – Scorpius disse.


- Sim, claro! Aos onze anos você já era vidrado na monitora ali.


- Vincent, eu não sou mais Monitora-Chefe! – disse Rose, em um tom divertido.


- Ah, é verdade! Mas do mesmo jeito continua sendo linda.


- Espero que tenha dito isso com todo o respeito, Vincent! – Scorpius fingiu-se de sério.


- É claro que foi com todo o respeito, não precisa ter ciúmes de mim Scorpius. Sou fiel a você!


Nesse momento todos caíram na gargalhada. Estava mesmo demorando para que Vincent começasse com suas gracinhas.


- Bom, voltando a seriedade, antes que a Diretora McGonagall arranque meu belíssimo pescoço fora, o que estou tentando dizer a vocês é que Hogwarts sempre foi mais que uma simples escola para todos nós. Aqui sempre foi nosso segundo lar, onde aprendemos os valores da amizade, desenvolvemos nossos talentos, descobrimos que o amor é algo puro e que o ódio definitivamente não vale à pena...


“Aprendemos que a vida pode ser melhor se ajudarmos uns aos outros, e que não adianta sermos os melhores sozinhos, pois isso não fará diferença em lugar nenhum... Aqui em Hogwarts crescemos, nos desenvolvemos e aprendemos a ser homens e mulheres de respeito. Como a Diretora disse, quando atravessarmos aqueles portões pela última vez, estaremos prontos para enfrentar todos os obstáculos, pois pertencemos a família Hogwarts e não temos medo do que está por vir, pois sabemos que estamos preparados.”


Vincent lançou um rápido olhar por todo Salão e então abriu um largo sorriso para os amigos que estavam sentados no palco (Minerva havia conjurado as cadeiras, assim que Vincent começou seu discurso).


- Coloquem-se de pé, meus amigos, pois este é o nosso momento.


Todos fizeram exatamente o que Vincent pediu, e assim que estavam de pé, o Sonserino se virou na direção deles e disse com a maior empolgação possível:


- PARABÉNS FORMANDOS!!! NÓS CONSEGUIMOS!!!!!!


Naquele instante todos tiraram seus chapéus e jogaram para o alto, em comemoração.


Aplausos preencheram todo o salão, enquanto no palco os alunos abraçavam uns aos outros, se parabenizando por terem chegado ao fim. Naquele momento, toda a mágoa havia sido deixada para trás, e agora todos eram novamente amigos, exatamente como no primeiro dia de aula.


Os professores também vieram na direção dos alunos e os abraçaram com vontade (exceto o Sr. Binns, que olhava tudo com a mesma expressão vazia de sempre, provavelmente pensando em quando aquilo terminaria para dar a próxima aula).


Hagrid, de uma só vez, abraçou Alvo e Rose, e em seguida partiu para Scorpius, Vincent e Sophie, que se espantaram um pouco com aquilo, já que não estavam tão acostumados a receberem abraços do meio gigante.


Assim que conseguiram se livrar das mãos dos professores e dos amigos, os formandos desceram do palco e caminharam em direção as suas respectivas famílias, parando apenas para apertar a mão de uma ou outra pessoa desconhecida, que lhes desejavam sorte na carreira que fossem seguir.


Para facilitar as vidas de Alvo, Rose, Scorpius, Vincent e Sophie, as famílias Potter, Weasley, Malfoy, Horowitz e Williams ficaram juntas em um único lugar, e quando os cinco jovens conseguiram se aproximar, foram engolidos pela multidão de amigos e parentes. Definitivamente, os cinco eram o que tinham o maior número de convidados.


- Meu Pequeno, meu Pequeno, finalmente agora é só meu! – Astoria dizia, enquanto apertava o filho em seus braços, sem ter a intenção de soltá-lo.


Scorpius ria com certa dificuldade, já que mal conseguia respirar graças aquele aperto.


- Certo mamãe, se continuar me apertando assim seu pequeno não sobrevive um dia fora da escola. – o loiro brincou.


- Parabéns meu filho. Estou orgulhoso de você! – disse Draco, vindo em socorro do filho e o tirando dos braços da esposa.


- Obrigado pai! Fico feliz em saber isso.


Do outro lado daquele grupo, Molly espremia os dois netos em um abraço de urso, que os deixava praticamente roxos.


- Meus netinhos queridos, parabéns, parabéns! – ela dizia, dando-lhes um beijo no alto de suas cabeças – Estou tão contente!


- Oiado ovó! – os dois disseram juntos, mas suas vozes saíram abafadas graças ao aperto do abraço.


- MEU DEUS, MEUS PEQUENOS ESTÃO ATÉ SEM VOZ DE TÃO EMOCIONADOS!


- Na verdade mamãe, seus pequenos netos precisarão de um hospital, se não deixá-los respirar. – disse Gui, e rapidamente Molly soltou os netos.


Vincent e Sophie ainda estavam sendo apertados e amassados pela família, quando Astoria lembrou que todos deveriam correr para se trocar para o baile de gala.


Rapidamente Rose, Alvo, Sophie, Vincent e Scorpius se despediram e partiram, os meninos foram para Sonserina (embora Alvo pertencesse a Grifória, Rose o expulsou para junto do namorado e do amigo, a fim de fazer surpresa com o próprio vestido), enquanto Sophie e Rose seguiram para a Grifinória.


Assim que as duas meninas já estavam no quarto, se encararam e respiraram fundo. Era hora de começar a se trocar.


 


 


 


***


 


 


 


- Sabe qual é a melhor coisa de não ter uma namorada que também está se formando? – Alvo perguntou com um tom divertido, enquanto se aproximava de Vincent e Scorpius que estavam parados ao lado da escadaria que ficava próxima ao Salão Principal.


Scorpius e Vincent o encararam como se aquela fosse a coisa mais injusta que Alvo estava fazendo, afinal de contas, ele era realmente muito sortudo por não ter que ficar ali parado, esperando sua namorada aparecer completamente vestida, já que para sorte do moreno Potter, Alice estava pronta desde o início da festa, pois não fazia parte do grupo de formandos.


- Está tentando nos fazer inveja, Potter? – Vincent perguntou.


- Sim, estou conseguindo?


- Com certeza! – Scorpius respondeu e então suspirou – Por que será que essas meninas têm que demorar tanto?


- Porque elas acham que para ficarem lindas precisam de toda aquela maquiagem e penteados! – Alvo respondeu e em seguida abriu um grande sorriso, ao avistar duas belas meninas aparecerem no topo da escada – Vocês dois deveriam agradecer pela demora, pois elas conseguiram ficar ainda mais lindas do que são, olhem só.


Os olhares de Vincent e Scorpius seguiram o de Alvo, e os dois ficaram boquiabertos ao verem suas respectivas namoradas, começarem a descer as escadas, com certeza chamando a atenção dos demais. Rose usava um belo vestido longo e prateado, que descia justo até a sua cintura e tinha um caimento solto até seus pés. Uma única alça do vestido, delicadamente trançada, passava em diagonal por seu ombro e destacava seu colo, que era enfeitado por um belo colar de diamantes (presente de seu namorado). Uma bela tiara enfeitava seu cabelo, que estava solto e caía por suas costas, com alguns cachos se formando nas pontas. Rose poderia ser comparada a uma fada, vista daquele jeito.


Sophie, por sua vez, não deixava a desejar com seu belo vestido lilás tomara-que-caia, que ressaltava bem suas curvas e destacava ainda mais sua beleza. Diferente da amiga, ela vinha com o cabelo preso em uma trança frouxa, com alguns fios de cabelo soltos e caindo por seu rosto. Na cabeça, também usava uma tiara, para destacar seu penteado e no pescoço, assim como Rose, usava um belíssimo colar de diamantes (presente de Vincent).


- Ok, acho que vocês dois podem parar de babar e darem as mãos pras suas namoradas! – Alvo zombou, despertando Vincent e Scorpius de um transe momentâneo.


- Uau... Vocês estão... Perfeitas! – Scorpius disse, caminhando em direção a Rose, que exibia um grande sorriso.


- Sinceramente, eu não encontro palavras para descrevê-las! – Vincent foi até Sophie e segurou sua mão – Desse jeito vale à pena esperar tanto tempo por vocês.


- Ai, ai, vocês são tão exagerados! Nem demoramos tanto. – Rose revirou os olhos.


- Imagina, só perdemos a metade da festa, mas por mim tudo bem, eu fui recompensado só de ver você vestida assim só pra mim. – Scorpius comentou e então sussurrou no ouvido de Rose – Por favor, me diga que esse vestido não tem um zíper muito grande, pois não vejo a hora de tirá-lo!


Rose riu do comentário, mas não respondeu nada, pois sabia que seria um prato cheio para Vincent enchê-la pelo resto da noite.


- Certo casais, eu vou andando em busca da minha acompanhante, que a essa altura deve estar sendo esmagada pela vovó ou até mesmo segundo vela para o casal Lily e Hugo, que confesso que não achava que fossem ficar juntos por tanto tempo.


Alvo se virou e saiu atrás da namorada, que como imaginava, estava cercada por toda sua família tendo uma conversa animada.


Vincent, Sophie, Scorpius e Rose, se preparavam para irem até o Salão Principal, quando foram surpreendidos por ninguém mais, ninguém menos, que Maris. E, como em épocas assim Merlin gosta de distribuir milagres, naquela noite ela não estava ali por nenhuma de suas armações.


- Hey... er... Boa noite! – a jovem moça da Corvinal os cumprimentou, sem conseguir olhar nos olhos de nenhum dos quatro.


- O que você quer, Craig? – Rose perguntou de maneira fria, sem se preocupar em responder o cumprimento da menina.


Ao ouvir a voz cortante de Rose, Maris finalmente ergueu os olhos e a encarou. Se estava ali para ser digna, que fizesse isso da forma certa dessa vez.


- Vim em missão de paz, Weasley, não se preocupe. Se quiser conjuro uma bandeira branca e balanço em sinal de rendição. – Maris respondeu – Eu vim me desculpar e também me despedir. Eu sei, pouco importa para vocês se eu venho aqui dizer “adeus”, mas se vou embora daqui, melhor que o faça sem deixar nenhum acerto de contas para trás, então vou direto ao ponto, certo?


“Eu errei, e admitir isso é uma das coisas que mais odeio fazer, entretanto, não acho que seja justo levar a culpa por tudo, porque convenhamos que se as coisas deram tão errado por causa das minhas armações, era sinal de que não confiavam em si mesmos... Pelo menos não naquela época! Que seja, isso não importa, porque no final das contas todos estão juntos e tiveram seus finais felizes.


Eu nunca pedi desculpas antes... Quero dizer, não para as pessoas com quem eu aprontei, mas com vocês é diferente, porque bom... Acho que aprendi a minha lição e posso dizer que depois de perder minha melhor amiga por causa de toda essa confusão, percebi que nada valeu a pena, afinal.


Eu só... Só espero que sejam felizes e que não encontrem outra maluca disposta a jogar, embora eu tenha a certeza de que se isso acontecer, vocês acabarão com ela rapidinho.”


Maris deu um breve sorriso para os quatro, se virou e caminhou em direção aos outros convidados, sem esperar resposta de ninguém. O objetivo dela não era ouvir que estava sendo perdoada, ela só queria falar e sair dali o mais rápido possível, pois não estava muito acostumada a perder... Marisa Craig era o tipo de menina que precisava muito aprender, entretanto, toda sua aprendizagem só viria com o tempo e, infelizmente, ela ainda cairia bastante até aprender uma boa lição.


- Ok, acho que todos concordam que isso foi realmente estranho. – Vincent quebrou o silêncio.


- E põe estranho nisso, cara. – Scorpius concordou – Ela... Ela realmente pediu desculpas?


- Eu acho que sim. – Sophie respondeu – Pelo menos do jeito dela.


- Acho que, por enquanto, isso é o máximo que vamos obter da Craig! – Rose balançou a cabeça e em seguida abriu novamente um grande sorriso. – Que tal irmos para o Salão? Essa é a nossa noite e devemos aproveitá-la ao máximo!


Sorrindo, os quatro caminharam juntos para a festa que rolava solta e animada. Todos pareciam entender bem que aquela noite era única e não a desperdiçariam com confusões ou intrigas.


 


 


 


***


 


 


 


Enquanto alguns aproveitavam toda a agitação do baile, outros preferiam aproveitar para dar uma última caminhada no jardim da escola, que assim como todo o castelo, também estava decorado.


Seguindo o exemplo das pessoas que não estavam dançando e cantando no Salão Principal, Dominique e Michael caminhavam de mãos dadas pelo jardim, no mais completo silêncio, apenas admirando a bela noite, as estrelas que brilhavam no céu e a lua que parecia mais cheia que nas outras noites de lua cheia.


Os dois caminharam até estarem próximos ao Lago Negro. Ainda podiam ouvir claramente a música que vinha do Salão Principal, a única diferença é que pelo menos ali não estavam cercados de pessoas.


Apesar daquela noite ser considerada perfeita por muitos, Dominique sabia que estava a um passo de torná-la uma tragédia, entretanto precisava ser forte para isso e também para aguentar as consequências que viriam depois do que estava prestes a fazer.


- Michael, eu... – antes mesmo de completar a frase, Michael que já a observava há algum tempo, a beijou.


Dominique queria afastá-lo, mas não podia. No instante em que os lábios de Michael tocaram os seus, ela se entregou completamente aquele beijo, esquecendo-se do motivo real pelo qual estava ali.


Os dois poderiam ficar ali por horas, dias ou até meses, que isso nunca seria suficiente para ela. Isso nunca a faria se sentir melhor, pois sabia que quando se afastasse, estaria terminado...


- Eu amo você, Pequena Weasley! – Michael sussurrou.


Dominique respirou fundo, quando ouviu Michael dizer aquelas simples palavras. A última coisa que precisava era que ele tornasse aquilo mais difícil para ela, então em um gesto não muito delicado, ela deu um passo pra trás e afastou-se dos braços do rapaz.


- O que... O que foi que eu disse? – Michael perguntou confuso.


- Michael, isso está errado! – Dominique disse, numa voz fria e calculada – Tudo isso! Você e eu, esse relacionamento que começou da forma mais absurda. Você tem mesmo noção do que está acontecendo aqui? Quero dizer, você está se formando e me jurando amor ao mesmo tempo, isso é ridículo!


- Ok Dominique, quem está sendo absurda aqui é você. – Michael respondeu, tentando absorver todas as informações que foram jogadas contra ele – Será que pode me explicar o que deu em você?


Dominique abaixou a cabeça e respirou fundo, antes de voltar a encará-lo.


- Você não percebe, Carter? Isso é loucura! Me diga, o que você vai fazer quando atravessar aqueles portões e, por favor, me fale de planos para sua vida, algo que não me inclua.


- Chad falou com você, não foi? – Michael deu uma risada seca.


“Isso vai ser mais complicado do que pensei. Certo Dominique, você precisa ser forte e fazê-lo ir.” Dominique pensou e encarou Michael sem demonstrar nenhuma expressão de sofrimento, embora seu coração estivesse aos pedaços.


 - Eu realmente não preciso que falem comigo para que eu tome alguma decisão, Michael. – ela respondeu – Eu só acho loucura o que estamos tentando fazer! Você se formou e vai embora daqui, precisa seguir sua vida e esquecer de mim, que ainda vou começar o 5º ano na escola!


- Então é isso? – Michael riu, sentindo-se mais aliviado – Pequena Weasley, eu posso esperar por você, sem problemas! Eu realmente não me importo, eu...


- Michael, eu não quero que você espere nada! Por Merlin, são três anos e não três meses e... – ela respirou fundo, aquele era o momento de encerrar tudo de uma vez – E sinceramente, não acredito que nosso relacionamento vá sobreviver a essa distância. Além do mais, o que me garante que você não vai me trair? Já me machucou uma vez, não seria difícil pra você fazer isso de novo! E tem mais, eu realmente não posso garantir a você que passarei três anos sendo o exemplo perfeito de menina, já que as coisas mudam muito facilmente por aqui, pessoas novas entram... Enfim, acho que você me entendeu.


Michael engoliu em seco e encarou Dominique, completamente ferido.


- Não Weasley, eu acho que não entendi. Seja mais clara, por favor!


- Você quer algo mais claro? Então lá vai: acabou, Carter! – Dominique disse, sem demonstrar nenhum remorso – Fui bem clara agora?


Michael não respondeu. Como conseguiria dizer alguma coisa, quando o amor de sua vida havia acabado de destruir todos os seus sonhos e esperanças? Ele apenas ficou ali parado, encarando Dominique por alguns minutos, até que finalmente se virou e silenciosamente caminhou em direção ao Castelo.


Naquele momento, por pura coincidência, a música animada que vinha do salão fora substituída por outra, que parecia se encaixar perfeitamente naquele momento.


 


Let me hold you


(Deixa eu te abraçar)


For the last time


(Pela última vez)


It's the last chance to feel again


(É a última chance para sentir de novo)


But you broke me


(Mas você me partiu o coração)


Now I can't feel anything


(Agora eu não consigo sentir mais nada)


 


Ao som daquela música, quando teve certeza de que Michael já havia partido, Dominique permitiu-se cair de joelhos e chorar como nunca havia feito em toda sua vida, pois afinal de contas, tinha acabado de deixar partir o grande amor da sua vida, e o que mais a machucava, era não saber se algum dia o teria de volta.


- É por te amar que eu te deixo ir, Michael! – ela sussurrou, em meio ao choro – Você precisa seguir seu sonho e os planos que tinha feito antes de me conhecer, e é por isso que precisa ir.


- Ele vai te perdoar! – uma voz feminina ecoou atrás de Dominique, e ela levantou a cabeça assustada.


Sam riu.


- Garotinha, eu sei que não valho nada e sinceramente não nasci pra dar conselhos, mas escute o que eu digo, o Carter te ama e quando esse cara coloca alguma coisa na cabeça, acredite, vai até o fim, nem que seja a última coisa que faça na vida, então fica calma e pare de desperdiçar lágrimas, porque ele vai te perdoar um dia... Mesmo que você tenha ferrado com tudo agora! – Samantha Jennings disse, e logo em seguida bebeu um gole do Whisky que estava em sua taça.


- Por que está me dizendo tudo isso, Jennings? – Dominique perguntou desconfiada.


- Porque é a formatura e podemos supor que ao menos nesse dia os maus mostrem seu lado bom. – ela deu de ombros – E também porque eu estou bêbada, e isso afeta um pouquinho meu senso crítico.


Dominique deu uma risada curta e então se colocou de pé, para encarar a menina de frente.


- Jennings, o que você ouviu aqui... Eu realmente gostaria que não...


- Relaxa, Weasley! – Sam a interrompeu – Minha cota de bondade terminou quando eu te disse essas palavras e eu não vou aliviar o sofrimento do Carter, contando pra ele sua tamanha nobreza. Ainda não esqueci o que aquele filho da mãe fez no Três Vassouras, e pouco me importa que ele passe os próximos anos completamente amargurado.


- Obrigada... Eu acho! – Dominique disse, sem acreditar que estava agradecendo uma de suas principais inimigas – Eu... Eu vou voltar pra festa. Se cuida e... Parabéns pela formatura.


Samantha deu um breve sorriso e continuou caminhando pelos jardins.


Definitivamente aquela noite estava sendo muito maluca.


 


 


 


***


 


 


 


- Me concede essa dança, Srta. Gusmand? – Adam, que assim como os outros meninos usava um belíssimo smoking aquela noite, convidou Paola para dançar.


Com um sorriso, a jovem aceitou e segurou a mão do rapaz, que a levou imediatamente para o meio do Salão.


Uma música mais lenta começou a tocar, e os dois começaram a dançar naquele ritmo reconfortante. Sem se preocupar com nada, Paola encostou a cabeça no peito do rapaz e fechou os olhos. Ela só queria aproveitar aquele momento, pois quem sabe quando eles iriam se ver novamente?


- Eu vou sentir sua falta! – Adam sussurrou, enquanto dançava – Eu posso não ter dito isso antes, mas sua amizade foi uma das melhores coisas que me aconteceram esse ano.


- Para mim, foi a melhor coisa! – Paola se afastou um pouco para encará-lo – Você me ajudou de formas que nem sei explicar e, sinceramente, fez mais por mim do que qualquer pessoa teria feito, ainda mais considerando a pessoa que eu sou.


- A pessoa que você era! – Adam a corrigiu – Não pode se rotular como uma menina má para sempre.


- Não é uma questão de rótulo... É só que, quando se passa a vida inteira aprontando, fica meio difícil do dia pra noite afirmar que tudo mudou.


- E você não acha que tudo mudou?


- Não sei... Talvez... Acho que ainda não estou pronta pra afirmar algum tipo de mudança positiva. – ela respondeu com sinceridade.


- A vida é difícil Pah e sempre vai ser. Isso é regra para todas as pessoas. É fácil para nós olharmos para alguém e acusá-lo de ter uma vida perfeita e sem problemas, contudo, o que sabemos sobre esse alguém? Todas as pessoas têm problemas, iguais ou piores que os nossos... Todos possuem seu fardo a carregar, e nem por isso todos se tornam pessoas más e amargas. Se entregar aos problemas é se conformar de que nada vai dar certo... Se tudo der errado e no final do dia você puder olhar pros tropeços e dizer que aprendeu alguma lição, poderá afirmar que aquele dia, por mais duro que tenha sido, valeu à pena.


- O que quer dizer?


- Eu quero dizer que, não é porque as coisas possam ser difíceis pra você, que precisa se entregar e se tornar uma pessoa ruim, entende? Se todos decidissem agir de forma errada porque têm problemas, o mundo seria um caos! – Adam explicou – E, se quer minha opinião sincera, eu vejo mudanças positivas em você, e me orgulho muito da pessoa que está se tornando.


Paola sorriu de forma tímida e deitou novamente sua cabeça no peito de Adam, que a abraçou um pouco mais forte.


- Se quer saber, se hoje eu tenho pontos positivos é graças a você! – Paola disse – Foi você quem me trouxe meu pai de novo e foi você quem esteve comigo quando achei que fosse cair. Então obrigada! – ela ergueu a cabeça e encarou o rapaz – De verdade, obrigada por tudo!


Não se pode afirmar quem tomou a iniciativa, mas num instante, Paola e Adam estavam se encarando, e no outro estavam trocando um beijo em pleno Salão Principal. Estavam tão envolvidos que nem perceberam quando a música lenta mudou para uma mais agitada e os dois foram os únicos que ficaram lá, parados, se beijando, como se nada mais importasse naquela noite.


Quando finalmente se afastaram, eles não precisaram falar nada. Seus olhos já traduziam tudo o que queriam dizer, e seus sorrisos eram um sinal claro de que, talvez, aquela amizade, algum dia, pudesse se tornar algo mais... Mas, naquele momento, eles estavam preparados apenas para serem bons amigos e o destino se encarregaria do resto.


É bom lembrar que Merlin, de vez em quando, adora pregar peças...


 


 


 


***


 


 


 


Em outro lugar do grande Salão, Alvo e Alice não necessariamente dançavam. Os dois estavam mais preocupados em conversar e aproveitar o momento, do que se enfiarem no meio daquela multidão de alunos.


- Nossa, só de pensar que daqui a dois anos a formanda serei eu, sinto um frio na barriga! – Alice comentou, enquanto observava todo o salão.


- Passa rápido, você vai ver! E quando chegar o seu dia de fazer o juramento e vestir aquela beca esquisita vai começar a sentir vontade de voltar no tempo. – Alvo sorriu e então suspirou.


- O que foi?


- Nada demais... É só que há alguns meses eu torcia tanto pra chegar esse momento e agora, mal posso acreditar que oficialmente esse é meu último dia em Hogwarts. – Alvo comentou – Enquanto as coisas estão só na imaginação, fica fácil achar que tudo ficará bem quando sairmos daqui, mas quando se torna real, quando se tem a certeza de que uma etapa da vida chegou ao fim, a coisa fica um pouco diferente.


- Diferente como?


Alvo sorriu e segurou a mão da namorada, puxando-a para fora do salão, para que fossem dar uma caminhada pelo jardim.


- Hoje mais cedo eu disse a Rose que tudo ficaria bem, sabe? – ele disse, enquanto caminhava tranquilamente com Alice, pelos terrenos da escola – Prometi que as coisas dariam certo, e agora... Bom, agora eu não consigo acreditar tanto na minha própria promessa.


Alice parou onde estava, deu alguns passos e se virou para ficar de frente para Alvo.


- Alvo, sua insegurança é normal, mas vai dar tudo certo! – ela disse, esticando a mão para tocar o rosto do rapaz – Pode parecer assustador agora, mas as coisas não vão mudar de um jeito ruim. Quando atravessar aqueles portões pela última vez, não precisa pensar que deve ser maduro o suficiente para enfrentar tudo. Você vai sentir medo, vai se sentir confuso em alguns momentos, mas não deve se sentir pressionado por isso, porque é natural! Todas as pessoas sentem dificuldade de enfrentar algo novo, e isso não é vergonha pra ninguém.


Alvo sorriu e puxou Alice gentilmente para um abraço apertado. Era impressionante como ela o fizera se sentir calmo, apenas com aquelas simples palavras. Foi nesse momento que o jovem Potter percebeu que tudo em sua vida daria certo, não porque ele era cheio de si e 100% seguro, mas sim porque sabia que enquanto tivesse Alice ao seu lado, tudo seria perfeito, já que a menina era sua força.


- Eu te amo! – Alice disse enquanto se aconchegava melhor nos braços do namorado.


- Não mais do que eu te amo! – dizendo isso, Alvo se afastou alguns centímetros de Alice, apenas para segurar seu rosto entre as mãos e beijá-la carinhosamente.


Agora sim, ao menos para ele, tudo estava bem.


 


 


 


***


 


 


 


É engraçado ver como tudo passa rápido. O tempo, definitivamente, é algo intrigante. Num instante, um grupo imenso de alunos com 11 anos está embarcando em um Expresso, em busca de ensinamento e novas aventuras... Aventuras, é claro, que eles tiveram por todo o tempo em que percorreram aquele mesmo caminho, aquela ida e vinda todos os anos na Maria Fumaça que os levavam a Hogwarts... Num simples instante, todos os alunos de 11 anos estavam lá, parados, observando o mundo que passava pelas janelas daquele grande trem e imaginando o que os esperava... E então, em um piscar de olhos, tudo passou como mágica!


É realmente irônico falar de mágica, quando se está sob análise alunos incomuns, que foram selecionados para estudarem em uma escola cujo nome é respeitado entre os quatro cantos do mundo, como a melhor Escola de Magia e Bruxaria, entretanto, como explicar como tudo passou tão rápido? Ainda que pareça improvável, podemos chamar de mágica a forma como o tempo passou e eles nem perceberam. Num dia, eles eram alunos novatos, inseguros quanto as suas próprias capacidades e no outro... Ah, no outro eles já dominavam feitiços não verbais, faziam quase todos os tipos de poções, transfiguravam diversas coisas... Apesar de parecer incomum, podemos dizer que a mágica se confundiu com o tempo, e que aquelas crianças – hoje, homens e mulheres – viveram, aproveitaram e aprenderam tudo que era possível.


Sete anos... Para alguns um período relativamente longo, para aqueles alunos que deixariam Hogwarts, um tempo muito curto. Ora, quantos corredores eles não tiveram tempo de visitar? E todas as passagens secretas? Porque eles tinham certeza que havia lugares naquele Castelo nunca alcançados por nenhum aluno (os que afirmavam isso não tinham conhecimento de tudo que Fred e Jorge Weasley aprontaram em sua fase estudantil). Enfim, havia tantas coisas que eles queriam descobrir, que sete anos, sem dúvida, não foram o suficiente. Mas, se formos observar, nada na vida é suficiente, não é? O que dura demais se torna monótono e o que dura de menos deixa saudades... Então, podemos dizer que Hogwarts durou o tempo ideal para que as crianças de 11 anos crescessem, amadurecessem e finalmente vivessem tudo que aprenderam fora dali.


A vida começaria, e, em algum momento daquela festa, todos os formandos tiveram a certeza de que estavam preparados.


Já passava da hora de qualquer criança, e também adulto, ir dormir, mas a festa de formatura ainda acontecia para os formandos. Era engraçado para eles olhar em volta e sentir um vazio dentro do peito, enquanto ainda caminhavam pelos corredores ou então pelos terrenos da escola.


O horário de recolher, obviamente, já não importava para eles. Os formandos só queriam caminhar em paz e guardar na lembrança cada pedacinho da escola. Queriam deixar cada detalhe marcado em suas memórias, para toda vez que sentissem saudades, fechassem os olhos e pudessem se recordar exatamente como era o cheiro das salas de aula, ou da grama molhada pelo orvalho.


Em frente ao Lago Negro se encontrava um pequeno grupo de alunos. Scorpius, Rose, Vincent, Sophie, Alvo, Chad e Jude estavam juntos, observando o horizonte, onde a escuridão da noite começava a se dissipar e dar lugar a uma nova manhã. Todos estavam em um absoluto silêncio. Era como se falar qualquer coisa fosse estragar aquele momento único, que mesclava tristeza, alegria e saudade.


Não demorou para que lágrimas silenciosas começassem a rolar pelos seus rostos e, pela primeira vez, nenhum deles sentiu vergonha de expressar o que sentia na frente do outro. Todos sentiam o mesmo, então não havia sentido em esconder.


- Podemos nos juntar a vocês? – Michael perguntou. Ele estava acompanhado por Adam, que diferentemente das outras vezes, agora exibia um sorriso de tranquilidade em seu rosto.


- É claro! Sempre tem lugar pra mais duas pessoas num grupo de amigos tristonhos, que consideram a possibilidade de se agarrarem ao tentáculo da lula gigante para não partir. – Vincent respondeu divertido.


- Será que tem espaço para três pessoas, então? – Samantha Jennings perguntou um pouco encabulada.


- Depende! – Jude quem respondeu dessa vez – Pretende aprontar ou só compartilhar as lágrimas?


Samantha riu e se sentou próxima a Michael.


- Qual é! O que aconteceu aqui permanecerá aqui. – Sam respondeu – Chega de jogos, a partir de hoje começo uma nova vida!


Houve um momento de silêncio em que o grupo de amigos apenas olhou para o horizonte.


- E então, essa é nossa última noite aqui, não seria legal se falássemos um pouco do que esperamos, das melhores coisas que nos aconteceram, do que nos arrependemos ou coisa do tipo? – Chad sugeriu.


- Sim... Ou simplesmente podemos jogar! – Michael sugeriu, bebendo um gole da garrafa de cerveja amanteigada que convocara do Salão Principal (graças as ordens de Minerva, o local ainda continha bebidas e comidas para os formandos, pois por experiência própria, a diretora sabia que eles costumavam a vagar pela escola durante a última noite no local). – Mas antes que façam cara de espanto, é um jogo do bem. Vamos girar uma garrafa e quem for o escolhido responde uma pergunta que envolva arrependimento, expectativa, ou a melhor fase da vida estudantil.


Todos concordaram, e então Michael bebeu de uma vez só toda a cerveja amanteigada que tinha em sua garrafa, lançou sobre ela um feitiço simples, e iniciou o jogo.


- Certo, Chad pergunta pro Scorpius. – Michael anunciou.


Chad riu e se virou para encarar o amigo.


- Eu não vou perguntar a melhor coisa que te aconteceu, pois geral aqui tá vendo a resposta de mãos dadas com você! – Chad brincou, fazendo menção a Rose, que estava ao lado do namorado e agora sorria – Então me responde o seguinte: você se arrepende de algo que fez, ou que não fez aqui?


Scorpius respirou fundo e refletiu alguns instantes antes de responder:


- É complicado, mas acho que meu maior arrependimento foi não ter confiado em mim mesmo quando as coisas ficaram nebulosas... Eu poderia ter evitado muito sofrimento se tivesse acreditado na minha verdade, mas ao invés disso dei espaço pra dúvida, então é isso. Se eu pudesse apagar da minha vida a fase em que tive dúvidas de quem eu era e do que eu realmente queria e precisava pra mim, faria sem pensar duas vezes.


Houve um novo silêncio, e então segundos depois Scorpius girou a garrafa.


- Sophie pergunta pra Jude.


- Certo, eu realmente não sou muito próxima a você, Jude, embora sejamos da mesma Casa... Enfim, o que você espera pra quando sair daqui?


- Ah, essa é fácil! – Jude sorriu – Eu quero viajar por alguns países fazendo pesquisas e escrever meu próprio livro sobre Herbologia. Eu simplesmente amo essa matéria e ficaria muito feliz se conseguisse fazer uma descoberta que acrescentasse em algo no nosso mundo... Basicamente pretendo dar a volta ao mundo e quanto antes começar, melhor!


- E, só pra constar, eu vou com a Jude! – Chad acrescentou – Passei tempo demais longe dela, pra simplesmente deixá-la desaparecer pelo mundo.


Todos riram com o comentário e então Sophie girou a garrafa.


- Vincent pergunta pro Michael.


- Certo cara, serei direto: você se arrepende de algo?


- Sim, de amar! – Michael respondeu sem fazer cerimônia, mas ao ver todos abrirem a boca em espanto, acrescentou – Mas mesmo que tivesse a chance de mudar isso, não o faria. Eu me arrependo de ter me apaixonado, mas não de ter vivido tudo aquilo, entendem? É uma contradição maluca, mas apesar de saber que chegou ao fim e isso me matar aos poucos, eu não apagaria os momentos que tive... Amar, na minha opinião, é uma droga e eu me arrependo de sentir algo tão forte por alguém, mas eu não mudaria nada, porque bom... Não durou muito, mas eu fui feliz!


O silêncio que se seguiu depois do discurso de Michael, só não foi maior, porque Alvo pigarreou e informou que ele precisava girar a garrafa.


- Uau, girei e sou eu quem faço a pergunta para Rose Weasley! – Michael disse – Certo, tirando o Scorpius, qual foi a melhor coisa que te aconteceu aqui?


- Vincent e Sophie, claro! – Rose respondeu tranquilamente – A amizade dos dois, sem dúvida, é algo que eu pretendo levar pro resto da minha vida e, agradeço muito, muito mesmo, por ter tido a oportunidade de conhecê-los e perceber que a Casa a qual você pertence, não diz tudo o que você é!


Vincent e Sophie esticaram as mãos para tocar a de Rose, que estava próxima aos dois.


- Eu amo vocês! – ela acrescentou, e então girou a garrafa – Bom... Amor, você pergunta pro Adam.


Scorpius suspirou e se virou para encarar seu antigo rival.


- Certo, você causou muita confusão em nossas vidas esse ano, cara, muitas mesmo... Mas isso ficou no passado, porque graças a Merlin, você se arrependeu. Então, acho que só posso perguntar se você aprendeu alguma coisa esse ano?


- Além de que o amor sempre fala mais alto do que qualquer coisa? – Adam brincou.


- É, além disso! – Scorpius respondeu.


- Dentre todas as lições que eu vou levar dessa escola, acho que a mais importante é que ser eu mesmo vale mais do que qualquer coisa e que, definitivamente, a raiva e o rancor não nos levam a lugar nenhum.


Adam sorriu para todos e então girou a garrafa.


- Alvo para Sam.


- Ok, chega ser piada! – Alvo disse em um tom descontraído – Jennings, Jennings, uma garrafa nos une novamente, ahn?! – ele brincou – Falando sério, você mudaria alguma coisa esse ano se pudesse?


Sam pensou durante alguns minutos, até que finalmente suspirou e respondeu:


- Sei que vou parecer uma vadia sem coração dizendo isso, mas não, eu não me arrependo de nada! Quero dizer, tudo que eu fiz, foi porque eu quis, e naquela época parecia certo pra mim, entendem? Pra que me importar tanto com os sentimentos alheios, quando eu podia simplesmente me divertir? É claro que hoje eu sei que foi errado e não faria isso de novo, mas mudar o que aconteceu? Não, porque aí eu não teria a chance de olhar pros meus erros e tentar ser uma pessoa um pouco melhor.


A essa altura o sol já começava a nascer, mas a brincadeira daquele grupo estava longe de terminar. Eles não tinham hora pra dormir, então podiam aproveitar os últimos instantes para se divertirem.


- Adam pro Alvo. – Sam anunciou assim que girou a garrafa.


- Alguma expectativa pra quando sair daqui? – Adam perguntou.


- Sim! – Alvo respondeu – Não ser escravizado pelo meu pai no estágio!


Todos riram e então ele girou a garrafa.


- Rose pra Sophie.


- Você se arrepende de algo?  - Rose perguntou.


Sophie sorriu e em seguida estreitou os olhos malignamente.


- Sim! – ela disse – De não ter jogado um livro de Poções na cabeça da Gusmand quando a vi beijar o Vincent! É sério, um livro grosso jogado na cabeça daquela menininha, faria aquela tiara ficar grudada no cabelo dela eternamente!


Todos riram novamente, inclusive Adam, que precisava concordar que Sophie estava certa ao pensar em atacar Paola com um livro naquela época.


A brincadeira dos amigos continuou até que o sol finalmente nasceu e eles puderam sentir os efeitos da noite em claro.


Ainda era cedo e, excepcionalmente naquele dia, o trem de Hogwarts partiria um pouco mais tarde, o que dava a eles algumas horas de descanso.


Vencidos pelo cansaço, o grupo de amigos caminhou em direção ao Castelo. Algumas horas de descanso cairiam bem.


 


 


 


 


***


 


 


 


Despedidas são sempre complicadas, ainda mais quando sabemos que não há volta.


Dizer que foi triste o adeus dos formandos quando entraram em suas carruagens e seguiram direto para estação de Hogsmeade, seria repetir algo absolutamente óbvio, entretanto, dizer que agora eles estavam prontos e até empolgados por terem a chance de começar uma nova vida e colocar em prática tudo que tinham em mente, isso sim era algo novo.


Quando chegaram à estação de Hogsmeade, os alunos deram uma boa olhada em volta, antes de embarcarem no trem. Era hora de voltar e, pela primeira vez, não tinham medo.  


- Eu juro pra vocês que fico me perguntando como a Rosecreide ainda não deu um ataque por saber que nunca mais irá mandar pobres alunos novatos para detenção. – Vincent comentou. Estava sentado em uma das cabines, completamente relaxado, junto com os amigos de sempre – Diga a verdade, Rosecreide, como você se sente sabendo que não poderá mais escravizar as pobres criancinhas?


- Eu realmente não sei... – Rose abaixou a cabeça – É muito, muito triste saber que nunca mais vou gritar pelos corredores e castigar as crianças, e... – ela respirou fundo – A única coisa que me consola é saber que eu tenho um amigo maluco e que na falta das criancinhas, vou poder descontar toda minha frustração em cima dele.


- É Alvo, você está oficialmente ferrado! – Vincent disse.


- Ôôô Vincent, caso não tenha notado, o amigo maluco em questão é você! – Alvo disse entre risos.


Vincent suspirou e deixou os ombros caírem, numa falsa tristeza.


- Eu sei, mas tinha esperanças de que alguém quisesse assumir meu lugar frente à ira da Rosecreide.


Enquanto o grupo de amigos se divertia, em outra cabine, Adam e Paola conversavam animadamente sobre os planos que a menina tinha feito com o pai para aquelas férias. Agora que Pierre havia se reaproximado, ela poderia aproveitar para recuperar o tempo perdido.


- Nós vamos viajar! – ela comentou – Vamos passar todo o meu período de férias viajando, dá pra acreditar? Eu disse pra Pippa vir, mas ela disse que prefere não interromper nosso momento. Seria legal se minha irmã viesse, mas já que ela não quer, não vou insistir.


Adam riu, ao ver toda a empolgação da amiga.


- É bom ver você tão animada com algo que não seja destruir a vida alheia! – Adam brincou e ao ver a menina estreitar os olhos, deu uma gargalhada – Ok, o humor negro dominou agora, foi mal. Falando sério, quando vocês partem em viagem?


- Hoje mesmo. Ele virá me buscar na estação!


Paola estava tão empolgada, que era praticamente impossível não se contagiar com sua alegria.


Adam, é claro, se sentia muito bem por saber que havia contribuído para que a menina fosse 100% feliz e tivesse novamente seu pai por perto.


- Já sabe qual é o primeiro local de destino? – Adam perguntou.


- Ainda não, papai disse que seria surpresa! – ela respondeu.


- Entendi... Ei, me promete uma coisa?


- O que?


- Se vocês passarem pela Bulgária vá me visitar, certo?


Paola sorriu e balançou a cabeça positivamente.


- Combinado! Sua casa será o primeiro lugar que vamos parar assim que pisarmos na Bulgária.


 


 


 


***


 


 


 


Aquela viagem no Expresso de Hogwarts durou menos do que a maioria dos alunos que estavam presentes esperava, e diferente das outras vezes, eles acharam que chegaram muito rápido à Estação de King’s Cross.


- Ai, finalmente meu pequeno está em casa! – Astoria comentou, puxando o filho pra um abraço apertado – Não precisarei mais dividir o meu menino com a escola! Agora é só meu em tempo integral.


Scorpius riu, enquanto retribuía o abraço da mãe.


Próximos a família Malfoy, a família Weasley e Potter iniciava seu ritual de boas-vindas aos netos que acabaram de se formar. Muito embora todos tivessem se visto na noite anterior, era impressionante como Molly nunca se cansava de distribuir abraços.


Um pouco distante dali, Adam e Paola se despediam como bons amigos.


- Bom, acho que só posso lhe desejar boa sorte! – Paola comentou, depois de dar um abraço apertado no amigo.


- Obrigado! Boa sorte pra você também! – Adam respondeu – Bom, acho que agora eu preciso ir. Meu pai já tá com aquele olhar impaciente.


Os dois riram, se abraçaram mais uma vez e Adam se virou para ir embora, mas antes mesmo de se afastar, ouviu seu nome ser chamado mais uma vez.


- Adam! – Paola o chamou – Obrigada!


- Pelo que?


- Por tudo!


Adam sorriu e foi em direção aos pais, enquanto Paola caminhou para o outro lado da estação, em busca de seu pai.


A pequena garota observou todos os cantos do local, em busca da figura paterna, e abriu um sorriso ao avistar a irmã mais velha. “Pippa decidiu viajar comigo e com o papai!” ela pensou contente, e correu em direção à Phillippa.


- Pippa! – Paola abraçou a irmã. Não percebeu que estava com tanta saudade de Phillippa até vê-la – Que bom ver você! Eu estou tão feliz por você ter decidido viajar comigo e com o papai! – os olhos da menina brilhavam de tanta emoção – Por falar no papai, onde ele está?


Pippa encarou a irmã por alguns segundos, sem dizer nada.


- Pippa? Você me ouviu? – Paola perguntou um pouco séria – Onde está o papai? Ele deveria estar aqui, não?


- Paola, sobre isso, eu...


- Ele disse que viria, Phillippa! – a menina disse irritada – Onde ele está?


- Paola, eu... Eu sinto muito!


Diante do olhar da irmã mais velha, Paola entendeu tudo que estava acontecendo. Seu pai não viria, isso era óbvio! Assim como todas as outras vezes, Pierre não apareceu e nem apareceria.


- Ah, que idiotice a minha! – Paola disse e de repente sua voz assumiu um tom diferente – Que demora para entender viu?! – ela deu uma risada – Pois bem, que tal irmos fazer compras pra passar o tempo?


- Paola, você está bem?


- Melhor do que nunca! – ela respondeu – Olha Pippa, você pode me esperar um instante? Eu preciso fazer algo antes de ir embora.


Paola nem esperou a resposta da irmã e rumou para o outro lado da estação, em busca de uma pessoa. Não demorou para encontrar Maris encostada em uma pilastra da estação, esperando os pais terminarem a conversa que travavam com Draco e Astoria Malfoy.


- Ok, eu estabeleço as regras do próximo jogo. Nada de mexer com casais apaixonados, nada de se intrometer em vidas amorosas, vamos apenas jogar como antes, mexendo apenas com caras solteiros e nos tornando as rainhas da escola!


Maris piscou algumas vezes, tentando entender todas as informações que foram jogadas para ela. Estava ouvindo mal ou Paola havia falado mesmo todas aquelas coisas?


- Certo, eu nunca pensei que diria algo assim, mas essa não parece com você. – Maris disse, erguendo um pouco a sobrancelha num sinal de confusão.


Paola riu e encarou a menina, como se tivesse dito uma loucura.


- Engraçado, pois diria que essa sou exatamente eu! – Paola respondeu – E então, concorda ou não com as regras?


- Se acha melhor assim, por mim tudo bem! – Maris deu de ombros – Mas você sabe que ano que vem não volto para Hogwarts, não é?


- Eu sei! E assim que escolher o novo colégio me avise, certo?! – Paola respondeu com um sorriso enigmático no rosto – Bom, preciso ir agora. Pippa me espera!


Maris observou a menina se afastar por alguns segundos, e por fim disse:


- Acho que o Adam não vai gostar muito dessa sua mudança repentina.


Paola parou e virou a cabeça para encarar Maris, por cima do ombro.


- Eu também... – ela respondeu ainda sorrindo – Mas acho melhor você dizer ao Adam, que a vadia voltou!


E, sem dizer mais nada, Paola sumiu entre as pessoas que caminhavam em direção à saída da estação.


Pois é, às vezes por mais que tentemos, não conseguimos ser fortes para enfrentar todos os problemas que surgem em nossas vidas, e para nos proteger de mágoas e tristezas que teimam em nos assombrar em momentos inoportunos, acabamos apelando para máscaras que escondem nosso verdadeiro sofrimento e demonstram um lado, que muitas vezes, não é o que queremos mostrar.


Aquelas duas meninas, que eram amigas (apesar do jeito estranho de se tratarem), com o tempo descobririam que o sofrimento às vezes serve para amadurecer, e que embora pareça muito divertido, a vida não é um jogo.


Paola e Maris descobririam em breve que nada vale a pena quando não se está feliz. Mas apenas o tempo vai mostrar isso, porque querendo ou não, o tempo sempre é o melhor remédio para curar feridas e também nos fazer entender as coisas como realmente são.


Mas, enquanto o tempo não começava a agir, a única coisa que passava pela mente das duas era: Que os jogos comecem... De novo!


 


 


***


 


 


 


Diferente das outras vezes em que as crianças retornavam de Hogwarts e todos iam se reunir n’A Toca, dessa vez Astoria Malfoy fez questão de receber todos em sua mansão para uma grande confraternização em família.


Assim que chegaram, a grande mesa da sala de estar já estava preparada com vários pratos, para que todos pudessem se servir à vontade. Astoria queria comemorar não apenas a volta definitiva de seu filho para casa, assim como a de Rose, Alvo, Vincent e Sophie, que tinham acabado de encerrar uma etapa importante de suas vidas.


Os mais velhos ficaram no interior da casa, enquanto os mais novos saíram para aproveitar aquela tarde linda que fazia. Não queriam ficar trancados dentro de casa, quando podiam desfrutar do belíssimo sol e da brisa fresca que soprava.


Lily e Hugo caminhavam pelo grande jardim da Mansão Malfoy, conversando sobre tudo que havia acontecido naquele ano, que definitivamente foi o mais confuso e atrapalhado de todos na opinião dos dois.


- Sabe de uma coisa, Hugo? Eu realmente espero que toda maré de azar tenha sido restrita apenas nesse ano. Nossa, mais um ano com todas essas conturbações em Hogwarts e a escola vai abaixo.


Hugo riu da afirmação da namorada, mas precisou concordar. Se houvesse uma nova guerra por popularidade na escola, os alunos surtariam.


- Pensando bem sobre todo o azar, nós fomos privilegiados por não termos sido vítimas de todas as armações. – Hugo observou – Acho que eles não quiseram se meter com duas cabeças ruivas ao mesmo tempo.


- Claro que não! Quem em sã consciência se meteria com duas pessoas de cabeças vermelhas e esquentadas? – Lily perguntou – Só sendo maluco pra querer se meter com a gente.


Os dois riram e continuaram caminhando até decidirem se sentar embaixo da sombra de uma árvore. Apesar de estar sol, a brisa refrescava o ambiente e tornava o clima bastante agradável, totalmente diferente dos meses rigorosos de inverno que eles enfrentaram.


- Será que vai ser assim quando Hogwarts terminar para nós? – Lily perguntou. Estava sentada entre as pernas do namorado e com a cabeça recostada em seu peito – Muita gente pensa que lá é só uma escola e tudo mais... Nossa, durante sete anos passamos mais tempo por lá do que em nossas próprias casas, então definitivamente não podemos chamar aquele lugar só de “escola”.


- Claro que não. Hogwarts, como o papai sempre diz, é nosso segundo lar, e é óbvio que quando terminar sentiremos muita falta. Só espero que nós saibamos passar bem por isso.


- Nós vamos passar! – Lily afirmou.


Hugo sorriu e beijou o alto da cabeça da menina carinhosamente.


- Posso saber o que te dá tanta certeza disso?


Lily sorriu e se sentou direito, para poder encarar o namorado.


- Nós estaremos juntos, e isso é o suficiente para que todo resto fique bem.


- É, mais uma vez você está certa!


E sem dizer mais nada, Hugo a beijou. Ainda faltava um pouco para eles se formarem, mas a certeza de que teriam um ao outro sempre, os dava força para suportar o que vinha pela frente. 


 


 


 


 


***


 


 


 


O tempo passa e isso é regra da vida. Outra regra muito importante, é que a vida é feita de fases. Em um momento, somos crianças excitadas por estarmos diante de novas descobertas... Tempos depois, somos adolescentes cheios de dúvidas... E, quando menos esperamos, quando as coisas parecem ter passado por nós como um flash, somos adultos com responsabilidades e decisões a tomar.


A rapidez como as coisas passam é incrível, por isso é comum dizer quando se chega à adolescência, que não aproveitamos bem a infância; e quando chegamos à fase adulta, que não aproveitamos a adolescência... Quantas vezes não nos pegamos repetindo a seguinte frase: “Ahhhh se eu pudesse voltar um pouco atrás e aproveitar melhor aquele momento...”? A verdade é que só vamos nos dar conta de quanto tempo perdemos focados em coisas pequenas, quando em um determinado momento da vida, percebemos que poderíamos ter feito mais... Mas não se preocupe, pois isso é natural. São poucos os que podem afirmar que viveram e aproveitaram tudo que quiseram... E, é claro, que os poucos sortudos que podem dizer tal coisa, estavam sentados na grama do jardim Malfoy, observando o horizonte e admirando mais um belíssimo pôr-do-sol, que coloria o céu de laranja e lentamente se tornava lilás, com o chegar da noite.


A brisa, ainda soprava, agora um pouco mais forte que antes, mas o clima continuava muito agradável para Rose, Scorpius, Vincent, Sophie, Alvo e Alice. Nada, para aqueles três casais, valia mais que aquele momento... Aliás, todos os momentos de suas vidas eram aproveitados como se fossem os últimos, principalmente agora que eles tinham certeza que um milésimo de instante que passavam separados, doía demais e a única cura era a presença do outro.


- Sabe galera, eu acho que apesar de todas as detenções, todas as idas à enfermaria, todas as broncas, todas as loucuras, todas...


- Ok Vincent, nós já entendemos aonde você quer chegar! – Scorpius disse divertido.


- Cara, alguém já disse que você é um estraga prazeres?


- Você, mas, por favor, continue sua conclusão maravilhosa.


- A ironia me mandou lembranças?


- Com certeza!


Vincent riu.


- Bom, como eu dizia antes do meu suposto melhor amigo me interromper, eu acho que apesar de tudo, nós fomos felizes. Na verdade, eu tenho certeza de que fomos, somos e seremos felizes, afinal de contas se depois do que passamos esse ano, ainda estamos bem, ninguém mais nos derruba!


Todos sorriram e balançaram a cabeça positivamente.


- Sabe, eu acho que tudo na vida acontece para nos dar uma lição, então até dos momentos ruins precisamos tirar experiências boas. – Rose disse sabiamente – Vejam, se nós confiássemos mais uns nos outros, não teríamos brigado, nem nos separado, nem nada. Enfim, o que eu quero dizer, é que se tudo que passamos foi para tornar nossa confiança mais forte, então meio que valeu a pena, certo? Aprendemos nossa lição, e nunca mais erraremos dessa forma.


- Você tá certa, amor! No final das contas, nós tivemos que aprender da forma mais difícil, que nosso amor sempre vai falar mais alto, não importa o que inventem. – Scorpius disse e em seguida beijou carinhosamente a bochecha da namorada.


- Bom, eu só espero que daqui pra frente, as coisas sejam um pouco mais fáceis pra vocês! – Alice disse.


- Ahh Alice, infelizmente eu acho que não. – Sophie respondeu – Não me refiro, é claro, aos nossos relacionamentos, pois já está mais que provado que nascemos uns pros outros, mas a vida sabe? Agora nós somos obrigados a sair do casulo e enfrentar o mundo adulto. Vamos trabalhar, estagiar, estudar, e com isso seremos obrigados a amadurecer e sermos mais fortes que antes.


- Mas não significa que fazer tudo isso pode ser uma tarefa difícil. – Alvo comentou – Se soubermos administrar bem o tempo e nossas tarefas, não vamos sofrer tanto.


- Nisso você tem razão! – Sophie admitiu – Mas ainda não significa que as coisas vão ser fáceis.


Houve um momento de silêncio, enquanto todos voltaram a observar o sol se pôr, e a noite começar a pintar o céu de azul escuro.


Foi Scorpius quem quebrou o silêncio.


- Você está certa quanto a isso, Sophie... – Scorpius disse, sem desviar o olhar do horizonte – Mas se tudo fosse fácil, que graça teria?


Houve mais um momento de silêncio, mas esse não durou muito, já que foi quebrado por uma risada de Vincent.


- O que foi, Vin? – Rose perguntou.


- Eu só tô aqui imaginando como serão os próximos anos... Eu realmente gostaria de saber como nós seremos, sei lá, daqui a quatro anos.


Ao ouvir Vincent falar, Rose teve uma idéia que lhe pareceu brilhante e decidiu compartilhar com os outros.


- Porque não escrevemos nossos desejos em um pergaminho, enterramos bem aqui e daqui a quatro anos voltamos para desenterrar a caixa e conferir se as coisas correram como imaginávamos ou foram diferentes? Seria legal ter uma lembrança, certo? E vai ser bem engraçado ler todas as bobagens que provavelmente vamos escrever agora.


- Uau, pra quem não gostava de Adivinhação, você tá querendo mesmo adivinhar o futuro hein, priminha? – Alvo brincou – Mas eu gostei da idéia!


- Que idéia? – Lily, que tinha acabado de chegar junto Hugo, perguntou.


- De todos nós escrevermos em um pergaminho nossas expectativas e daqui a quatro anos, nessa mesma data, viermos conferir se as coisas que desejávamos se realizaram ou não. – Scorpius explicou – Querem entrar nessa também?


- Claro! – Lily e Hugo responderam juntos.


Com um floreio da varinha, Rose fez com que aparecesse pergaminho e penas, distribuiu para cada um e pediu que se separassem pra escrever. Não demorou muito, para que todos eles terminassem de depositar naquele pedaço de pergaminho seus sonhos e medos, e logo voltaram a se sentar, dessa vez formando um círculo.


Dessa vez foi Vincent quem conjurou uma caixa de madeira, e, assim que todos terminaram de guardar seus pergaminhos, ele selou a caixa com um feitiço.


- Certo, a regra é a seguinte, ninguém pode vir aqui e abrir a caixa antes do tempo, ok?! Se não a brincadeira perde a graça. – Rose advertiu.


- Sabe, eu acho que seria melhor mudarmos a data de abertura, para a véspera de Natal, daqui a quatro anos. Pelo menos assim, temos a certeza de que todos estarão presentes, já que normalmente todos entram em recesso por causa do feriado. – Hugo sugeriu.


- Ótima idéia, maninho! – Rose sorriu – Daqui a quatro anos, no dia 24 de dezembro, viremos aqui e abriremos esta caixa. Estão prontos pra enterrá-la?


Todos disseram que sim, e com um novo feitiço, Rose cavou um buraco na grama e colocou ali a caixa. Em seguida, ela cobriu o local e todos fizeram o juramento de nunca (mesmo que a curiosidade falasse mais alto) desenterrariam a caixa e leriam o que fora escrito nos pergaminhos antes do prazo estipulado.


 - Nossa, é a primeira vez que marco um compromisso que leva anos pra acontecer. – Alice comentou e todos riram.


- Agora mais do que nunca eu tô curioso pra saber o que acontecerá. – Vincent disse.


- Calma, meu amigo, muita calma nessa hora. – Scorpius disse – Quatro anos passam rápido e logo nós vamos descobrir o que vai acontecer... Mas, se querem minha opinião sincera, vindo de todos nós, acho que podemos esperar o de sempre.


- E o que seria “o de sempre”? – Sophie perguntou.


- Confusões, encrencas e diversão, é claro!


Todos riram novamente e precisaram concordar com essa afirmação, afinal, suas vidas sempre foram de pernas pro ar.


- Bom, acho que agora devo dizer daqui a quatro anos, certo? – Hugo perguntou.


- Acho que sim, maninho! – Rose respondeu com um sorriso no rosto – Na verdade, acho que todos nós diremos agora daqui a quatro anos!


- Então, daqui a quatro anos! – disse Vincent em voz alta.


Imitando o gesto do moreno, todos disseram juntos a mesma frase e caminharam de volta para a Mansão, onde seria servido o jantar.


Sozinha, não muito longe de onde os primos e amigos fizeram aquele “pacto”, a Garota Misteriosa (agora não mais misteriosa), ouviu tudo e seguindo o exemplo dos demais, escreveu em um pedaço de pergaminho a seguinte frase:


 



 


E em seguida soltou o pergaminho ao vento... Fosse lá o que ela e os outros tivessem escrito naquele pergaminho, ninguém jamais saberia... A não ser, é claro, daqui a quatro anos.


É claro, que todos estão curiosos... Já descobrimos que o amor fala sempre mais alto, não só quando há rixas familiares e todos são contra seu relacionamento, mas também quando a confiança é testada e o sentimento lhe mostra a verdade... O que será que vamos descobrir agora? Isso vocês vão saber em breve! Por enquanto, o importante é que se lembrem que


 



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Comentários (1)

  • Anna Clara Weasley Malfoy

    Ahhh, ameei o meu coração ficou imundado de choro e meu quarto tb sofreu *---* só fiquei brava com a Paola e a Maris as duas nunca levam jeito ¨¨ enjtão amei a fic e to esperando a parte 3 hahaha bjos S2

    2012-06-14
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