Epílogo



Harry puxou as rédeas do garanhão, deslizou da sela e a viu. Com o rabo-de-cavalo balançando Hermione disparou pelo pátio com energia suficiente para ilumina um pequeno país. A visão o deixou excitado como no dia, um ano antes, em que voltaram para a Star M. Grunhindo de satisfação, tirou a sela do cavalo e, com um tapa, incitou o animal à baia. A vida com Hermione era mais excitante do que qualquer prova de rodeio.
— Potter!
Ele riu consigo mesmo, ansioso para saber por que a esposa estava tão afobada. Apoiou o cotovelo na cerca e passou a acompanhar cada passo dela. O crepúsculo a envolvia como um manto cinzento, porém sem ofuscar a luz que sua personalidade vibrante emitia.
— Potter, você fez novamente! — Ela deteve-se a trinta centímetros e o espetou com o dedo indicador.
Ele segurou o dedo, levou-o aos lábios e beijou-o.
— O que foi que eu fiz desta vez?
— Não banque o inocente comigo! Sabe muito bem o que fez.
— Algo nos olhos verdes indicava que ela estava mais excitada do que zangada.
Ele a aproximou até seus corpos estarem em contato e o perfume dela invadir seu cérebro.
— Muito bem. Eu confesso. Eu fiz. Agora, um beijo.
Para seu prazer, Hermione se pôs na ponta dos pés e o beijou com paixão de tirar o fôlego.
— Opa, querida, o que quer que eu tenha feito, diga-me, para que eu possa repetir a façanha.
— Não pode. Pelo menos nos próximos nove meses…
Harry sentiu o coração falhar. Esqueceu-se de respirar. Céus, esqueceu-se de quem era!
— Está dizendo o que acho que está dizendo?
Levada, ela riu.
— Sim, caubói, vamos ter outro bebê!
Harry achou que morreria de felicidade bem ali.
— E está me culpando? — grunhiu. — Quem manda ser sexy, linda, maravilhosa… — Parou no meio da frase quando a verdade finalmente o atingiu. — Um bebê? — Mas não con¬seguia absorver a idéia. — Céus, mulher… Vamos ter um bebê!
Ele a ergueu bem alto e rodopiou, rindo como um louco.
— Eu te amo, Sra. Potter! Desta vez, prometo fazer tudo direito!
Hermione sorria.
— Pode apostar que fará. Agora, coloque-me no chão antes que eu fique enjoada.
Harry pousou-a delicadamente e então lhe deu um beijou sonoro.
— Ah, Hermione, querida, há um ano, eu era um caubói miserá¬vel. Quem diria que um joguinho de pôquer me traria tanta felicidade?
Ela suspirou e pousou a cabeça no ombro forte do marido.
— Foi um ano e tanto, não foi?
— O melhor da minha vida. — Sempre que pensava no que conquistaram juntos, Harry quase explodia de orgulho. Com a ha¬bilidade de Hermione nos negócios e os contatos dele, já haviam transformado a Star M num haras fornecedor de rodeios. A fazenda prosperava, as cercas estavam consertadas, os anexos pintados e reformados. As raízes da família fortaleciam-se em solo texano. E ele devia tudo àquela mulher corajosa.
Hermione sorriu.
— Estou tão grata por você ter tido o bom senso de roubar a minha fazenda, obrigando-me a voltar para casa, onde era o meu lugar!
— Não pude imaginar outro modo de recuperar a minha mulher.
Hermione vendera sua parte na loja de roupas, aplicando o di¬nheiro na Star M. Também dera a Harry força e confiança para banir de vez a má imagem do pai e se estabelecer de vez. E agora ainda lhe dava outro presente.
Ele tomou nas mãos o rosto amado.
— Espero que seja uma garotinha de boca atrevida e olhos verdes como os da mamãe.
— Eu também — respondeu ela, beliscando o nariz dele. — Com você e James por aqui, fico em desvantagem.
James não coube em si de felicidade ao descobrir que Harry era seu pai de verdade, tornando-se um verdadeiro apêndice e alia¬do. Bastava a combinação de sorrisos idênticos para Hermione con¬cordar com o que quer que os dois quisessem.
Desde o dia em que voltaram de Oklahoma CiHarry, com James adormecido e feliz entre ambos, Hermione fizera tudo a seu alcance para ser a esposa que um homem como Harry merecia. E agradecia às estrelas por finalmente entender que o amor e a verdade eram muito mais preciosos do que orgulho e aparência.
— Eu desejava isso há muito tempo — confessou.
Harry sorriu.
— Ficar numa baia escura com um caubói maluco?
— Não, bobinho. — Ela o golpeou no tórax. — Ser feliz assim. Viver com você. Ter outro bebê seu.
A expressão de Harry suavizou-se.
— Pensei num nome para ela.
— Já?
Hermione acompanhou o olhar de Harry para o céu ao norte. Sentiu um aperto no peito e adivinhou o que ele ia dizer.
— Star — murmurou ele, os olhos castanhos cintilantes de amor. — Star Potter.
— Sim — sussurrou ela, contra sua boca. — Para nos lem¬brarmos de que às vezes os desejos se tornam realidade.
Ao luar, protegidos pelo amor, com os corações batendo em uníssono, Hermione e Harry selaram seu compromisso eterno com um beijo. Grilos proporcionavam fundo musical. O ar impregnava¬-se com o perfume das flores silvestres. E, no céu, uma estrela cadente acrescentou sua própria bênção especial.
F I M

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