Capítulo 2
Com a mesma pressa que desci da vassoura, rumei para o vestiário. Já me bastava os gritos de viva de um terço da escola, a Sonserina, entoando em meus ouvidos como um zumbido agourento e entorpecente. Mas Rony não pareceu-me tão satisfeito assim. Tanto que fez questão de gritar mais um pouco comigo. E eu só ouvia trechos indistintos em que se destacavam “cabeça de vento”, “lerda” e “no mundo da lua”.
Eu não ficaria ali ouvindo-o me insultar, mesmo porque Harry vinha logo atrás dele com o mesmo ar de fúria e eu não o suportaria dizendo que se fosse ele...
Pausa. Por que os homens gostam de se comparar conosco?! Ah, eu odeio isso! Se ele fosse inteligente o suficiente saberia que se fosse ele Malfoy teria levado um murro por fazer algum insulto e ele teria sido expulso do time. Ah, isso me lembra que Harry foi expulso por agredir Malfoy. Oh, quanta honra há nisso...
...dizendo que se fosse ele o pomo teria sido pego. Quem garantiu isso a ele?
Então, com toda a dignidade que me restava - porque nessa hora eu me sentia idiota o suficiente para perceber que eu perdi meu tempo encarando Malfoy em vez de procurar o Pomo - rumei para fora do vestiário, dessa vez seguindo para o lado oposto, indo para o castelo, a vassoura no ombro e a cabeça pegando fogo mais por causa do sol que fazia - não sei de onde surgiu aquele sol enorme no fim de Novembro - do que pela minha consciência, que agora pesava umas boas toneladas.
Duas horas depois de sair do dormitório e descer para a Sala Comunal constatei que teria sido melhor ficar o resto do dia embaixo do chuveiro. Era como se alguém tivesse morrido. E Ter todos aqueles olhos em mim assim que desci o último degrau foi horrível.
Meia volta e eu estava no dormitório novamente. Hermione apareceu para me dar uns conselhos, e depois de seu discurso de “A vitória não é tudo” disse pra eu não ficar chateada com os garotos.
- Eu sei- eu disse - eles são uns idiotas..
Mione riu concordando com a cabeça. E após me fitar por um tempo, na indecisão de perguntar o que estava louca para saber, soltou um longo suspiro.
E se eu pudesse voltar no tempo não teria encorajado-a com aquele “O que foi?”.
- Você.. não perdeu de propósito, não é? Quero dizer... Não deixou Malfoy apanhar o Pomo por causa daquilo, né?
Aquilo...
Aí você me pergunta o que exatamente era o Aquilo.
Eu e Malfoy tínhamos um passado, embora eu deva acrescentar que quase todos em Hogwarts têm um passado com ele, já que é uma pessoa odiável o suficiente para fazer parte de pensamentos mais homicídas que possam brotar na mente de qualquer um, e isso me atormentava. A começar pelos insultos freqüentes que ele sempre fez à minha família, depois porquê é normal odiar alguém quando o sentimento é recíproco, ele era meu carma. Não posso culpá-lo. Draco Malfoy, o loiro aguado, metido e rico, sempre teve raiva do Harry, então, eu, na qualidade de namorada do garoto de cicatriz na testa passei a ser duplamente atingida pelos insultos dele.
Não era algo com que eu não poderia lidar, até acostumaria, juro. Mas tudo nesse mundo tem limite, e ele havia extrapolado o dele ao sugerir que eu tivesse feito algo proibido para Harry olhar para mim. Obviamente eu citaria que ele mencionou poções do Amor, mas Malfoy, em sua falta de freio na língua, sugeriu que eu houvesse apelado para a Magia Oculta. Ninguém ouve isso calado, ouve?
E sem me importar se estávamos no meio do Salão Principal, ou na Casa da Mãe Joana, eu meti um - sem querer ser cheia de mim - belo dum tapa no rosto dele. Aquilo deixou marca, tenho certeza. E foi aí que o circo pegou fogo, porque ele estava sem os amiguinhos dele e eu também estava só, o que significava que ninguém irira nos interromper. E após ele me chamar de coisas que eu sei que ele se arrepende eu cutuquei sua ferida. Acho que falar do estado mental da mãe dele foi um pouco forçado, mas eu falei. E na hora aquilo me fez crescer diante dele. Nunca vi Malfoy tão desnorteado. Mas seu desnorteamento passou, e como a vida é como uma balança pesando areia, ele me pôs no meu lugar.
E eu tenho medo suficiente de minha mãe para saber o que ela faria se soubesse o que eu fazia. Então, morrendo de raiva dele, eu entrei naquele estádio de Quadribol no Sábado. Pronta para derrubá-lo da vassoura e deixar o Pomo em seu vôo livre. E me concentrei tanto nele, que nem liguei para o jogo. E olhando para Hermione diante de mim com o cenho franzido e aquela expressão de quem aguarda os segundos pra sair da prisão eu tive que lembrar de todo o ódio que ainda sentia por ele.
- Foi por causa daquilo sim, Mione...
Odeio quando ela faz aquela cara de “Eu sabia”.
- Olha, eu quero ficar sozinha - continuei, e se ela gostou ou não de ouvir isso eu vou morrer sem saber.
Aguardei até ficar sozinha novamente e refleti.
Como eu sou idiota...
Eu tinha perdido a chance - pois estávamos sem esperança alguma de ver a cor da taça no fim do Campeonato - de pegar o pomo por causa de algo tão besta. Me distraído tempo suficiente para que ele me passasse para trás e ganhasse o jogo. E as poucas vezes que eu fiz marcação sobre ele eu não estava nem um pouco interessada se ele estava atrás do bendito Pomo ou do banheiro.
Acontece..
Não foi, e nem poderia ser a última perda minha ou da Grifinória.
E eu não gosto de falar sobre perdas...
N/A: eu não sei qual é o meu problema com essa fic, talvez seja o fato de meu shipper não ser D/G, nas eu sinto que falta algo nessa história...
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