O Assumir da Verdade
Dean e Bella beijavam-se no meio do Salão com desejo e paixão, não ligando aos olhares pouco discretos dos alunos à sua volta e então sem se apreceberem, ambos aparataram do Salão para a Floresta Proibida, onde uma chuva torrencial caía impiedosamente. Estavam tão empenhados no beijo que nem reparam no que tinha acontecido, mas quando sentiram a chuva molhá-los afastaram-se um do outro para poderem ver onde estavam.
- Onde estamos? - Perguntou Bella abraçando-se a Dean receosa.
- Parece-me que estamos na Floresta Proibida... - Explicou Dean olhando a clareira à sua volta. - A minha pergunta é como é que viemos aqui parar. Não se pode aparatar nos terrenos de Hogwarts.
Dean olhou para Bella e viu o medo espelhado nos seus olhos azuis, então abraçou-a protegendo-a da chuva, voltou a olhar em volta e viu uma casa escondida no meio das árvores escuras.
- Uma casa? Aqui? Hum... - Pensou Dean esforçando a vista para ver melhor na escuridão, então sentiu Bella estremecer entre os seus braços. - De qualquer maneira é melhor ir... Daqui a pouco ainda apanhamos uma constipação!
Seguiram os dois por entre as árvores sombrias até chegarem à casa que se erguia por entre elas, Dean ao chegar à porta da casa bateu e esperou que alguém repondesse, coisa que não aconteceu e então empurrou a porta que estava aberta, para sua surpresa. Entraram os dois na única divisão da casa, uma ampla e acolhedora sala com uma lareira acesa que emanava calor por toda a divisão, ao fundo havia uma larga cama de casal com um ar confortável.
- Que casa é esta? - Perguntou Bella olhando-a em redor caminhando para o interior acolhedor.
- Não sei... Mas vamos para junto da lareira... Não quero que fiques constipada! - Declarou Dean puxando-a para junto da lareira onde havia grandes almofadões no chão.
Aproximaram-se da lareira e sentaram-se nos almofadões, observando o fogo silenciosamente e ouvindo o som da chuva a bater nos vidros das janelas, Dean entregou um cobertor a Bella para que secasse mais depressa. Enquanto Bella estava embrulhada no cobertor, Dean retirou a camisola totalmente encharcada que agora se colava ao seu tronco musculado e colocou-a junto do fogo para que secasse mais depressa, Bella olhava para Dean em tronco nú admirando os seus músculos.
- Estás a pensar em quê? - Perguntou Bella quebrando o silêncio e observando a expressão do moreno.
- No nosso primeiro beijo. - Declarou Dean abrindo um sorriso carinhoso. - Estava a pensar nisso... Beijámo-nos numa situação mais ou menos assim... Recordas-te?
- Sim... - Relembrou-se Bella corando violentamente. - Sou tão repetitiva...
- Sabes que eu até gosto disso? - Perguntou Dean aproximando-se dela e voltando a beijá-la.
Dean beijou Bella com desejo e ternura, procurando conter o fogo que corria e começava a queimar-lhe a pele nos sitios onde entrava em contacto com a pele dela. Bella não se lembrava do beijo de Dean ser tão envolvente daquela maneira, podia tentar fugir daqueles lábios carnudos e daqueles braços fortes que a abraçavam, mas a verdade é que não tinha interesse em libertar-se da “prisão” que esperara durante anos para estar prisioneira.
- Não me deixes! - Implorou Bella ao ouvido de Dean enquanto este lhe beijava o pescoço.
- Nunca! - Respondeu Dean contra a pele na base do pescoço de Bella.
Dean continuou a beijá-la e então correu o fecho das costas do vestido, fazendo-o ficar aberto e fez com que as mangas do vestido deslizassem para fora dos seus braços. Rapidamente, o vestido de Bella jazia no chão e ela estava apenas em roupa interior, que era constituida por um espartilho branco que com um cinto de ligas seguravam as meias.
O rapaz parou para poder observar melhor o corpo sob a luz do fogo da lareira, olhou bem para as curvas delineadas do corpo perfeito da morena, as pernas revestidas com as meias de vidro pareciam ainda mais suaves que a seda da qual ele julgava serem revestidas, os seus seios perfeitos e firmes sob a pressão do espartilho pareciam ser maiores do que realmente seriam, as suas feições do rosto transpareciam a ansiadade que ela sentia, esperando pela próxima acção do moreno.
- Nunca pensei que tu fosses tão... - Começou Dean.
- Chiu... Não digas nada... - Interrompeu Bella beijando-o e começando a traçar um caminho de beijos pelo seu peitoral.
Dean elevou o rosto de Bella e olhando-lhe profundamente nos olhos azuis disse:
- Bella, tens a certeza de que é isto que queres?
- Tu és tudo o que eu mais quero neste mundo, Dean... Sempre foste e sempre serás! – Respondeu a morena beijando-o.
Dean correspondeu àquele beijo terno e doce que desejava há muito tempo, beijou-a com vontade libertando todos os seus sentimentos pela rapariga. Deitaram-se nos almofadões e ali ficaram, deixando-se levar pelo sentimentos que nutriam um pelo outro, entregaram-se um ao outro tornando-se um só.
Do lado de fora da casa a tempestade continuava e no castelo o baile de máscaras terminava e os participantes da festa seguiam para os seus respectivos quartos, no entanto quatro gryffindor seguiam para a Torre rindo alegremente.
- Will, áchás qué o Sam encontrou a ragazza mistériosá? – Perguntou Francis.
- Não tenho dúvidas... – Respondeu Will recebendo um olhar interrogativo de Angie. – Eu prometo que depois explico se o Sam me deixar...
- Será qué éle já tá no quarto? – Perguntou o loiro curioso.
- Quem sabe... – Foi a resposta de Will que finalizou a conversa.
Já no quarto dos Marotos...
- Fica comigo... – Pediu Sam a Kim.
- Não posso... Se elas chegam ao quarto e não me veêm lá ainda vão pensar que eu fui ao baile... – Respondeu Kim beijando o moreno.
- Vá lá... – Implorou o moreno olhando-a com súplica puxando-a para si. – Por favor...
- Sam, não... Ai... – Gemeu Kim encolhendo-se e assustando Sam.
- Kim! – Disse Sam aproximando-se rapidamente da rapariga que olhava ofegante para o chão.
Kim mantinha o seu olhar fixo no chão e quando Sam tentou virar-lhe o rosto para lhe ver a face, a rapariga desviou-o agilmente, evitando o olhar do rapaz. Sam observava Kim com receio, não conseguia compreender o que tinha acontecido à sua amada, mas mesmo assim abraçou-a tentando acalmá-la.
- É melhor eu regressar ao meu quarto... Eles estão a chegar... – Disse Kim tentando recompor-se.
De repente o som de risos invadiu o silêncio, anunciando a chegada dos amigos de ambos. Sam direcionou um olhar preocupado a Kim que sorriu de um modo que tentava transparecer segurança mas que apenas deixou o moreno mais inseguro, aproximou-se mais da ruiva acariciando-lhe o rosto numa despedida silenciosa e juntou os seus lábios aos da rapariga que correspondeu ao beijo que depressa acabou quando o som das gargalhadas se intensificaram no fundo das escadas.
Kim afastou-se do rapaz muito lentamente, como se quisesse que aquele momento durasse mais um pouco, sentindo um aperto no peito, Sam sentia o mesmo aperto no peito misturado com a preocupação que se espelhava nos seus olhos verdes azulados.
- Amo-te... – Sussurou para a ruiva antes dela sair.
- Eu também... – Respondeu a rapariga, ainda com o seu olhar fixo no dele, antes de sair.
- Eu sei... – Disse Sam vendo a porta fechar-se atrás da namorada.
Kim caminhou silenciosamente para o seu quarto e quando lá chegou livrou-se do vestido que trajava trocando pela camisa de dormir, enfiou-se na cama a tempo de ouvir as amigas do outro lado da porta a despedirem-se dos Marotos e entrarem ruidosamente no quarto, mas ao verem Kim deitada na sua cama calaram-se rapidamente. Angie ao ver a amiga deitada chamou por ela mas a ruiva manteve-se em silêncio fingindo estar a dormir, todas aceitaram o silêncio da ruiva e foram-se deitar.
No dormitório dos rapazes, Sam já havia retirado e guardado o fato dentro da mala e já se havia deitado olhando para o tecto, preocupado com o estado de Kim depois da ruiva ter saido de lá, tanto que nem deu por os amigos entrarem no quarto...
- Sam? Tás acordado? – Perguntou Will entrando no quarto silenciosamente.
- Hum... – Murmurou Sam em resposta.
- Então como correram as coisas com a loira? – Perguntou Will sentando-se no fundo da cama do amigo.
- Serenity... – Corrigiu Sam sentando-se também. – Ela chama-se Serenity... As coisas... Correram bem... Ambos aceitamos a despedida...
- Despedida? Tu despediste-te dela? Mas ficaste a saber quem ela era, certo?
- É uma Gryffindor... Já tem namorado... Arranjou um durante este último mês...
- O quê?!?! – Questionou Will parecendo espantado com a resposta do amigo. – Bem... Mas que simpática... Nem soube esperar mais um mês!
- Ela pediu-me desculpa... Disse que as coisas não íam resultar entre nós... – Mentiu Sam de um modo totalmente convincente. – Bem... Mas Hogwarts está cheia de raparigas para mim...
- Assim é que se fala! – Riu-se Will indo-se deitar em seguida.
Sam viu o amigo ir-se deitar e fez o mesmo, voltando a olhar para o tecto, deixando o seu pensamento voar até ao dormitório feminino de encontro à sua ruiva... Lembrou-se do seu primeiro beijo com Kim e sorriu, lembrou-se também da antiga inimizade que a rapariga nutria por ele e a qual fora esquecida para dar lugar à amizade e depois ser substituida pelo amor que ambos sentiam um pelo outro. Foi com esses pensamentos e lembranças que adormeceu.
Na manhã seguinte...
Dean acordava com a luz do sol que entrava por uma das janelas, piscou os olhos, ofuscado pela claridade repentina e suspirou, tinha tido um sonho muito bom... Mas fora apenas isso, um sonho. Sorriu tristemente, como se podia ter deixado levar por mais uma das suas fantasias? Tentou levantar-se mas então apercebeu-se do peso sobre o seu braço, olhou para o lado e lá estava Bella tapada por um lençol. Sorriu novamente mas dessa vez, expressando verdadeira felicidade, não tinha sonhado, fora tudo real; os beijos, as caricias, tudo...
Bella estava adormecida coberta apenas com o lençol, parecia tranquila e apenas isso bastou para que Dean se levantasse de modo a não acordá-la, vestiu-se e caminhou até à porta que abriu. Olhou para o extrior onde o sol brilhava e inspirou profundamente o ar fresco da manhã, cheirava a terra molhada e a orvalho, sorriu; a tempestade tinha passado.
Já na cama, Bella mexera-se para o lado e sentindo a falta de algo, tacteou a cama às cegas e depois chamou:
- Dean?
- Bom dia, querida... – Respondeu Dean no fundo da cama.
Bella olhou para o moreno com um sorriso no rosto e sentou-se na cama ficando a olhar para ele fixamente.
- Eu estou a sonhar, não estou? – Perguntou Bella mostrando-se desiludida com as suas próprias palavras.
- Se tu estiveres a sonhar, eu também estou e então não quero acordar... – Disse Dean aproximando-se da morena e beijando-a. – Mas eu acredito que isto seja real... – Sorriu carinhosamente.
- Eu também quero acreditar que sim... E quero que isto dure para sempre...
Dean sorriu, colocou-lhe a mão no rosto e acariciou-o, depois disse:
- Nada dura para sempre, meu amor...
- Mas enquanto durar, para sempre pode esperar. – Respondeu Bella colocando-lhe os braços à volta do pescoço, beijando-o e puxando de novo para a cama.
- Hum... Bella, é melhor não começarmos... – Disse Dean a muito custo tentando desviar-se dos beijos da morena. – Embora seja domingo, eles vão dar por nossa falta... O Sirius em especial...
- Ele é muito simpático... E gosta muito de ti, Dean...
- Trata-me como se eu fosse seu filho... Já a ti, vê-te quase como se fosses filha dele... Protege-te imenso.
- O meu pai nunca me protegeu... Dizia que a dor era um modo de nos tornarmos mais fortes.
- Isso é totalmente fora de nexo... A dor não nos fortalece... Já o amor é outra história. – Disse o moreno beijando-a.
- Não foste tu que disseste que era melhor não começarmos? – Relembrou Bella afastando-se de Dean.
Dean sorriu e viu-a sair da cama em direção ao pequeno quarto de banho, olhou em volta e então reparou numa pequena mesa no centro da sala, caminhou até ela e observou o tampo de madeira escura. Era uma mesa comum, não tinha nada de diferente de outras mesas que já tinha visto, de repente, vindo do nada, um cartão surgue sobre essa mesma mesa.
- Mas que... – Começou Dean ao ver o papel, então pegou-lhe e começou a lê-lo. – “Pede um desejo, o que quiseres. Basta pensar e o que quiser ter, nesta mesa aparecerá.”. Hum... Desejo um óptimo pequeno-almoço para dois e uma rosa vermelha!
De repente a mesa encheu-se com um maravilhoso pequeno-almoço para dois com uma bela rosa vermelha num pequeno jarro. Dean sorriu ao ver tudo e sentou-se numa das duas cadeiras que circundavam a mesa, esperando por Bella. A morena saiu do quarto de banho já vestida com uma saia negra e uma blusa branca, quando viu a mesa com a refeição, olhou espantada para Dean e sorriu enquanto caminhava para ele.
- Uma flor para outra... – Disse Dean estendendo-lhe a rosa vermelha. – Aqui temos o nosso pequeno-almoço... Agora vamos comer e depois vamos voltar ao castelo.
Ambos comeram e voltaram ao castelo, quando já estavam a chegar...
- Bella... – Chamou Dean.
- Sim? – Perguntou Bella olhando subitamente preocupada com o tom sério da voz de Dean.
- Escusas de estar preocupada...- Apressou-se Dean a dizer ao ver a preocupação espelhar-se nos olhos azuis da morena. – Eu só te quero pedir um favor... Promete-me que o fazes.
- Eu prometo... Podes pedir-me o que quiseres.
- Faz-me apenas o favor de não contar a ninguém o que se passa entre nós e... – Dean hesitou perante o olhar da rapariga tirando algo do bolso das calças. – E nunca tires este anel... – Entregou-lhe um delicado anel d’ouro com pequenos diamantes numa supreficie oval.
- Oh, Dean... É lindo... – Disse Bella com a voz a falhar devido à emoção, enquanto Dean lhe colocava o anel no anelar esquerdo. – Eu prometo que nunca o vou tirar... Eu prometo.
Dean sorriu carinhosamente e beijou-a com ternura, Bella respondeu ao beijo do mesmo modo mas desejando não ter que se afastar dele. Calmamente afastaram-se um do outro nunca desviando o olhar, nos seus lábios um sorriso carinhoso abria-se e retomaram a caminhada de regresso ao castelo. Quando lá chegaram, Dean despediu-se da morena que foi para o seu dormitório, tentando esconder a felicidade que radiava de si.
A morena correu para o seu quarto e quando lá chegou viu Ammie sentada na sua cama à sua espera, no seu rosto estava uma expressão séria que parecia irritada com o estranho brilho nos olhos da loira.
- Onde é que a menina dormiu? – Perguntou Ammie olhando para a morena como um olhar acusador.
- Aqui mesmo... – Mentiu Bella desviando o seu olhar dos olhos da amiga.
- Ai sim? Não dei por ti a chegar... Nem dei por ti a sair da festa ontem... Onde foste? Com quem foste? Quem era o rapaz com quem dançaste?
- Tanta pergunta... Claro que não deste por mim a chegar... Estavas a dormir profundamente quando aqui cheguei... Bem... Fui dar uma volta pelos jardins com o rapaz com quem dançei... E ele não me disse quem era... – Respondeu Bella fazendo o seu melhor olhar inocente. – E tu? Diz-me como é que correu com o Evan!
Ammie ficou subitamente alegre com o rumo da conversa ter-se desviado para a sua noite com Evan, relatou todos os promenores do tempo que passou com o seu acompanhante.
- E depois ele levou-me à Torre de Astronomia! – Disse Ammie totalmente delirante de felicidade.
- Torre de Astronomia? – Perguntou Bella sem compreender. – O que é que há lá?
- Oh! Desculpa... Esqueci-me que tu não sabes o que é a Torre... A Torre de Astronomia é apenas o lugar aonde todas as raparigas desejam ser levadas pelos rapazes mais populares de toda a escola... – Explicou Ammie ainda entusiasmada.
Mal a loira terminou a sua explicação, Bella teve um pequeno flash de uma das suas conversas sobre Hogwarts com a sua mãe.
“-Bella, aconteça o que acontecer... A Torre de Astronomia é outro lugar que deves evitar... Era lá onde os que se achavam os maiores de Hogwarts levavam as raparigas inocentes e as desrespeitavam... Não quero chegar a saber que tu foste àquela torre, estás a ouvir-me, Bella? Não te quero lá em cima com algum idiota.”
- Não me parece que seja motivo de entusiasmo ir àquela torre. – Disse Bella num modo quase ináudivel. – O que é que tu e o Evan fizeram lá em cima?
- Nada que te diga respeito... Mas como és minha amiga vou contar-te!
Foram mais alguns minutos de descrições minunciosas, Bella ria-se enquanto Ammie gesticulava tentando dar mais verocidade aos promenores da sua história, embora ouvisse as histórias da noite da loira, a morena mantinha o seu pensamento na cabana no meio da Floresta Proibida e na recordação da sua noite com Dean.
Já na sala comum dos Gryffindor, Dean chegava descontraidamente à Torre da sua equipa e do mesmo modo passou pelo retrato da Dama Gorda que lhe lançou imensas questões acerca do lugar onde passara a noite porque não o vira regressar ao quarto, ignorou todas as perguntas do retrato e entrou na passagem, sendo recebido pelo irmão e os amigos que esperavam por ele ansiosamente. Sam, Will e Francis receberam o moreno com questões idênticas com as da Dama Gorda, esperando respostas do jovem homem que em vez de lhes responder apenas se ri pela insistência dos adolescentes.
- Conta-nos! – Exigiu Sam impaciente.
- Não se passou nada! – Respondeu Dean rindo-se e sentando-se num dos sofás. – Eu apenas dormi noutro lado...
- Onde?! – Exclamou Will querendo saber de tudo.
- Willy, respira fundo... Tás a ficar roxo por te esqueceres de respirar! – Disse o rapaz rindo-se outra vez.
- Dí-nós, homem dé Dio! Yo quiero sáber! – Exclamou Francis mostrando-se imediatamente revoltado com o silêncio do amigo.
- Meus... Metam-se na vossa vida! – Ordenou Dean tentando parecer irritado mas falhando redondamente desatando-se a rir em seguida. – Porque é que não vão ver se as meninas estão interessadas em fazer alguma coisa?! – Acrescentou ao ver Angie, Patty e Ginny sentarem-se nas mesas junto da janela.
Os três olharam para lá, Will e Francis abriram um largo sorriso e Sam apenas desviou o olhar voltando a fixá-lo no irmão que sorria abertamente vendo a distracção dos dois amigos. Dean olhou para o irmão e fechou o sorriso ficando sério.
- Não vais desistir, pois não? – Perguntou Dean a Sam.
- Não me vais contar, pois não? – Replicou Sam mostrando-se irredutivel.
Ficaram em silêncio e de repente Sam enrijeceu-se no seu lugar ficando paralisado, Dean olhou-o questionando a reacção do irmão mas depressa compreendeu uma mudança na atmosfera e olhou à volta procurando o que tinha motivado a alteração, olhou para todos os lados mas não encontrou nada fora do vulgar a não ser a chegada de Kim. Olhou para ela analisando-a como se fosse a sua chegada o motivo da diferença, quando desviou o olhar reparou que Sam respirava pesadamente como se fazer esse gesto lhe custasse, ao contrário do irmão, para si parecia que o ar tinha ficado repentinamente mais leve.
- Sam? – Chamou Dean fazendo o irmão olhar para si.
Sam sorriu, relaxou no sofá e voltou a respirar normalmente como se nada se tivesse passado, então virou-se ao ouvir passos atrás de si e viu a ruiva sorrir na sua direção.
- Bem... Já que não me vais dar informações de onde passaste a noite... Eu vou me embora e deixar-te em paz... Parece-me que onde quer que tenhas passado a noite ou com quem quer que a tenhas passado, ficaste bastante contente e vou deixar-te aproveitar essa felicidade... Tenho o mau pressentimento de que vai durar pouco! – Disse Sam levantando-se e lançando um significativo olhar a Dean. – Tem cuidado, Dean!
- És demasiado pessimista! Mas eu terei cuidado! – Prometeu Dean temendo internamente que Sam tivesse compreendido. – Hey, Sam! – Chamou antes do rapaz sair da sala. – Tem cuidado tu também! – Acrescentou vendo o irmão olhá-lo preocupado mas sorrindo em resposta.
Sam saiu da sala comum em direção aos corredores do castelo. Já caminhava num dos corredores de aulas vazio quando ouviu passos atrás de si, não parou de andar imaginando quem se aproximava por trás mas abrandou o passo significativamente deixando que a distância entre si e o desconhecido atrás de si fosse encurtada, os passos ficavam cada vez mais audíveis conforme a proximidadde.
Os passos ecoavam no silêncio do corredor com maior intensidade, Sam sorriu ao ouvir a respiração do estranho atrás de si mas não acelerou e quando os passos já se encontravam bastante próximos, parou e girando nos calcanhares, agarrou nos pulsos de quem estava atrás de si e pressionou-o contra a parede prendendo-o com o seu corpo.
- Eu sabia que virias... – Murmurou Sam encostando o seu rosto ao pescoço da pessoa. – O teu perfume na sala deixou-me louco!
- Sam... – Sussurou Kim ofegando. – Pára... Ainda nos apanham!
- Que apanhem... Estava a ficar louco de tanto esperar... – Respondeu Sam seguindo uma linha pelo maxilar de Kim com a ponta do nariz. – Sinto saudades tuas!
- E eu tuas... Mas nós não podemos... Sam, pára... Estou... – Kim tentava responder correctamente mas Sam retirava-lhe quaisquer capacidades de raciocinio. – Sam... Pára!
Sam afastou-se e viu a face de Kim rubra com os seus gestos, sorriu maliciosamente e depois beijou-a com vontade. O seu beijo estava repleto de desejo e saudade como se tivesse acomulado todo o sentimento da noite para o dia, Kim respondia do mesmo modo, enrolando os seus dedos nos cabelos macios de Sam.
- Para quem queria que eu parásse... – Começou Sam quando se afastaram. – Acho que queres tanto como eu...
- Sim... Desejo-te mais que a minha própria vida! Mas ao contrário de ti... Eu tenho uma familia que deposita em mim todas as suas expectativas... Não os posso desiludir, Sam. – Respondeu Kim suspirando derrotada. – Custa mais resistir-te do que tu pensas...
- É bom saber que não sou o único a desejar alguém loucamente... Agora, podes explicar-me o que é que se passou ontem à noite? Fiquei preocupado...
- Foi só uma dor... Não é nada... Eu tenho daqueles pequenos ataques muitas vezes...
- Porque é que nunca reparei?
- Só começaram há pouco tempo... Acredita em mim, Sam! Eu estou bem... Isto não é nada com que te devas preocupar!
- Odeio quando fazes isso... – Resmungou Sam ao ser beijado pela ruiva. – Consegues convencer-me de tudo o que queres... – Afastou-se dela para a olhar nos olhos e então viu uma sombra de tristeza cobrir-lhe os olhos. – O que se passa?
- Nada... – Sussurou Kim de modo pouco convincente. – Nada que te deva preocupar.
- Kim, eu não quero discutir contigo... Não quero. Portanto, enfia isto na tua cabecinha dura, tudo o que te incomoda, incomoda-me... Tudo o que te deixa infeliz, deixa-me infeliz... Tudo o que te magoa, magoa-me a mim também! Por isso, deixa de ser casmurra e aceita a realidade, eu quero saber tudo... TUDO! Seja insignificante ou não! Tudo, Kim, sem excepção!
- Estou preocupada com o prof. Lupin... – Declarou Kim. – A lua cheia aproxima-se...
- É só isso que te está a deixar assim? – Perguntou Sam incrédulo vendo a ruiva acenar afirmativamente. – Estás a mentir! Kim, eu aprendi a conhecer-te melhor do que tu pensas! Sei que estás a mentir! Pelo menos no que toca ao Lupin!
- Estou preocupada com a lua cheia... – Sussurou Kim fugindo do olhar do moreno. – Não consigo dizer porque... Mas a lua cheia deixa-me angustida!
Sam ouviu as palavras da ruiva em silêncio, procurando ver se era verdade ou mentira, mas para seu espanto só detectou a sinceridade nas palavras da namorada. Ficou a olhá-la como se esperasse que ela continuasse a sua explicação, mas ela não o fez.
- Parece uma parvoice temer a noite, não é? – Perguntou ela com um sorriso envergonhado.
- Não penso que seja uma parvoice... – Respondeu Sam de modo sério. – Nunca sabemos o que se esconde na escuridão!
- Sam... Posso pedir-te uma coisa?
- Pede tudo o que quiseres!
- Fala-me sobre a tua familia... Sobre a tua vida fora de Hogwarts...
- Mas tu sabes quem é a minha familia... Tu conheces o meu irmão, o meu pai... – Começou Sam como se quisesse fugir do assunto.
- Eu sei quem são mas e a tua mãe? – Perguntou Kim vendo-o desviar o olhar. – Nunca te ouvi a ti ou ao teu irmão falar dela... E do teu pai só sei que se chama John Winchester e que o meu pai tem uma inimizade incomum por ele. Sam, eu quero pertencer à tua familia e conhecê-la tanto como tu conheces a minha...
Sam afastou-se da rapariga e suspirou pesadamente.
- A minha mãe chamava-se Mary White Winchester... Eu não a conheci... Faleceu quando eu ainda tinha seis meses de vida... – Começou Sam olhando para Kim. – Só tenho uma foto dela... Tudo o que sei sobre ela foi o meu irmão que me contou, o meu pai não fala sobre ela... Quando estou com ele a minha mãe é um assunto tabu.
- Como é que ela... – Começou Kim mas deixou a frase por terminar.
- Ela foi morta... Morta por um demónio. – Declarou Sam de um modo decisivo e frio. – Não me julgues louco... Mas demónios, espiritos malignos e benignos existem... Não vale muito a pena falar-te dos fantasmas, dos vampiros e lobisomens... Neste lado do mundo são bastante comuns. E desde que a minha mãe morreu, eu e o meu irmão caçamos essas criaturas todas ao lado do meu pai! Algumas pessoas chamam-nos Caçadores de Sobrenatural... Mas não somos os únicos, existem muitos mais por ai... – Fez uma pausa e continuou. – Todos os verões, eu e o meu irmão andamos à caça... E depois quando começa a escola voltamos para Londres. Só muito raramente é que não caçamos... Quando a Ordem da Fénix precisa do Dean ou do meu pai, eu sou entregue aos cuidados do Sirius... O meu pai confia nele a sua vida... Agora que queres saber mais?
- Quero saber sobre o teu pai!
- O meu pai chama-se Johnathan W. Winchester, foi um fuzileiro no mundo muggle, aprendeu a caçar quando era uma criança. Andou aqui em Hogwarts e foi aqui que conheceu a minha mãe... O meu pai era um Gryffindor, tal como a minha mãe. Aqui em Hogwarts conheceu os Salteadores: Sirius Black, James Potter e Remus Lupin... Foi um grande amigo de todos... Trabalha para a Ordem e desde que a minha mãe morreu, anda numa demanda pelo mundo à procura do Demónio que a matou! – O seu ar estava carregado enquanto falava do pai, mas repentinamente abriu um sorriso e virando-se para Kim continuou. – Agora sabes toda a história da minha familia...
- Nem toda... De onde é que conheces a Bellatriz Lestrange?! – Perguntou Kim com um ar carrancudo.
Sam sorriu e aproximou-se da ruiva para abraçá-la, beijou-lhe a testa e, com uma das mãos, levantou-lhe o rosto.
- Estás com ciúmes da Bella?
- Bella? Tu tens assim tanta intimidade com ela?
- Esse é um dos episódios negros da minha vida... – Riu-se Sam. – Quando eu tinha... Dez anos pra ai, sei lá... Eu, o meu pai e o meu irmão fomos fazer uma visita a Bellatrix Lestrange... O meu pai também é amigo dela. – Explicou ao ver o ar da rapariga. – Nunca compreendi bem aquela visita... Sei que conheci a Bellatriz naquele dia e ficamos amigos... Depois de lá chegarmos e o meu pai ficar a conversar com a Bellatrix na sala, éramos para nos irmos embora e o carro teve problemas... Ficamos naquela casa durante um mês... Depois viemo-nos embora e nunca mais vi a Bellatriz ou a Bellatrix! Eu trato-a por Bella porque todos a tratavam por Bellatriz e ela odiava ser comparada à mãe, compreendes? Não precisas ter ciúmes, o Dean também a trata por Bella.
- Isso era suposto deixar-me tranquila? – Perguntou Kim com um tom de sarcasmo bem audivel na voz. – Eu não quero ter que me preocupar com uma Slytherin...
- E não tens que te preocupar... Eu amo-te a ti e só a ti... Não existe rapariga nenhuma no mundo inteiro que exerça um milésimo daquilo que tu exerces em mim... – Prometeu Sam beijando-lhe a testa novamente. – O teu medo é uma tolice...
- Não creio, sabes... Tu já percorreste o mundo quase todo e és incrivelmente lindo... Portanto...
- Eu posso exercer atracção suficiente por tantas mulheres que eu queira... Mas nenhuma me deixará tão completo como tu me deixas... Quando estou contigo sinto-me... Pleno! Amo-te... Mais do que a minha própria vida, Kim. – Dizendo isto beijou a ruiva ternamente.
- Também te amo... Mais do que tudo no mundo. – Respondeu Kim quando se afastaram.
Sam olhou fixamente nos olhos azuis esverdeados de Kim e depois sorriu encostando a sua testa à dela, enquanto o rapaz olhava nos seus olhos, Kim também fitou os olhos verdes de Sam com ternura. O moreno abraçou a ruiva com mais força e enfiou o seu rosto entre os cabelos dela, aspirando o seu doce e suave aroma floral, um perfume inebriante que o fazia esquecer-se de todos os motivos que tinha.
- Que perfume é que usas? – Perguntou Sam ainda com o nariz entre os finos cabelos rubros da namorada. – É delicioso...
Kim corou violentamente perante o elogiu mas manteve o silêncio enquanto ouvia a respiração de Sam nos seus cabelos e sentia o ar quente a ser soprado na sua nuca, gostava da sensação de segurança que sentia nos braços fortes do moreno e gostava ainda mais do calor do grande corpo do rapaz abraçado ao seu. Sam esperou silenciosamente a resposta da ruiva mas ao não ouví-la não se importou, aquele momento estava tão perfeito que qualquer palavra que fosse proferida o estragaria certamente, conseguia sentir tanta coisa naquele silêncio, coisas que não conseguia descrever através de palavras.
Afastou-se da ruiva para olhar para ela e então beijou-a, um beijo doce, terno, um beijo capaz de descrever quase que perfeitamente aquilo que sentia naquele momento. Ainda se beijavam quando algo no bolso das calças de Sam vibrou e o fez parar o beijo.
- Sam? – Perguntou Kim vendo-o tirar algo pequeno do bolso.
Sam retirou o telemóvel do bolso e olhou para o visor onde estava escrito “Dean”.
- É o Dean... – Disse Sam mostrando-se confuso e irritado. – Desculpa, Kim... Tenho que ir ver o que é que ele quer.
- Não faz mal... – Mentiu Kim esboçando um sorriso triste. – Vemo-nos mais daqui a pouco? Afinal perante os outros ainda somos os melhores amigos, certo?
- Certo... Mas porque é que não voltas comigo à sala agora?
- Quero ir falar com o professor Lupin... Quero saber uma coisa antes de voltar à sala...
- Queres que vá contigo? – Sugeriu Sam rapidamente. – Posso fazer-te companhia até ao gabinete dele e depois voltamos para a sala comum juntos.
- Não! O Dean vai ficar preocupado... E depois todos iriam estranhar o facto de estarmos juntos... Somos os melhores amigos mas não devemos aparecer juntos depois da tua reacção na sala. – Respondeu Kim também muito rapidamente.
- Reparaste? – Perguntou Sam sorrindo envergonhado.
Kim riu-se e beijou-o, íam começar a prolongar o beijo quando o telefone de Sam começou novamente a tocar na sua mão, o moreno olhou para lá e viu quem lhe ligava, era Dean outra vez. Olhou pesarosamente para a ruiva e depois atendeu.
- Diz! – Ordenou com um tom de raiva bastante marcado na sua voz. – Tens noção de onde é que eu estou? Estou na biblioteca, Dean! Se a Madame Pince me apanha, estou morto... – Fez uma pausa ouvindo o que Dean dizia e olhou para a ruiva como se pedisse desculpa. – Quê?! Dean, eu vou já pra sala... Espera um pouco... Já me contas... Ok... Espera! Dean! Dean? Dean!!! Bolas... – Resmungou ao afastar o telemóvel do ouvido.
- O Dean meteu-se em sarilhos? – Perguntou Kim num falso tom divertido,
- O tom dele era urgente... A sério, Kim! Eu não quero ir ter com ele... Nada do que ele tenha pra me contar é mais importante do que tar aqui contigo!
- Já pensaste que pode ser realmente importante? Vai! Eu juro que não me vou demorar com o Lupin! Será rápido...
Sam assentiu e, com um último beijo, virou as costas à ruiva que se foi embora na direção oposta ao moreno. Enquanto se encaminhava de volta à Torre de Gryffindor, Sam pensava nas palavras de Dean tentando evitar o sentimento de tristeza que o abalava com a separação momentanea de Kim, nas palavras do irmão tinha denotado urgência em falar consigo e uma incrivel patente de raiva e frustração na sua voz, não se recordava de quando tinha sido a última vez que Dean utilizara o telemóvel para falar consigo em Hogwarts, talvez porque nunca tinha havido necessidade do seu uso, uma vez que ambos encontravam-se a pouca distância um do outro.
- Se não for nada de especial, eu juro por Deus que o mato! – Pensou Sam entrando na sala comum. – Não há nada que valha a pena afastar-me da Kim... Nada!
Passou pela passagem do retrato e dentro da sala viu um Dean totalmente alterado, o seu irmão estava irritado e parecia furioso enquanto andava de um lado para o outro em frente da lareira, Sam parou abruptamente ao ver Dean naquele estado e não fazia ideia do que se estava a passar o que o assustou.
- Dean? – Chamou timidamente vendo o irmão parar e olhá-lo com os olhos verdes a arderem de raiva. – O que é que se passa?!
- Eu já te conto! Anda! – Ordenou Dean puxando o irmão escada acima. – Temos que falar num lugar mais privado!
Dean subiu as escadas sendo seguido, de perto, por Sam e só parou quando já se encontrava no seu quarto, mal ambos entraram Dean selou a porta com magia de modo a que ninguém pudesse entrar ou sequer ouví-los no interior do cómodo. Sam sentou-se numa cadeira esperando que Dean começasse a falar e ficou a olhar para o irmão que andava de um lado para o outro, começou a ficar tonto com as voltas e o passo rápido do irmão e então disse decidido:
- Vais contar-me o que é que se passa?
Dean parou no lugar onde estava, respirou profunda e pesadamente como se fazer aquilo lhe custasse e então olhou para o irmão com o seu olhar a mostrar uma mistura de medo e desespero, puxou uma cadeira, apoiou os braços nos joelhos e levou as mãos à cara escondendo o rosto. Ficaram em silêncio no qual podiam ouvir a respiração um do outro e reparar na diferença de ambas, a de Sam era calma e leve já a de Dean era pesada e rápida até mesmo ofegante.
- Dean...
- O Voldemort, Sam... – Acabou Dean por dizer, levantando o rosto para olhar para o irmão. – O Voldemort está a desenvolver planos que envolvem alguém que ambos conhecemos...
Sam congelou na cadeira e ficou a olhar para Dean com um ar aterrorizado, sentiu um aperto no peito e o seu primeiro pensamento voou para Kim, respirou fundo para acalmar-se e então perguntou:
- Quem? O que é que ele quer? Diz-me, Dean!
- A Bella! O Sirius, o Dumbledore e o Remus receberam noticias da Bellatrix, ela disse que tencionavam casar a Bella com o Malfoy...
- O quê? Espera lá! O Malfoy? Casar-se com a Bella? Eles tão a alucinar, certo? A Bella nunca se casaria com o Malfoy... É primo dela, por Deus, Dean!
- O Sirius também não acreditou quando o Remus lhe disse... – Comentou Dean.
- Mas não é isso, pois não? A tia nunca iria deixar isso acontecer! Quer dizer, ela não aceitaria casar a Bella com esta idade e muito menos com o Malfoy! O que é que há mais?
- A Bellatrix deixou um recado ao Sirius, algo que só ele compreenderia! E o recado foi de que o Voldemort quer companhia! Ele quer a Bella, Sam! – Exclamou Dean cedendo ao pânico. – O Sirius lembrou-se uma conversa que ouviu quando era mais novo em que o Voldemort tinha dito que...
- Tinha dito... Desembucha, Dean!
- Tinha dito que queria um herdeiro! Naquela altura o herdeiro seria da Bellatrix... Mas creio que nunca chegou a ter nada com ela e agora decidiu trazer o seu plano à tona e a mulher de quem ele quer um herdeiro é a Bella! – Disse Dean tão rapidamente que foi quase impossivel para Sam compreender o que o irmão tinha dito. – O Voldemort quer um filho da Bella...
Ficaram em silêncio durante outro minuto pesaroso, para Sam era quase impossivel acreditar nas palavras do irmão, como é que Voldemort poderia sequer ter pensado naquilo? Sam ficou a olhar para o irmão encarando-o sem desviar o olhar, ainda sem acreditar naquilo que ouvira.
- Foi com ela, não foi? – Perguntou Sam ao fim de dois minutos. – Passaste a noite com a Bella, não passaste? É por isso que estás assim!
Dean olhou para o irmão e acenou afirmativamente, voltando a esconder o rosto nas mãos em seguida, não num sinal de vergonha mas sim num sinal de desespero. Agora, para Sam, fazia sentido a felicidade de Dean, ele tinha passado a noite com a rapariga que amava e aquela noticia era apenas um motivo de desespero. Um bom motivo, pensou Sam vendo o irmão com a cara escondida. Aproximou-se dele e pôs-lhe a mão no ombro tentando consolá-lo, uma tarefa praticamente impossivel e o rapaz logo descobriu esse facto.
- A Ordem deve ter um plano qualquer, Dean... Eles não vão deixar que isso aconteça... O Sirius... Nós vimos como ele reagiu quando soube que a Amanda se tinha deitado contigo... Ele não vai permitir que aquele monstro se aproxime da Bella... Ele...
- O pai ligou, Sam... – Interrompeu-o Dean ainda com a cara tapada.
- Ele descobriu o demónio? – Perguntou Sam mais em tom de afirmação do que em tom de pergunta. – Quando é que partimos?
- Sim e não... O pai decobriu o demónio sim, mas nós não vamos partir... O pai é que vem ter connosco! – Respondeu Dean com a voz rouca. – O Demónio dos Olhos Amarelos aliou-se ao Voldemort, Sam.
Aquela pequena afirmação exerceu mais força em Sam do que teria exercido em qualquer outra pessoa, pior que qualquer outro sentimento de sufoco, aquela noticia fazia Sam conhecer o seu pior pesadelo, o seu e o de todos. Dean apenas fixava o chão em silêncio, sabia no que estava o irmão a pensar e o que estava ele a sentir, quase o mesmo desespero que ele próprio sentia...
O ambiente ficou pesado e o ar era quase impossivel de se respirar, o único som presente no quarto era a respiração dos dois irmãos, agora igualmente pesada e descompassada. Sam arrastou-se até à cama do irmão e sentou-se, levando as mãos ao rosto, tal como o irmão tinha feito anteriormente, sentia agora o desespero apoderar-se de si e um medo irracional tomar conta da sua mente.
- Tu mentiste ao Will e ao Francis, não mentiste? – Perguntou Dean repentinamente cortando o silêncio. – Eles contaram-me acerca da Serenity... Disseram-me que te tinhas despedido dela... Que ela tinha namorado... Quem é ela, Sam? Foste ter com ela quando saiste da sala, não foste?
Ao principio, Sam não respondeu, não sabia se deveria contar a verdade ou fazer o que tinha feito aos amigos, mentir. Conhecia bem de mais o irmão, tal como ele o conhecia a si, se lhe mentisse ele saberia...
Uma onda rápida de indecisão preencheu-o, não conseguia decidir se confiaria ou não aquele segredo ao seu irmão e confidente, era algo que poderia afastar Kim de si se outras pessoas ficassem a saber.
- Não vale a pena tentares mentir-me, Sam... Eu conheço-te... Nem precisas de ter medo, eu não conto a ninguém e tu sabes disso...
- Promete-me que não contas, Dean! Eu não quero perdê-la por tua causa!
- Prometo! Não te vou pedir que guardes segredo daquilo que sinto pela Bella, sei que guardarás mesmo que não to peça!
- É a Kim... – Sussurou Sam olhando para o chão. – Vocês tinham razão... Eu apaixonei-me por ela sem que desse por isso... E quando fui ao baile e encontrei a Serenity, pedi-lhe que me dissesse quem era... Quando vi que era a Kim... Admiti-lhe que estava apaixonado por ela...
Dean sorriu fracamente numa felicitação silenciosa e então voltou a olhar para o chão em silêncio, Sam levantou o olhar olhando para o irmão como se esperasse que ele fosse contar como tudo se tinha passado entre si e Bella, mas sabia que naquele momento não iria obter respostas e então suspirou. Ficaram durante outros eternos minutos em silêncio, ouvindo a respiração um do outro, quando...
- Eu fui lhe pedir desculpas... – Disse Dean sobressaltando Sam. – Pedir-lhe que me deixasse explicar o que se tinha passado com a Amanda... Ela ouviu a minha explicação e depois beijámo-nos... – Fez uma pausa e sorriu para depois continuar. – Fomos passear pelos jardins e acabámos por nos esconder na Floresta Proibida quando começou a tempestade, então passámos a noite juntos...
Sam olhava para Dean com um ar espantado e quando abriu um sorriso caloroso, assustou-o e então disse:
- Acho que ambos acabámos de descobrir aquilo que mais nos custa perder...
- Acho que ambos acabámos de assumir a verdade! – Corrigiu Dean também sorrindo.
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