No Hospital



Scorpius abriu os olhos, estava em um lugar escuro totalmente desconhecido, a cama em que estava situado era muito quente com cobertas e lençóis brancos, “devo estar em algum hospital, mas com certeza esse não é o St. Mungus...”, pensava o garoto quando uma mulher morena com uma prancheta na mão, entrou no pequeno quarto deixando entrar um pouco de claridade pela porta.
– Olá querido, como se sente? – disse a moça revelando uma voz suave, ela o olhava sorrindo com se ele fosse seu próprio filho.
– Bem. Mas o que... – num flash os acontecimentos do dia anterior passaram por sua cabeça – onde está Rose? O que aconteceu com ela? Ela tá bem? – o garoto se levantou num pulo e encarou a mulher.
– Você diz a garota ruiva? – disse a mulher o conduzindo de volta à cama – sim ela está bem, mais terá de ficar aqui por mais um tempo até se recuperar.
– Onde ela está?
– Em outro quarto, mas me diga o seu nome garotinho, o que aconteceu?
– Vocês não sabem? – perguntou ele se perguntando se estaria em um hospital trouxa.
– Não... Recebemos uma ligação de um homem dizendo que tinha uma menina ferida no parque. Fomos até lá, mas nenhum dos presentes soube nos contar o que aconteceu.
– Claro! Trouxas...
– O que disse?
– Nada, eu não sei o que aconteceu. Quando encontrei a Rose ela já estava ferida. Isso aqui é um hospital?
– Claro! O que mais seria? – disse a enfermeira rindo da pergunta do garoto – nunca esteve em um hospital querido?
– Não em um como este, acredite! Você pode me levar até a Rose, por favor?
– Tudo bem querido, mas você pode avisar pai ou responsável de que vocês estão aqui? Estão aqui desde ontem à tarde e ninguém veio os procurar. Devem estar preocupados...
– Um dia INTEIRO? Por Merlin! Papai vai me amaldiçoar, depois me matar, e me mandar ser enterrado como indigente! E eu não tô exagerando! – falou Scorpius desesperado – Não! Tô sim, mais eu vou ficar realmente encrencado!
A enfermeira olhava para o garoto, incrédula:
– Olhe querido, acho que você ainda não está em condições de sair.
– Eu sei que você deve achar que estou louco, mais é meu normal assim. Tipo... Melhor que isso não fica! – disse ele tentando parecer calmo, e acrescentou baixinho – eu só queria ver a Rose.
Ele baixou a cabeça e se lembrou de novo da tragédia do parque, uma lágrima queimou seu rosto:
– Eu tentei protege-la – falava alto tentando se livrar da culpa que carregava – mas não fui rápido o bastante – completou ele, num sussurro quase inaudível.
A enfermeira o observava, penalizada, mas algo chamou sua atenção:
– Mas você me disse que não sabia o que havia acontecido...
– É meio complicado... Mais tarde meu pai poderá te explicar melhor. Mas por favor! Me leve até a Rose!
– Ok. Pelo jeito isso é realmente importante para você. Mas primeiro avise seu pai que está aqui, certo?
– Tá... Onde tem um telefone por aqui?
– Me acompanhe... Como é seu nome querido?
– Scorpius Malfoy.
A moça anotou algo na prancheta:
– E a garota é Rose...?
– Weasley.
– Ok – disse ela apontando para um telefone publico que havia ali perto.
Scorpius caminhava lentamente até o telefone pensando no que diria aos pais, sua mãe não era exatamente do tipo compreensível.
O garoto discou o numero de casa rezando para que ninguém atendesse, o que foi inútil, pois o telefone nem havia tocado direito e sua mãe se atirou em cima dele, o colocando no ouvido de qualquer jeito:
– Alô, alô, quem é? – Scorpius notou o tom de desespero de Astoria, o que o deixou preocupado e, com muito medo.
– Mãe, sou eu! Será que você poderia chamar o pap...
– SCORPIUS! – a mulher o interrompeu gritando – ONDE VOCÊ ESTÁ? TEM NOÇÃO DE COMO EU FIQUEI PREOCUPADA? É MELHOR VOCÊ TER UMA BOA EXPLICAÇÃO MOCINHO – ao ouvir isso Scorpius fez uma careta, odiava quando ela o chamava desse jeito – OU VOCÊ ESTARÁ REALMENTE EM APUROS! – concluiu a Sra. Malfoy destacando a palavra realmente.
– Mãe, dá pra se acalmar? A situação não é das melhores sem você ficar dando sermão! Chame o papai, por favor, eu preciso falar com ele. Depois ele te explica tudo.
– Nada disso! Trate de começar a se explicar agora mesmo! Onde você está?
– Boa pergunta...
– Você não sabe? Garoto você me deixa de cabelos brancos!
– Não é isso mãe! Eu tô num hospital, mas não...
– HOSPITAL? – interrompeu Astoria novamente – você está bem? Você se machucou? – ela desesperada tentava se manter calma, mas não conseguia parar de gritar.
– Não mãe! Eu só desmaiei, e você poderia parar de gritar, por favor?
– Claro, desculpe querido.
– Ok, obrigado! Então, como eu estava dizendo antes de você me interromper berrando... Eu estou em um hospital, mas não é o St. Mungus, tenho quase certeza que é um hospital de trouxas...
– E o que mais?
– Só isso!
– Como você foi parar aí?
– Eu desmaiei no parque e me trouxeram pra cá.
– E a Rose está com você? – perguntou a mulher com uma ponta de preocupação na voz.
– Aham, ela tá bem. Agora você pode passar o telefone para o papai?
– Tudo bem querido, mas pergunte para alguém o nome do hospital, para podermos ir buscar vocês ok?
– Tá.
O telefone ficou mudo, Astoria foi chamar o Sr. Malfoy. O que demorou um bom tempo, Draco era muito ocupado, e era do tipo que levava trabalho para casa. Por essa razão estava ocupado em pleno feriado.
Nesse meio tempo Scorpius perguntou para uma enfermeira uma enfermeira que estava ali perto o nome do Hospital em que se encontrava. Ela o informou ser Hospital Bartholomew.
– Alô?
– Pai. Mamãe te contou o que aconteceu?
– Aham! Engraçado isso me lembrou de uma coisa... – Disse Draco rindo.
– O que? – perguntou o menino, curioso.
– Do meu tempo de Hogwarts, quando eu era inimigo do Harry... Ele vivia desmaiando, por causa da cicatriz – Sr. Malfoy riu – eu não era muito legal com ele sabe... Espalhava boatos sobre ele e tirava mó sarro, coitado. Dizia que ele era um grande herói trágico, que precisava urgentemente de atenção.
– Nossa! – disse Scorpius admirado – não dá pra acreditar, vendo como vocês são amigos agora... – o garoto adorava as histórias que o pai contava sobre sua época em hogwarts, mas nem parecia ser e mesma pessoa, – mudou da água pro vinho heim!
– Pois é. Mas o que você queria me dizer?
– É que eu menti pra mamãe... – disse Scorpius com a voz bem baixa.
– Mentiu? Mas por quê?
– Sei lá... Mas eu não menti taaaanto assim. A versão da historia que eu contei pra ela é bem parecida com a verdadeira! Eu só cortei a principal parte.
– E qual é a principal parte?
– A Rose foi atacada pelo McFeldery! Acho que ele lançou um sectusempra contra ela.
– SECTUSEMPRA? Por Merlin! A garota está bem?
– Eu ainda não vi ela, mais a enfermeira me afirmou que sim! Olha pai... Será que dá pra você vir aqui tentar resolver esse rolo? Porque um monte de trouxas viram McFeldery fazer o feitiço, mas é lógico que nenhum deles soube explicar.
– Qual é o nome do hospital?
– Aãhn... Acho que é Hospital Bartholomew.
– Ok. Chegarei aí o mais rápido possível, tchau filho. Té daqui a pouco.
– Tchau.
Scorpius caminhou até a enfermeira com quem havia falado mais cedo, ela fez umas perguntinhas básicas, tipo idade, nome dos pais e tal. O garoto já estava ficando irritado com a demora:
– Pronto? Agora posso ver a Rose?
– Claro, me acompanhe.
A moça passou para frente dele e começou a caminhar com passos largos, corredor após corredor. O branco das paredes, do chão e do teto, estava dando dor de cabeça, ele tinha praticamente que correr para acompanhar ela. Até que ela parou bruscamente e colocou a mão na maçaneta para deixar Scorpius entrar em um quarto visivelmente maior do que o que ele tinha permanecido a noite. Notou também que o quarto tinha mais duas camas, os ocupantes delas também se encontravam em estado lamentável, com cortes em algumas partes visíveis de seus corpos. Rose sem sombra de duvidas estava bem pior que os outros dois. Scorpius entrou no quarto, e a enfermeira entrou logo após ele, mas permaneceu do lado da porta.
Ele se aproximou da cama de Rose e viu que a ruiva estava com muitos, – muitos mesmo – cortes nas partes a mostra de seu corpo, mas havia apenas dois cortes que marcavam-lhe a face, um estava levemente inclinado, pequeno e grosso situado no lado direito de boca, e o outro era bem comprido e fino, na parte inferior do lado esquerdo de seu rosto.
A horrível sensação da culpa atormentou Scorpius novamente, ele sentou na beira da cama e pegou na mão da garota.
– Me desculpe... – sussurrou ele – eu devia ter te protegido!
Scorpius permaneceu ali por um longo tempo, minutos, horas, dias talvez. Até que viu seu pai esperando por ele do outro lado da porta.

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