Improvável
1 -Improvável
Ele negara, e dissera a si mesmo que havia esperança.
Mas ele sabia que não. Sendo ele quem era, a família dela, as vidas deles, puxando-os em direções opostas e os segredos que ele sabia que ela escondia. Ele devia ter percebido, logo no início, que aquilo não ia dar certo.
Mas ele se deixou levar.
Era um dom que ela tinha, de fazer parecer só improvável, o que, verdade, era impossível.
Era sábado quando quando ele a viu pela primeira vez. Não literalmente, mas a primeira vez que seus olhos se focaram somente nela e ele percebeu cada detalhe da jovem.
Ele não sabia, é claro, mas naquele sábado ele também assinou sua sentença, assim que pousou os olhos sobre a linda garota – mulher – de cabelos ruivos e cartola amarela.
O.0.o.o.0.O
- É... aqui está... não, isso não está certo...
- Deixe-me ajudá-lo, senhor – a mulher atrás do balcão sorriu, separando as notas e lhe dando o troco. Ele assentiu, guardando o dinheiro de qualquer jeito no bolso, saindo – finalmente – da loja.
Ele simplesmente não entendia como os trouxas conseguiam viver daquele jeito. Sem vassouras, sem aparatar, com aquele dinheiro ridículo... A coisa mais parecida com o mundo bruxo que eles tinham eram os ônibus, mas até esses iam numa lerdeza absurda, o exato contrário do Noitibus.
Scorpius Malfoy era sangue-puro, de família tradicional e definitivamente o tipo de bruxo que jamais vestiria roupas trouxas, sairia na rua e pegaria um daqueles taxis, simplesmente vagando pelo mundo trouxa.
Mas era exatamente o que ele estava fazendo. Já fazia alguns anos que ele trabalhava no Ministério, e, no momento, ele estava trabalhando no Mal Uso Dos Artefatos Dos Trouxas – simplesmente porque um dos funcionários tinha ficado doente e ele ainda não era importante o bastante para negar quando o chefe lhe pediu.
O problema da vez era a Sra. Culker – uma velha de 60 anos que atacava os vizinhos com xícaras de chás.
É. Isso mesmo.
E como ela colocara vários feitiços de proteção pela casa, não era possível aparatar diretamente na propriedade ou sequer nos arredores, para falar a verdade – ela morava num dos bairros mais agitados de Londres e era impossível achar um lugar onde trouxas não o vissem.
O resultado foi ele, um Malfoy, se misturando entre aquelas criaturas não-mágicas, até chegar na casa da velha. Ele acabara de comprar o almoço – com certa dificuldade por causa do dinheiro – e agora estava indo a pé mesmo até seu destino.
Em um sábado, é bom lembrá-los.
Ainda reclamando baixinho, ele foi seguindo pelas ruas até que algo chamasse sua atenção. Aquele bairro era ridiculamente agitado, mas ainda assim, as coisas pareciam funcionar em uma estranha ordem.
E algo havia acabado de quebrar essa ordem.
Ele ouviu pelo menos três daquelas coisas – buzinas – e se virou quase que automaticamente.
Os carros estavam todos embaralhados, e as pessoas xingavam alto, tanto nos carros quando nas ruas. Alguém pulara sobre a rua, ignorando todo o trânsito, se enfiando entre os automóveis e causando aquela confusão.
Ele não tinha motivo nenhum para se importar, ou gastar sequer um segundo com a pessoa causadora da confusão. Mas ele não pode evitar arregalar os olhos e examinar aquela garota, meio chocado, meio divertido.
Da cabeça aos pés, ela tinha um certo ar de paranormalidade. As roupas trouxas eram normais, uma blusa verde-clara com calças jeans, uma sandália qualquer. A estranheza começava nos cabelos, os mais vermelhos que ele já vira, passava pelos olhos fechados e pelo ritmo dançante que ela caminhava e se concentrava finalmente sobre a cabeça dela, onde ela usava uma cartola, meio de lado.
Mais do que isso, uma cartola amarela.
Que, ele estava convencido, brilhava mais do que o próprio sol.
Ela não parecia ter notado a confusão que causara e continuara a andar normamelmente. Ela passara do lado do loiro que notou o fio branco que ia das orelhas dela até a bolsa e que ela cantava baixinho.
Subitamente, ela parou. O sorriso dela abriu ainda mais e ela abriu os olhos, revelando o tom tão azul quanto o céu.
E sem se importar com as dezenas de pessoas naquela rua, cantou alto, balançando as mãos.
- There’s only us. There’s only this. Forget regret or life is yours to miss. No other rode, no other way. No day, but today.
Ele ainda estava boquiaberto e não encontrou nem palavras, nem reações quando ela se virou para ele, examinando-o da cabeça aos pés, como quem tenta se lembrar de algo. Ela se aproximou, segurou-o pelos ombros e chegou tão perto que se ele respirasse ela sentiria.
Então ela sorriu, soltou-se dele, fez um gesto afirmativo com a cabeça, como que confirmando suas suspeitas e foi embora, ainda cantarolando baixinho.
- Quem é você, garota?
As palavras escaparão da sua boca sem que ele sequer notasse, ríspidas e irritadas.
- Hey, relaxa. Só tava conferindo uma coisa.
Ela sorriu, simpática e animada, saindo andando. Em meio a toda a paranormalidade da cena, Scorpius sentiu uma certa familiaridade em relação a garota. Segurou-a pelo braço antes que ela se afastasse demais, virando-a para ele.
Ele chegou a abrir a boca, mas não encontrou palavras exatas.
Ela estreitou os olhos e se perdendo em pensamentos por alguns segundos antes de falar alguma coisa.
- Você quer tomar alguma coisa? Um café?
Ele piscou repetidamente, surpreso.
- Eu não disse nada.
- Mas eu disse. E então? Vai querer?
- Não! Claro que não, eu só quero saber quem é voc-
Ele jamais chegou a terminar, porque ela já tinha saído, cantando baixinho uma outra música, voltando ao caminhar dançante de antes.
Ele balançou a cabeça, sem entender. Aquela era sem dúvida a garota mais estranha que ele já tinha visto.
Espantou os pensamentos e continuou a andar na direção oposta a da garota ruiva. Ele tinha trabalho a fazer.
O.0.o.o.0.O
Scorpius tirou o casaco, jogando-o sobre o ombro, suspirando fundo.
A velha dera mais trabalho do que ele imaginara. Já estava anoitecendo e só agora ele conseguira sair da casa dela. Foi caminhando de qualquer jeito, decidindo-se por esperar até que ficasse escuro o bastante para ele poder aparatar sem ser percebido.
Se jogou de qualquer jeito sobre um dos bancos do parque, fechando os olhos de leve para relaxar, o que funcionou muito bem até que um brilho amarelado puxassem seus olhos em sua direção.
“De novo não.”
Ela o notou e, sorrindo, foi até o banco e sentou-se do lado do loiro.
- Tá melhor, agora? Você tava tão estressado. Sério, o que aconteceu de tão mal?
Ele mal virou a cabeça para a ruiva, mas dessa vez resolveu responder.
- Tive que trabalhar. E a velha me deu um trabalho danado.
Ela assentiu, compreesiva. Virou-se totalmente para ele, puxando as pernas para cima do banco e cruzando-as na frente do corpo.
- Você está indo visitá-la pessoalmente, vestido como trouxa – dessa vez ele olhou para ela. – Eu diria Mal Uso do Artefato Dos Trouxas – meu tio comentou que eles tinham um garoto de outro departamente ajudando – e você disse velha... o meu chute são xícaras de chá.
Ele se sentou direito, arregalando os olhos, assentindo, surpreso. A ruiva sorriu para si mesma, satisfeita.
- Você é bruxa?
- Ah, sim! E você é Scorpius Malfoy.
Ele encarou-a de lado, levantando uma sombrancelha.
- Como sabia?
- Estudei em Hogwarts na mesma época que você deve se lembrar de mim. Garota grifinória, sabe. Você sempre se manteve mais a Sonserina – ela tirou a cartola, colocando-a sobre as pernas. – Só estava dando uma volta, sabe. Hoje é sábado então eu resolvi aproveitar meu dia de folga! Vim ao parque – ela abriu os braços, indicando tudo ao seu redor.
- Tá... bem, prazer em conhecê-la – ele cumprimentou, mais por educação do que qualquer outra coisa.
- Tenho que ir agora – ela disse, conferindo o relógio. – Mas nós podemos sair outro dia! Amanhã você tá ocupado? – ele mal havia terminado de negar, e ela continuou. – Que ótimo! Então me encontre aqui mesmo, às 3 da tarde. E não faça planos para o dia todo. Nós vamos fazendo o plano conforme formos, o que acha? Perfeito! – ela disse, em resposta ao silêncio dele. – Amanhã, três horas.
Ela se levantou, puxando a bolsa mais para o ombro e sorrindo, como se já animada com o dia seguinte.
- Mas, espera. Eu não sei qual o seu nome, o que você faz, aonde vamos... você não pode simplesmente me convidar para sair do nada e esperar que eu aceite sem perguntas.
- Meu deus, como você reclama. Vamos lá, tente relaxar. Olha, de duas, uma: ou amanhã vai ser o dia mais legal da sua vida ou um completo desastre. De qualquer jeito, você ganha um encontro com uma garota bonita, né?
Ele riu, quase que encantado com o sorriso alegre dela. Nisso ele não podia descordar. Mesmo um pouco estranha, ela era uma das garotas mais bonitas que ele já vira.
Ele acabou por concordar com qualquer plano que ela fizesse.
- Tudo bem. Amanhã, às 3. Mas eu ainda quero saber tudo aquilo e—
Ela colocou os dedos sobre os lábios dele, rindo e se distanciando, sem tirar os olhos do loiro.
- Tente aproveitar. Não se preocupe, só... viva!
Ela ainda deu mais alguns passos para trás e se virou, só para voltar o corpo mais uma vez para ele e dizer, o tom de voz um pouco mais alto para que ele pudesse ouvir.
- Lily – ele franziu as sombrancelhas, confuso. – O meu nome é Lily.
Ela sorriu e se virou de uma vez por todas, colocando a cartola de volta na cabeça, e Scorpius sorriu também, sem opção.
E observou enquanto Lily se distanciava, a cartola de lado. E não não pode evitar se perguntar se o que a iluminava tanto e a fazia ter aquela aura de pura luz era a tal brilhante cartola ou o seu luminoso e lindo sorriso.
O.0.o.o.0.O
Ele ainda não acrediatava no que estava fazendo. Contrariando toda lógica, ele fora ao parque para se encontrar com a garota, que já o esperava.
Dessa vez, a blusa era azul e ela usava uma saia branca. E ele ficou surpreso em constatar, ela ainda mantinha a mesma cartola amarela na cabeça.
Ela anunciou que, primeiramente, eles iriam ao Beco Diagonal. Ele não soube direito o que falar, então só assentiu. Quando ele deu por si, estava em uma mesa qualquer, tomando sorvete.
- Mas então, me conta. – Lily deu mais uma lambida no sorvete, apoiando os cotovelos na mesa. – O que aconteceu com você depois da formatura?
- Bem, eu consegui um emprego no Departamento Internacional da Cooperação Mágica. Mas, na verdade, eu só trabalhei lá até ano passado, para ganhar a confiança deles. Por causa da história da minha família – ele desvirou os olhos dos dela, mas Lily fez um gesto com a cabeça para que ele continuasse – eles não deixarem que eu fosse direto para o Departamento de Mistérios.
- E como você foi parar trabalhando com os trouxas?
- Alguém ficou doente, eles precisam de um substito temporário e infelizmente eu não estava fazendo nada importante – ele explicou, dando de ombros. – Ou talvez eles só quisessem fazer um Malfoy andar por aí como trouxa.
Ela riu e dessa vez ele parou para perceber o quão adorável aquele som era.
- Você? Vai me dizer o que faz ou continuará sendo um mistério?
- Você trabalha no Departamento deles. Devia estar acostumado – ela sorriu, dando uma lambida final no sorvete. – Me formei dois anos depois de você. Fiz um curso de 6 meses de especialização em Defesa Contra As Artes Das Trevas. Os outros seis meses eu viajei pelo mundo, da Austrália aos Estados Unidos.
- Nossa. Por que exatamente?
- Queria ver o mundo – os olhos dela brilharam de emoção. – Daí eu voltei para Londres e eu tinha 19 anos quando comecei a trabalhar em Hogwarts.
- Você é professora? – ele ergueu uma sombrancelha. Ela não lhe parecia o tipo estudioso.
- Já faz dois anos – ela assentiu e sorriu divertida da expressão dele. – Sei que não pareço muito. Mas eu adoro ensinar e adoro pessoas. E conheco todo dia um tipo novo lá.
A conversa fluiu naturalmente a partir daí. Eles foram caminhando pelo Beco, parando em algumas lojas. Ela se mostrou fã de Quadribol, como o próprio Scorpius, o que acabou originando uma pequena discussão sobre o melhor time, Puddlemere United ou as Harpias de Holyhead.
Lily era tão persuassiva que ele mesmo se viu adimitindo como as Harpias eram boas.
Depois, ela o levou a um lugar trouxa, no meio de Londres. A música tocava alto, hora rock, hora algo mais leve. Havia clubes para se dançar, lojas de roupas e pequenos e improvisados shows de mágica, tudo espalhados pela rua.
- Esse lugar é simplesmente fantástico! Vem – ela o puxou pelo braço e, mais uma vez, ele se deixou levar. Contrariando todas as expectativas ele tinha se divertido até ali e decidiu deixar que a garota fazer o que quisesse.
Eles foram de loja em loja, nas quais os itens mais estranhos estavam a venda. Tão únicos quanto a cartola amarela dela, e ela os colocava por cima da roupa, rindo e ele também se viu experimentando chapéus ridículos e balançando-se conforme o ritmo da música.
Ela o segurara pela mão e dançava, sem o menor pudor, acenando para as pessoas que lhe lançavam olhares tortos e até mandando beijinhos para as que parassem e sussurrassem.
Já estava quase anoitecendo quando eles foram ao parque em que se encontraram, sentando-se em um dos bancos.
- Eu tenho que perguntar. Por que você usa essa coisa na cabeça? – aquilo o havia matado o dia todo. Ela riu, colocando algumas mechas ruivas atrás da orelha, examinando-o bem antes de responder.
- Minha madrinha me deu. Disse que dar sorte usar em certas ocasiões. Casamentos, por exemplo. Eu costumava achar meio ridícula, mas agora eu uso ela – ela tentou sorrir, mas a resposta soava incompleta. Levantou a sombrancelha e ela riu, mas não disse mais anda, o encarando firmemente.
Os olhos dela continuavam brilhando, mas dessa vez com lágrimas que ela tentava esconder.
Scorpius aproveitou o momento para reparar como os olhos dela eram perfeitamente azuis, nem muitos claro, nem muito escuro.
- Lily – ele chamou, embora ela há estivesse com os olhos presos nele. – Você é a garota mais estranha que eu já conheci.
Isso a fez sorrir, rindo de leve, encantada. Ele ia dizer mais alguma coisa, embora não soubesse exatamente o que, quando alguém gritou.
- Olha, mamãe! Olha a lua!
O menino chamara a atenção de todo mundo no parque, Lily e Scorpius incluídos. Eles olharam na direção em que o pequeno apontava, quase que automaticamente. A lua cheia, antes tão luminosa, começara a desaparecer de leve.
- Eclipse – ela sussurrou, mais para si mesma do que para o loiro. Ambos encararam a lua, sem dizer uma palavra, só observando o pequeno milagre da natureza.
- É muito bonito.
Lily assentiu, os olhos presos na esfera brilhante. Ele, por outro lado, desviou os olhos para ela e sorriu.
Sobre a luz do luar, os olhos ligeramente arregalados, o sorriso emocionado, ela parecia ainda mais bonita do que antes.
E talvez tenha sido o modo como o cabelo dela parecia uma chama que o chamava de modo irresistível. Ou os olhos, ainda mais belos do que antes, mais brilhantes a cada segundo que passava. Ou talvez fosse simplesmente ela, Lily, sentada ao seu lado, tão perto e tão tentadora.
Ele só sabia que algo dentro de si fez com que ele puxasse o ombro da ruiva levemente, fazendo-a se virar para ele. E ele colou os lábios nos dela, sem sequer pensar, segurando-a pela cintura.
A garota mal aparentara choque. Simplesmente subira as mãos do banco para o pescoço do loiro, aproximando-se o máximo que podia.
A eclipse continuava a acontecer, o dia se transformando em noite, e no apartamento de Scorpius, a cartola amarela, abandonada na porta do quarto, era a única coisa que iluminava ambos os amantes.
O.0.o.o.0.O
Ele nem sabia o nome completo dela, por Merlin. Mas com Lily era assim mesmo, nada era cedo demais, tarde demais, impróprio demais. Em um dos seus encontros ela lhe disse que só existe uma coisa, um lugar e um momento perfeito: essa, aqui e agora.
E ela realmente acreditava nisso. Quer dizer, para a maioria das pessoas eram só palavras, frases clichês que passavam de boca em boca, sem real significado, sem real importância.
Para Lily eram muito mais que isso. Fazia parte da vida dela. Ela vivia como se cada minuto fosse o último e fazia questão de tornar cada memória inesquecível.
Ele não se lembrava dela ter sido assim na escola. Julgara que ela crescera, mudara um pouco. Dissera a si mesmo que o motivo para essa mudança não era importante.
Ele não fazia idéia.
O.0.o.o.0.O
- Bom dia – ele cumprimentou e ela resmungou, ainda tonta de sono, pegando o café da mão dele.
- Oi – ela bocejou. – Nunca fui uma garota diurna, sabe? – ela comentou, dando um gole da bebida e fazendo uma careta.
Ele apoiou-se na porta do quarto, a observando atentamente.
- O que foi? – ela perguntou, curiosa.
- Você é linda – ela sorriu com o elogio, corando de leve, como só fazia raramente.
- Obrigada. Eu já sabia, mas pode falar quando quiser – ela piscou, rindo e se jogando de volta na cama.
Ele não disse nada por pelo menos dez minutos, examinando-a com todo o cuidado. A curva do nariz, a boca rosada, os olhos azuis – levemente respingados por um verde-esmeralda—
- Lily Potter.
- Lily Luna Potter – ela corrigiu, sorrindo.
Ele abriu a boca, sem saber direito o que dizer. Seus lábios se curvaram num sorriso maroto e ele se sentou ao lado dela na cama.
- Então, eu dormi com a irmã de um dos meus maiores inimigos? – o meu irmão dela, James, e ele se odiavam, embora mais por princípio do que qualquer outra coisa – mantendo a tradição entre Malfoys e Potters.
Ela riu, dando de ombros, sem dizer nada.
- Você mudou.
O sorriso dela não morreu, exatamente. Suas feições se tornaram levemente sérias e os olhos vazios, como se encarassem um ponto inexistente atrás dele.
- As pessoas mudam – foi a conclusão dela, após longos minutos de silêncio. Ela se levantou, beijou-lhe os lábios de leve e prendeu os cabelos num rabo-de-cavalo.
- A gente pode combinar de fazer alguma coisa hoje a noite, o que você acha? – ela se virou para ele, e Scorpius assentiu. – Ótimo! Eu passo aqui. Umas 7? Perfeito, mas agora eu tenho que ir pra escola! Já estou atrasada...
Ela começou a recolher as roupas do chão enquanto o loiro a observava, um leve sorriso nos lábios.
Ela se trocou, apresada, despedindo-se com outro beijo – que ele fez questão de aprofundar – pegou o Pó de Flu e desapareceu entre as chamas verdes.
O loiro se virou para trás, voltando ao quarto, mas tropeçou – numa cartola amarela.
Scorpius riu para si mesmo, pegando a cartola nas mãos e colocando-a delicadamente sobre a escrivaninha, onde – é claro, uma pitada de coincidência era necessária – descansava um pequeno vaso, que sua mãe fizera questão de colocar ali, com um única e singela flor branca.
Um lírio.
O.0.o.o.0.O
- O que aconteceu?
Linny mal esperou que ela se sentasse e já deu a volta na mesa, roubando a cadeira ao seu lado – e quase derrubando o professor de feitiços no processo.
Lily riu, se servindo de suco de abóbora e lançando um olhar maroto a amiga.
- Do que você está falando?
- HA! – a professora de transfiguração bateu na mesa, risonha. – Como “do que vocês está falando”? Eu te vi saindo ontem, lembra? Você está usando a mesma roupa! Que está toda amassada ainda por cima- e cadê a sua cartola?
Lily levou as mãos a cabeça, franzindo as sombrancelhas.
- Devo ter deixado na casa dele...
- HA! Dele? Temos um ele nessa história? Eu quero detalhes!
A ruiva riu de novo, segurando o braço da amiga que se levantara, aniamda, chamando a atenção dos alunos mais próximos.
- Relaxa, Linny, que eu vou te contar tudo depois. Mas agora, eu tenho 20 minutos antes da próxima aula e que queria trocar de roupa, então, com licença...
Lily já havia se levantado e cruzado metade do Salão Principal, quando Linny se levantou mais uma vez.
- MENTIRA!! Você nem começou a tomar café! Só tá tentando escapar de mim! Lily, volte aqui...
A jovem de cabelos castanhos correu atrás da ruiva, que riu alto e esperou Linny alcança-la, para entrelaçar seu braço ao dela e começar a narrar seu fim-de-semana.
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N/A: Então, aqui está a minha fic em três pedaços para o Challenge de Ships Inusitados do Grimmlaud Place.
Me desejem sorte!!
É Scorpius/Lily, obviamente, o ship mais legal da nova geração!! Ok, pelo menos pra mim.
Então, o que acham? Até segunda os três pedaços já vão estar on.
PS: Para aqueles que leem Ninfa e o Rei, por favor, tenham paciência comigo. Eu impaquei na história e a minha vida tá de ponta cabeça - escola nova, provas que eu não fui bem, amigas cheias de problema... acredite, vocês não querem saber.
Então... REVIEWS!! +DDD
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