Na casa dos Dusley



- Capitulo um -

Na casa dos Dusley.


- James! Já vou indo! – Era uma voz feminina, que ecoou suavemente até os aposentos mais distantes da porta, onde estava a mulher que falara.

A porta fora fechada, após a passagem de uma mulher com cabelos ruivos, e olhos magnificamente verdes. Ela parou no ato de se virar para o portão, e respirou fundo.

O cheiro de grama molhada fez Lily sorrir. Havia tanto tempo que o sentira pela ultima vez... Um pássaro piou ao longe, enquanto ela se sentia cada vez mais feliz. Olhou de novo para o jardim, que deixara de cuidar havia meses. Ele ainda estava lindo, como se alguém cuidasse de todas as plantas, árvores, animais todos os dias.

Lily fechou o pequeno portão ao passar. Lá fora, a rua iluminada pela luz do sol, lhe confortava.
-

Bom dia, Sra. Potter.
-

Bom dia, Sr. e Sra. Jorunn. – Disse com uma voz que extraviava felicidade.

A família Jorunn era uma família trouxa, que morava em uma casa próxima a dos Potter. Lily gostava muito deles, de modo que houve uma época em que passava longas horas conversando com Tina, a Sra. Jorunn.

Lily pretendia ir comprar pão. Sempre gostara muito de ir a padaria nas primeiras horas da manhã, mas fazia tempos que não ia.

O caminho até a padaria fora acompanhado de muitos “bom dia”, e sorrisos. Quando, finalmente, chegou sentiu o cheiro de pão fresco que enchia o ambiente.

Já fora da padaria, com os cinco pães em uma sacola, Lily voltava para a casa. Até que correu tudo bem...

O céu brilhava em dourado, enquanto o sol ia nascendo. O calor já estava absurdamente forte. Todas as janelas da Rua dos Alfeneiros estavam abertas na esperança de que uma brisa mínima entrasse, e disfarçasse o calor que fazia. Como de costume, Harry já estava acordado, embora ainda deitado na cama. Seu olhar estava fixo no teto. Estava perdido em pensamentos, que tomavam rumos estranhos e o levavam a pensar em coisas, hora tristes, hora insignificante, sem se importa se isso o fizesse sofrer ou rir.

O garoto ouviu passos. Sabia que eram de Tia Petúnia, que trazia para ele o café da manhã, já que o garoto fora proibido de sair do quarto.
-

Seu café ta aqui.

Disse a mulher, empurrando a comida por uma portinhola que fora instalada fazia quatro anos. Harry se lembrava bem desse ano. Fora o ano em que Rony e os gêmeos foram resgatar ele de seus tios com o velho Ford Anglia, o carro do Sr. Weasley, que devido a um feitiço, era capaz de vencer a lei da gravidade e voar livremente pelo céu. Não tão livremente assim... pensou o garoto, deixando que seu rosto se contorcesse em um sorriso.

O garoto, embora não sentisse fome, levantou da cama e foi até a porta, onde encontrou uma bandeja com um copo de leite, metade vazio, e bolachas. Apanhou seu café e andou a passos largos até a cama, onde largou a bandeja e um pouco do conteúdo do copo derramou.

Harry parou em frente a janela e contemplou a rua deserta, os jardins bem cuidados, embora estivessem secos. Tivera as esperanças de que logo estaria com seus amigos, junto com toda a ação. Mal fazia uma semana, desde que voltara para Londres, e já estava impaciente. Trancado dentro do quarto, sem ter nada o que fazer, sem noticias. Ainda recebia o Profeta Diário , mas não havia nada lá além de avisos idiotas sobre Voldemort e declarações do Ministério. De uma coisa Harry estava certo, Voldemort já começara a agir, e essas informações estavam sendo ocultadas pelo Ministério. Como eles conseguiam tal coisa, Harry não tinha idéia.

Quando o único bruxo capaz de derrotar Voldemort fica trancado no seu quarto, sem saber de nada que esta acontecendo, parece que não existem muitas chances pra humanidade de que Voldemort morra! Pensou sarcasticamente. Rony e Hermione haviam dito que logo Harry estaria fora da casa de seus tios, mas para harry já passara uma eternidade e ainda estava lá. A única sorte, se é que se pode chamar de sorte, eram os sonhos que tinha com o Lorde. Por eles, Harry tinha uma mínima idéia da quantidade de mortos. Sabia que não podia confiar inteiramente, mas pareciam tão reais e na falta de informações...

O garoto levantou, tomando uma decisão. Pegou um pedaço de pergaminho jogado no chão, uma pena e um tinteiro. Sentou-se a mesa e pôs-se a escrever. Quinze minutos depois, terminada a carta, Harry a leu novamente.

não agüento mais. Venha me buscar o mais rápido possível, do contrario vou endoidar. Preciso saber do que esta acontecendo!
A luz vai acabar e tudo vai virar Trevas!
H. J. P.

Não sabia como colocar na carta o que ele estava sentindo e nem transmitir o “futuro da humanidade” sem revelar a profecia. “A luz vai acabar e tudo vai virar Trevas!” foi a forma que encontrou para Dumbledore saber o que ele estava falando, ainda que estivesse um pouco sem sentindo.

Há muito tempo, Harry tomara uma decisão. Ele falaria assim que pudesse com Dumbledore. Queria treinar. Treinar para ter força e conhecer magia o suficiente para enfrentar Voldemort. Já que era ele que tinha que mata-lo no fim, seria bom que soubesse, pelo menos, um pouco sobre magia defensiva.

Dobrou a carta e se levantou. Olhou a gaiola vazia de Edwiges. Esquecera desse detalhe que tanto o preocupava. A coruja havia saído há dois dias, para caçar, e não voltara desde então. Harry tinha medo de que ela tivesse sido seqüestrada, mas ainda tinha esperança de que não voltara devido a alguma carta ou até que ainda estava fora atrás de comida.

Deixou a carta próxima a gaiola vazia, que ainda estava limpa, e sentou na cama.

Pegou uma bolacha e deixou que se desfizesse no leite. Ficou olhando. Depois tomou o conteúdo do copo, pegando outra bolacha e mordendo em seguida.

Enquanto olhava Harry Potter forçar seu desjejum desprezível pela garganta, pensava. Pensava em muitas coisas. Pensava na profecia. Pensava em como seria uma vida se ele não fosse Harry Potter. Nos últimos tempos vinha pensando muito nisso. Pensando em um Harry que acordava feliz e tomava seu desjejum com a família. Quem sabe se seus pais não tivessem morrido ele poderia ter um irmão agora? E todos felizes! Quem sabe...?

Mas seus pais morreram há 15 anos e você é Harry Potter. Não tem como mudar isso! Assuma o que você é, e lute! Você não é mais criança, e agora tem uma tarefa a cumprir. Seus amigos e todos dependem de você! Acorde pra vida, Harry Potter!

De súbito Harry sentiu. Sentiu a força que aquelas palavras que foram ouvidas dentro da sua própria cabeça produziram nele. Ele tinha razão. Não tem como mudar tudo isso. E as palavras que Hagrid um dia lhe dissera, voltaram em sua mente: “O que tiver de ser, será... e vamos ter que enfrentar o que for quando vier.” Era isso mesmo. Ele tinha que lutar e deixar de se fazer de vitima.

Ao seu redor, Harry sentiu cada espaço vazio do quarto ser atingido por um corrente de energia que surgiu dele. Ele não via, apenas sentia que tudo, todo aquele mundo, estava ao seu favor. Que só dependia dele e que ele poderia...E todo o quarto tremeu ao som dos pensamentos de Harry e o vento ficou mais forte como se estivesse ligado ao garoto, e soubesse a força que ele agora tinha. E nesse momento ele soube porque sua mãe tinha morrido por ele...Porque varias vezes ele tentara e porque nunca ninguém conseguira, acabar com Voldemort.


Mais tarde, talvez vários ano pra frente, ele entenderia o que ocorrera ali, naquela hora. Mas por enquanto... vamos contar o presente...


Duas horas depois daquela súbita demonstração de energia, Harry Potter acordou. Ele estivera desmaiado e era tudo o que sabia. Levantando com dificuldade e tonto, sentou-se. Olhou ao redor e notou que a carta que escrevera pra Dumbledore sumira. Não podia ter sido Edwiges, pois essa estava fora e desconhecia a carta e pra quem era. Então...O que acontecera?

O garoto tentou se lembrar o que tinha acontecido antes de desmaiar. Tudo o que lembrava era de sentir o quarto tremer e grande felicidade engolfa-lo. Notou que seu rosto estava molhado. Estava suando. Ao olhar pro chão, notou que o copo que havia tomado leite estava flutuando a poucos centímetros do chão.

Tinha feito magia e não sabia? Sentia medo de que, por ser menor de idade, ao fazer magia o Ministério o expulsasse. Dumbledore já interferira nisso uma vez, mas não sabia se poderia acontecer de novo.

Ficou sentado, olhando pro relógio a espera da carta que o expulsaria. Olhou novamente para o copo, este ainda flutuava. Tentou com toda a sua concentração fazer o copo voltar ao chão e quase o quebrou, mas nada.

Sabia que a qualquer momento sua tia podia entrar e ao ver o copo brigar com ele, mas não se importava. Há muito conseguira domínio sobre seus tios e, agora, eles tinham tanto medo de Harry que não ousavam fazer nada.

Tentou de novo. Sentou em posição de lótus ao lado do copo e mantendo o máximo de concentração possível, implorou silenciosamente para que o copo voltasse ao chão. Nada. Em um assomo de raiva, o garoto deu um tapa no copo que, devido a força que depositara no tapa, se quebrou ainda no ar. Finalmente! Pensou.

Com o maior cuidado, catou os pedaços maiores e visíveis do vidro quebrado. Jogou-os no lixo.

Ao passar pelo seu armário, que estava aberto, a figura de um garoto magro, não muito alto, com as roupas encardidas e largas, cabelos extremamente bagunçados e olhos de um verde magnífico, foi refletida no estranho objeto que as pessoas chamavam de espelho. Não fazia mais de um dia desde que Harry sentara em frente aquele espelho e ficara observando-o. Era um espelho comum, nada como o que Sirius lhe dera, mas ainda assim intrigante.

Sua face vista do espelho nada revelaria, mas ao entrar pela aquela cabeça, todos seriam capazes de sentir a forte dor que ali estava. Camuflada. A dor de quem perdera uma das únicas pessoas que amara. Sirius. Qualquer lembrança do seu padrinho era capaz de transformar seus pensamentos em lembranças macabras. E, rapidamente, as imagens do Ministério, da luz verde que, soubera depois, fora o feitiço que matara seus pais, de Cedrico, de Voldemort...E de todas as pessoas que morreram nas mãos daquele bruxo, voltavam em sua mente e seu rosto se contorcia de dor. Dor física.

Pare! Ordenou. Lutando contra si mesmo, afastou tais lembranças de sua cabeça.

Desde que chegara a casa de seus tios, Harry nunca parara para pensar em seu padrinho. Sempre se obrigava a parar tais pensamentos. Era ruim de mais ter visto aquilo uma vez, e já era pior rever aquilo todas as noites, não precisava ver novamente de dia.

Enquanto recomeçava a andar de um lado para o outro no quarto, como sempre fazia desde que chegara na Rua dos Alfeneiros, seus pensamentos voltaram ao copo.

Quando visse Dumbledore, contaria tudo o que acontecera a ele. Desde o desmaio até o copo. Precisava de uma reposta, mesmo que quem a desse fosse aquele a quem Harry perdera total confiança.




Nota da autora: Pra um inicio acho que da pro gasto...não deixem de comentar, criticas ou elogios, estarei disposta a ouvir. Beijos!

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