Eles e eu

Eu estava incrivelmente relaxada, me espreguicei, e fui abrindo meus olhos aos poucos, enquanto raios do sol, que vinham pela janela penetravam em meus olhos.

Olhei para o lado e vi um par de sapatos, fui subindo meu olhar, e lá estava Draco, segurando uma bandeja em sua mão.

Ele me olhou com sorriso de canto. –Bom dia Hermione. Dormiu bem?

Nessa hora eu desejei desesperadamente um espelho, eu havia acabado de acordar, devia estar horrível. Como se lesse meus pensamentos ele me disse:
-Você está linda.

-E você está mentindo. –Eu ri.

-Waffle com chocolate e suco de laranja. –Eu fui me sentando e ele foi passando-me a bandeja.

-Muito bem Malfoy. Está tudo com uma cara ótima.

-E espero que esteja bom também, experimenta. –Ele ficou me observando comer, eu achava chato alguém ficar me olhando enquanto comia. Mas a comida estava ótima.

-Está muito bom Draco – Disse enquanto fui lhe devolvendo a bandeja...- uhm que horas são? –Perguntei-lhe, eu não fazia idéia de quanto tempo dormira.

-Hora de ir para aula, eu diria. –ele sorriu.

 Eu olhei para a minha mão, e encarei aquela aliança de prata que Ron me deu naquela noite linda. Draco percebeu o que eu estava olhando.

-Você o ama? –Ele se agachou ao meu lado. Eu encarei mais um pouco a aliança em meu dedo e não tive dúvidas quando respondi:

-Sim, muito.  –Eu olhei para Draco, que pareceu me entender só com o olhar.

-Então fique com ele, e o diga isso.

-Mas e o que eu faço sobre o que houve com Harry? - Fiz-lhe a pergunta óbvia.

-Se é o Weasley quem você ama, o que aconteceu com Potter não tem importância. Weasley nunca precisa saber, ele só precisa saber do quanto você o ama. –Por que Draco era tão bom assim comigo era uma pergunta sem resposta, mas o fato é que ele era o amigo que eu precisava nesse momento.

Draco se levantou: -Agora vá. Vá atrás do Weasley. –Eu também me levantei, sorri para ele e o abracei.

-Mas daqui a pouco tem aula. –Disse quando o soltei.

-Isso não importa. –Ele respondeu simplesmente e eu saí de lá correndo, a única coisa que eu queria agora era dizer para Ron o quanto eu o amava.

 

A escola ainda estava deserta. Cheguei em frente a mulher gorda, Ron estava lá, sentado, dormindo, do lado de fora do salão comunal da grifinória.

Eu cheguei até ele, me ajoelhei e coloquei as mãos em seu rosto.

-Hey, Ron, acorda. –Disse sorrindo e ainda arfando, por ter corrido até lá.

-Mione, oh meu Merlin Mione, Onde você esteve? –Ele me abraçou desesperado. – Eu passei a noite toda te esperando, acho que acabei dormindo. – Ele ainda estava me abraçando quando disse isso.

Eu me desvencilhei de seu abraço, para poder olhá-lo nos olhos.

-Não importa onde estive, o importante é que eu estou aqui agora, com você. –Eu sorri e ele sorriu de volta. – E eu tenho uma coisa para te dizer.

-Pode dizer.

-Eu amo você, e você é o único garoto que importa para mim. – Antes que ele pudesse me dizer qualquer coisa eu o beijei.

 

Nós entramos no salão comunal para que pudéssemos nos arrumar para ir á aula. Graças a Merlin não havia sinal de Harry por lá, nem quis perguntar para Ron o porquê de Harry não estar lá, mas Ron comentou:

-Você sabe do Harry? Porque eu fiquei a noite toda na porta e não o vi entrar.

-Não... Claro que não, porque eu saberia? Pergunta para a sua irmã, não é ela a namorada dele? –Disse tudo isso rápido demais, acho que fiquei na defensiva sem razão, já que Ron não fazia idéia do que havia acontecido. Ron me olhou esquisito.

-Amor, tá tudo bem? Desculpa, vou perguntar pra Gina sim.

-Tá tudo bem sim meu amor. –Eu sorri disfarçando.

 

Fomos para a aula. A manhã toda correu muito bem. Eu estava mais carinhosa com Ron, não tivemos nenhuma aula com a Sonserina, o que era bom, já que se eu não visse Draco não ia ter vontade de falar com ele na frente do Ron. Mas Harry não apareceu a manhã inteira.

Decidi que ia procurá-lo depois do almoço, já que tinha o período da tarde livre, mas ia me consultar com Draco antes de ir procurar Harry, já que Draco se tornou um ótimo conselheiro para mim.

 

Almocei com Ron de um lado e Gina do outro, ele com o braço sempre em volta de meu ombro e Gina emburrada por ter terminado com Harry.
-Gina, cadê o Harry? Ele tá sumido desde ontem. –Ron perguntou sem imaginar o que havia acontecido entre eles.

-Não sei e nem quero saber onde ele está, aliás, não quero saber nada que diga respeito a ele. –Gina levantou furiosa da mesa.

-Eita! O que houve com esses dois agora? –Ron deu os ombros.

-Não sei Ron, não sei. –Eu respondi simplesmente, antes que eu começasse a falar e começasse a me entregar.

-Mas o que importa é que a gente tá bem minha linda. –Ele disse e me deu um beijo. Eu achei melhor retribuir o beijo, mas foi uma péssima idéia, pois no momento em que estava o beijando ouvi um barulho de flash, era certeza que essa foto estaria em todos os jornais amanhã.  Já que desde que Voldemort morreu, Ron, eu e Harry fomos nomeados o “trio de ouro” e viramos celebridades, já saímos várias vezes nos jornais, até entrevistaram meus pais, foi um dia engraçado pois eles ficaram fascinados com as penas que escrevem sozinhas que os jornalistas utilizavam. Agora com essa foto eu sabia que havia um futuro jornalista em Hogwarts, só espero que não seja um jornalista do tipo Skeeter.

-Alguém acabou de tirar uma foto nossa? –Ron perguntou, enquanto descolava os lábios dos meus.

-É, parece que sim. – Eu olhei para ele. – Bom, Ron, eu já terminei meu almoço, acho que vou para a biblioteca, eu sinto saudades daquele lugar muito rápido. –Sorri.

-É eu sei. Então eu acho que vou visitar o Hagrid, mas antes vou passar na cozinha para levar comidas boas pra lá. –Ele riu.

-Mas Ron, você acabou de comer.

-Eu sei, mas eu sinto fome rápido né Mione. –A gente riu juntos.

-Ok então, a gente se vê no fim da tarde? –Eu perguntei.

-Mas é claro. –Ele me deu um selinho e saiu de lá.

Eu olhei pra mesa da sonserina, Draco estava lá, eu olhei para ele, ele entendeu que eu queria falar com ele. Então eu saí de lá e fui pra sala onde a gente passou a noite, depois de 5 minutos Draco chegou lá.

-Alguém te seguiu? –Perguntei assim que ele apareceu na porta. Ele olhou para trás, o corredor, para verificar.

-Não... Por que alguém me seguiria?

-Você não me viu no almoço? –Perguntei.

-Vi...você com seu namorado, eu vi. Por quê? Ah – Ele finalmente entendeu. – Tiraram uma foto de vocês não é?

-Exatamente. Agora terei que tomar mais cuidado aonde vou. – Apontei para ele sentar ao meu lado, em cima de uma carteira.

-Mas Hermione, ninguém me seguiria. –Ele foi se sentando ao meu lado. –Quer dizer, eu não sou famoso, quer dizer, sou, mas por motivos que ninguém quer. O mundo bruxo me odeia.

-Sim, mas eu sou, e parece que o mundo bruxo me ama, e imagina se tiram uma foto de mim falando com você?

-Você teria que se explicar para Ron e para o mundo todo. –Ele me olhou. –Entendi. É, iam te chamar de traidora...

-É, no mínimo iam me chamar de traidora. Quer dizer, você é um cara legal, que pena que aparentemente só eu sei disso. –Sorri para ele. Ele pegou em minha mão, e me olhou nos olhos. –Enfim, te chamei aqui por outra coisa. – Eu desviei meu olhar. – Harry.

-O que o Potter fez agora? –Ele soltou minha mão.

-Não fez. Na verdade ele não dá as caras desde ontem, ninguém o viu. E eu estou pensando em procurá-lo. –Draco me lançou um olhar de reprovação.  – Ele sempre foi meu melhor amigo, sinto que tenho que conversar com ele.

-Vocês dois tem uma ligação bem forte não é? –Draco estava mais sério.

-Sim, acho que temos. Eu não me imagino longe dele, e não o quero chateado comigo. – Era incrível como eu conseguia ser sincera com ele, aquele que eu sempre odiei.

-Então você não pode correr o risco de perder esse seu amigo, certo? – parecia que estava sendo difícil para ele dizer essas palavras.

-Certo, não posso.

-Então vá tentar achá-lo.  – Ele sempre falava o que eu queria ouvir, mas não tinha coragem de dizer a mim mesma.

-Vou. – Sorri para ele. – A gente se vê?

-Claro. –Amanhã, Antes do café, a gente se encontra aqui. Pode ser?

-Claro. - Lhe dei um abraço. – Obrigada, Draco. –O Soltei. – Até amanhã.

Ele ficou me olhando enquanto eu saía de lá.

 

Não foi difícil achar Harry, eu já imaginava que ele estava na sala precisa, e fui para lá. Lá estava ele, naquela mesma sala de ontem, girando a varinha entre os dedos, encarando a lareira, ele escutou o barulho dos meus passos e se virou.

-Acho que nós precisamos conversar. –disse calmamente, olhando os olhos dele, que pareciam tristes. Ele se colou de pé, e foi para perto de mim.

-Achei que você ainda estaria furiosa comigo. –Ele disse, enquanto colocava a mão em meu rosto. Eu tirei a mão dele de lá com força.

-Ainda estou. –Disse com firmeza. Ele abaixou os olhos, encarou o chão. – Mas eu não consigo viver a minha vida sem você estar presente nela Harry. Você é meu melhor amigo. Saia dessa sala. Volte para as aulas. – Enquanto eu falava, seus olhos foram voltando a me encarar.

-Eu também não me imagino sem você Hermione. –Ele esboçou um sorriso. – Mas eu acho que não conseguiria olhar para o Ron ou para a Gina, depois do que houve com a gente.

-Você conseguirá, você já enfrentou o maior bruxo das trevas, você conseguirá olhar para eles sim. Eu sei que você consegue.

-Você coloca muita fé em mim Hermione. – Ele disse sério.

-Não Harry, eu conheço você, e só te digo que você consegue fazer o que sei que você é capaz de fazer. – Eu o abracei, ele precisava de um abraço, eu sempre sabia quando ele precisava de um abraço.

-Sim. –Ele disse enquanto me abraçava. – Eu saio dessa sala. – Eu o soltei do abraço. – Mas Hermione, eu não consigo esquecer o que houve com nós dois. –Ele segurava minhas mãos. Eu ia falar qualquer coisa, mas ele não me deixou. – E eu acho que perdi tanto tempo me convencendo que você era só uma amiga para mim, eu não quero mais perder tempo, eu não quero perder essa chance.  – Seus olhos brilhavam, esperando que eu dissesse alguma coisa agora.

- Harry não há como você perder essa chance, pois não existe chance alguma que possa ser perdida. Eu estou com o Ronald, e eu quero estar com ele. – Falei com firmeza, cada palavra que saía da minha boca pareciam punhaladas no peito dele, pois à medida que eu falava seus olhos brilhantes iam exalando lágrimas.

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