Capitulo 6



CAPITULO VI

— Você pode me contar o que foi isso? — perguntou ele. E Hermione percebeu, ressentida, que ele estava perfeitamente controlado mais uma vez. O que era mais do que se poderia dizer sobre ela.
— Eu só estava tentando valorizar a sua imagem. — Mas a voz dela saiu fina e engraçada.
Hermione contou a Harry seu plano para impressionar o atendente, mas naquele momento, tudo pareceu ainda mais idiota e quan­do ela finalmente acabou, ofegante e constrangida, Harry estava meneando a cabeça, incrédulo.
— Não quero que você pense que eu não gostei da idéia — ele falou, seco. — Mas eu já tinha dito a verdade a ele.
— Você fez, o quê? — perguntou Hermione, perplexa. — Por quê?
— Imagino que ele estivesse pensando o que estava havendo e eu não queria que acreditasse que eu estava tirando vantagem de você.
Foi a vez de Hermione ficar exasperada.
— Isso é típico de você, Harry! Eu faço o maior esforço para melhorar a sua imagem com as pessoas e você joga a chance no lixo! — reclamou Hermione, lembrando-se do sorriso do atendente quando Harry abrira a porta. — Ele deve ter pensado que eu era uma idiota completa, beijando-o daquele jeito!
Harry começou a rir.
— Eu devo ser o cliente favorito dele. Não só compro anéis extremamente caros, como ele também se diverte!
Que humilhante! Hermione tentou ficar ofendida, mas depois de um momento desistiu e riu também. Talvez fosse melhor tratar a coisa toda como piada. Era tão bom voltar a rir com Harry e relaxar da tensão depois daquele beijo.
Teria de ser mais cuidadosa dali para a frente, pensou ela. Provavelmente revelara mais do que pretendia naquele beijo.
A última coisa que queria que Harry pensasse era que estava tentando tomar o lugar de Aisling. Não queria que ele se rela­cionasse com ela só por achar que ela era fácil ou que estava disponível. Não, pensou Hermione. Queria ser muito mais para ele. Queria que ele a amasse e desejasse e achasse que ela era a única pessoa que podia tornar sua vida completa. Que reconhe­cesse, como ela havia feito, que a pessoa certa estava bem na sua frente, aquele tempo todo.
Mas Harry precisava perceber isso por conta própria. E en­quanto não percebesse, ela teria que ser muito paciente. E, como Gina dissera, cuidadosa.

— Você sabe que vamos passar só uma semana fora? — per­guntou Harry ao ver o tamanho da mala de Hermione na segunda-feira de manhã.
— E você sabe que vamos passar mais do que cinco minutos? — brincou ela, ao ver a pequena valise dele.
— Ora, crianças, não briguem! — exclamou Luna, fechando a porta do carro. Ela havia se oferecido para levá-los ao aero­porto em seu caminho para uma entrevista em Devon.
Quando chegaram, ela deu um abraço em Harry e um beijo em Hermione.
— Divirtam-se, vocês dois — disse ela. — Vamos torcer para que vocês sigam a tradição e que esse noivado de mentira tam­bém vire um noivado de verdade. Aí, quando vocês voltarem, poderão dar outra festa.
— Não há perigo disso — disse Harry com leveza, apontando para a sua minúscula valise e para a grande mala de Hermione. — É só ver o quanto nós dois achamos que é essencial para uma semana, para saber que somos totalmente incompatíveis.
— Amor é mais que bagagem, Harry — lembrou Luna, pis­cando para Hermione e partindo em seguida.
— Acho que ainda vamos ouvir muito com essa história — comentou Harry, com cuidado.
— Eu temo que sim. — Hermione suspirou. — Eu nunca deveria ter dito a Gina e a Luna que iria com você no lugar de Aisling. Agora, elas cismaram que nós vamos acabar casados como acon­teceu com elas. — Um vento cortante de novembro soprava sem dó e Hermione teve que segurar os cabelos para olhar para ele. — É claro que eu lhes disse que isso é ridículo, mas você sabe como elas são. Ainda bem que você lembrou-a de que somos incompatíveis — acrescentou, casualmente.
— Mas acho que não fez muito efeito em Luna — disse Harry, divertido.
— Bem, quando voltarmos daqui a uma semana e as coisas continuarem exatamente como eram antes, elas vão perceber a verdade.
— Certo — disse Harry.
O único problema era que ele não se lembrava de como as coisas haviam sido antes de Hermione beijá-lo no sábado. Como poderia lembrar depois que passasse uma semana dormindo ao lado dela? O pensamento fez algo dentro dele se contorcer. Seria melhor que Hermione não o tivesse beijado.
Harry não estava preparado para a própria reação quando os lábios se tocaram e apesar de saber que era melhor tratar tudo de maneira leve, não conseguiu se conter. Teria que tentar, disse a si mesmo. Hermione havia rido da situação e deixara claro que não pretendera levar o beijo a sério. Afinal, aquela era a sua Hermione e não uma estranha misteriosa e sedutora.
Ele olhou-a novamente, encolhida por causa do frio e não teve dúvidas. Era a sua Hermione. Ela continuava elegante como sempre, mas usava um vestido impróprio para uma viagem. Era um modelo tão justo e curto que dava a impressão de que ia rasgar no momento em que ela se sentasse. Para aquecer-se, tinha apenas um casaquinho e nos pés, de unhas perfeitamente pintadas, calçava apenas sandálias de tiras finas e salto alto.
Aisling jamais entraria num avião com sapatos daqueles. Depois que seus pés inchassem durante o vôo, era pouco pro­vável que Hermione conseguisse enfiar os pés naquelas tiras finís­simas novamente, sem sair mancando.
Ainda assim, era evidente que ela daria conta do recado. Talvez não estivesse adequadamente vestida, mas continuava belíssima, com suas pernas longas, sorriso quente e grandes olhos castanhos, emoldurados por cílios longos.
Harry desviou o olhar. Ela própria havia dito que "não havia espaço para mal-entendidos". E não haveria, pensou Harry, sério.
— Venha — pediu ele, vendo-a estremecer. — Vamos fazer o check-in. — Harry pegou a mala dela, mas soltou-a no mesmo instante por causa do peso. — Pelo amor de Deus, Hermione! O que você tem aqui?
— Só umas poucas coisas essenciais — respondeu ela, des­contraída.
— Mas você vai passar o tempo todo na praia! Quantas rou­pas pode precisar?
— Não são apenas roupas — Hermione começou a explicar, ca­minhando com suas sandálias absurdas. — É preciso tomar muito cuidado com o sol hoje em dia. Os raios ultravioleta são perigosos e por isso eu trouxe vários tipos de protetores e loções após sol. Isso, sem falar no que trouxe para os cabelos: eu tenho uma loção protetora para pôr quando for entrar no mar e outra para usar durante o banho...
Ela continuou falando, enquanto eles esperavam na fila para fazer o check-in, mas Harry estava tendo muita dificuldade para se concentrar.
— Mas chega disso — disse Hermione, jogando os cabelos para trás e tocando-o no braço. — Como você está, Harry?
Como ele estava? Assustado com a sensação provocada pelo toque dela, perturbado pelas lembranças do beijo e culpado pe­los caminhos que suas idéias estavam tomando.
— Ótimo — resmungou, meio rouco.
— Eu sabia que você ia dizer isso. Mas eu quero saber como está se sentindo de verdade. Está com medo de encontrar Ais­ling e Bryan, ou Bryn, ou qualquer que seja o nome dele?
Aisling, claro, pensou Harry. Ela seria a desculpa perfeita pa­ra a sua distração naquela manhã.
— Não posso dizer que esteja ansioso.
— Eu sei que vai ser duro — Hermione consolou, pegando a mão dele e olhando-o com compaixão. — Mas não se esqueça que eu estou aqui para isso.
— Obrigado — ele falou, com um nó na garganta. — Você é uma excelente amiga, Hermione.
— E sempre serei — respondeu ela, com o sorriso oscilando um pouco.
Foi um alívio quando chegaram ao balcão e Harry finalmente pôde soltar a mão dela. Tinha a estranha sensação de que, se fosse de outra forma, não a soltaria nunca.
Tinha de se controlar, disse a si mesmo, aflito. Ele não era especialista em lidar com situações difíceis? Mas era muito mais fácil socorrer um colega que havia caído numa fenda na mon­tanha ou que pegara uma infecção na selva. Até ganhar o con­trato com a CBC era fácil em comparação com aquela pertur­bação provocada por uma grande amiga. Harry não gostava de perder o controle.
Aturdido, ele entregou o cartão de embarque a Hermione.
— É melhor irmos procurar os outros — disse, pigarreando. — Eles devem estar no bar.
Foi Hermione quem avistou Aisling primeiro. Ela cutucou Harry levemente e ergueu o queixo, preparando-se para o confronto.
— Você prometeu que seria boazinha — lembrou ele. — Lem­bre-se de que temos um contrato para conquistar.
— É claro — Hermione respondeu suavemente, mas Harry não confiou muito naquele sorriso.
Ele estava tão preocupado com a atitude de Hermione que, quando encontrou a mulher com quem acabara de desmanchar o casamento, não sabia nem o que dizer. Percebeu, surpreso, que não estava sentindo absolutamente nada.
— Olá — disse ele, beijando-a no rosto. — Você está ótima.
Era verdade. Ele nunca a vira tão bonita antes. Aisling es­tava reluzindo de felicidade. Bastaria olhar para ela para saber que havia tomado a decisão certa deixando-o. Bryn a deixava feliz de um jeito que Harry nunca conseguira.
Como imaginara, ela estava muito mais bem vestida, de cal­ça caqui, uma camisa bege clara e mocassins que pareciam elegantes e práticos ao mesmo tempo.
— Olá, Harry — cumprimentou ela, baixando a voz para que ninguém mais pudesse ouvi-los. — Como você está?
Harry estava começando a ficar um pouco cansado daquela pergunta.
— Estou bem — disse, novamente, apesar de duvidar que Aisling, a exemplo de Hermione, fosse acreditar. A verdade era que estava mesmo bem. Por que elas não podiam aceitar aquilo? — Você se lembra de Hermione, não é?
— Olá, Aisling — disse Hermione, numa voz gelada. Aisling respondeu com a mesma frieza, acrescentando:
— Parabéns — disse, para que todos pudessem ouvir. — Eu soube que você e Harry ficaram noivos. Que romance relâmpago!
— Não. É que precisamos de catorze anos para descobrir o quanto nos amamos — disse Hermione, encarando-a com firmeza.
— Ainda bem que perceberam a tempo de poderem fazer essa viagem para as Seychelles — acrescentou Aisling.
Harry se contraiu, mas Hermione conseguiu manter o sorriso pouco sincero.
— Não foi mesmo? — disse, docemente. — Você nem imagina o quanto estou animada!
Ela virou-se para o homem ao lado de Aisling. Ele era alto, dono de uma beleza clássica e parecia excepcionalmente feliz consigo mesmo, conforme Harry observou. Era precisamente o tipo de Hermione. Ele ficou observando-a, ansioso, mas ela apenas apertou a mão de Bryn com um sorriso frio.
— Aposto o que você quiser como a intenção original era chamá-lo de Bryan — disse ela, baixinho, ao mesmo tempo que se virava para cumprimentar os outros.
— Seja boazinha — disse Harry, escondendo a repreensão sob um sorriso.
Havia dezesseis pessoas reunidas no bar, e apesar dos fun­cionários da CBC se conhecerem, seus acompanhantes não se conheciam e a conversa começara timidamente.
As coisas se animaram quando Hermione uniu-se ao grupo. Ela sempre tivera habilidade em animar as coisas e em pouco tem­po, todos estavam rindo e à vontade.
Harry encontrou cadeiras para eles longe de Aisling e Bryn, que estavam conversando com o principal executivo da CBC e sua acompanhante, e começou a relaxar. Mas a tranqüilidade só durou até perceber que Hermione olhava insistentemente para Bryn por baixo dos seus cílios longos. Irritado com a possibili­dade de ela estar achando Bryn atraente, Harry pressionou:
— Por que você fica olhando para Bryn?
Hermione inclinou-se.
— Estou imaginando como ele seria se tivesse personalidade — confidenciou ela, para imenso alívio de Harry. — Ele é completamente insosso — prosseguiu, voltando-se para examinar Bryn. — Eu não entendo como Aisling pôde se interessar por alguém como ele.
— Ela está apaixonada — disse Harry, tentando ser justo.
— Isso é óbvio. Ela está nas nuvens e sem dúvida é por causa dele. Eu só não entendo o porquê disso tudo — concordou Hermione.
Harry seguiu o olhar dela. Agora que sabia que Hermione não es­tava interessada, podia examinar o outro homem objetivamente.
— Ele é muito bem-apessoado.
— Eu creio que sim — Hermione murmurou, pouco convencida e Harry olhou-a, surpreso.
— Eu diria que ele é exatamente o seu tipo.
— É mesmo? — perguntou ela, impressionada.
— Ele tem aquele jeito convencido e satisfeito que você pa­rece adorar — disse Harry, incapaz de resistir. — Você tem de admitir que ele se parece um pouco com Will, que se parecia com todos os seus outros namorados.
Hermione encarou Bryn francamente.
— Eu não acho que ele se pareça nada com Will — disparou ela. — Não mesmo.
Harry não acreditava que aquilo fosse um demérito para Will, mas só então se lembrou que Hermione continuava apaixonada por ele. Teria de ter mais tato.
— Então, Bryn não é seu tipo? — perguntou ele com leveza. Hermione virou-se para olhá-lo diretamente, os olhos castanhos sur­preendentemente sérios.
— Não. Nem um pouco.
— Ótimo — respondeu ele, num tom de voz estranho.
Se Harry não fosse do tipo saudável, que nunca ficava doente, acharia que estava pegando uma gripe. Devia estar mais can­sado do que imaginava.
— Que lindo anel — elogiou uma moça sentada ao lado de Hermione.
— Ah, muito obrigada — disse ela, virando-se para conversar. Harry já a vira antes na CBC. Como era mesmo o nome dela?
Sue? Sarah? Não. Sally.
— É lindo — comentou Sally. — Vocês estão noivos há muito tempo?
— Pelo contrário — respondeu Hermione. — Na verdade, desde sexta-feira passada.
— Ah, que romântico...
— Não é? Nós nos conhecemos há muito tempo. Então, não se pode dizer que tenhamos nos apressado.
— E por que vocês resolveram se casar agora?
Hermione olhou para Harry e sorriu.
— É engraçado — disse, lentamente. — Um dia eu olhei para ele e soube que queria passar o resto da vida ao seu lado e que ser amigos não era mais suficiente.
Sally sorriu.
— E Harry se sente da mesma forma?
— Ah, isso você vai ter de perguntar a ele.
Ela era muito convincente, pensou Harry, amargo. Assim, foi quase um alívio quando Aisling se mudou para uma cadeira perto dele e tirou-o daquele círculo.
— Eu queria lhe agradecer por ter aceito tudo tão bem — ela falou, discretamente. — Se quisesse, você poderia ter tor­nado as coisas muito difíceis para mim e para Bryn,
— Eu não teria motivos para isso — Harry aparteou, com sinceridade. Era difícil acreditar que aquela era a mulher com quem havia dormido e com quem planejara passar o resto da vida. — Afinal, nós continuamos trabalhando juntos — comen­tou ele. — E eu quero que nos concentremos em ganhar esse contrato. Não é só o seu trabalho que depende disso.
Aisling pareceu um pouco assombrada com aquela atitude tão racional. Certamente, achara que ele fosse estar arrasado com a rejeição.
— Quero que saiba que eu nunca pretendi magoá-lo...
— Não se preocupe — disse Harry friamente. — Fico satisfeito por você estar feliz.
— Estou. E espero que você também fique.
Sem querer, Harry olhou para Hermione, profundamente envolvi­da na sua conversa com Sally, parecendo ter se esquecido dele. Aisling seguiu seu olhar.
— Teria sido um terrível engano se nos casássemos, Harry. Hermione estaria sempre entre nós.
— Hermione não é assim — protestou ele, furioso.
— Talvez não. Mas teria ficado entre nós do mesmo jeito — Aisling teimou. — Eu nem fiquei surpresa quando você me con­tou que a traria em meu lugar. Eu sempre achei que você estava muito mais apaixonado por ela do que queria admitir.
Foi como se Harry tivesse levado um soco no estômago.
— Pare de falar bobagens! Hermione e eu somos apenas bons amigos. Sempre fomos e sempre seremos. Você nos viu juntos, Aisling. Sabe que não há mais nada entre nós.
Aisling sorriu e se levantou.
— Não mesmo?
Harry olhou-a se afastar. Apaixonado? Por Hermione? Não, não poderia estar. Aisling não sabia o que estava dizendo. Ele ama­va Hermione como amava sua irmã.
Exceto que não sabia quando a sua irmã entrava na sala só de sentir o seu perfume. E nem conseguia fechar os olhos e visualizar sua irmã nos mínimos detalhes. E, por mais que gos­tasse dela, nunca se sentira melhor só por saber que sua irmã estava por perto. Como se sentia com Hermione.
Oh, não! Estava apaixonado por ela!
— O que Aisling queria? — perguntou Hermione, aproximando-se e interrompendo os pensamentos de Harry.
— Ela só...
Só queria arrasar a vida dele. Atirar todas as suas certezas pela janela.
— Ela só queria me agradecer — disse ele.
— Pelo quê?
— Por entender o que ela sentia por Bryn. Ela disse que era grata.
— E deve ser mesmo — disparou Hermione, lembrando-se do anel de esmeralda que Aisling continuava ostentando. Pelo me­nos, ela tivera a decência de passá-lo para a outra mão. — Ela disse mais alguma coisa? — pressionou Hermione, lembrando-se de como Harry parecera chocado quando Aisling se afastara.
— Só que achava que o nosso casamento teria sido um erro terrível.
— Ela diria mesmo isso, não é? Pois acredite: ela não é a única que pensa assim — Hermione disparou. — Eu estava justa­mente conversando com Sally. Ela disse que trabalhou com você algumas vezes e que gosta muito de você, mas que nunca gostou de Aisling quando ela trabalhou na CBC. Ela me disse que ouviu boatos de que vocês dois estavam juntos e que ficou feliz por saber que não era verdade.
— E o que você disse?
Foi a vez de Hermione hesitar.
— Bem, eu achei que era melhor ela achar que havia sido um mal-entendido. Assim, disse que você era meu e que sempre havia sido.
Hermione riu para mostrar que estava brincando, mas então co­meteu o erro de olhar novamente nos olhos dele. A expressão de desespero que viu quase fez seu coração parar de bater. Ela nunca vira Harry daquele jeito.
— Você está bem?
— Estou. — Ele meneou a cabeça como que para clarear as idéias. — Foi só uma coisa que Aisling disse... — Harry calou-se, incapaz de continuar.
— Eu sinto muito — disse ela, arrependida por não ter sido mais sensível.
— Não é sua culpa — tranquilizou-a, com a mesma expressão estranha.
— Vai ficar tudo bem, Harry — Hermione falou, penalizada.
— Será?

O hotel ficava na beira de uma encosta coberta de vegetação abundante, debruçado para uma praia de areia branca, banha­da pelo oceano Indico. As árvores eram de um verde-claro mag­nífico e o mar, incrivelmente azul. Hermione mal podia acreditar em seus olhos. Depois de sair de Londres em pleno mês de novembro, era até difícil de acreditar.
O ônibus vindo do aeroporto deixou-os em um lobby fresco, decorado com móveis tropicais de madeira clara, aberto de am­bos os lados para receber a brisa do mar. Foram recebidos por uma representante da CBC que se apresentou como Cassandra o que fez uma chamada informal para ver se estavam todos lá.
— Harry Potter... — chamou ela, fazendo uma marca na lista. — Potter, Potter. Ah, aí estão vocês. Esta é a sua mulher? — perguntou ela, sorrindo para Hermione.
— Minha noiva — Harry apresentou, breve. — Hermione Granger.
Cassandra baixou os olhos para o anel de Hermione.
— Que lindo! — disse, estendendo o próprio anel para Hermione ver. — Eu vou me casar no ano que vem. Precisamos combinar de trocar endereços de noivas!
Não havia nada que Hermione quisesse fazer menos, mas sorriu, educada.
— Nós ainda não estamos pensando em casamento. Mal aca­bamos de ficar noivos.
— Ah, mas eu vou lhe dar muitas idéias — prometeu Cassandra. — Também tenho umas revistas. Você poderá olhá-las na praia.
O que Hermione poderia dizer? Que não ia precisar de revistas de noivas?
— Seria ótimo — agradeceu.
— Vocês vão adorar o quarto — disse Cassandra, animada.

— É tão romântico!
Era mesmo, ou seria, sob circunstâncias diferentes. Se Harry não estivesse sofrendo por Aisling, por exemplo, pensou Hermione. Os móveis eram de madeira clara, os estofados, de algodão ma­cio e havia portas corrediças que davam para uma varanda e de lá, para a praia.
Mas a primeira coisa que ela reparou foi na grande cama, com pequenos buquês de flores tropicais enfeitando os traves­seiros.
— Que coisa maravilhosa, Harry! Parece que estou sonhando.
Ele não respondeu e quando Hermione olhou-o, viu a mesma expressão preocupada em seu rosto.
Aisling. Ele estava sofrendo, pensou.
Determinada a tornar as coisas mais leves para ele, Hermione sentou-se na imensa cama e deu um tapinha, convidando-o. Harry sentou-se ao lado dela em silêncio e pegou um folheto que havia na cabeceira. Aquilo ia ser mais difícil que ela pensava, concluiu Hermione, olhando os ombros fortes dele.
Devia ter cochilado porque quando acordou, estava com a cabeça recostada no ombro dele. Harry, por seu lado, estava acor­dado e tenso, com os olhos fixos na parede oposta e os lábios contraídos.
O que quer que Aisling tivesse dito, o tocara fundo. Teria que dar tempo para ele lidar com a perda. Só não sabia como iria dormir ao lado dele aquela noite. Ela suspirou. Lidaria com o problema quando chegasse a hora. Não adiantava ficar dese­jando que ele quisesse estar com ela, ou imaginando como seria se fossem amantes e que cairiam na cama, se beijando, assim que a porta fosse fechada, despindo-se e fazendo amor ao som do oceano que banhava a praia, abaixo da varanda.
Por enquanto, era melhor deixá-lo em paz.




Obs:Oiiii pessoal!!!!Eu peço que me perdoem pela demora em postar mas, além da faculdade, estou com problemas no pc!!!Espero que tenham curtido o capitulo!!!!Logo logo tem fic nova na área!!!Bjux!!!Adoro muuuuuito vcs!!!!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.