Licantropo
N.A 1: Bem vindos à segudna fanfic da série Espada dos Deuses, o Episódio 2: Quadribol!
Essa fanfic começa exatamente após a EdD Azkaban, logo, se você lê-la, não vai entender bulhufas. Não saberá quem é a Leah, como Sirius está vivo (ok, está vivo pq não uso spoilers da OdF hahahah), quem é o misterioso tigre que aparece para Harry, nem porque diabos Hermione está... na sonserina. (!)
Nesse episódio, as atenções são voltadas para a escola e os jogos de quadribol. Eu comecei a escrever a EdD após o livro 4, logo, o campeonato de quadribol era mto improtante na série. E eu não poderia deixar de lado. A EdD, no futuro, acaba virando 'Universo Alternativo', porque os personagens saem de Hogwarts e da Inglaterra, indo para outras partes do mundo. A EdD Quadribol acaba sendo a ponte que liga o ambiente dos livros da JK ao ambiente criado para a série.
N.A 2: Nesse episódio eu tento fazer os melhores jogos de quadribol que eu poderia fazer, e, sabe, eu até achei que eles ficaram legais! Então, se você é fã de quadribol, divirta-se, porque eu me diverti demais escrevendo essa fic! Verdadeiras batalhas são travadas nos campos (hehhehehe). Na época, a EdD revoltou muita gente, porque eu coloquei o casal Harry e Cho. Mas como a EdD segue após o livro 4, eu me senti na obrigação de resolver as pendências entre Harry e Cho. O romance deles, assim como no livro original, nem durou muito, não. =P
N.A 3: Enfim... chega de lorota. Espero que gostem do capítulo! Boa leitura!
EPISÓDIO II: QUADRIBOL
Capítulo 01: Licantropo (EdD 19)
Lupin entrou no quarto da ala hospitalar reservada aos professores e foi procurar por Leah. Estava meio zonzo, a lua cheia estava chegando e a poção parecia não estar mais tão boa quanto antes. Encontrou Sirius e Dumbledore junto dela, que continuava desacordada desde que foi tirada dos destroços de Azkaban.
- E aí? – disse Lupin – Alguma novidade?
- Eu já sabia, ela está ótima – disse Sirius, sentado ao lado de Leah, o braço apoiado ao lado dela. – Madame Pomfrey disse que ela só está dormindo.
- Menos mal. – suspirou, sentando numa cadeira numa mesa próxima da cama. Dumbledore sorriu. – é bom saber que mesmo depois de tantos anos ela continua não quebrando fácil...
- É a velha história – riu Sirius- Vaso ruim não quebra.
- ...Eu ouvi isso. – murmurou Leah abrindo os olhos devagar e fitando Sirius, que riu e afastou a cadeira na hora.
- Ah... que bom que está acordando... – sorriu Dumbledore.
- Acho que temos muito que conversar, não? – perguntou Leah, virando-se para o diretor.
- Não, não... – acalmou Dumbledore – Não é necessário, já fiquei sabendo do que aconteceu, descanse um pouco, a busca ainda continua.
- Ficamos sem a Espada dos Deuses – disse Sirius, levantando-se e voltando até a cama de braços cruzados – mas recuperamos as nossas Espadas das Trevas e isso já é alguma coisa. Por outro lado, Voldemort ficou soterrado lá debaixo de Azkaban.
- Vaso ruim não quebra, Sirius... – murmurou Leah, desanimada, passando a mão na testa – ele não morreu com aquilo.
- Sim, eu sei. Ele não seria derrotado por uma bobagenzinha daquela. Mas ainda temos uma vantagem, ele também está esgotado e sem saber para onde ir.
- Como nós.
- É... Como nós... – suspirou Sirius ao ver a cara de desânimo de Leah. Em seguida virou-se para Lupin – Mas e você, Lupin? O que tem? Parece mal... A lua está lá fora, você não tomou a poção de Snape para não virar lobisomem?
- Tomei, mas... – gemeu Lupin – Ela parece estar me fazendo mal... O corpo está começando a rejeitar a poção, eu acho...
- Se pudéssemos fazer alguma coisa... – lamentou Sirius. Dumbledore se pronunciou, sorrindo.
- Peçam ajuda a Snape.
- Mas ele já faz a poção, profe...
- Lupin, creio que ele tenha um pequeno presente para você. Não, é, Severo?
Nesse momento Snape vinha entrando inocentemente na sala e se espantou com a “visitação” à Leah em plena noite.
- Pois não, professor? – perguntou, com as mãos para trás como se fosse um mordomo, ignorando os outros.
- Lupin não está mais passando bem ao tomar a poção... Não acha um momento oportuno para dar a pequena lembrança que você e o senhor Malfoy encontraram em Azkaban?
Snape sorriu triunfante, ainda sem olhar os outros.
- Ah, tem razão... Seria muito conveniente... Mas...
Ao murmurar o “mas” os outros fecharam a cara para Snape.
- Acho que não estou a fim de colaborar. – continuou. Sirius segurou a respiração, enquanto Leah levantava e saía da cama, mal humorada.
- Querido Snape, murmurou Leah, pegando sua capa no cabideiro ao lado da cama e pondo por cima do pijama, pare de tagarelar e vamos logo resolver isso.
Dumbledore parecia se divertir, e Snape manteve a mesma cara:
- Hum... Com licença, professor... – e seguiu Leah, mas antes de sair pela porta, olhou Sirius e Lupin – os interessados vão ficar aí?
Sem entender muito bem, os dois se olharam e seguiram Snape. Dumbledore ficou ainda os observando e achando graça, quando madame Pomfrey chegou e quase deu um grito ao ver a cama vazia.
- Eu não acredito! – protestou – o senhor deixou eles irem!? Levarem minha paciente!? Ah, meu Deus! O que eu vou fazer com esses adultos metidos a crianças? Estão me dando mais trabalho que os alunos do primeiro ano!... Marotos! Bah...
E se afastou, balançando a cabeça brava. Dumbledore permaneceu no lugar, rindo.
- Ah... Essa paz e tranqüilidade... Vai durar até quando? – suspirou, olhando pela janela e tendo a lua refletida nos óculos.
Os professores entraram na sala de Snape, nas masmorras. Ele foi direto para o armário e pegou uma caixa de madeira e a colocou sobre a mesa. Os outros se olharam.
- Quando nós nos separamos, Draco e eu entramos em várias câmaras do templo, contou Snape, várias delas com objetos pertencentes aos ex-prisioneiros... Muitos papéis com inscrições, muitos objetos que poderiam ser considerados tesouros...
Sirius continuava interessado nos papéis encontrados por Snape e Draco em Azkaban:
- Interessante... Essas inscrições parecem ter alguma ligação com os templos que devemos ir... Olhe só essa, parecem... Hieróglifos...
- Não é só isso... - murmurou Snape, com as mãos para trás e levantando os olhos desdenhosos para Lupin - Draco encontrou também algo que poderá... Ser-lhe útil...
Lupin e Leah se olharam, em seguida foi a vez de Sirius fazer o mesmo.
- Tipo?... - perguntou Lupin, desconfiado.
- Por acaso lhe diz alguma coisa a palavra... - Snape cerrou mais as sobrancelhas ao olhar o professor - Licantropo?...
Os outros três professores prenderam a respiração.
- Li... Licantropo ?- murmurou leah, incrédula, olhando para Lupin.
Snape deu um sorrisinho e abriu a urna. Nela havia um par de algemas muito enferrujadas, com inscrições nos braços e ligados por uma grossa corrente.
Ninguém parecia ter reação. Snape pôs as algemas na mesa, com um sorriso superior.
- Licantropo - começou - as algemas que podem controlar um lobisomem. Você a usa a qualquer dia, qualquer momento... e você se transforma num lobisomem... sem perder a vontade própria, podendo fazer um bom uso da sua força e habilidades animais...
Um silêncio ainda permaneceu, estavam todos boquiabertos. Snape continuou:
- E então?... O que me dizem?...
- Será que funciona? – perguntou Leah, pegando as algemas.
- Bem... só há um jeito de saber... – murmurou Sirius, ainda com os papéis na mão, mas olhando Leah. Um silêncio separou o fim da frase dos olhares que caíram em Lupin.
- É... – suspirou Lupin. – temos de testar...
- Com medo? – perguntou Sirius.
- Naturalmente – disse Lupin.
- Vamos para Hogsmead? – sugeriu Sirius.
- É pra já – disse uma animada Leah, deixando todo mundo para trás.
Os quatro entraram na cabana velha e abandonada já de madrugada. Leah vinha toda arranhada e Sirius de mau humor, ralhando:
- Pelo amor, Leah, era só apertar o nó! Você saiu do hospital agora, e já me agarra de briga... com uma árvore?
- Nunca fui com a cara daquele salgueiro. – resmungou, toda arranhada, sentando no empoeirado e velho sofá.- tive a infelicidade de dar meu primeiro beijo em Tiago nas proximidades dele. Terminamos o beijo em cima da lula gigante, lá no meio do lago. Ordinário.
Sirius começou a rir ao lembrar, Lupin também. Leah não pareceu gostar muito, mas não deixou de sorrir. Só Snape continuava com cara de tacho.
- Ai, ai... – disse Sirius, tomando fôlego – bem, vamos logo experimentar isso? Será que serve?
Lupin se aproximou meio desconfiado, Leah cruzou as pernas e apoiou o cotovelo para espiar. Snape pôs a caixa numa mesa e a abriu, dando o licantropo para Lupin.
Lupin chegou até o centro da sala, ainda com medo, Leah sentada num canto do lugar no sofá, Sirius próximo a ela e Snape ao lado da mesa. Ele respirou fundo.
- Bem... vamos ao que interessa... ah, se isso não der certo... se eu porventura tentar atacar algum de vocês... vão para suas formas animais... para que seja mais seguro...
- Ah, claro – disse Sirius, tranqüilizando o amigo.
Lupin respirou fundo a abriu as algemas. Colou primeiro a no pulso esquerdo. Ainda hesitou em colocar a da mão direita. A corrente não era muito grande, ele não sabia como iria se movimentar, ela tinha menos de um metro de comprimento e limitava os movimentos. Ele ainda olhou um instante, fechou os olhos e travou a algema no pulso direito.
Imediatamente uma grande luz azul e branca espalhou-se pelo lugar, varrendo tudo com uma ventania. Sirius pôs a mão nos olhos forçando a procurar o amigo. Leah se encolheu no sofá, Snape na parede. A transformação começou, O corpo de Lupin começou a crescer, os músculos ficaram maiores, o seu rosto foi se transformando no de um lobo, as roupas quase se rasgaram por completo. Os caninos afiados apareceram, o corpo se encheu de pêlos como um lobo, e ele já estava com quase dois metros de altura. Um grande rugido correu o lugar, enquanto a luz diminuía.
Os amigos puderam focalizar os olhos de Lupin, amarelos e brilhando. Ele deu um urro e com um soco partiu a velha mesa de centro da sala. E continuou se debatendo e quebrando tudo ao redor.
- Vamos nos transformar! – berrou Sirius. Mas Leah saltou do sofá e pulou nas costas de Lupin, o agarrando pelo pescoço com o pano que enfeitava a mesinha quebrada, usando-o para amordaçá-lo. – Mas o quê?!...
- Se a gente não segurar... ele quebra essa casa inteira! – berrou Leah, agarrada nas costas de Lupin como um carrapato. Ele se debatia tentando tira-la de lá, as correntes não o deixavam alcançá-la. Até que ele deu um tranco para frente e ela voou, batendo de costas na parede. Sem que ele percebesse, Snape lançou um feitiço na algema e dela saiu outra corrente, que foi até a outra ponta da casa e prendeu-se fortemente no chão. Ignorando isso, Lupin avançou em Leah. Mas parou com um tranco a um metro dela, e ficou só rosnando e espalhando baba pra todo lado. Ela ergueu os olhos e viu o lobisomem seguro.
- Totó, senta! – ordenou, sentada no chão.
Foi quando a luz amarela dos olhos dele desapareceu. Nesse momento Lupin fechou os olhos e se ajoelhou, apoiando a testa nas mãos, no chão, encolhido, como se caísse em sono profundo. As correntes desapareceram, mas não as algemas do pulso. Sirius e Snape se aproximaram. Leah se levantou.
- Ele está bem?... – murmurou Sirius.
- Hum... – gemeu Lupin. Os três se afastaram. Lupin, devagar, abriu os olhos, agora amarelos como os de um lobo, mas sem o brilho. Balançou a longa cabeleira –ainda humana – presa no rabo de cavalo, sentou-se no chão e pôs a mão com garras na testa. – estou meio... zonzo...
Ninguém disse nada. Estavam espantados demais para isso. Lupin piscou, mas demorou a focalizar o lugar. Em seguida ele olhou suas mãos, e também ficou sem palavras. Ficou um bom tempo contemplando as mãos, seu corpo, passando a mão pelo rosto. Em seguida levantou-se, um pouco curvado, olhou as patas, o novo rabo. Olhou os amigos.
- Eu... estou... na forma de um lobisomem?...
- Não... – sussurrou Leah quase sem voz - esta não é a forma de um lobisomem... é uma forma mais aperfeiçoada... ela... uniu e potencializou as duas partes...é...
- Incrível... – resumiu Sirius, olhando Lupin. Agora Sirius tinha que olhar para o alto para olhar Lupin nos olhos, coisa que ele não fazia quando estava em sua forma humana. – Isso é DEMAIS, Lupin! Você está demais!
- Jura?... – perguntou encabulado, passando a mão na nuca.
- Você perdeu a consciência na hora da transformação – disse Snape. – mas com o tempo você se acostuma. Estando com o licantropo, você não precisa mais tomar a poção. Mesmo com ele nos pulsos, você pode voltar à forma humana durante o tempo de lua cheia.
- Isso é ótimo! – exclamou Lupin, balançando o rabo como um cachorro. Leah não agüentou e começou a rir. Sirius também. – Ah... desculpe... – murmurou, puxando o próprio rabo.
- Bem, o licantropo não é uma lenda – disse Snape, dando as costas e saindo – agora estamos com um problema a menos. Faça bom proveito.
Pouco antes dele sair, Sirius, meio indeciso, falou:
- Ei, Snape...
- Quié? – resmungou Snape, olhando de rabo de olho.
- Bom... – continuou – Sobre você se lembrar de Lupin ao encontrar o licantropo, e trazê-lo para que ele possa usar e consiga se controlar... bem... foi admirável da sua parte nos ajudar. Obrigado.
Um silêncio caiu na casa. Snape deu um sorrisinho, da porta:
- Há alguns anos um velho acabado de óculos de meia lua e olhos azuis deu um conselho. Disse que o nosso tempo é curto, e as poucas pessoas que conheciam a verdade deviam se manter unidas, ou não haveriam esperanças para ninguém. A única coisa que estou fazendo é manter a fé nessas palavras. Só isso.
Snape saiu e deixou Sirius, Leah e Lupin sem dizer nada.
- Bem, acho melhor irmos indo – disse Leah. Lupin deu o primeiro passo. – Ou, ou, você vai assim, é? Tire essas algemas. Hogwarts tem bastante coisa estranha, mas por enquanto não vimos um homem-lobo de dois metros de altura, orelhinhas pontudas e rabo andando por lá.
- Nossa, desculpe... – disse Lupin – sabe que eu nem sinto diferença?
Pelos corredores escuros de Hogwarts Draco andava sem paciência. Detestava ter de fazer a “ronda” noturna, e por ter ficado fora no fim de semana, esta semana inteirinha era de sua responsabilidade. Ele estava com um baita mau humor.
- Maldição – resmungava – quantas horas? Deve ser mais de duas da manhã. Ninguém entende que eu arrisquei o pescoço em Azkaban para ir atrás duma maldita espada velha e agora eu...
- Nããããããããããoooo... aaaaahhhhhh...
- Ah, era só o que me faltava... – gemeu Malfoy. Nesse exato momento a Murta aparecia no corredor choramingando. Parou defronte Malfoy. – Por favor, Murta. Diga que você é uma ilusão. Isto tudo é um sonho, eu não estou nessa madrugada gelada andando feito zumbi por Hogwarts e você não está na minha frente gemendo como sempre. Isso tudo é um grande pesadelo, na verdade eu estou muito bem na minha cama quentinha sonhando. Diga que é essa a verdade.
A Murta parou um instante olhando Draco, com o nariz escorrendo e de bico. Malfoy, por sua vez, com cara de mal humorado.
- Haaaaaaaaaaaa seu babaca! – gritou a Murta, voltando a chorar e sair da vista dele. Draco balançou a cabeça.
- Ah, menos mal. Eu não agüentaria a Murta no meu pé a madrugada inteira e...
De repente Draco ouviu um barulho no fim do corredor. Esticou a cabeça, mas não viu nada. Então continuou sua ronda.
- Estou ficando estressado demais...
No fim da escada que descia do corredor onde Draco estava, Harry encostou-se à parede, respirando fundo e tirando a capa de invisibilidade da cabeça.
- Putz... mais uma dessa e eu danço. Bem, voltemos ao mapa. Mais alguém? – Harry examinou o mapa do maroto. – não, caminho livre.
Ele enrolou o mapa, cobriu a cabeça e continuou.
A ala hospitalar estava deserta e escura. Hermione estava em sono profundo – ou aparentava estar. Diferente de Leah, Hermione não estava machucada, mas sim, exausta. O fato de Voldemort ter sugado seu poder de controlar os dementadores a deixou em um estado de desgaste imenso. Há dois dias dormia profundamente, e ninguém podia vê-la.
Harry se aproximou ainda com a capa, e se agachou ao lado da amiga, e apenas ficou a olhando dormir sem fazer barulho algum.
O silêncio foi quebrado pela própria Hermione, que virou na cama e esticou o braço com fora para o lado e – tuc - bateu em alguma coisa dura no ar. Harry apareceu debaixo da capa, esfregando a cabeça de dor. Hermione começou a rir.
- Ai, ordinária... – gemeu Harry, arrumando os óculos – você estava acordada!
Hermione respirou fundo e ergueu o corpo, devagar.
- Sim, estou. – disse – há muito tempo. Percebi quando você entrou. Digamos que fiquei boa de percepção por ficar aqui nesse lugar. Cai um alfinete e eu sei quando, como e onde.
- Hum... isso é mal... –continuou, agora passando a mão na testa – Bom, mas mudando de assunto, você já está boa, pelo que vejo.
- Estou. Quer dizer... acho que nunca estive ruim...
- Não, não é isso. É que ninguém podia vir te visitar, você ainda estava em sono profundo, então... hoje eu tava sem sono e resolvi dizer “Oi”.
- Hum...
Hermione fez o “hum” e ficou quieta. Harry também.
- Pronto, disse a amiga, voltando a se deitar – você já disse o oi. Pode ir embora.
- Quê? Não! Mas... você está me expulsando daqui? – reclamou Harry.
- Ué? Foi você quem falou. “Vim só dizer oi”. Já não disse? Então.
- Não me encoste na parede, Hermione...
- Eeeeuuu?...
- Eu vim ver como você estava...
- Ah, sim. Obrigada pela preocupação. Mas se você ficar aqui, pode ser... perigoso.
- Tudo bem, sem problema...
Hermione olhava o teto da enfermaria completamente distraída, enquanto Harry se preocupava em estalar os dedos. Tinha alguma coisa ali que o incomodava.
- Ah, Mione. – chamou Harry – como foi que... você saiu de Azkaban?
- Como... eu saí? – gaguejou. – Bem... eu... sei lá... depois que Voldemort me fez aquilo, eu caí desacordada e puf! Já estava aqui. Não sei nem o que houve...
- Então... deve ter sido mesmo o tigre que a tirou de lá. – disse Harry, sorrindo.
- Tigre? – perguntou Hermione.
- É, um tigre, quer dizer era uma fêmea. Ela quardava o templo Sagrado... ela nos ajudou.
- Hahaha – riu Hermione – tigre fêmea? Nem se fosse macho, Harry! Não existem tigres aqui! Onde já se viu?...
- Mas... é verdade! Ela nos ajudou, era um tigre muito grande, dava pra montar nele e sair andando!
- Acho que ficar muito tempo lá naquele lugar deixou vocês muito bitolados...
- Ah... não estou mentindo, Hermione... como o tigre estava lá eu não sei, mas... estava...
- Sinto muito, Harry... – disse Hermione, muito piedosa – mas é difícil de acreditar nessa...
- Tudo bem... – suspirou Harry – mas você ia adorar ela, o Bichento não é nada perto daquele bicho. Gostaria que ela tivesse vindo com a gente. Ter um tigre para avançar em Malfoy não é má idéia.
- Que horror, Harry...
Harry começou a rir, sentado na cadeira ao lado da cama. Hermione mordeu os lábios para não rir alto.
- Você é muito mau, Potter.
Ele ergueu os olhos e ficaram se olhando um tempo.
- Maaaau... - falou Hermione, baixinho, zombando dele.
-...Pare de me olhar desse jeito... – resmungou Harry, encolhendo-se na cadeira.
- Que jeito? – perguntou inocente, achando que era piada.
- Ahm... sei lá... com esse olhar...
- Oh, é o único que eu tenho...
- A questão não é essa...
Hermione continuou a olhar Harry, achando graça. Harry suspirou e ficou olhando ela sem dizer nada.
- Diga alguma coisa. – falou Harry.
- Dizer? Tem certos momentos em que não há nada para se dizer.
Harry ficou quieto, olhando ela com os olhos arregalados. Pouco depois balançou a cabeça e se levantou.
- Muito bem então, já vou indo. Veja se amanhece boa, menina, e aparece nas aulas. Certo?
- Certo.
Harry levantou-se, meteu a mão na franja de Hermione e a chacoalhou, atrapalhando - a. Em seguida juntou a capa de invisibilidade e saiu. Antes de sair e cobrir a cabeça, virou-se inocente para Hermione:
- Ah, sim. Quem está nessa madrugada fazendo a ronda é Malfoy. Se porventura você escutar um barulhão e uns gritos, sou eu empurrando ele escada baixo. Tchauzinho.
- Pode deixar. – riu Hermione.
Harry saiu e continuou sua jornada na volta. Escutou um barulhinho e encostou-se a uma estátua. Olhou o mapa e viu que era nada mais nada menos que Cho Chang, vindo de algum lugar que ele não fazia idéia de qual era. A viu se afastar e pôs-se a andar. Mas ao dar dois passos para correr pelo corredor, a capa se enroscou e rasgou no meio, enchendo o corredor do ego de tecido rasgando.
- Ah, não! – resmungou, correndo feito louco e deixando a capa no lugar. Abriu o mapa, e Draco estava perto. Voltou a se esconder mais para frente, entre duas colunas, na escuridão. Viu Draco passar com mau humor. Assim que ele sumiu de vista, Harry correu na direção oposta. Mas foi fazer a curva e trombou com Cho Chang, que mais uma vez aparecia do nada.
- AI! – gemeu Cho, caindo de costas no chão. Balançou a cabeça e ergueu os olhos – Harry?... Mas o...
- Shhh! – pediu Harry – Draco está fazendo a ronda! Se ele me pega, eu...
A lamparina de Draco voltava do corredor. Harry engoliu um seco, pôs-se de pé ao mesmo tempo em que puxava Cho pelo colarinho.
- Vamos, Cho, temos de sair daqui ou ele vai...
- Temos? – perguntou Cho. Harry ficou olhando para ela sem entender. Cho riu cínica – Você não pode ser pego, meu filho. Eu não estudo mais aqui, agora eu sou uma convidada, quase uma professora. Nada vai me acontecer se o chato do Malfoy me encontrar. Já você...
Harry ficou branco.
- Você... não vai me entregar, vai?
- Hum... – pensou Cho – deixa eu ver...
Draco se aproximava. Mais um pouco e ele iria dar de cara com eles.
- Deixa eu pensar... – murmurou Cho – Morcego Azul.
Harry Não teve tempo de dizer nada. Cho o agarrou pela gola e o jogou em uma passagem que abrira instantaneamente em suas costas, em seguida entrou e ela se fechou.
- O que foi isso? – resmungou Harry, pondo-se de pé. Estava em uma ante-sala de um amplo quarto.
- É meu quarto. – respondeu tranqüilamente, pondo-se de pé e batendo o pó da roupa. – tinha desacostumado com a Murta que geme e acordei incomodada com ela gemendo no corredor. Por coincidência encontrei você fugindo do Draco... onde estava?
Harry não respondeu, olhava o quarto paralisado no lugar sem dizer nada.
- Heim? – insistiu Cho. – onde você foi, moleque?
- N... não, eu só... tinha ido visitar Hermione.
- Hum... – resmungou de má vontade. – isso é hora?
- Não nos deixaram vê-la durante o dia, dei uma escapulida de noite e fui lá, ela está boazinha.
- Interessante... murmurou Cho, acendendo as luzes da ante-sala e dirigindo-se a uma estreita escada circular que subia ao teto, - Bem, já que está aqui, vou lhe apresentar meus aposentos humildes...
Harry olhou em volta, era um quarto parecido com o de um monitor, mas um pouco maior e mais confortável. Harry não imaginava que haviam tantos quartos escondidos nas paredes de Hogwarts. Foi andando se sentindo pouco à vontade, e subiu as escadinhas atrás de Cho. Era um pequeno terraço, que ele nunca tinha reparado, como o alto de uma torrinha. Dava para ver o céu, o horizonte, uma vista de quase 360 graus, só atrapalhada pelas outras torres do castelo. Era uma noite limpa e muito clara, por causa da lua cheia. Cho debruçou-se na beira do terraço, respirou o arzinho gelado da madrugada e olhou em volta:
- Devo admitir, isso é muito melhor do que um quarto que as iniciantes do quadribol profissional descolam nas primeiras partidas... tem lugar em que a gente vai jogar que é cada muquifo...
Harry olhou Cho e riu. Devia mesmo ser chato ser um Zé ninguém no quadribol. Imaginou o que Krum passou antes de ser uma grande estrela e ter tantas regalias. Mas era assim, todo começo é assim. Cho deu as costas para a vista e olhou Harry:
- Ah, Harry, você foi incrível no nosso jogo de Quadribol. De verdade!
Harry sentiu um frio no estômago e ficou muito bravo por ainda ter aquela sensação ao ouvir Cho falar com ele.
- Aquilo não foi nada. Murmurou Harry.
- Ah foi sim, foi um jogo difícil. Já contra a Sonserina, me desculpe, você foi um fiasco. – riu. Harry a olhou bravo – como você teve a coragem de perder para sua ex-amiga?
- Hermione não é minha ex-amiga.
- Hum? Ah, desculpe, não quis ofender. É que achei que ela estudando na Sonserina, sendo apanhadora da Sonserina, bem... fosse natural vocês serem inimigos... mas de qualquer jeito você bobeou. Hermione não tem um terço do seu talento, e mesmo assim você foi perder daquele jeito. Sorte que suas artilheiras são boas.
- Hermione não joga mal.
- Também não estou dizendo isso, Harry. Só estou analisando profissionalmente, você tem de ter mais sangue-frio nos jogos... como você teve no primeiro.
- Como? – Harry não entendia. Que papo era aquele?
- Eu fiz de propósito. – disparou Cho. – a conversa da noite anterior. Eu fiz de propósito, para que no jogo você jogasse como deveria. Fiquei com medo de não dar certo, mas você é um grande jogador.
- Mas então... você... naquela noite... mentiu?
- Não, não menti. Em hipótese alguma. Mas eu fiz propositalmente para saber qual seria sua reação. Nos jogos, Harry, devemos saber separar as coisas. Da próxima vez que você jogar contra Hermione, se você jogar, você deve se lembrar disso. Se você e o Rony forem profissionais e jogarem em times separados, será inevitável uma hora competirem entre si. E isso não pode abalar sua amizade. O que fica no campo, fica no campo. Eu já tive de jogar contra Olívio. Uma vez só, quando estávamos começando a namorar...
- Quem venceu?... – perguntou Harry, como se estivesse com pressa. Cho guardou um silêncio.
- Nós vencemos. – disse Cho. – Mas eu não estava em campo. Ainda era do time aspirante. Olívio já estava no profissional.
- Ah...
- Mas, se quer saber, ele venceria se eu estivesse em campo. – Harry ergueu os olhos para Cho, que suspirou – naquela época eu ainda não estava preparada para isso. Eu me sentiria culpada por vencê-lo. E ainda sairia triste porque ele seria profissional o suficiente para massacrar meu time. Não iria aceitar isso.
- Jura?... – Harry começou a ver Cho com outros olhos. Estava aprendendo mais do que imaginava. E era ela que o ensinava, mesmo sem se tocar disso.- Mas... Olívio parece gostar tanto de você...
- Ah, isso é porque o time dele está melhor do que o meu – riu Cho – se nós alcançarmos e o passarmos ele vai amarrar a cara para mim. No campo ele é formidável, mas fora dele ainda não tem muita esportiva. Hehe... normal...
- Hum... Harry ergueu as sobrancelhas e riu. Cho voltava e estar bonita como ele a via antes. Mas mesmo assim era uma beleza um pouco diferente, uma mais... madura. – é verdade. Ele não tem muita esportiva quanto a isso...
Harry se aproximou e olhou a vista ao lado de Cho. Era uma boa vista. Cho continuou olhando o chão.
- Tsc... estamos mal nesse campeonato inter casas. – Murmurou – perdi para vocês, da Grifinória... vencemos a Lufa Lufa...
- Não vi o jogo – disse Harry – estávamos... viajando...
- É... vencemos... mas com a derrota... vocês já estão nas finais. Venceram a Sonserina, nós da Corvinal... Lufa Lufa está fora, eles têm um timinho medíocre... mas agora...
- Agora?... – perguntou Harry.
- Nós temos de vencer a Sonserina. – afirmou Cho. Harry engoliu um seco. Cho virou-se rindo – Você vai torcer pra quem? Pra mim ou para Hermione?
- Mas que pergunta... – gemeu Harry.
- Se você torcer para Hermione, eu irei compreender. – sorriu, se fazendo de mulher madura – Mas, se você torcer para mim... eu juro que nunca irei te perdoar.
- Como? Porquê?
- Hermione é sua melhor amiga, Harry, eu não irei admitir que você torça por mim. Tá?
- Mas... e seu eu resolver torcer por você?
Cho se mostrou meio sem jeito e balançou a cabeça.
- Não me venha com essa. Isso é imperdoável, trair a confiança da sua melhor amiga por causa disso.
- Ué? Porque você se culpa tanto? O problema seria meu, Cho.
- Talvez... – murmurou, erguendo os olhos. – Seja porque... eu estou passando por isso.
Harry não entendeu o motivo de Cho estar tão sem graça. Mas um instante e lhe veio um motivo na cabeça.
- Quer dizer... você está traindo a confiança de Olívio? – perguntou Harry sem emoção.
- Não. – disparou Cho, virando o rosto – quer dizer... sim... e não... Não me sinto bem... sabendo que estou com Olívio, mas pensando em outra pessoa. É chato. Não queria que fosse comigo.
- Sabe, você tem mais caráter do que eu pensei. – disse Harry, naturalmente, de frente para ela. Achou interessante vê-la tão encabulada, mesmo que a incomodasse. Era divertido. Parecia bom para ele escutar aquilo.
Cho respirou fundo olhando o chão e falando meio atrapalhada.
- É... é muito chato saber que estou com Olívio, mas não consigo parar de pensar em você.
Então era isso. Cho desde o início tentava fazer Harry esquecer que nutria uma paixão desde o início da adolescência e ser frio o bastante para encarar o fato. Tudo porque ela estava com Olívio, ainda gostava de Harry, mas não tinha coragem de deixar Olívio e talvez magoá-lo.
Harry ficou sem ação, boquiaberto.
- Porque... não contou tudo antes?
- Não... não é tão fácil, Harry... – resmungou Cho, coçando a nuca – Eu não achei que... eu não podia... Eu não... devia.
- Não devia fazer o que seu coração manda? É tão fácil simplesmente dizer a verdade...
- Olha, Harry – pediu Cho impaciente – Esquece, tá? Deixa tudo como está, eu nunca te falei nada, você nunca escutou nada. Tá bom assim?
Cho passou por ele, mas Harry teve coragem suficiente para segura-la pelo braço.
- Não, não está bom não.
- Por favor, Harry, deixe todos pensarem que eu ainda sou uma apanhadora novata metidinha, eu não quero comprometer ninguém, muito menos você.
- Depois do que eu ouvi agora, eu não vou simplesmente fingir que não foi nada. Eu não quero perder essa chance... – apesar da voz sair um pouco fraca, Harry estava decidido. Nervoso, com um frio no estômago, mas estava certo do que queria.
Cho começou a ficar mais aflita do que já estava. Olhou Harry nos olhos e suspirou:
- Por favor... eu não gostaria que soubessem sobre tudo o que falamos...
Harry parou ainda olhando Cho. Por um instante ele sentiu que estavam de volta aos 15 anos. Aquela leve sensação de doce desespero quando se está na frente daquela pessoa especial. Tentou decifrar o que Cho dizia pelo negro olhar, mas não conseguiu. Então respirou fundo e passou os braços dela pelo seu pescoço:
- É só nós não contarmos...
E lhe deu o beijo que guardava há cinco longos anos.
N.A 4: Nada a acrescentar, eu acho. Bem, então, até o proximo capítulo.
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