Solidão Listrada
Capítulo 04: Solidão Listrada (EdD 22)
Era esta a cena do corredor, em plena madrugada: Draco parado no meio do corredor, Harry segurando-o pelo colarinho, pronto pra lhe dar um soco, e Hermione com a varinha decididamente apontada para a cabeça de Harry. Cho assistindo tudo do lado de Harry e Draco. Ao ver o olhar da amiga, Harry soltou Draco, mas continuaram parados, ele sem se mover olhando Mione.
- Eu estou avisando, Harry... espero que não me faça usar essa varinha; - falou, ao olhar a cara de espanto misturada com descontentamento de Harry. Cho deu dois passos, sacou sua varinha... e apontou para Hermione.
- Você é quem não vai fazer anda, menina. Saia de perto do Harry. – falou.
Silêncio. Draco gemeu entre os dentes, batendo o pé no chão do corredor.
- Aiii... mas é uma merda mesmo! – e apontou a varinha para Cho Chang.
- Abaixe essa varinha, Malfoy! – berrou Harry virando o rosto para ele.
- Você tem problema de surdez?! – berrou Hermione.
Antes que Cho abrisse a boca Draco berrou também.
- Cale a boca todo mundo! Que... que inferno! Parem com isso! Saco! Vamos recolher essas varinhas! Vamos!
Ninguém pareceu colaborar. Mione olhou Cho, que a olhou. Em seguida olharam Draco e Harry, que, parado, não entendia muito bem o que tava acontecendo.
- Anda! É uma ordem de Monitor! – berrou Malfoy, desesperadamente. – mas que bosta... eu vou contar até três, tá bem? Todos nós desceremos as varinhas, ok? Vamos lá. Um... dois... ...três.
Um segundo depois as varinhas baixaram a guarda. Hermione virou para Malfoy, muito descontente.
- Eu devia te lembrar que ainda tenho as regalias de uma Monitora chefe e que, se eu quiser, mando você prum lugar muito indelicado e não obedeço às suas ordens patéticas?
- Neste exato momento, srta Granger – resmungou Malfoy – você é da Sonserina, uma aluna como qualquer outra, que está abaixo de mim, pelo menos na nossa referida casa. E se você não quiser se ferrar também, continue no seu caminho sem arranjar briga.
Hermione e Malfoy ficaram se olhando demoradamente, olhos nos olhos, e não se sabe como um não virou uma porrada no meio da cara do outro, já que o sentimento de você é a escória do universo, seu verme maldito estava na testa de cada um. Ela então respirou fundo, abaixou a cabeça para não olhar Harry e Cho e saiu pisando duro na direção do seu quarto. Acabou trombando com o ombro de Harry, quase jogando ele no chão. Cho ergueu o olhar para Harry ao escutar ele murmurar “...Mione...” enquanto ela ia para o quarto. Draco respirou fundo e passou a mão no cabelo.
- Bom, foram muitas emoções para uma só noite. Da próxima vez, Potter, você não vai ter uma amiguinha para te salvar a pele. – e sorriu sonso, com o dedo indicador na cara - Pelo menos a Hermione eu garanto que não-vai-ser... até. – e voltou pelo corredor.
Harry e Cho ficaram sozinhos. Harry escutou o silêncio e pôs as mãos na cabeça, respirando fundo.
- Meu... Deus... e... agora?... eu... estraguei tudo...
- Estragou não, Harry, disse Cho, eles não vão contar nada.
- Não é isso... – murmurou. – Bem, eu... vou indo, então.
Harry olhou Cho e voltou a sentir piedade de si mesmo. Não podia mesmo ficar ali, com ela? Cho lhe abraçou com os olhos cheios de água na despedida. E Harry teve sua auto piedade abalada ao se lembrar do que havia passado depois da primeira conversa que teve com ela, antes do seu primeiro jogo.
*
Hermione saiu do banho e se jogou de costas na sua grande cama. Ficou com os braços cruzados, e uma inexplicável sensação. A cada coisa que vinha à sua cabeça sentia dor no estômago, a boca amargar e os olhos se marejarem. Harry estava com Cho. Mas eles já não tinham se “desgostado”? Ela não estava com Olívio? Olívio não era amigo de Harry? Harry não havia esquecido Cho? Harry não havia chorado suas mágoas em seus ombros? Harry não... Harry, que inferno! Catou um dos travesseiros e socou na cara, apertando com força. Nisso vem a Murta que Geme, da parede do quarto, aos prantos. Passou deslizando em frente a Hermione.
- Oh, Harry... porque fez isso? Oh Harry, Oh, Har...
Mione deu um salto e ficou sentada na cama, sua mão direita brilhou prateada e VAP- Mione agarrou a Murta como se fosse uma pessoa. A fantasma assustou.
- Murta... a última coisa que eu quero nesse exato momento é ter de escutar o que você tem a gemer sobre o que Harry faz ou deixa de fazer em sua vida conjugal. Portanto, se não se importa... me deixe sozinha.
*
A vida de Harry estava linda. Rony não falava com ele, sequer chegava perto dele. Olívio estava sorridente de volta a Hogwarts, e desfilava ao lado de Cho, sem perceber o meigo par de chifres que carregava no meio da testa, ela apenas o olhava de rabo de olho e Hermione estava tão sociável quanto um trasgo. Ele estava tão feliz...
A noite caiu e ele não estava a fim de falar com ninguém. Pegou a capa de invisibilidade e saiu do castelo, para dar uma volta. Nas margens do lago tirou a capa e começou a andar. Às vezes parava para jogar uma pedra com toda a força que tinha. Estava começando a odiar a si mesmo. Nada estava bom. Não sabia porquê. Tinha sido legal o que passou com Cho, eles não estavam brigados, estava tudo bem. Pelo menos ele tentava pôr isso na cabeça. Ajoelhou e apertou a cabeça com força, tentando tirar os pensamentos ruins de dentro dela. Suspirou e olhou para frente. Viu alguma coisa sentada à beira do lago, do outro lado, próximo da floresta. Era algo grande. Grande e conhecido. Balançava molemente a cauda longa e o olhava. O vento lhe batia no corpo e balançava os pêlos e os longos bigodes. Era o tigre. O mesmo tigre que os salvou em Azkaban. A tal tigreza, que tinha a ninhada de filhotes e que protegia a Espada dos Deuses. Estava ali. Harry ergueu-se sorrindo, e correu até ela. Chegou ofegante.
- Arf... arf... é... você... a tigreza que nos ajudou... o que faz por aqui?...
O tigre permaneceu sereno, olhando Harry, que se sentou. Por um curto espaço de tempo se olharam. Ele se sentiu muito confortável ao lado da garotona. Abaixou a cabeça, triste.
- Estou... muito mal. – disse, mordendo o lábio. – meus melhores amigos não falam comigo, eu não sei o que deu neles. Eu... nunca quis prejudicar ninguém. Agora estou sozinho. Isso é muito ruim. É uma sensação desagradável. Você, que viveu tanto tempo sozinho em Azkaban, deve saber, né?
O tigre o escutava.
- Eu... queria pedir que você ficasse comigo. – o tigre mexeu as orelhas, enquanto Harry continuou – talvez você só esteja de passagem, mas... se eu te reencontrei agora, deve ter uma boa razão para isso... será que você pode ficar, até as coisas se resolverem?
O tigre olhou para o castelo, fungando. Saía vapor de suas grandes narinas, estava frio demais. O bicho voltou a olhar Harry. E se deitou em frente ao garoto. Harry sorriu ao olhar o tigre ali, ao seu lado, deitado, como se esperasse que ele contasse as mágoas. Muito relutante Harry pôs a mão em sua cabeça e afagou.
- Valeu... você é um amigão. Quero dizer... uma amigona.
Harry ainda ficou coçando a cabeça do tigre, que era muito, muito grande, mais parecia um bezerro. Dois tigres seriam pequenos ao seu lado. Seu pelo era deliciosamente macio e confortável, mais parecia veludo. Era quente e confortável, e ele era muito peludo e pelancudo. O que não faltava era pele para apertar. Foi o que Harry fez, agarrou-o pelas grandes bochechas e ficou apertando. Até que falou:
- Oh, você é uma garota, não é mesmo? Preciso batizar você. Hum... deixa eu pensar... quero um nome bonito, que combine com alguém como você. Um nome que só represente coisas boas... ah, já sei. Amicitae.
O tigre fez um ‘grunf’.
- É uma palavra em latim. Quer dizer amizade, simpatia e afeição. Seu nome vai ser esse, você agora é a Amicitae. Bom, eu vou embora. Você promete que vai ficar por aqui? Vou fazer o seguinte, vou voltar aqui dois dias seguidos, antes d meia noite. Entendeu? Se você estiver por aqui, eu te adoto. Em segredo, porque não posso deixar que saibam de você. Pelo menos por enquanto. Tchau.
Harry saiu e deixou o tigre sozinho. O tigre não, a “Amicitae”. E ela era, com certeza, uma das poucas coisas boas que lhe apareciam na vida nesses últimos dias. Pelo menos o garoto dormiu feliz.
*
Também nos arredores da floresta Hermione, com uma espada de treino na mão, desferia golpes repetidamente, sem parar, com força total. Leah veio andando até ela, interessada.
Parou e ficou observando os golpes.
- Mas quantos golpes carregados de raiva, Mione. – falou, tranqüilamente. – confesso que senti sua energia aqui. Veio treinar sozinha na madrugada? Nesse frio? Isso é bom. Você parece... incomodada. Isso esfria a cabeça. Mas vou lhe dizer... seus golpes têm o movimento certo, mas nada além disso.
Mione parou alguns instantes, mas voltou a treinar, fazendo toda a força do mundo.
- Hum... seus golpes estão muito violentos. – Leah foi até uma rocha ao seu lado e se sentou. – você estava tão bem, controlava seus poderes... usava a energia que você tem... agora... não passa de uma trouxa batendo a espada pra lá e pra cá.
Hermione parou, desceu a espada e ficou olhando o chão. Leah ergueu as sobrancelhas, como se resolvesse o mistério.
- Está com raiva de alguém. – Mione ergueu o rosto e a olhou fixamente. Como sabia? Leah sorriu meigamente – está com muita, muita raiva. Ódio, eu diria. Mas não é ódio de uma pessoa. É ódio... de si mesma.
Mione prendeu a respiração e fixou o olhar de vez em Leah, agora sem piscar. Ela lia sua alma?...
- Você está com problemas, problemas que envolvem alguém que você gosta muito. Você devia sentir raiva dessa pessoa. Mas não consegue. – Hermione sentiu o queixo tremer, e não era de frio.- então... você se odeia, por não ser capaz de odiar a outra pessoa. Não estou certa? É, eu sei que estou.
Leah levantou-se e ficou de frente pra Hermione, que não desgrudava os olhos dela.
- Eu sei como se sente, Hermione. Eu sei que é chato.
A professora reparou que o rosto de Hermione mudava de expressão, mesmo com ela lutando contra. Viu os seus olhos brilharem, cheios de água. Mas ela guardava silêncio. Leah continuou:
- Eu também já passei por isso. E, que estranha coincidência... o sobrenome dele era o mesmo. – Mione mordeu os lábios, para segurar o queixo que insistia em querer tremer. Apertou o olhar em Leah, e por mais que lutasse, não conseguiu evitar que as lágrimas começassem a escorrer sem parar. Leah completou o que estava dizendo, tranqüilamente. – Ele também... chamava-se Potter. E eu sei que... o que você está sentindo... dói. Dói muito.
Hermione fez um esforço inimaginário na frente de Leah. Segurou o choro por mais que conseguia. Com o corpo todo tremendo, murmurou entre os dentes:
- Eu... não... consigo parar... elas... não param de escorrer...
Leah deu um doce sorriso. Mas para que a garota não se culpasse mais ainda, Leah pôs a mão em seu ombro, apertando delicadamente.
- Vou lhe dizer uma coisa que aprendi, Hermione. Aconteça o que acontecer, quando você está precisando pôr o que sente pra fora, não tenha medo. Por mais frio e imparcial que você seja, se estiver com vontade de gritar, de xingar, ou de chorar... não tenha medo, vá em frente. Não é vergonha alguma expor os sentimentos... e, acima de tudo, não é vergonha nenhuma ter coração.
Hermione não agüentou, pôs a mãos no rosto e começou a chorar. Leah a abraçou carinhosamente, pondo sua cabeça em seu peito e lhe acariciando a cabeça.
- Vou ser sincera, Hermione – sussurrou- fico muito feliz de ser sua professora, fico muito feliz de ser sua amiga, de conhecer alguém como você. Você é uma garota de ouro, como a muitos anos eu não via. Eu perdi a única pessoa que me fazia acreditar que existam pessoas boas nesse mundo. Mas depois de conhecer você, essa esperança está voltando ao meu coração.
*
Gina seguia Not com o olhar. Ela, sentada de braços cruzados na mesa da Grifinória, enquanto Rony terminava a sobremesa e poucos alunos restavam no salão.
- Not está atrasado... –comentou, seguindo o garoto que se sentava à mesa com os colegas, usando uma camiseta preta com o emblema do Chudley Cannons s laranja no peito, o habitual cabelo azul espetado e o brinco prata na orelha. A título de curiosidade, a preciosa camiseta que ele exibia era presente de Krum, por ser tão bom artilheiro. – Acho que estão se preparando para treinar o resto da tarde... Sonserina deve estar com os nervos em pé tão próximo do jogo que decide se eles vão ou não pra final... será que ele ta nervoso? Ele parece não se importar com nada.
Rony tomou um gole de suco, olhou o menino e olhou a irmã.
- Por acaso você tá a fim dele, é? – perguntou. Gina ergueu as sobrancelhas.
- Eu? A fim dele? Não. Porquê?
- Hum... você tem falado muito nele ultimamente. Além do mais, ele é um artilheiro tão bom, é o melhor do time da casa, como você é a nossa.
- Eu acho que ele joga bem, sim... É diferente dos outros sonserinos. Gosto do estilo dele, mas isso não quer dizer nada, Rony.
- Pra mim você gosta dele.
- Se você acha... – resmungou, sabendo que não ia convencer o irmão do contrário, sendo ou não verdade. Mas, para lhe encher o saco, reparou mais no garoto – mas se bem que você tem sua parte de razão. Nunca tinha reparado, mas olhando direito ele é muito bonitinho. Será que eu consigo fazer amizade com ele?
Rony grunhiu olhando feio pra irmã.
- Foda-se se é bonito ou feio, ele é um sonserino. Não vou deixar você ficar paquerando esses nojentinhos.
Nessa hora Harry chegou, e se sentou meio com medo. Rony voltou a atenção para ataca da sobremesa e sequer olhou Harry. Harry, muito sem jeito, disse um quase imperceptível “Hã... olá...” Gina ergueu as sobrancelhas pra ele, com cara impassível.
- Olá. – e virou para Rony – Ah, sabe do que eu fiquei sabendo, Rony? Não te contei nada ainda... o tal carinha lá que eles chama de Brock, da Sonserina. Já faz uma semana que ele voltou a treinar, lembra que ele se machucou no começo do campeonato? O coitado ainda ficou doente e teve de ir pra casa. Mas ele já voltou e ta treinando com o time. Ele é o apanhador oficial da casa. Ele... é o titular, que vai substituir a Hermione.
Harry e Rony tiveram a mesma reação, espanto.
- Como? – resmungou o ruivo. – Mas... a Hermione já jogou os dois jogos, e... venceu os dois. Quer dizer, pegou o pomo no nosso... porque vão tirá-la do time?
- Lembra? Ela não queria jogar Quadribol, Rony. Ela foi só um “tapa buraco”.
- Isso aí, meus pupilos. – disse Olívio, que chegava no salão, contente. Parou ao lado de Rony, feliz. – O time de verde acaba de desabar. Oh, que presente de Deus. Sem Hermione como apanhadora, eles não serão de nada. Por mais que a garota tivesse má vontade, ela jogava muito melhor que o Brock. Sorte nossa, o campeonato ta no papo. Sem ela ninguém deles tem chance contra Corvinal, e com Harry por perto, Corvinal é freguesa.
- Eu não quero! – protestou Harry. Os Weasley se olharam. Olívio ficou intrigado, enquanto Harry se levantava da cadeira – Não podem trocar os apanhadores da Sonserina! Eu quero jogar contra Hermione de novo!
- Harry, amigo... – disse Olívio – pense bem, não seja tonto. Será fácil ganhar a taça sem a Sonserina no nosso pé.
- Qual vai ser a graça? – brigou Harry – Eu não quero jogar contra Cho na final, eu quero... a Sonserina! Eu quero vencer a Sonserina no meu ultimo ano, quero que a Mione continue no jogo!
Ele parou o protesto e Olívio o olhava espantado. Harry olhou Rony e Gina, que se levantavam da mesa, juntavam as coisas e iam pras aulas. Rony balançou a cabeça.
- Como é que você consegue ser tão imbecil? – e deu as costas.
*
Draco estava sentado na beira do campo de quadribol, no treino da Sonserina, de uniforme. Estava abraçado aos joelhos e pensava. Alguém chegou por trás, se sentou e meteu os pés em sua cabeça, como se fosse um apoio de pé. Ele fez cara de mau amado, mas não tirou os pés da cabeça, só resmungou:
- Tire esses pés imundos da minha cabeça, Granger.
- Está de mau humor? – riu Hermione, sentada numa rocha, de braços cruzados e os pés em cima dele. – Que bicho te mordeu?
- O mesmo que vai arrancar teu fígado se não tirar essa porcaria da minha...
Mione tirou os pés. Em seguida inclinou o corpo para se aproximar dele.
- Escuta aqui, Malfoy. Confidencie pra mim. Porque você fez aquilo naquela noite?
- Hum. Poderia ser mais especifica? Faço muitas coisas em muitas noites... mas não me lembro de tê-las feito com você. Não ainda.
- Estou falando da noite da ronda, seu pintinho que caiu numa lata de óleo. Porque evitou aquela briga toda? Era sua chance de se divertir e ferrar eu e o Harry.
- Ferrar vocês dois? Você ta sonhando, sua sujeitinha de sangue ruim? Eu só evitei aquela briga porque não queria escutar borracha no meu ouvido. Acha que eu sairia por cima da carne seca, eu, um monitor, se arranjar confusão com Harry Potter, uma monitora chefe e uma profissional do quadribol convidada especial de Hogwarts? Se enxerga.
- Aaaaah... então era isso! – falou Mione, como se tudo clareasse na mente. – tem razão, você tem toda a razão. Quem ia se ferrar era você. Rá-rá, que legal.
- Ah, por favor, deboches irônicos só depois das cinco, tudo certo?
- Como quiser, senhor. Mas vamos logo pro treino que o Krum já está esperando.
Ao chegarem no meio da turma, Brock já estava entre os jogadores. Krum puxou Hermione pelo ombro.
- Ah, Herrmione. Você já conhece Brrock, não? Clarro, você quebrrava nosso galho até agorra... bem, ele está de volta.
Mione sorriu educadamente para Brock. Mas notou que o time não estava muito animado. No treino do time –com Mione como espectadora, o time pareceu desanimado, apesar de funcionar legal. Mione, ao lado de krum, acompanhava os movimentos.
- Ele é bom. –falou, olhando Brock, com a mão na testa para tapar o sol.
- É bom mas não é você. – disse Krum, de braços cruzados. Mione tirou a mão da testa e o olhou encabulada.
- Ah... bem.. eu só quebrava galho...
- Você vai fazerr falta pro time. – disse desanimado – de verrdade. Ele é bom, mas você é muito melhorr. Você equilibrra o time. Você dá ânimo parra os garrotos jogarrem.
- Ah, bobagem. Eu sou só uma garota frágil no meio desses homens grandes de sangue puro e famílas tradicionais... pobre de mim...
- Não, não é. O fato de você serr a garrota faz do time um time diferrente, que não só bate como a Sonserrina semprre fez. O talento deles está sendo rreconhecido. Temos arrtilheirros que estão se prreocupando com a qualidade, coisa que não tinha. E você dá esse jogo de cinturra prra eles. Sem você o time não existe.
- Pare com isso, Krum, está me deixando sem jeito. Entrei por obrigação, nunca gostei de jogar quadribol, encaro esse campeonato como mais uma matéria de escola. Não vou sentir falta... eu acho.
- Hum.. esperre o fim do treino. – disse Krum.
O treino acabou e os jogadores desceram. Brock não estava animado, nem os outros. Krum os aplaudiu para animar.
- Está muito legal, pessoal. Vocês continuam assim que serrá fácil chegarr à final. Está muito bom.
Os grandalhões Crabble e Goyle se aproximaram com a habitual cara de tontos, pararam perto de Mione meio desanimados.
- Não está bom não... – falou Goyle, com a voz de quem tá morrendo. Em seguida ele olhou Mione – você não vai... mais jogar, “Hirmionie”?
Mione ergueu as sobrancelhas e abriu a boca sem saber o que dizer.
- Bom, não... eu só substituía o Brock...
- É chato sem você... no time...
- Fica, Hermione – resmungou Crabble. – por favor.
- Sem você sair vai ficar um time só com cuecas, Mione. – sorriu Not – olha só que porcaria.
- Bom, eu.. só... – gaguejou Mione, sem saber o que falar. Krum sorriu e olhou Draco, com cara de mau humor atrás dos jogadores.
- E você, Drraco? É o capitão. Decida. Qual sua decisão?
Draco abriu caminho entre os jogadores e olhou Krum com cara de traseiro sujo. Olhou Mione e voltou a olhá-lo com desprezo. E falou, apontando Mione com a cabeça:
- Não quero outro apanhador pro meu time. Eu quero ela. Não faço questão da presença de uma nojenta sangue ruim, mas adoraria usar a melhor amiga de Potter contra ele mesmo.
Krum sorriu e olhou Mione, que não tinha palavras:
- Bom, Mione... acho que você ainda vai terr que usarr seu uniforrme mais uma vez...
Sem saber o que dizer ela só deu de ombros. “Quem sou eu pra reclamar?”
*
- Eles pediram? Malfoy pediu para você ficar? Tá zoando! – riu Rony, ao escutar da boca de Hermione a novidade. Andavam pelo corredor, conversando após as aulas, só que sem Harry.
- Pois é. Não me pergunte como ou porquê, mas foi isso mesmo. Mas não tenho do que reclamar. Há uma vozinha dentro de mim que diz “humilhe a Cho no jogo, humilhe a Cho no jogo”... heh, sei lá o que é.
- Hum... – resmungou Rony, medindo as palavras – você... ficou sabendo?
- Do que?
- ham.. nada...
- Harry e Cho?
Rony tropeçou.
- Cuidado! – falou Mione. Ele se reergueu.
- Ficou? Isso, mas... como?
- Ah, não vem ao caso.
- É... dá pra acreditar no que o imbecil do Harry fez? Ficar com a Cho, francamente...
- Olha... só não achei legal ele ter feito isso com o Olívio. Tenho pena dele, ele é um cara legal.
- É... foi uma cachorrada dele. Fiquei puto. Logo o Harry, que sempre foi tão íntegro. Íntegro? Ahm... acho que é essa a palavra mesmo.
- Então vocês não se falam por causa disso?
- Ah, é sim. Ele tá de moral baixa comigo. Por enquanto não quero ver a cara dele. Daqui a pouco, quem sabe? E você, Mione? Também não fala mais com ele, né? Foi por isso também?
Mione deu de ombros.
- Pra mim tanto faz. Dane-se que ele beija, leva pra cama ou deixa de levar. A vida é dele, não tenho que meter o nariz nela.
- Nossa... radical você.
- Olha só quem fala. Não fui eu quem deixei de falar com ele não, é ele quem tá fugindo de mim. Acho que pesou no restinho da consciência dele a palhaçada que ele fez comigo naquela noite no lago.
- Hum? Depois do jogo contra a Cho?
- É, a gente querendo dar uma força pra ele, eu fui lá, conversei, ele desabafou, chorou, eu não me importei, deixei ele chorar as mágoas, até emprestei meu ombro, olha que coisa... – murmurou, fingidno de rogada - e depois ele faz isso...
- Ah, é chato.
- Acho que ele deve estar achando que tá escrito “imbecil” aqui, ó, na minha testa.
Mione apontou a testa, Rony pôs a mão na cabeça dela e puxou a franja pro lado, olhando se tinha mesmo.
- Olha, se tem eu não vejo. Será que a cicatriz dele tem visão além do alcance? – Mione bateu na mão de Rony, que riu. – Brincadeirinha. Mas de qualquer jeito acho que o “gelo” que ele levou da gente tá de bom tamanho. Se ele resolver falar comigo de novo, acho que vou fingir que esqueci. Se ele não fizer outra cagada dessa, claro. E você?
- Eu? Ah, não sei. Sei lá, ele que venha falar comigo, não fui eu quem aprontei coisa errada. Talvez se ele se ajoelhar e beijar meus pés eu penso no caso.
Rony deu um soco de leve no ombro de Hermione.
- Ah-rá!... essa é a Hermione Granger que conheço! A neurótica psicopata de alta periculosidade! Cuidado com essa mulher! AI!
Mione virou a pasta de livros no meio da cara de Rony, que perdeu o equilíbrio, pondo a mão no nariz dolorido e trombando com uma coluna. Tiveram de chegar atrasados na aula, porque Mione ficou dois minutos rindo sem parar, enquanto Rony massageava o nariz vermelho.
*
- Pensando na morte da bezerra, Harry? – perguntou Sirius, se aproximando do afilhado, que estava debruçado num corredor vazio do castelo, observando as escadas se mexer.
- Ham.. não é nada de muito sério, Sirius – falou, desanimado. – Só estou... pensando nos meus... amigos.
- Ah, vocês não estão numa boa fase, né? – falou, encostando ao lado do afilhado – Toda amizade tem isso.
- Ah, eles foram muito babacas comigo, se quer saber. Brigaram por uma coisa muito idiota, não precisavam fazer tanto alarde.
- Tem certeza? – perguntou. Harry ergueu o olhar para ele. – já vi Rony brigar por coisa idiota, Mione também... mas os dois ao mesmo tempo... nunca tive a bênção de achar um ponto em que os dois concordassem em alguma coisa...
- Pois achou. Os dois estão fazendo papel de tontos, se quer saber. Mas estou sentindo falta deles. Estou sozinho. Só tenho a companhia da Amicitae.
- Ah, o tal tigre, né? Você comentou comigo... ela ainda está aqui? Que bom então.
- Mas às vezes eu penso que ela faz companhia pra mim... mas no fundo concorda com os outros. É muito chato isso. Ninguém me dá razão nessa droga.
Harry e Sirius ficaram em silêncio. Sirius olhou o teto e suspirou:
- Quando eu treinava para ser um Auror Supremo... a gente tinha um mestre... que era um grande bruxo. Ele era o Longbotton, pai do Neville. O cara era jovem, mas já era um grande bruxo. Ele tinha muito a nos ensinar em relação à vida. Ele nos ensinou as “etiquetas” de um Auror Supremo, entre elas nos ensinou a degustar um bom vinho. Todos nós aprendemos a gostar de beber com ele. O vinho é uma bebida sagrada para vários povos da antiguidade, era o néctar dos deuses. Longbotton nos ensionou que, o sol esquentando a terra com seus raios, as nuvens desenhando no céu azul, as estrelas brilhando na noite, as flores enfeitando os campos, essas coisinhas bobas e simples que têm no mundo... eram motivos de sobra para o vinho ser extremamente saboroso. Mas ele dizia que, se mesmo com tudo isso, o gosto do vinho não fosse bom, era sinal de havia algo de errado dentro de você. Não do lado de fora.
Harry ergueu o olhar. Sirius continuou.
- Pense nisso, para não perder coisas preciosas, como o prazer de degustar um bom vinho. E boa noite.
Sirius saiu e deixou Harry pensativo. Alguns minutos depois e ele saiu correndo em direção ao retrato da mulher gorda. Entrou e viu que Rony estava na sala, de pijama, pelejando com as tarefas. Voltou até seu malão.
- Ah, que raio... – resmungava, coçando a cabeça com a pena na boca. – que falta faz a Hermione na minha vida. Como é que a Minerva quer que eu saiba quantos...
Uma série de pergaminhos apareceu à sua frente. Era Harry, lhe entregando as tarefas. O menino deu um acanhado sorriso pra Rony.
- E aí? Com... problemas?
- Dá pra perceber? – resmungou.
- Esses dias... eu fiquei sem fazer nada e fiz todas as tarefas... você... pode escolher. Ou copia... ou então... eu posso... te ajudar.
- Hum. Jura? – Rony tirou a pena da boca e apoiou a cara na mão, desdenhoso. – e quem precisa de ajuda de alguém como você?
- Bom... – Harry ficou extremamente sem jeito, olhando para Rony. Queria mandar ele enfiar os pergaminhos num certo lugar, mas o amigo riu e esticou a mão.
- Estúpido imbecil. Potter, você sabe que é um perdedor. Vamos, me ajude aqui, seu babaca. Me ajude a fazer essa droga. Ajudar, se Hermione descobre que eu copiei, ela me estrangula.
*
O dia seguinte amanheceu chovendo, mas não frio. Com o horário do treino vago, Harry escapuliu e ficou a tarde toda brincando com Amicitae na beira do lago, mesmo debaixo da chuva. Era estranho, Harry ensopado jogava um galho longe para o tigre, que corria, buscava e trazia, como um cachorro. A cada vez que ela entregava o galho ganhava uma apertada na bochecha. Até com ela já tinha voltado às boas. Agora, só faltava Hermione. Mas a cada vez que ele pensava que tinha que falar com ela o estômago gelava. Ele não parecia estar disposto a isso...
- Ei, gata. – falou puxando as bochechas de Amicitae no meio da chuva – eu preciso conversar com Hermione. O que eu devo fazer?
Harry se ajoelhou e o tigre ficou com o queixo na altura de sua testa. Ela se sentou também, na sua frente. Harry puxou as bochechas dela com força, e falava alto, porque a chuva fazia muito barulho.
- Hermione é minha melhor amiga, você sabe. E eu não estou bem com ela. A vida toda ela sempre cuidou de mim, sempre se preocupou comigo. Quando Cho veio pra cá, eu fiquei meio mal. Foi Mione quem me ajudou. Teve paciência e levantou meu ânimo. Nunca imaginei que ela fizesse o que fiz com ela. E agora eu vejo que não retribuí, eu fui e fiquei com a Cho. Conheço, ela deve estar chateada, e não vai me escutar. Tem a cabeça dura. Mas com razão, eu fui idiota e a fiz se sentir mais mal ainda, eu acho. Você tem alguma dica pra mim?
O tigre o ficou olhando em silêncio. Harry suspirou e continuou, ajoelhado no chão e as mãos no chão.
- Por favor, me dá uma luz, menina. Não quero perder a amizade com Hermione. No começou eu achei ela chata sim, ela era muito mandona, extremamente irritante com o vício de estudo e a boa conduta. Mas ela melhorou isso, e virou minha melhor amiga. Agora nós estamos separados, e eu quero voltar atrás, não quero perdê-la, como já perdi pra Sonserina. Eu gosto muito dela.
O tigre o olhou com as sobrancelhas (?) erguidas. Harry esperava uma resposta.
- O que eu devo fazer? – perguntou. Amicitae esticou a cara e lhe deu uma babada e longa lambida, do queixo até a ponta do nariz. Harry murmurou e lhe deu um tapinha na cara – Blearg, que nojo! Eu não vou fazer isso com ela, sua coisa peluda!
O tigre sorriu.(!) Harry limpou a boca e cuspia.
- Eca, que... ergh... agradeço a tentativa de conselho, mas não foi muito... argh... válida. Vou indo. Ah, nojento...
Harry se levantou, foi para o castelo. Amicitae ainda o olhou um tempo, antes de correr para a floresta e sair da vista de alguém que estivesse nas redondezas.
Já no castelo Harry saiu do banheiro do primeiro andar ainda pingando, mas estava preocupado em ter de limpar a cara da lambida. Andava de cabeça baixa, passando a manga da blusa na boca quando escutou passos de alguém que também vinha pingando de outro lugar do castelo. Ergueu o olhar e viu quem era. Era Hermione, também ensopada, com o uniforme de Quadribol todo grudado no corpo, só que sem a grande capa. Parecia que ela tinha entrado na piscina e saído. Harry parou e ficou olhando pra cara dela espantado, extremamente sem jeito de vê-la daquele jeito. Mione vez um olhar de desinteresse, como quem diz “nunca viu?” Harry coçou a nuca sem saber o que falar, apesar da boca já estar aberta. Mione balançou a cabeça provavelmente pensando “Que mané” e foi na direção das escadas, passando ao lado de Harry. Ao pôr o pé no primeiro degrau, Harry correu até ela.
- He... Hermione! – chamou. Mione foi dar o segundo passo quando Harry a puxou pela mão. Ela virou e o olhou, querendo saber qual era a dele. Harry respirou fundo – Eu... Preciso conversar com você. Agora.
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N.A 1: Essa EdD está sem betagem, logo, perdoem os erros de português, estou apenas jogando os capítulos no site. Como, por exemplo, eu, a 'narradora', chamar a Hermione de Mione. Mione deveria estar apenas nas falas dos personagens mais próximos (Harry, Rny, etc), ams a preguiça fala mais alto. =P
N.A 2: Se você quiser aocmpanhar a fic pelo fanfiction.net, você pode visitar os ite da fic e de lá ir para os links direto. Aliás, no site da fic você encontra muitas outras coisas, como as arts que fiz:
www.mmassafera.com.br/edd/
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