Capítulo 8
Gabriel estava certo em uma coisa.O estado de choque que o desaparecimento de James tinha provocado em Marisa tirou-lhe as chances que poderiam existir de uma definição dos sentimentos que existiam entre eles.
O sumiço de James tinha abalado toda a estabilidade que ela tinha adquirido nos dois últimos anos.Sua autoconfiança e força de vontade tinham sido apagadas numa fração de segundos,tornando-a perturbada e insegura,a beira de uma crise nervosa.
UM choque sério pode causar regressão,principalmente se a pessoa tem problemas de insegurança,se não tem autoconfiança.
Marisa foi arrastada as cegas ao passado.Gabriel não tinha tido oportunidade de observar as alterações que ocorreram nela durante os dois anos em que tiveram separados.
Quem lhe tinha ressurgido pela frente era a mesma garota silenciosa e pálida com quem ele havia se casado.
Se a tivesse encontrado antes de James desaparecer,teria visto uma garota diferente.Marisa nunca tinha sido exuberante ou extrovertida,mas a vinda de James,o amor que sentia por ele,tinham lhe infundido uma confiança que seu desaparecimento havia consumido.Marisa aprendera a sorrir, a relaxar-se,a olhar para o mundo e a estar aberta para ele.
James tinha sido seu passaporte para a vida.Bastava tê-lo a seu lado para que as pessoas sorrissem para ela,lhe falassem com facilidade além de ele lhe facilitar a entrada numa série de lugares com seus gritinhos e simpatia.A principio,não foi muito fácil.Tinha sido uma luta árdua falar com estranhos,sorrir com alegria,bater papo,mas aprendeu tudo isso pouco a pouco e com muita paciência.
Ficava tão ocupada com o trabalho e a casa,que seus dias voavam,mantendo seu espírito sempre vivo e ativo.
Agora que James estava de volta novamente,sentia-se muito mais madura e estava começando a relaxar-se.
Sabia que ainda tinha medos e incertezas,principalmente quando se lembrava do que tinha acontecido,mas a cada vez que isso acontecia,bastava-lhe olhar para James para se sentir segura novamente.
Assim mesmo,ainda não se sentia capaz de resolver nada sobre seu casamento.Como poderia deixar que Gabriel a forçasse a ter uma relação física se ela nem sabia a quantas andava emocionalmente?
Queria caminhar lentamente,passo a passo,para não mergulhar numa torrente de paixão como havia acontecido da primeira vez.
Podia perder toda sua autoconfiança e tornar-se uma imbecil emocionalmente,mais uma vez.Mas não deixaria que ele fizesse isso com ela.
Dessa vez ela é quem tomaria as decisões,quem criaria as situações.Gabriel teria que aprender a ter paciência.
Com a aproximação do Natal,ela se viu arrumando a casa,ocupando-se dessas coisas de um jeito que nunca havia feito antes.No ano anterior,ela limitou-se a comprar uma árvore minúscula,alguns presentes,o necessário para uma pequena ceia,mas esse ano a sra.Dudley estava resolvida a envolvê-la na preparação de festejos dignos de alguém na posição de Gabriel.
A maior parte das coisas necessárias á festa já tinha sido arrumada e planejada há algum tempo.
A secretária de Gabriel já tinha enviado uma montanha de cartões de Natal,entre os quais se incluíam cartões pessoais para os amigos.Já tinha também comprado os presentes,exceto os dos amigos mais próximos,dos quais Gabriel se ocupava pessoalmente.
A sra.Dudley também já tomara todas as providências,mas insistia em consultar Marisa sobre eventuais alterações que ela quisesse fazer.
Gabriel tinha parentes espalhados pelo país inteiro e que no Natal,costumavam hospedar-se em sua casa.Esse ano,eram esperados em massa,devido principalmente a volta de Marisa e o surgimento de um herdeiro.
- Posso cancelar tudo isso.Você quer?Mando telegramas me desculpando. - Gabriel estava frio,indiferente.
Marisa hesitou.Gostaria de dizer que sim.Não queria encontrar esses parentes.Já conhecia alguns e sabia que a opinião que tinham sobre ela não era melhor que a dos amigos de Gabriel.
Por outro lado,eram parentes próximos e não podia interferir no que tinha sido combinado meses atrás.
- Não,deixe que venham.
- Tem certeza que vai agüentar? Pensei que os achava afetados e cansativos.
- São isso nos seus dias bons.Nos outros,me deixam louca! Mas,como tudo já tinha sido combinado,agora é um pouco tarde para mudar.Não quero fazer nada disso.Não tenho nenhum direito de lhe pedir isso.
- Você tem todos os direitos.É minha esposa.
- É a sua família.
- Uma família que só vejo raramente e sem muita vontade.Você está certa sobre eles....são tudo que você disse e ainda mais.Não vou chorar se eles nunca mais aparecerem por aqui.
- Deve haver algo neles que lhe agrade,senão não os teria convidado para virem aqui.
- Convidado? - Ele achou a maior graça. - Eles sempre se convidam.Me intimam a dar uma recepção de Natal para reunir a família.Essa casa é bastante grande, e dá para acomodá-los,apesar de parecerem sardinhas.Eu é que não agüento,Marisa preferia cancelar.Fora o fato de não querer perturbar você novamente.Posso dispensar esse bando de piranhas.
Ela relaxou levemente,sorrindo.Sentia-se melhor ao saber que Gabriel não ligava para a família dele,assim como ela.
- Não.Deixe como está.São apenas três dias.
- Três dias podem parecer uma eternidade. - Gabriel passou a mão pelos cabelos. - Será que vamos resistir?
Marisa olhou para ele atentamente e meio preocupada.Algo na voz dele a incomodava.Será que Gabriel também sentia o que os membros da família iam dize quando chegassem,como olhariam para ela,como a receberiam?
- E os presentes de James? - Gabriel parecia mais animado. - O que vamos dar para ele?
- Comprei para ele um caminhão para brincar na areia e uma caixa de pequenos tijolos de madeira.
Gabriel a olhava divertido.
- Só isso? Podemos dar mais coisas.
- Não,não podemos.
- Não podemos?
- James não precisa ter centenas de brinquedos.Não quero estragá-lo.Dois presentes são suficientes.Ele não vai ligar para nada se ganhar muitas coisas.Ainda não consegue se concentrar muito tempo num brinquedo.
-Eu me rendo,senhora. - Gabriel falou,ironicamente.
Marisa sentiu-se enrubescer.
- Sinto muito,não quis criar caso,mas...
- Mas tem princípios rígidos sobre o que é ou não é bom para James.
- É verdade.
Gabriel olhou para ela com um sorriso divertido.
- Não posso ao menos comprar-lhe um presentinho meu? - Havia uma provocação em seus olhos enquanto a observava.
Ela sorriu ao perceber isso.
- Sinto muito,Gabriel.É claro que pode,mas nada de....
- Muito extravagante! Não, não vou fazer loucuras.Não quero estragá-lo também.
- É tão fácil fazer isso...o que não o deixaria mais feliz,enchê-lo de brinquedos só serviria para entediá-lo mais depressa. - falou compenetrada, olhando-o com ar de súplica.
Ele acariciou-lhe o rosto com os dedos,chegando a tocar o canto de sua boca.Sentiu sua pele sensível e estremeceu.
- Quando você defende James,pode se tornar até perigosa,sabia disso? Seus olhos azuis faíscam e você fica tão empertigada quanto uma professora de ginástica.Uma senhora assustadora! Não gostaria de enfrentá-la.
Marisa afastou-se,sorrindo.Temia essa conversa ou qualquer coisa no gênero.Sabia que um dia seria impossível evitá-la.Se ela e James ficassem,Gabriel teria que aceitar que nada mudaria na maneira de ela educar o menino.Desde o momento que levou-o da maternidade, tinha estabelecido uma rotina tranqüila e cheia de amor para James.Sabia muito bem o que queria para ele...tudo que ela jamais teve: amor,segurança,proteção,cuidado e disciplina.As crianças são como plantas.Precisam ser cultivadas em solo firme,recebendo alimento e calor,uma atenção constante mas sem sufocamento.É preciso também que percebam a alegria que estão proporcionando.
O fato de Gabriel poder dar a James muito mais do que ela,em sentido material, não significava nada comparado com a única coisa que ela sempre deu e sempre daria.As crianças podem muito bem viver sem roupas chiques e brinquedos caros,mas não podem viver sem amor.Em última analise, é a única coisa que importa.De certa forma,isso os tornava iguais,já que James podia lhe devolver o amor que ela lhe oferecia.O amor os tornava cúmplices,pertencentes ao mesmo circulo familiar.Se Gabriel quisesse fazer parte desse circulo,teria que aceitar os regulamentos que ela e James haviam estabelecido.
A família de Gabriel começou a chegar na véspera do Natal.Seus carros enfileiravam-se diante da porta e deles saíam inúmeros passageiros.
Marisa e Gabriel davam as boas-vindas juntos.Ela usava um vestido de lã vermelha para levantar-lhe a moral.As cores a afetavam bastante.Sentia-se mais feliz quando usava esse vestido.Sentia que o Natal já tinha começado e Gabriel parecia aprová-la também.
- Você parece uma cotovia - brincou com ela,examinando-a atentamente.
Costumava provocá-la cada vez mais freqüentemente.Seus olhos lhe faziam convites velados sem,no entanto,ultrapassar o limite que tinha sido estabelecido.
Gabriel não a deixava esquecer que ele aguardava um sinal dela,mas não cometia o erro de avançar novamente o sinal.
Enquanto cumprimentava as visitas,Marisa percebeu que uma batalha a esperava.Muita delicadeza,muita educação,muitos sorrisos e palavras doces,mas sentia que a família Radley não estava muito entusiasmada.Ela não tinha certeza de como eles reagiriam mas, com certeza,haveria hostilidade.
- Que idade você disse que a criança tem?
Marisa virou-se para sorrir para a senhora elegante e grisalha que tinha feito a pergunta,sem perceber a intenção que havia por trás.
- Dezoito meses.
- Verdade ? - Silvia Crowley arqueou as sobrancelhas,sorriu e torceu a boca sem nenhum calor.Marisa percebeu que as outras se olharam.Aquele silêncio,aqueles olhos fizeram um comentário mudo que correu a sala.
Fuzilava de raiva,quando percebeu o que havia.Eles suspeitavam que James não fosse filho de Gabriel.
Nada tinha sido dito,naturalmente.Eram muito espertos para isso.Alias,sempre foram muito inteligentes para ela.Como uma moça tímida e simples de dezenove anos poderia se relacionar com mulheres ultra-sofisticadas e vividas? Respondia aos olhares maliciosos gaguejando e enrubescendo.Mas ela não era mais aquela adolescente tola e calada.Agora era uma mulher,cuja criança estava sendo usada como uma arma contra ela.
Sem dar a perceber o que sentia,sorriu de volta para a prima de Gabriel.Nunca tinha gostado de Silvia.Ela parecia um gato,mas suas garras não a atingiriam dessa vez.
- É tão bom ter uma festa de família no Natal,não é meu querido? - apoiou-se no marido,que lhe sorriu,divertido.
- É maravilhoso.Alias,você vai ver meu filho depois,Silvia: todos dizem que ele se parece comigo...não creio que seja motivo de lisonja.Toda vez que me aproximo dele,ele me ataca.Acho que tem tendências homicidas!.
O rosto de Silvia não se alterou,mas ela recebeu o recado.Os outros também.Gabriel estava resolvendo a questão de uma vez por todas.
Não deveria mais haver nenhuma outra suspeita ou insinuação de que James não fosse filho dele.
- Mal consigo esperar a hora de vê-lo. - Silvia adiantou-se.- Não é fácil perceber com quem ele se parece,nessa idade.
Gabriel semicerrou os olhos para encará-la.irritado.Era surpreendente que Silvia continuasse com suas insinuações maldosas.Talvez ela se divertisse em causar tanto mal-estar.Apesar de ser hóspede de Gabriel.
- De qualquer forma,ele não se parece com Marisa.James é robusto,um verdadeiro Radley, de corpo e alma.
Houve risos.Gabriel também estava disfarçando tudo com sorrisos,mas todos sabiam que ele declarara guerra e a maioria dos presentes colocou-se do lado dele,apesar de não gostarem muito de Marisa.Aquele casamento não se encaixava num clã tão poderoso.Mais o mais poderoso entre eles era Gabriel e seu rosto avisava-os de que dessa vez eles deveriam sorrir e agüentar.
Marisa tinha voltado para ficar, e James seria o novo herdeiro dos milhões dos Radley.
- Que negócio terrível esse seqüestro! Deve ter sido um tormento para vocês.
- Ficamos horrorizados quando lemos sobre o caso nos jornais.Queríamos telefonar para dizer quanto estávamos ansiosos e desesperados,mas pensamos que era melhor não ligar.Talvez vocês precisassem manter as linhas livres.
- Como você deve ter ficado desesperada,minha querida.
Rodeavam Marisa,distribuindo sorrisos de comiseração,falando de James com carinho,admirando seu vestido e comentando a alegria de ter uma criança em casa nessa época do ano.Ela ouvia,sorridente,atenciosa com todos,sem gostar de ninguém em particular.Eram todos iguais,as mulheres empetecadas e muito bem vestidas,os homens suaves e gentis, de vozes moduladas e falsas e sorrisos de plástico.Muitos deles tinham levado seus filhos.Disseram-lhe como era maravilhoso ter um novo primo e que James ia gostar de ter uma família grande.
- Oh, ele vai se divertir muito - Gabriel concordou - Mas seria bom que eles usassem armaduras.O que James mais deseja é virar as pessoas pelo avesso para saber como funcionam.Acho que vai ser cirurgião.
Dudley circulava com uma bandeja,servindo diversas bebidas,sempre com um sorriso suave.Ele gostava dessas reuniões e já tinha comentado isso com Marisa.
- Gosto da casa cheia de visitas,sra.Radley.
Ela lhe disse que esperava que ele não ficasse sobrecarregado de trabalho,mas ele a tinha tranqüilizado e a casa estava ainda mais bonita e mais bem cuidada do que habitualmente.Dudley tinha feito uma faxina geral,limpando toda a casa com cuidado para quando a família chegasse.
Quando o mordomo passou por ela,seus olhos se encontraram e ela percebeu que ele piscou.Surpresa,ela olhou novamente e o rosto de Dudley estava impassível como de costume.Teria sido verdade? Mas ele já tinha se afastado e ela ficou em dúvida.
Gabriel passou o braço ao redor de sua cintura e puxou-a para si.
- Rodney perguntou se já inscrevemos James...
- Inscrevemos? - ela não entendeu.
- No colégio. - Rodney explicou - Faça isso agora,não deixe para depois.Nunca é muito cedo.Precisa reservar logo o lugar. - Ele era um homem quarentão,rosado,os olhos azuis estranhamente arregalados. - Todos fazemos isso.
Gabriel sorriu para Marisa.
- Então também temos que pensar sobre isso,não é querida?
Marisa sentiu o aconchego quente daquela mão sobre seu corpo,dando-lhe confiança e calor.
- É verdade,querido. - respondeu,ligeiramente irônica.Gabriel provocava Marisa porque sabia que agindo assim com essa turma de parentes hostis seria mais fácil livrar-se de situações embaraçosas.
Sua atitude possessiva,os sorrisos trocados entre eles,tudo era intencional para demonstrar que Marisa estava fora do alcance de suas maldades ou insinuações.
Gabriel tinha entendido o mal que todos haviam causado a ela no primeiro ano de casamento e dessa vez estava decidido a não permitir que isso se repetisse.
Ela preferia ter passado o Natal só entre os três,mas depois raciocinou que talvez fosse melhor enfrentar logo esse problema,antes que a família se encarregasse de destruí-la novamente.Eles tinham sido um dos fatores do fracasso de seu casamento,no inicio.Se não conseguisse lidar emocionalmente com eles,não saberia lidar também com seus sentimentos em relação a Gabriel.O casamento era muito mais do que um simples relacionamento entre um homem e uma mulher.Teria que se tornar parte daquela família e se não pudesse agüenta-los,o casamento estaria comprometido.
Quando se vestia para o jantar,ficou se examinando no espelho.Sua pele era extremamente pálida e ainda parecia bastante jovem para Gabriel,apesar de sentir-se bem mais amadurecida agora.
James tinha contribuído para isso.Tinha uma responsabilidade maior para com ele,tendo que lutar pelos direitos e felicidade de ambos e estava preparada para enfrentar o mundo inteiro por seu marido,se fosse preciso.Ouviu um ligeiro bater na porta e Gabriel entrou,ficando surpreso com o quadro.Ela correu para pegar o robe que estava sobre a cama.
Ele fechou a porta,mantendo o olhar fixo nela enquanto ela vestia o robe,amarrando-o rapidamente na cintura.
- Meu Deus,como você está linda. - Foi até ela com o rosto corado e um sorriso nos lábios.
- Você deveria estar se vestindo para o jantar. - Estava vestido apenas com um robe de banho branco,os pés descalços,como se tivesse acabado de sair do chuveiro.
Ele deslizou os braços ao redor da cintura de Marisa,segurando-a fortemente contra ele,fitando-a dentro dos olhos.
- Só queria lhe falar uma coisa. - murmurou,olhando-a de perto.- mas me fugiu completamente. - Inclinou-se e afastou a gola de renda para poder beijar-lhe o pescoço. - Há muito tempo que não a via assim.Você continua tão pequena,Marisa.Não sei por que você me perturba tanto,mas o fato é que o sangue me sobe quando vejo você nesses trajes.
Ela tentou afastá-lo,apesar de sentir-se eletrizada ao contato com a pele dele.
- Não podemos nos atrasar para o jantar.Temos que esperar o pessoal lá embaixo.
- Para o inferno todos eles. - murmurou,passando os lábios pelo pescoço macio e branco de Marisa.
- Gabriel...
- Sim... - Olhou-a zombeteiramente.Depois começou a beijá-la arrebatadoramente,com força,enquanto suas mãos exploravam o corpo dela. - Marisa...diga que você me quer.Acho que vou enlouquecer,não vou agüentar esperar muito mais.Sou de carne e osso e não consigo suportar mais.
O corpo todo de Marisa tremia e queimava,numa excitação crescente.Seus olhos azuis olhavam para ele,querendo-o dando sua própria resposta.
Com um suspiro abafado e um meio-sorriso,ela protestou.
- Agora não,Gabriel,pelo amor de Deus.
- Oh, céus...- Fechou os olhos. - Gostaria de poder enxotar a turma toda agora mesmo.Vou ter que ser educado,conversar,mas por dentro estarei pensando só em uma coisa...
-Você vai ter que pensar em mais alguma coisa,não vai?
-Bruxinha.Acho que você está gostando disso,está se divertindo.Está me provocando deliberadamente! Será que é castigo,Marisa? É sua vingança por eu ter apressado você da primeira vez?
Ela baixou os olhos, sorrindo.
- Se você não for se vestir,vai ficar atrasado.
- Você é uma capetinha que sabe me atormentar...tudo bem,eu vou.
Antes de sair,virou-se para ela.
- Você acha que conseguiu aprender a ignorar minha família? Eles não estão aborrecendo você,estão? Alias,achei que está se saindo muito bem.
- Não sou apaixonada por eles,mas dessa vez eles não vão fazer de mim o que quiserem.
- Já tinha percebido isso.Silvia é um lixo.Não ligue para ela.
- Se ela insinuar mais uma vez que James não é seu filho,não sei o que faço.
- É surpreendente!
- O quê? - olhou para ele,pronta a reagir se ele dissesse algo que não lhe agradasse.
- Que diferença James provocou em você.Fica linda zangada.Quando você envelhecer,vai ser uma parada.Fisicamente,você é bonita,acho até que foi isso que me deixou apaixonado por você,mas posso imaginá-la cada vez mais bonita com o passar dos anos.Algumas mulheres ganham beleza com a idade,outras perdem.
Marisa sorriu sarcasticamente para ele.
- Vá se vestir,Gabriel - Não queria que ele a elogiasse,sentia-se ridícula.sabia que não era e nunca seria bonita,muito magra,muito ossuda e sua boca,muito grande.Estava longe de ter a beleza que ele cantava.
- Você não me acredita,não é? Sou mais perspicaz que a maioria dos homens.Assim que a vi,percebi o que você viria a ser.Lembre-se,fui o primeiro a lhe dizer isso.
Ele saiu e ela voltou a examinar-se no espelho.Estava totalmente surpresa pelo que lhe tinha dito.Devia estar louco ou então,cego.Sempre ouviu dizer que o amor era cego,mas isso já era demais.Ele não podia achá-la bonita.Afastou-se do espelho com um muxoxo.Não era possível.Gabriel devia ter falado sem acreditar numa palavra do que havia dito.
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