A família dela



Capítulo 10 – A família dela


-- Dez anos atrás –


24 de dezembro, n’A Toca.


Chloe sentou-se no colo de seu pai com um sorriso angelical, as mãozinhas com luvas de tricô cor de rosa, feitas pela senhora Weasley, juntas.


-Papai – mais um sorriso arrasador. Hermione, ao lado de Harry, lançou um olhar inquiridor em direção à filha, o tom de Chloe todo melindrado causando suspeitas facilmente.


O homem sorriu de lado. – O que foi, nena?


-Já sou uma mocinha, né? - Harry assentiu, lançando um olhar a Hermione. – Então... Como uma mocinha, eu não deveria participar da ceia de meia noite? – indagou entre ponderativa e expectante.


As crianças comiam mais cedo, às oito. Enquanto os adultos, como na tradição, esperavam até a meia-noite para cear.


Harry meneou a cabeça. – Você sabe que não, querida – disse, acariciando seus cabelos. – Além disso – ele sorriu quase zombeteiro. – Papai Noel não poderá aparecer, até que esteja na cama, aquecidinha e dormindo profundamente – Hermione riu suavemente, Papai Noel era uma espécie de piada particular entre os três Potter’s.


-Papai Noel não existe – a moreninha disse, revirando os olhos.


-Chloe... – Hermione chamou, em tom de aviso.


A menina fitou a mãe envergonhada e suspirou assentindo. Ok, então nada de falar sobre papai Noel numa casa entupida de crianças, a não ser pra dizer o quanto estava ansiosa para vê-lo, mesmo que você saiba que ele não existe e só é um personagem literário e comercial...


-Então qual a vantagem de ser uma mocinha? – ela resmungou baixinho, olhando para as próprias mãos.


-Meu amor, dê tempo ao tempo.


Chloe fez beicinho, mas assentiu “bancando a forte”.


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Aconteceu tão rapidamente que nem Hermione, ou mesmo Harry, pôde fazer qualquer coisa a não ser menear a cabeça em choque.


Os olhos dos gêmeos Weasley, agora, lagrimejavam de tanto rir, eles balançavam para frente e para trás sem poder cortar as gargalhadas. A senhora Weasley os repreendia, pois não tinha certeza de como agir. Ginny enviara a maioria das crianças para a cozinha o mais rapidamente que pode, e tentara distraí-las. As outras mães correram para acudi-la.


De pé, Harry cingia Hermione pela cintura para que esta não avançasse contra Ron, e a morena segurava firmemente o Anthony no colo, tentando acalmá-lo.


O menininho ainda estava agitado e não pretendia se calar até que todos o ouvissem. Ele segurava o rosto da mãe entre suas mãozinhas, a fitando com olhos muito grandes. – Mas, mom, papai Noel não existe! Não existe.


-Shhh – Hermione pediu carinhosamente, embalando-o. – Eu sei, meu amor, eu sei – Ela lançou um olhar mortífero a Ron, que se encolheu.


--


[Flash-back]


Era a vez de Ron ser o papai Noel. Esse fora o problema.


As crianças estavam muito excitadas ao verem papai Noel trazendo presentes para todos. Tudo estava muito bem... Até que Anthony decidiu que, na verdade, seria o melhor presente ter o gorro do papai Noel de recordação. Até mesmo Chloe iria ficar impressionada, ele considerou, e sorriu contente.


Então, Anthony havia escalado o bom velhinho e havia puxado seu gorro, mas mal pôde exclamar vitorioso, pois, confuso, viu quando a peruca e a barba do Papai Noel vieram juntos com o gorro.


Pequena observação que simplesmente fazia Hermione Potter mortalmente perigosa: O que não teria ocorrido se Ron tivesse ingerido a poção que ela sempre preparava – que o deixava por umas 8 horas com cabelos e grande barba branca, além de peso adicional.


Ginny, que conseguira distrair as crianças antes que elas vissem o que Anthony vira, viu seu plano cair por terra sob o tempo de Anthony tomar ar: - Papai Noel não existe. O papai Noel não existe – ele gritou. – É o tio Ron!


Naturalmente, todas as crianças, que felizmente estavam indo pra cozinha, estacaram e se voltaram para observar a cena. Chloe, por instinto, tampara os olhos de Cathy e Daniel – os mais novos; e que estavam mais próximos a ela - imediatamente.


Houve silêncio, por um segundo, enquanto as crianças prendiam a respiração em choque.


[Fim do flashback]


Jorge Weasley ainda retirava lágrimas imaginárias dos olhos ao recordar a cena que quase o fizera convulsionar de tanto rir.


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----- (SQN) -----


Só por um instante, à porta d’A toca, Harry Potter pensou que teria, pelo menos naquele lugar, um dia normal, como faz algum tempo – quase um mês - não o tinha.


Obviamente que estava enganado.


O clima pesado do lugar atingindo-o com facilidade. Como se não bastasse a notícia de Hermione. Sua viagem inesperada.


Seus planos para um dia “normal”, indo por água a baixo.


[-- Flash-back --]


Harry a fitou intrigado, mas a morena continuou. – Então eu aceitei a missão, estarei partindo amanhã bem cedo e, com sorte, volto em algumas semanas – ela o encarou por um instante e acrescentou, ao reparar no ar incrédulo dele: - Certamente antes das crianças retornaram a Hogwarts.


O homem suspirou e se afastou sem dizer nada. Ela poderia dizer que Harry ficara muito desconcertado. Entendia o porquê. Em época de férias das crianças, eles sempre costumavam recusar missões fora da cidade ou mais longas para estar pertinho de seus filhos.


Mas ela precisava clarear seus objetivos. Algo relacionado a: 1- o que fazer quando descobrir quem está com Harry; 2- o que fazer com esta criatura; 3- o que fazer com Harry, mais precisamente: o que fazer ao seu casamento.


Obviamente, era apenas questão de tempo descobrir quem estava a fazendo de tola.


--


A verdade é que ele estava para além do frustrado. E se ela não chegasse há tempo?


Bem, teria de alterar seus planos. Harry suspirou tratando de repassar mentalmente o que provavelmente teria que alterar.


--


Seus filhos tiveram reações distintas: Chloe abriu a boca e a fitou com se acabasse de receber a notícia mais bestificante do mundo, Tony fitava Harry e a ela em desconcerto. E Marcus e Cathy apenas franziram a testa.


[-- Fim do Flash-back --]


Então, como se não bastasse, o circo estava armado n’A Toca.


-Deus! Que bom que chegaram – Gina disse lhes lançando um olhar aliviado.


-Qual é o problema?


A ruiva virou os olhos:


- O que mais senão Ron? Harry, por favor, pode pedir para seu amigo deixar de ser um infantil? Eu sei que é difícil pra ele, mas eu quero um domingo em paz.


-Qual é o problema?


-Sou eu – Draco disse lançando-lhe um olhar pouco a vontade.


Para seu crédito, Harry levou apenas um segundo para se recuperar do choque de estar presenciando a cena mais... inimaginável em muito tempo.


-Está bem... Estou um pouco perdido. Gina, meu amor?


-Convidei Draco – “Draco”, o moreno ergueu a sobrancelha. - Para vir. Eu nunca pensei que ele realmente aparecesse – Gina comentou como se isto explicasse toda a situação.


-Como pode convidar alguém esperando, deduzindo, que este alguém não venha? – Draco indagou com sarcasmos.


Gina voltou-se para o loiro. – Pensei que estivesse de ironia ao dizer que viria. Em nome de Merlim, não era um convite a sério! Pensei que você fosse suficientemente inteligente para perceber.


Draco a fitou como se não a enxergasse. – Você é uma criatura absurda, Ginny. Completamente absurda.


Ela postou as mãos na cintura. – O que quer dizer?


Ele se inclinou para ela, de olhos estreitos: - Apenas no seu mundo um convite não quer dizer um convite.


-Seu idiota, eu avisei que todos os meus parentes estariam aqui!


-E qual é o problema?! – ele gritou de volta.


Harry observava a cena quase que como uma estátua de mármore. Tentando assimilar aquele pressentimento estranho: ele estava vendo um casal. Um casal muito estranho, é verdade. Mas inegavelmente um casal.


-Você parece querer sempre ser perfeita e inabalável, mas ainda assim temendo que descubram tudo, escondendo de todo mundo um segredinho sujo.


Ela estava preparada para um insulto, não para aquilo. Gina tomou ar, perdendo a fala e, devagar, meneou a cabeça:


-Você não é meu segredo sujo.


Draco desviou o olhar e respirou fundo pra se acalmar, colocou as mãos no bolso e deu de ombros:


-Tantos faz, estou indo embora.


Gina tocou com os dedos a testa e fechou os olhos antes de chamá-lo. Por que ela simplesmente não deixava ele ir, descomplicando sua vida? Provavelmente, ele sumiria do seu mapa. Deus, isso a aterrorizava.


-Eu não quero que você vá - Draco ergueu a sobrancelha. E ela fez um som de exasperação, estendendo a mão para o homem. – Eu não vou implorar, ou pedir mais uma vez. Você ouviu da primeira.


Draco parecia estar considerando seriamente ao observar a mão da mulher a sua frente. Mas Gina, ao momento, demonstrava uma paciência tão angelical que ele, por fim, aceitou sua mão. Obviamente, ele queria a última palavra:


-Mulher, você é mesmo pretensiosa.


Gina sorriu quebrando a distância entre eles e tocou sua boca na dele, brevemente. Ela não queria causar um ataque cardíaco em nenhum de seus irmãos. Não ainda.


Ron, ao momento, observava a cena com Lilá praticamente atrelada ao seu braço. Fitando o casal com indisfarçável desgosto.


-Ron?


O ruivo observou a esposa de cenho franzindo, voltou-se para Harry e resmungou um “não posso falar”. Lilá sorriu diabolicamente para os amigos, apertando o marido de leve, “bom menino”, dissera.


-Tudo bem pra você, Ron?


-Gina, não o provoque. Ele vai se comportar a partir de agora. – Lilá comentou numa risada divertida, antes de espalmar um sonoro beijo na bochecha do ruivo que, de dentes cerrados, lançava um olhar fulminante para a irmã e para o cunha... cunh- (Ele não ia dizer aquela palavra para aquela pessoa), e para o Malfoy que, ele tinha certeza, o fitava com zombaria. Assim que Lilá lhe desse uma folga, bem, ele socaria o maldito. Pra começar.


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(continua)


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