Atitude com sérias consequênci



Capítulo 8 – Atitude com sérias conseqüências


- Gineviéve Molly Weasley, é de coração e por livre e espontânea vontade que aceita se casar com Harry James Potter? – Perguntara o padre.

- Sim! – Respondera Gina, com um sorriso enorme que teria a capacidade de derreter até uma geleira. E olhava constantemente para Harry, que mantinha uma face indecifrável, neutra, desde que chegara. Nunca havia direcionado um olhar sequer à ruiva.

- E você, Harry James Potter? É de coração e por livre e espontânea vontade que aceita se casar com Gineviéve Molly Weasley? – Perguntara o padre, agora se direcionando a Harry. Ele respondera frigidamente:

- Não.

Várias exclamações de surpresa, sussurros e burburinhos se seguiram após a resposta negativa do noivo a uma pergunta a qual, todos pensavam, ele daria uma resposta positiva. O que havia ocorrido para Harry dizer um “não” à garota que ele dizia ser extremamente apaixonado? Gina não acreditara no que acabara de ouvir da boca de seu amado; se ele não queria se casar com ela, por que havia chegado até ali, no altar, juntamente com ela? Para humilhá-la? Fazê-la sofrer? E extremamente confusa com aquela atitude, perguntou a Harry com os olhos cheios d’água:

- Harry, por que... Por que ‘cê tá fazendo isso comigo? Me diz que é uma brincadeira, pelo amor de Deus!

- Eu não estou brincando, Gina. Nunca falei tão sério em toda a minha vida. Eu percebi que não posso ficar ao seu lado... Eu não posso mais. – Respondeu Harry. Seus olhos estavam sem brilho, opacos, com um tom de verde-petróleo. Aquele era o olhar de quando Harry ficava triste, lembrara Gina. Ela, achando aquela resposta muito vazia e tarde demais para ser dada, retrucou:

- Então por que ficou comigo todo esse tempo? Por que continuou vivendo uma mentira ao meu lado nesses anos todos? Por que está me fazendo passar por essa situação degradante? POR QUÊ?

Gina berrara a última palavra. Sentia-se um lixo no momento. Por dentro, ela parecia estar completamente destruída. Sua vontade era desferir um enorme tapa na cara de Harry, mas hesitou fazê-lo. Descarregar sua raiva nele e daquele modo não era de seu feitio, muito menos o mais correto a se fazer no momento. Ela simplesmente mirou mais uma vez a face do moreno e jogou o buquê de lírios nas mãos dele, dizendo-lhe:

- Eu poderia ter feito você o homem mais feliz e realizado deste mundo, sabia!? Me entreguei completamente a você e agora tudo o que fiz por ti é jogado ao léu! Quer saber: Vá embora, me deixe em paz e nunca mais fale comigo! NUNCA MAIS!

Ele observava e ouvira tudo o que ela dissera atentamente, porém continuou com a expressão indecifrável; e então, andou a caminho da porta da Igreja, mas antes de sair da mesma, o moreno gritara, surpreendendo-a e surpreendendo a todos, também:

- E o mais engraçado disso tudo é que, apesar d’eu ter feito tudo isso, você nunca, jamais deixará de me amar! Mesmo eu tendo te humilhado dessa forma, você ainda me ama, Gina Weasley. Vou continuar na sua vida, por mais que você não queira que isso aconteça! Escreva o que te digo!

E após escutar estas palavras, Gina virou-se lentamente e mirou Harry de um modo penetrante, e o moreno direcionou-lhe o mesmo olhar a ela. Olhos nos olhos, o castanho incrivelmente misturado com o verde, ainda que os olhares fossem distantes; e Gina foi lentamente em direção à porta da Igreja, onde Harry estava parado. Todos os presentes estavam atentos a todos os movimentos deles e bestificados com o que acontecia. Os irmãos Weasley não se agüentavam e estavam loucos para desferirem socos em Harry, mas algo impedia todos eles, inclusive Arthur e Molly, de fazerem algo em defesa da filha. E Harry simplesmente dissera a Gina:

- Adeus. – e deu-lhe um beijo casto e rápido na boca da ruiva que, apesar de estar com uma vontade imensa de chorar ou de bater em Harry, não o fazia, pois as únicas forças que lhe restavam ela utilizava para se manter de pé (algo que, para ela, era impossível no momento). Não queria demonstrar o quão fragilizada estava por causa daquilo. E não sabia como havia permitido este ato de “despedida” de Harry. Mas logo acabou e ela, perturbada com a atitude dele e olhando bem no fundo naqueles belos olhos verdes, afirmara triunfante:

- Você me ama, Harry. Vejo isso nos seus olhos, e isso é algo que você não pode esconder ou disfarçar de mim. Então, porque não volta pr’aquele altar e se casa comigo de uma vez, ao invés de me fazer sofrer? – Ele ficara assustado com o que ela acabara de falar. Como explicar o que estava se passando?

- Há uma força maior que me impede, Gina. É difícil de entender, até mesmo para mim. Seja feliz. Ao meu lado, você nunca será. Nunca. É melhor assim. – E foi embora.



- Não... Não, Harry... Você não pode me deixar... Não agora... Volta Harry... Harry... HARRY! – Falara Gina, assustada e muito nervosa com o pesadelo que acabara de ter. Era somente um dos muitos pesadelos que lhe assolavam a mente quase toda noite. Levantou-se sobressaltada por causa do sonho horrível e sentiu um friozinho percorrer seu belo corpo; olhando pela janela de seu quarto, percebera que o próprio dia estava frio, devido às nuvens negras formadas no céu e a sua janela embaçada.

Após colocar um robe e calçar umas pantufas que ela usava quando era adolescente, desceu lentamente as escadas de sua casa. A madeira rangia à medida que Gina descia a escadaria e, até chegar no último degrau, um braço puxou-a pela cintura para um canto escuro da casa, assustando-a e muito. Gritou, mas a mão esquerda da pessoa tapava-lhe a boca e abafou o grito. Até que a pessoa soltou a ruiva lentamente e cochichou-lhe aos ouvidos numa voz divertida:

- Pronta para um grande dia, cheio de surpresas, maninha? Acho que não, ficou assustada com uma brincadeirinha do irmão favorito!

- Fred, da próxima vez que você fizer isso, eu juro que irá se arrepender, ouviu bem!? Que susto! – Falou Gina, tentando parecer séria, mas não conseguiu e acabou caindo na gargalhada junto com seu irmão, que a abraçou:

- Ah, maninha... E pensar que daqui a poucos instantes, você vai estar casada com Harry Potter... O famoso e amado Harry Potter... Só agora estou notando o quanto você cresceu e que não é mais aquela menininha com quem eu vivia correndo pela casa! – Falara Fred, puxando Gina para sentar-se no seu colo, em uma velha poltrona da sala.

- E pensar que é você quem está falando isso! Todo sério... – Brincou Gina.

- É, sou eu mesmo... Sei que eu e o Jorge vivemos fazendo palhaçadas e maluquices, mas eu queria que soubesse que, de todos os irmãos, você e o Jorge são os que mais têm afinidades comigo. São meus irmãos prediletos. Amo vocês dois.

- Você também, Fred. Eu te aprecio porque você me aprecia. – E dizendo isso ao irmão, deu um beijo em sua bochecha. Ele, por sua vez, deu um beijo na testa dela e falara:

- Antes de você acordar, eu tinha preparado um café. Vai querer?

- E eu sou louca de negar um café seu? É melhor até que o da mamãe! – E Gina, juntamente com Fred, foi à cozinha preparar uma caneca de café com leite; Gina adorava tomar uma caneca cheia de café com leite, morno e levemente adocicada. Fred sabia desses pequenos gostos e costumes de Gina como ninguém e os fazia somente para agradá-la.

Ela, ao ver a enorme caneca, não se fez de rogada e passou a sorver grandes goles do conteúdo existente. Fred simplesmente a olhava fazer isso; para ele, aqueles gestos que ela havia feito lembravam a infância dela. Sempre ativa, esperta e curiosa, mas que se mostrava extremamente esfomeada ao ver uma comida de seu agrado. Engraçado como Gina tinha a capacidade de possuir dentro de si o espírito de menina e de mulher ao mesmo tempo, pensara Fred. E olhando o relógio, perguntou à irmã:

- E para uma noiva, acordou cedo demais, não acha? São 5: 15 da manhã! Ansiosidade demais ou...

- Ou...? – Ajudara Gina.

- Pesadelo?

- Você me conhece mesmo, não é? É, foi pesadelo, sim. – Afirmara a ruiva, que passou de uma noiva alegre à triste num piscar de olhos. Fred, preocupado, perguntou:

- E eu... Posso saber do que se tratava?

- Do casamento. Sonhei que Harry iria me rejeitar na frente de todo mundo, na Igreja.

- Ora, era esse o pesadelo, Gi? Se eu fosse você, nem me preocuparia com isso. Harry sempre foi louco por você. É óbvio que ele te ama! Duvido que ele faça uma coisa dessas contigo. Só se ficasse maluco de perder um partidão como você e de quebra, ainda receber uma surra de toda a família Weasley! – Comentara Fred, divertido, animando a sua irmã:

- Sabe, Fred, às vezes me pergunto se você realmente existe! Só você pra me conhecer tão bem e ainda por cima me fazer ficar animada! – E abraçou novamente o irmão, que ria abertamente:

- Acho melhor a gente parar de rir, daqui a pouco o pessoal acorda com a barulheira que a gente tá fazendo...

- Ok, maninho... Ah, Fred, ‘cê sabe que dia o Rony volta daquela viagem de trabalho? – Perguntara Gina ao irmão, sorvendo o último gole da enorme caneca de café com leite.

- Daqui a uma semana ele tá de volta... A Irlanda é longe, você sabe... Sem contar que aquela doninha do Malfoy nunca gostou dele, talvez este seja um dos motivos pra mandá-lo numa viagem longa de trabalho a poucos dias do seu casamento! – Dissera Fred num tom levemente irritado, fato que chamou a atenção da sua irmã:

- Fred, não fala assim! Draco mudou muito nesses últimos tempos, se você quer saber...

- Ah, não, Gi, não venha defender aquele intragável do... Ei, espera um pouquinho aí: Draco? Como assim, “Draco”? Você nunca o chamou pelo primeiro nome, aliás, nenhum de nós nunca o chamou assim... Anda, Gina, conta logo o que tá acontecendo! – Mandara Fred, agora visivelmente irritado com o que acabara de escutar da boca dela. E Gina, por sua vez, explicou tudo o que havia ocorrido entre ela e Malfoy, enquanto Fred ficava mais zangado e intrigado:

- Gi, ‘cê não acha estranho o Malfoy aparecer assim, sem mais nem menos, e querer ser seu “amigo” a todo custo? Faltando pouco tempo pro seu casamento com o Harry? E mais estranho ainda todos esses seus pesadelos e acontecimentos inusitados estarem acontecendo depois que ele passou a se aproximar?

- Que acontecimentos inusitados, Fred? – indagara Gina, desconfiada daqueles questionamentos de seu irmão.

- Ué, o acidente de Harry, o adiamento da cerimônia, essa viagem inesperada de Rony que ele mesmo organizou alguns dias antes de seu casamento... Ou isso é algo muito comum de se acontecer?

- Mas eu não falava com ele antes do acidente de Harry...

- Entenda Gina! Com o acidente, o casamento foi adiado pra um mês, sendo que ele iria ocorrer dali a uma semana! E durante esse tempo, Malfoy conquistou a sua amizade, se aproximou de você... Entende o que quero dizer?

- Tou entendendo aonde você chegar, Fred... Mas, ainda assim, não acho que haja segundas intenções nas atitudes do Draco! Sabe, ele sempre foi um garoto muito solitário, maltratado, desprezado... Ele só quer uma chance pra mostrar que é uma pessoa legal! – Dissera Gina, tentando convencer inutilmente Fred.

- Olha Gina, ainda é muito cedo pra dizer qualquer coisa, mas tenha certeza: Malfoy pode ser tudo, menos uma pessoa legal. Saiba disso. Talvez seja paranóia minha, talvez eu esteja certo, mas não é bom você dar tanto crédito assim pra ele. Vai se arrepender se o fizer. – E Gina, vendo a enorme preocupação de seu irmão para com ela, abraçou-o fortemente:

- Brigada, maninho, mas não precisa se preocupar tanto assim. Já sei me cuidar muito bem... Até já amarro os meus cadarços! – E os dois passaram a rir alto, quando vozes vindas de cima da escada perguntaram animadamente:

- Ah, também queremos saber a piada! – Falaram o resto da família Weasley, que agora desciam as escadas e parabenizavam Gina pelo casamento que iria ocorrer dali a pouco. Como Fred dissera, aquele seria um grande dia, cheio de surpresas...


Jardim da Mansão dos Malfoy, 8: 30h da manhã, faltando meia hora para o casamento...


Draco trajava um belíssimo terno Armani e calçava um impecável mocassim; seu cabelo, muito bem penteado para trás como fazia antigamente, dava-lhe um ar esnobe. Estava prestes a entrar no seu Jaguar preto quando delicadas mãos femininas envolveram-lhe os olhos; a dona das mãos também lhe fez uma pergunta com uma voz muito provocante:

- Adivinha quem é, Draquinho...

- Deixa de gracinhas e diga logo o que você quer, Pansy. – Respondera Draco friamente e tirando as mãos da garota de seus olhos.

- Acordou de ovo virado, foi? – Perguntara novamente Pansy, com uma vozinha irritante e apertando delicadamente a bochecha esquerda de Draco. Este lhe respondeu secamente:

- A única garota que eu amei durante toda a minha vida e que ainda amo está prestes a se casar com o meu maior inimigo hoje, daqui a meia hora. E eu ainda fui convidado pra assistir a esta palhaçada. Queria que eu estivesse como? Soltando fogos de artifício?

- Até que não seria má idéia... Você sabe muito bem que eu odeio a fêmea Weasley, principalmente porque você sempre deu bola pra aquelazinha, e nunca pra mim. Mas pensei que o casamento não fosse acontecer... O Draco que eu conheço sempre tem uma carta na manga! – Comentara Pansy, ajeitando a gravata de Draco, que parecia estar irritado com aquilo:

- Mais respeito quando falar de Gina, garota. Você nem chega aos pés dela, ao menos!

- Nossa, que mal-humor... Não precisa esculachar, também! Mas, e aí, tem ou não tem algum plano?

- Como você disse, eu sempre tenho uma carta na manga. O casamento não irá acontecer, pode confiar em mim.

- Eu sabia que você não ia me decepcionar. Apesar de eu querer muito que esse casamento acontecesse, tenho motivos bem maiores para que seja o contrário...

- É, é muito ruim quando o seu emprego depende disso... Principalmente quando é um emprego medíocre, mas o único que você tem e que pode te sustentar... Não é, Pansy? – Comentara Draco com um sorrisinho provocador no rosto, achando graça da situação nada boa de sua ex-namorada.

- Ria, ria enquanto pode, Draco... Bem, pelo menos você irá cumprir o combinado... Se bem que, mesmo que eu não tivesse te proposto isso, você iria interromper esse casamento de todo jeito! – Falara Pansy cruzando os braços, demonstrando estar decepcionada, mas satisfeita ao mesmo tempo.

- Pelo menos seu emprego como colunista daquela revistinha barata de fofoca ainda está garantido... E olha que eu te arranjei uma manchete e tanto! Dá até pra imaginar o que vai estar escrito na primeira capa: “O trágico desfecho do Casal-perfeição”. Daria uma ótima matéria e uma ótima vendagem, acredito.

- Daria não, vai dar. Com o seu apoio e o meu cargo como colunista social, a vida amorosa de Harry e Gina acabará num instante... Mas, me diga Draquinho: como você vai fazer para que a cerimônia não aconteça? – Dissera Pansy, envolvendo o pescoço de Draco com seus longos braços. Ele, não suportando aquilo, afastou-a, dizendo:

- Surpresa... Espere e verá, minha cara. Olha, é melhor nos apressarmos. Enquanto perdemos tempo conversando sobre o futuro, o casamento frustrado de Harry e Gina vai acontecer em instantes. E eu não quero perder nada! Vamos? – Convidara Draco, estendendo o braço para Pansy.

- Não vai nem dizer que eu estou bonita, elegante, ou coisa do tipo, Draquinho? – Perguntara Pansy com a sua voz irritante. Draco simplesmente olhou-a de cima a baixo com um sorrisinho arrogante na boca. Ela usava um vestido preto um tanto quanto vulgar e chamativo. Calçava um Prada preto, última moda. A maquiagem pesada, mas extremamente provocante, dava o toque final. Ele simplesmente soltara uma gargalhada e falara divertido:

- Você vai ou não vai, hein?

- Já devia imaginar a resposta... Tudo bem, eu vou. – E os dois entraram no Jaguar rapidamente e logo chegaram à Igreja que estava muito movimentada e cheia de gente famosa, jornalistas, fotógrafos e tudo o mais. Todos queriam ver o belíssimo casamento do Casal-perfeição que, graças às duas aves de mau-agouro, nem iria começar, mas teria um desfecho. Um trágico desfecho.


* * * * * * * *


Todos já se encontravam impacientes com a demora do casamento. Sabiam que a noiva sempre se atrasava numa cerimônia, mas o noivo se atrasar (e muito) era a primeira vez. Os irmãos Weasley já estavam no altar, muito bem trajados e à espera do início do casamento.

Gui, ainda com seu rabo de cavalo muito bem aparado, estava ao lado de sua mulher, Fleur, e da filhinha deles de 3 anos, Victoria; Carlinhos estava sozinho, mas chamava atenção de muitas mulheres na Igreja; Percy, com um terno muito bem engomado, também estava ao lado de sua mulher, Penélope; dos gêmeos, somente um estava ali, que era Jorge e que, curiosamente, havia se encontrado com Angelina (uma antiga colega de Hogwarts) ali e desde então os dois não se desgrudaram. A madrinha do casamento, Luna, encontrava-se ao lado de seu namorado e novo padrinho, Neville (devido à viagem de trabalho inesperada do verdadeiro padrinho, Rony), esperando impacientemente ao lado dos irmãos Weasley.

Já Gina encontrava-se nervosíssima na sacristia da Igreja. Estavam maquiando-a, já passava das 10: 00h e Harry, até o momento, não havia chegado à Igreja, muito menos dado um sinal de vida, sequer. O quê estaria acontecendo pra Harry nem ter mandado notícias sobre seu atraso? Não agüentando mais aquela espera sem fim e a demora proposital da maquiadora ao pintar seu rosto (sendo que ela já estava muito bem maquiada), irritou-se e levantou da cadeira, passando a andar de um lado pro outro nervosamente:

- Já tou cheia de esperar, já tou cheia dessa maquiagem que não acaba nunca, já tou cheia de vocês ficarem me enganando, já tou cheia dessa demora do Harry, já tou cheia de tudo! Esse casamento vai ou não vai acontecer, hein?

- Calma, minha filha! Daqui a pouco Fred aparece com o Harry, não se preocupe! – Tentava Molly inutilmente tranqüilizar a filha.

- E se o Fred não aparecer com o Harry, mãe? O que eu faço? – Falava Gina, quase que desesperada com esta possibilidade.

- Gina, minha filha, se acalme! Pensamento positivo, lembra? Harry não vai te abandonar, confia em mim. – Afirmara com tranqüilidade Arthur Weasley, pai de Gina.

- Será, pai?

- É sim, minha filha. Harry vai aparecer, logo, logo. Então, trate de se recompor, porque não fica muito bem uma noiva de maquiagem borrada e de cara fechada, ok? – Confortara o Sr. Arthur, abraçando a filha que agora esboçava um pequeno sorriso. Mas quase que na mesma hora o sorriso se desfez, porque ela começou a ouvir a voz de Fred no microfone:

- Em primeiro lugar, um bom dia a todos e agradeço por terem vindo assistir e prestigiar o casamento de minha irmã, Gina. Mas tenho uma notícia de extrema importância e gravidade para dar a todos vocês e... Espero que compreendam. É que...

- O que você tem para anunciar de tão importante assim Fred? Vamos, diga! – Gritou Gina, aparecendo inesperadamente e desesperada. Fred lançou um olhar repreensivo aos pais, que retribuíram o olhar, querendo dizer que não conseguiram controlá-la. Ele, então, tentou acalmá-la:

- Gina, acho melhor você ir pra casa... Chegando lá eu te explico tudo com calma e melhor, ok?

- Por que tenho de ir pra casa? Não vai mais ter casamento, é isso? Vamos, diga logo! Eu quero saber de tudo, aqui e já! – Gritou novamente Gina, cruzando os braços e batendo o pé nervosamente no chão do altar. Todos os presentes estavam impressionados com a atitude decidida da bela noiva e curiosos com o que iria ser anunciado. Somente Draco e Pansy, que faziam de tudo pra não serem notados, já sabiam a notícia que iria ser dada:

- Tudo bem! Eu tentei te poupar, mas você não quis... Agora agüenta! Não vai mais haver casamento algum. – Falara Fred, seguramente, porém triste.

- Como assim, “Não vai mais haver casamento algum”? Aconteceu alguma coisa com o Harry, foi isso? Ele tá doente? Se acidentou de novo? Oh, Fred, diga qualquer coisa, pelo amor de Deus! O que aconteceu com o Harry? – Gina passara a gritar de novo. Estava nervosa, muito irritadiça e, agora, muito preocupada.

- Não, Gina. Harry não está doente, muito menos se acidentou. Pelo contrário. Ele... Ele fugiu. – Anunciara Fred, olhando bem fundo nos olhos da irmã. Ele podia ver no fundo dos olhos castanhos dela uma mescla de sentimentos e, entre eles, estava a surpresa. Aliás, todos os presentes ficaram surpresos com a notícia, soltando burburinhos e exclamações.

- Fred... Re-repete o que... O que você disse. Eu... Eu ainda não consegui assimilar muito... Muito bem a idéia. O Harry o quê!? – Gaguejara Gina, nervosamente. Suas mãos tremiam e suas pernas tremiam; ela mal conseguia se manter em pé, quanto mais segurar o buquê de lírios que havia acabado de cair de suas mãos. Não queria acreditar no que havia sido acabado de ser pronunciado da boca de irmão:

- Gina, sei que é difícil de acreditar, mas... Harry fugiu! Sumiu, desapareceu, foi embora! Fui no apartamento dele e acabei de descobrir, através do porteiro, que ele viajou hoje de manhã, bem cedo, pro Canadá. E, pelo visto, não irá voltar tão cedo. Sinto muito, Gi!

Gina, ao terminar de ouvir isto, esbugalhou os olhos de uma forma impressionante e colocou a mão direita no peito, como se algo a estivesse sufocando. Ela, com a boca aberta, sugava o ar a sua volta como se o mesmo estivesse lhe faltando. Foi quando a família Weasley percebeu o que era: asma! Gina estava tendo uma forte crise asmática, como há muito tempo não tinha. Carlinhos passou a pedir ajuda em toda a Igreja:

- Tem algum médico aqui, minha irmã está com uma forte crise asmática! Precisa de atendimento médico urgente! Por favor, precisamos de ajuda! – E ao ouvir isso, Draco eliminou o sorriso arrogante de seu rosto e correu em direção ao altar, assim como muita gente:

- Com licença, com licença, onde está Gina...? Gina! – Berrava Draco, afastando grosseiramente as pessoas para poder passar e ver a sua amada. E ao mirá-la ajoelhada, muito pálida e com falta de ar, correu em sua direção e abraçou-a, chamando a atenção de todos:

- O quê essa doninha tá fazendo por aqui? Aliás, o que ele tá fazendo perto da minha irmã? – Falaram irritadamente e ao mesmo tempo Percy e Jorge Weasley, que já iam afastá-lo de Gina quando Fred apareceu:

- Isso não é hora, muito menos o momento pra brigarmos! Gina o convidou pra cerimônia e não podemos perder tempo quando o que ela mais precisa é sair dessa crise! Vamos agir! – Mas antes que eles pudessem fazer qualquer coisa, Gina desmaiara. A falta de ar lhe fez perder os sentidos de uma forma atroz. Afinal, desde o 5 anos ela nunca tinha tido uma crise tão forte de asma. E a única coisa que conseguiu balbuciar rapidamente fora um nome. Um único nome: “Harry”.


* * * * * * * *


- Coitada! Tão jovem, tão linda, tão adorável... E é abandonada no altar! – Comentava um.

- E o pior é que ela realmente o amava! Vejam só como ela ficou depois de saber que ele fugiu! – Respondeu outra.

- O que será que deu no noivo pra fazer isso? Ele não vivia dizendo ser apaixonado por ela? – Indagou outro, curioso.

- Vai saber! Mas que foi burrice dele, isso foi! Encontrar uma mulher como essa é difícil, hoje em dia. Mas perder, isso sim é difícil! – Retrucou um rapaz.

- E ela, será que tá bem? É muito triste vê-la nessa situação... Como ela vai conseguir superar tudo isso? – Indagava novamente a mesma pessoa.

- Não sei. Ela é muito forte, mas uma notícia dessas, nenhuma pessoa gostaria de receber. Principalmente num dos dias que deveria ser o mais feliz de sua vida.

- É só darmos tempo ao tempo. O tempo é um dos melhores remédios para este tipo de mal. Se bem que... É muito triste saber que o casal-perfeição não existe mais. – Comentou, decepcionado, um velho bastante rico.

- Realmente... Mas, como nada é perfeito, uma hora isso tinha de acabar. O “pra sempre” sempre acaba. Sempre. – Finalizou outro, também decepcionado. Todos estavam condoídos com a situação de Gina. Jornalistas e fotógrafos queriam a todo custo registrar o momento frustrante para os Weasley e entrevistar alguém da família. Pansy não estava nesse meio porque o que ela mais queria já havia conseguido; portanto, quando Gina passou a ter a crise asmática, ela simplesmente saiu da Igreja, muito contente com a matéria que havia arranjado.

E enquanto toda essa agitação acontecia, Gina continuava desmaiada e nenhum médico chegava ou qualquer tipo de ajuda. Foi quando Draco, ainda com Gina em seu colo, tirou um pequeno frasco do bolso de seu paletó e, abrindo-o,colocou perto do nariz de Gina. Protestos dos Weasley vieram:

- O que é isso que você está colocando perto de minha filha, rapaz? – Perguntou Sr. Arthur, preocupado.

- Sândalo. A fragrância desse perfume poderá despertar o olfato dela e, consequentemente, o resto dos sentidos. – Respondera calmamente Draco, que segurava o frasco do perfume e, dali a poucos segundos, todos perceberam o resultado daquela atitude do rapaz; Gina passou a tossir levemente e abriu os olhos vagarosamente. A primeira visão que ela possuiu foi dos olhos cinzentos de Draco lhe olhando ternamente, no que ele lhe perguntou, acariciando a face da ruiva:

- Como se sente?

Gina não sabia o que sentia. Era tanta coisa junta, tantas sensações e sentimentos vindos ao mesmo tempo... Tanta coisa a se pensar! Mas o que ela não conseguiria no momento era pensar, raciocinar. A única coisa em que ela realmente conseguia pensar era em Harry e no que ele havia feito. Atordoada e meio tonta devido ao desmaio e à falta de ar que sofrera, levantou-se meio cambaleante. Olhou pra todos à sua volta como se fossem estranhos e, inesperadamente, saiu correndo da enorme Igreja a caminho da Avenida, que estava cheia de repórteres, câmeras fotográficas e filmadoras, e fãs seus. Faziam mil perguntas, mas ela não respondia a nenhuma. Afastando a todo mundo, parou na calçada e chamou um táxi que logo parou para levá-la:

- Vem cá, você não deveria estar casando agora, não? – Perguntou o taxista, achando estranho uma noiva estar chamando um táxi, sozinha.

- Deveria. Mas na falta do noivo, o melhor a se fazer é sair daqui. Pra qualquer lugar. Então, me leve pra qualquer lugar longe daqui, por favor! – Retrucou Gina, com uma voz embargada, muito triste e fragilizada. Entrou no táxi e ainda exigiu:

- Ande o mais rápido que puder. – Gina, no momento, até havia se esquecido de seus traumas. O taxista, ainda estranhando tudo isso, arrancou a toda velocidade:

- Você é Gina Weasley, não é? Aquela jogadora famosa de futebol... Já assisti a muitos jogos seus! – Comentara o taxista, tentando puxar assunto. Mas Gina ficou calada, olhando o movimento através da janela. Ele, novamente, tentou conversar:

- Mas, vem cá, quer dizer que você ia se casar hoje com aquele... Aquele rapaz que sobreviveu naquele incêndio há muitos anos atrás, como é mesmo o nome dele... Ah, me lembrei: Harry Potter! O que aconteceu pra ele ter faltado no dia do casamento de vocês?

- Sinceramente, eu não sei. Pra falar a verdade, ele fugiu. – Respondera Gina, agora olhando para o taxista que fez uma cara muito triste:

- Nossa, eu... Eu sinto muito. Me desculpe a inconveniência, mas eu nunca pensei que alguém pudesse fazer uma maldade dessas... Principalmente com uma moça como você... E olha que no meu trabalho eu já vi de tudo um pouco! – Falara o taxista, desconcertado. Era um homem de seus 40 e tantos anos, robusto, cabelos castanhos um pouco grisalhos e que estava com a barba por fazer. Os olhos eram verdes, como os de Harry, observara Gina:

- Não precisa se desculpar... Muito menos sinta alguma coisa... Eu mesma nem sei se sinto algo, agora. – Falara Gina, esboçando um sorriso amarelo, desses em que você percebe que é um sorriso dado por educação. A tristeza no rosto dela era notável. O taxista, vendo que o melhor para ela, naquele momento, era o silêncio, ficou calado e continuou andando o mais rápido que podia pelas ruas de Londres. Até que Gina finalmente falara, quebrando o silêncio:

- Me leve pra casa. Eu vou dizendo onde fica, o trajeto é longo. – E Gina passou a indicar os caminhos que o taxista teria de percorrer. Até que finalmente chegaram e Gina lhe pediu para esperar ali. O taxista obedeceu ao pedido e a esperou, enquanto ela se embrenhava num bosque pertinho dali, cheio de árvores e plantas.


 Coldplay - the hardest part (Paginas da VIda)



Gina, após andar um pouquinho, chegou aonde queria. Era um enorme gramado, onde existia um lago em que se encontravam ao redor dele enormes pinheiros e castanheiras. Era o seu recanto, aonde sempre, desde criança, ia para esquecer-se dos problemas. E andou em direção a castanheira, onde notou uma gravura marcada no grosso tronco de sua árvore. Era um enorme coração, e nele estava gravado: “H.P. e G. W. Amor eterno”. E chorou. Chorou ao ver aquilo e lembrar-se de que havia sido Harry quem colocara aquela mensagem. Lembrou-se também que ele dissera que aquilo era para ela nunca se esquecer do amor deles, que iria perdurar a vida toda; e que ele era verdadeiro quando dizia que a amava.

And the hardest part
E a pior parte
Was letting go not taking part
Foi deixar ir, não tomar uma atitude
Was the hardest part
Foi a pior parte

And the strangest thing
E a coisa mais estranha
was waiting for that bell to ring
Foi esperar te lembrar alguma coisa
It was the strangest start
Esse foi o inicio mais estranho

“Para eu nunca me esquecer do nosso amor... Pelo visto, foi ele quem se esqueceu...”, pensara Gina, chorando mais e mais. Sua maquiagem já estava toda borrada e, para completar, sentou-se no gramado à beira do lago, sujando seu vestido branco. Seus lábios tremiam, estava debulhando lágrimas a todo momento e soluçava alto. Lembrou-se de cada momento vivido ao lado de Harry, dos beijos, às vezes em que ele dizia “Eu te amo” para ela, os presentes que ele havia lhe dado...

I could feel it go down
Eu podia sentir isso desmoronar
Bittersweet I could taste in my mouth
Doce amargo, eu podia sentir na minha boca
Silver lining the clouds
Contornando de prata as nuvens
Oh and I
Oh, e eu,
I wish that I could work it out
Eu queria que eu pudesse resolver


E cada lembrança lhe machucava mais e mais. Seu coração parecia que iria parar de bater a qualquer momento, estava com a impressão de que sua cabeça girava; sentia-se tonta, tremia demais e chorava compulsivamente, agora. Então, levantou-se e passou a gritar o mais alto que podia:

- POR QUE VOCÊ FEZ ISSO COMIGO, HARRY? POR QUE ME ABANDONOU NO MOMENTO QUE EU MAIS PRECISEI DE VOCÊ? POR QUE VOCÊ TÁ ME FAZENDO SOFRER TANTO? POR QUE VOCÊ NÃO VOLTA? POR QUÊ? – E caiu de joelhos por terra, chorando ainda mais – POR QUÊ? - Aquele desabafo aos quatro ventos não era nem um terço do que ela queria dizer, ou do que ela sentia ou queria fazer. Estava desesperada. E num ato de desespero, bagunçou o seu cabelo e rasgou o vestido branco que estava usando, tornando-o mais curto e feio. Mas ela não estava nem aí se estava bonita, feia ou sabia lá o que fosse. Só queria liberar a raiva que lhe acometia no momento.

And the hardest part
E a pior parte
Was letting go not taking part
Foi deixar ir, não tomar uma atitude
You really broke my heart
Você realmente partiu meu coração

Foi quando começaram a cair os primeiros pingos d’água. Era uma das muitas chuvas costumeiras que ocorriam na cidade londrina. E Gina, simplesmente, agachou-se, cruzou os braços e enterrou sua cabeça entre eles. Para ela, até mesmo a própria natureza transparecia a enorme escuridão e tristeza em que se encontrava a sua alma e o seu coração.

And I tried to sing
E eu tentei cantar
But I couldn't think of anything
Mas eu não consegui pensar em nada
That was the hardest part
E essa foi a pior parte

Sentia tristeza, solidão, raiva, melancolia, saudade, sofrimento, arrependimento, surpresa, desespero... E ao mesmo tempo sentia um enorme vazio dentro de si. Era como se faltasse uma parte essencial para a sua sobrevivência; tanto que até sentia-se leve, mas era uma leveza que não lhe causava bem, e sim muito mal. Não tinha mais fome, sede ou vontade de fazer qualquer outra coisa se não fosse ficar ali, agachada, quieta, sofrendo calada e sentindo a chuva molhar o seu corpo. Mas logo sentiu uma mão lhe sacudir o corpo, tirando-lhe de seu mundinho cheio de dor:

- Senhorita Gina, olha, já tá chovendo e não é bom ficar aqui, perto desse bando de árvore. Sem contar que é melhor a senhorita trocar de roupa, senão vai pegar um resfriado daqueles! – Recomendou o taxista, muito solícito e educado, estendendo-lhe a mão e sorrindo. Ela até havia se esquecido dele e, atendendo à recomendação, levantou-se:

- Obrigada por tudo. Mas eu não vou trocar de roupa. Me leve pr’um bar, tá legal? – Pedira Gina, ainda soluçando e com os olhos vermelhos de tanto chorar.

I could feel it go down
Eu podia sentir isso desmoronar
You left the sweetest taste in my mouth
Você deixou o gosto mais doce na minha boca
Your silver lining the clouds
Sua prata contornou as nuvens
Oh and I
Oh e eu
Oh and I
Oh e eu
I wonder what it's all about
Me pergunto a respeito de que é tudo isso

- Tem certeza que quer isso? Ir para um bar? Bebida não irá ajudar em nada. – Recomendara novamente o taxista, preocupado. Ela, por sua vez, retrucou:

- Sabe, eu nunca soube o que é tomar uma única gota de álcool, muito menos ficar de porre e, no outro dia, de ressaca. E hoje, eu quero fazer isso uma única vez. Será que eu posso, ...? – Gina deixara uma interrogação no ar, querendo saber o nome daquele taxista tão simpático.

I wonder what it's all about
Me pergunto a respeito de que é tudo isso

- Christopher. Meu nome é Christopher. Tudo bem, você é quem sabe! – E ele, segurando-a para que ela não caísse ou tropeçasse, levou-a cuidadosamente até o bar mais próximo e aconchegante que encontrara.

- Senhorita Gina, tenho de ir. Já passa das 15: 00h e preciso almoçar. Não quer comer nada?

- Não, Chris. Pode ir. Muito obrigada por tudo. Mais tarde, você passa em minha casa e...

- Não precisa se preocupar com o pagamento. A corrida foi por minha conta. Mas vou deixar meu telefone aqui, caso a senhorita precise de algo, ok? – Falou Chris, deixando um cartão em cima do balcão.

- Ok, Chris. E mais uma vez, obrigada.

Everything I know is wrong
Tudo o que eu sei está errado
Everything I do it just comes undone
Tudo que eu faço simplesmente se desmancha
And everything is torn apart
E tudo está se despedaçado

E após vê-lo sair, Gina sentou-se numa das banquetas do balcão e pediu uma enorme dose de uísque. Apesar da bebida descer-lhe rasgando a garganta fortemente, pediu outra dose. E tantas outras até perder a conta e a noção das coisas. As poucas pessoas que estavam ali olhavam Gina com certa repulsão pelo modo dela estar trajada e de como estava se comportando. Mas ela não ligava. Só queria saber de beber. Pelo menos aquilo fazia com que ela não pensasse em Harry a todo instante, apesar de não aliviar em nada enorme dor que sentia.

Oh and it's the hardest part
Oh e é a pior parte
That's the hardest part
Essa é a pior parte
Yeah that's the hardest part
Sim, essa é a pior parte
That's the hardest part
É a pior parte...

Para ela, o mundo havia acabado ali, naquele dia. A pessoa que ela mais amava partiu seu coração em vários pedaços; não conseguiu evitar que isso ocorresse. E esta... Esta era a pior parte.


* * * * * * * *


Quando Gina saíra correndo da Igreja e entrou no primeiro táxi que viu, todos ficaram preocupados com o que a ruiva iria fazer. Afinal, deve-se esperar de tudo de uma pessoa que acabara de sofrer uma forte desilusão amorosa; e quando se falava de Gina Weasley, aí sim deve-se esperar de tudo mesmo. Apesar dela ser uma garota muito forte e decidida, muda muito de humor e de atitude quando alguém a machuca.

A família Weasley, então, fez um rápido plano de busca por Gina pela cidade. Enquanto o Sr. e a Sra. Weasley iam procurá-la na Toca e em seus arredores, Carlinhos e Percy a procurariam nos principais pontos de Londres; Fred e Jorge iriam procurá-la em restaurantes, danceterias e pubs, enquanto Gui, Fleur, Luna e Neville ficariam à espera de notícias em suas casas (apesar de quererem muito participar da busca).

Mas Draco havia sido mais rápido do que os Weasley: na mesma hora que a ruivinha saíra, ligara para um de seus muitos contatos e ordenara um mandado de busca por toda a capital, seja através de carros, helicópteros ou barcos. Ele iria encontrá-la, mais cedo ou mais tarde. E de qualquer forma, o empecilho principal já havia saído do caminho dele. E agora, Gina poderia ser sua. Completamente sua.


*************************************


Já passava das 20: 00h e Gina continuava sentada naquela banqueta, bebendo uísque. No quarto copo, já havia ficado alta; e agora ela estava terminando a segunda garrafa de uísque. Estava sozinha naquele bar, exceto pelo garçom e pelo dono do bar, que assistiam a um jogo de futebol por uma TV antiga de 20 polegadas.
O garçom, condoído com a situação em que a ruiva se encontrava, lhe alertou:

- Moça, já está tarde, a senhorita está bebendo demais e logo iremos fechar. Não quer que eu chame um táxi para vir buscá-la? – Gina, lentamente, virou-se e olhou o rapaz. Sua visão estava turva e dava muitas voltas. Em vez de enxergar um rapaz somente, enxergou uns três. E respondeu, com a voz meio grogue:

- Não dá pra esperar só mais um pouquinho? – E fez um sinal com o dedo indicador e o polegar, pedindo um pouco mais de tempo. Ele, vendo que ela estava triste, perguntou:

- Geralmente, quem bebe tanto assim é alcoólatra ou uma pessoa que está sofrendo e muito. Qual dos dois a senhorita é?

- A pessoa que... Que tá sofrendo e muito. – Respondera Gina, com certa dificuldade na voz em admitir isso. O garçom, então, sentou-se numa das banquetas e, de frente pra Gina, lhe falou:

- Se você quiser me contar a história, sou todo ouvidos! Nessas horas o melhor a se fazer é desabafar. Ajuda muito, você não sabe o quanto. – Gina, ao ouvir isso, pigarreou e se preparou pra contar. Ela não sabia se aquilo era o melhor a se fazer, mas já tinha feito tanta coisa naquele dia... Contar sua trágica história amorosa não ia ser nada demais. Então, começou:

- Tenho 21 anos, sou bonita, rica, famosa e cobiçada por muita, muita gente. Mas desde os 10 anos gosto de um garoto que é o melhor amigo do meu irmão. Desde pequena o tenho como... Como um herói. O herói. Sempre o coloquei no mais alto pedestal, o vangloriei... Se ele precisava de aplausos, lá estava eu; de pé, para aplaudi-lo e recebê-lo com todas as glórias. Desde pequena sou a sua mais fervorosa platéia. Mas ele nunca prestou muita atenção em mim. Me via somente como a “irmãzinha do melhor amigo”. E isso me cortava o coração. Mas nunca deixei de gostar dele, em um só momento. Até arrisquei a minha vida para salvar a dele! Ele sofria ameaças de todos os lados, e eu só queria defendê-lo de tudo isso. Mas eu não esperava um agradecimento ou coisa do tipo. Pelo contrário. Só queria que, um dia, ele me notasse. Me enxergasse com outros olhos...

- Nossa, você realmente o admirava! Mas, e aí, o que aconteceu depois? – Indagou, curioso, o garçom. Aquela história o havia instigado e o álcool deixara a ruiva muito mais... “Solta” com as palavras, se é que você me entende. Ela parou um pouco, tentando encontrar as palavras certas para dar continuidade ao que havia começado:

- E aí... E aí que se passaram alguns anos e percebi que, daqui que ele me notasse, iria demorar e muito. Seus olhos estavam voltados pra outras pessoas, outras coisas. Fatos mais importantes exigiam sua atenção e eu... Passei a continuar a minha vida. Não ia adiantar em nada esperar por alguém que não me queria. Então, meu corpo e minha mente passaram a ter uma transformação fantástica e logo comecei a chamar atenção de muita gente; de uma garota comum para popular foi um pulo e namorei dois garotos do internato onde estudava. E Harry pareceu, finalmente, despertar do seu mundinho e percebeu que eu estava ali, perto dele. Mas o que ele não sabia é que eu sempre estive ao lado dele.

- Harry? Esse é o nome dele?

- É sim... Ele sempre fora um rapaz fantástico! Bonito, esperto, um ótimo atleta e muito legal... Lembro-me bem de quando comecei a participar do time de futebol e ele me lançava cada olhar... Me perseguia, me observava... Foi quando me separei de meu segundo namorado e passamos a nos aproximar cada vez mais. E finalmente, ele tomou a iniciativa e logo passamos a namorar. Nossa, no dia em que ele disse que me amava não me contive de felicidade! Queria gritar pro mundo todo ouvir que eu era a garota mais feliz desse mundo inteiro!

- Deve ser uma sensação ótima ouvir isso. Principalmente se for algo sincero.

- Deve ser mesmo... Nem eu mesma sei qual é essa sensação, porque eu acho que esse “Eu te amo” nunca foi sincero.

- Como assim?

- Ainda vou chegar lá. Mas eu quero te deixar bem claro: Ninguém, nunca, amou Harry tão avidamente, tão desesperadamente, tão loucamente como eu. Eu me entreguei de corpo e alma a ele. Dei tudo de mim, tudo! Guardei cada momento ao lado dele na minha memória... No meu coração. Fiz cada coisa por ele... Que só quem realmente amou pode me entender. Foi quando ele me pediu em casamento; nesse dia, eu era só sorrisos... Nada poderia estragar a minha alegria. Nada. Até que chegou o dia do casamento...

- Vocês se casaram? – Perguntou o garçom, segurando com força uma bandeja e de olhos atentos, extremamente envoltos na história em que ela lhe contava. Ela bebeu rapidamente a última dose de uísque e, sentindo um gosto amargo queimando-lhe a garganta, continuou com a sua voz meio grogue:

- Não. Essa é a parte mais triste da história. Íamos nos casar hoje de manhã e ele... Ele me abandonou. Fugiu pro Canadá. Não sei pra quê ou por que ele fez isso. Só sei que ele conseguiu destruir todos os meus sonhos e planos de vida... Conseguiu me despedaçar por dentro e por fora... E sabe por que eu ainda estou assim? Porque eu o amo. Mesmo ele tendo feito tudo isso... O amo mais do que a mim mesma.

- E você não sente raiva, ódio, ou qualquer coisa do tipo por ele?

- Eu até gostaria de sentir isso. Mas não posso. Não consigo odiá-lo por um segundo sequer, por mais que eu queira. E isso... Isso sim me causa raiva. – E Gina passou a derramar lágrimas. Lágrimas silenciosas. Sua voz agora falhava e sua boca tremia. O jovem garçom, emocionando-se com aquilo, confessou:

- Sabe... Eu nunca senti isso por alguém. Não deste modo. Queria que alguém pudesse um dia me amar assim. Seria a pessoa mais sortuda deste mundo... – Mas Gina o repreendeu:

- Nunca deseje isso. Esta pessoa pode até te amar, mas e você? Saberá corresponder à altura desse amor que ela lhe oferece? É horrível você amar e não ser amado. Mas o pior é você amar uma pessoa e esta fingir lhe amar e ficar com você por pena. Por pura pena. As coisas nasceram para serem usadas, não as pessoas. As pessoas nasceram para serem amadas, apesar de isto não ocorrer entre a maioria delas. Pense nisso. – O garçom, então, enviou um sorriso confortador para Gina e a abraçou. Ela estranhou aquilo, mas o álcool a deixou mais sensível do que de costume e recebeu aquele abraço com muito carinho. E agradeceu-lhe baixinho:

- Você não sabe o quanto este abraço me fez bem. Não sabe o quanto.

- Gineviéve, o que você está fazendo aqui? – perguntou Draco, surgindo não se sabe de onde, com a aparência cansada e desalinhado. Ela, meio tonta, afastou-se daquele abraço e observou Draco. O garçom, achando que ele era Harry, saíra na mesma hora. E Gina, por sua vez, respondeu-lhe com outra pergunta:

- Há quanto tempo você está aqui?

- Desde a hora em que você começou a contar sua “triste história de amor”. Agora responda minha pergunta, o que você está fazendo aqui? – Respondera Draco com muita firmeza na voz, denotando uma raiva que estava sentindo pelo simples fato dela ainda amar Harry. Gina, não percebendo a raiva de Draco, respondeu-lhe dando mais um de seus sorrisos amarelos:

- E o que se faz num bar, Draco? Bebe-se! Eu tou bebendo, não tá vendo?

- Gineviéve, você nunca pôs uma única gota de álcool sequer em sua boca! Venha, vou te levar pra casa. – Dissera Draco, pegando Gina pelo braço. Ela afastou-se bruscamente e lhe disse, irritada:

- Ei, ei, ei! Você não manda em mim, caso não se lembre! E o último lugar que eu quero ir é pra casa. Só vou na hora que eu quiser! – E cruzou os braços, desafiadora. Mas logo os abaixou; estava cansada e o uísque a havia feito perder o controle de seus sentidos. Draco, vendo que não ia demorar nada para ela cair, pegou-a no colo, surpreendendo-a:

- Me bota no chão agora, seu... Seu... Seu...

- Seu o quê? – Mas Gina não pudera responder. Já estava cansada de tudo, até mesmo de falar. E continuou calada, até Draco a colocar em seu Jaguar e levá-la na Toca. Draco a admirava de vez em quando e acariciava o rosto dela; ela já não estava nem aí pra nada, e permitia esta proximidade dele. Até que finalmente chegaram e ele bateu na porta da enorme e velha casa, com Gina no colo parecendo uma criança. E a Sra. Weasley a abriu instantaneamente, mostrando-se à espera da filha:

- Ah, graças a Deus, você chegou, minha filha! Onde você a encontrou, rapaz?

- Por incrível que pareça, num bar. Enchendo a cara de uísque e falando pelos cotovelos. A trouxe na mesma hora que vi. Onde posso deixá-la? – Explicava Draco, com Gina ainda em seu colo. Molly, então, indicou o quarto da garota para o loiro e ele a levou com muito cuidado, colocando-a sentada numa velha, mas confortável poltrona existente em seu quarto. Ele recomendou:

- Acho melhor a senhora preparar um chá para ela. Bem calmante de preferência. Sem contar que ela precisa de um bom e relaxante banho quente. E dormir o máximo que puder. Ela precisa de descanso.

- Oh, tudo bem, meu filho. E muito obrigada por tudo que fez por ela hoje! Não sei como posso te retribuir todo esse trabalho!

- E não precisa. Faço isso porque eu realmente prezo muito pelo bem-estar de Gineviéve. Mas, e onde estão os outros? Seu marido, seus filhos? – Perguntou Draco, estranhando o fato de a casa estar vazia e muito silenciosa:

- Ainda estão atrás de Gina. Mas vou ligar para eles agora mesmo e avisá-los de que ela já está aqui. – E Molly, então, voltou-se para a filha, que olhava fixamente para um ponto distante do quarto. Calada. – Como se sente, meu amor? – E a ruivinha, com um olhar triste e desolador, respondeu:

- Como um brinquedo. Um brinquedo que após ter sido usado durante tempos, é jogado fora. E que está acabado. Muito acabado.

- Oh, meu bem, não se sinta assim. Olha, mamãe vai preparar um chá de camomila bem forte pra você, viu? Logo você se sentirá melhor.

- Não, mãe. Não vou me sentir melhor nem hoje, nem amanhã, nem depois. Isso me magoou bem fundo, bem fundo mesmo. Na alma... No coração. – E Gina abraçou-se com um travesseiro que se encontrava ao lado dela. Sua mãe deixou rolar uma lágrima em seu rosto, devido ao sofrimento em que sua filha se encontrava. Draco, então, abraçou ternamente a Sra. Weasley e, limpando a lágrima dos olhos dela, disse-lhe:

- No momento, é melhor Gineviéve ficar sozinha, Sra. Weasley. Para colocar a cabeça no lugar. Por enquanto, somente ligue para a sua família e depois vá fazer o chá. Eu fico aqui, cuidando dela. Caso ela precise de alguma coisa, eu lhe digo, ok?

- Oh, meu filho, obrigada por tudo, mais uma vez. Você está sendo tão gentil! – E ele, num gesto educado, beijou as mãos da Sra. Weasley e ela, ainda com os olhos marejados, saiu do quarto. Ele voltou-se pra Gina, agachando-se e olhando-a de modo penetrante:

- Eu sempre soube que ele iria te fazer sofrer. Mais cedo ou mais tarde. Sabe, até foi melhor assim. Desse jeito você aprendeu que o Potter nunca foi sincero que você. Apesar de ter aprendido isso de uma forma bem dura. – E após ouvir estas palavras, Gina perguntou ao loiro, meio que indiferente:

- Por que cê tá me dizendo isso?

- Porque eu gosto de você. Gosto muito, muito mesmo. E eu só quero o seu bem. E sei que isso foi pro seu bem. Você é uma garota fabulosa, não deveria passar o resto de sua vida ao lado de alguém que não te merece. E você merece o melhor.

Respondera Draco, conseguindo chamar a atenção de Gina; ela olhou fixamente para o loiro e ele, se aproveitando da fragilidade da ruiva, aproximou-se lentamente dela. E após olhar mais uma vez aqueles olhos castanhos, encostou os lábios dela nos dele. Ela estranhara a atitude e ele, com os olhos fechados, beijava-a. Ela não retribuía, até que deixou-se levar pelo momento, fechou os olhos e ele pôde aprofundar o beijo, que agora tornara-se intenso. O loiro não estava nem aí para o gosto amargo que ela possuía na boca; para falar a verdade, estava adorando o momento. Até que Gina, após alguns segundos perdida naquele beijo tão intenso, percebera quem estava beijando e afastou-se bruscamente de Draco, levantando-se da poltrona:

- Eu não... Eu não posso, Draco. Não agora. Por favor, compreenda, eu...

- Tudo bem, tudo bem. O erro foi meu, me desculpe. É que não pude conter, mas... Isso não vai se repetir. Pelo menos não enquanto você não quiser. – E, após acariciar a face conturbada de Gina, ele foi em direção da porta, intencionando sair do quarto. Mas ainda com a mão na maçaneta da porta, falara:

- Boa noite, Gineviéve. Pense bem no que irá fazer.

E foi embora, deixando uma Gina Weasley extremamente confusa e bêbada pra trás.


* * * * * * * *


No outro dia, Gina acordara com uma forte dor de cabeça. Já havia vomitado muito durante a madrugada e passar o resto dia com a impressão de milhares de sinos badalando em seus ouvidos, causando uma enorme dor. Mas ela não sentia dores somente na cabeça, e sim na sua alma e, principalmente, no coração; agora ela entendia quando seu pai lhe dissera, há muito tempo, que as feridas da alma doem mais que a do corpo.
Todos os Weasley faziam de tudo para agradá-la, animá-la, reconfortá-la. Porém, nada fazia a ruiva sair daquela tristeza e solidão. Até que se passaram semanas. E logo passou-se um mês. E nesse meio tempo, Gina ficara trancada no seu antigo quarto. Só saía de lá para se alimentar, e isso acontecia pouquíssimas vezes. Mas uma coisa era indubitável: ela estava passando por mudanças e o que ela mais necessitava no momento era de um tempo sozinha consigo mesma e seus pensamentos; tinha que rever seus conceitos, seus princípios e dar um outro rumo para sua vida, dali em diante. Até que uma voz finalmente tirou-a do quarto. Uma voz arrastada, que vinha da sala de sua casa, e perguntava por ela:

- Bom dia, Sra. Weasley. A Gineviéve está aí?

- Bom dia, rapaz! Sim, Gina está aí. Mas creio que vai ser difícil ela lhe receber.

- Como assim? – Estranhara o rapaz.

- Para a sua informação, Malfoy, Gina ainda está muito abalada com o que aconteceu e não sai do quarto dela há um mês. Nem mesmo a própria família ela deixa entrar. E é lógico que ela não vai querer te receber! Agora, se nos der licença, temos de tomar nosso café da manhã. – Respondera ariscamente Jorge, que estava na cozinha e pareceu ficar muito indignado ouvir a voz de Draco Malfoy às 8: 00h da manhã. Mas uma jovem voz feminina ecoou pela sala, espantando a todos:

- Jorge! Quem disse que não vou recebê-lo!? Aliás, onde estão seus modos? – Falara Gina, autoritária. Draco, ao vê-la, abriu um sorriso no cantinho da boca. Molly e Jorge ficaram impressionados ao vê-la ali, aparentando estar ótima. Ela estava com os belos cabelos ruivos presos num rabo de cavalo e vestia uma delicada blusa azul de alças, que combinava com um short jeans surrado e deixava à mostra as pernas torneadas da garota (o motivo principal para o olhar de Draco voltar-se para as pernas dela). Um modelito simples, mas autêntico e que mostrava com perfeição os atributos da garota. Para completar, um sorriso maroto moldava seus lábios e Draco, por impulso, abraçou-a. Ela o retribuiu e convidou:

- Quer tomar café conosco, Draco?

- Bom, se não for um incômodo, será um prazer!

- Lógico que é um incômodo... – Falara Jorge, ainda zangado pela presença dele pela casa.

- Jorge! Não fale assim com as visitas, menino! – Repreendera Molly, dando um puxão na orelha do gêmeo que soltara um gemido de dor na mesma hora. Então, Gina e Draco sentaram-se à mesa e passaram a se servir sobre os olhares raivosos de Jorge:

- Onde está o resto da família?

- Papai e Percy foram para o trabalho; Gui, Fleur e Carlinhos já saíram da Inglaterra e foram para suas casas; Fred está na loja e Rony continua na longa viagem de trabalho na Irlanda que, por um “acaso”, foi você quem mandou. E acredite, se os outros estivessem aqui, você nem estaria sentado nessa cadeira! – Respondera rispidamente o gêmeo, muito irritadiço.

- Ele é sempre tão educado assim, Ginny? – Brincara Draco, que colocava café numa xícara.

- Só quando ele realmente gosta da visita. Mas não ligue, logo isso passa. E então, conte-me, o que se passa ao meu respeito pela cidade? – Perguntara a ruiva, passando geléia de morango numa torrada.

- Você foi a capa de muitas revistas, jornais e sites, Gineviéve. Todos falando que sobre o que ocorreu, depois contavam toda a sua história com o Potter, diziam que você não merecia isso, passavam a te dar elogios e todo esse blá, blá, blá. Nada de muito relevante ou importante sobre você. – E os dois passaram a tomarem café e a conversarem como se isso fosse algo muito comum entre eles. Jorge e Molly olhavam aquilo boquiabertos, principalmente pelo fato de Gina falar e agir com naturalidade; como se não tivesse passado tanto tempo quieta e sozinha, sem falar com ninguém. Até que o café terminou e Gina foi conversar com Draco em seu quarto, apesar dos olhares de Jorge estarem atentos aos movimentos dos dois.

- Quer dizer que você não tem saído desse quarto há um mês, Ginny? – Perguntara Draco, ao fechar a porta e olhar todo o quarto. Não estava bagunçado, mas estava com um ar melancólico que qualquer um que entrasse lá poderia sentir essa melancolia. Ela, agora demonstrando sua tristeza, respondera:

- Sim. É aqui que tenho ficado. Relembrando coisas que, hoje em dia, me atormentam.

- Então por que as relembra? – Questionara Draco, sabendo que ela falava de Harry.

- Para saber onde foi que eu errei. Como pude deixar me enganarem tão facilmente. – Dissera Gina, abrindo uma enorme caixa e tirando de lá uma foto. Nela, Harry estava abraçado à ela, num parque muito bonito. Não chorara ao ver a fotografia, mas novamente a tristeza tomava conta de seu olhar. Draco, então, ficou perto de Gina, e ao ver a foto, disse-lhe:

- Isso não vai adiantar em nada, Gineviéve. Só vai fazer você se sentir pior. Você tem que recomeçar! – Gina, então olhou no fundo dos olhos acinzentados de Draco e indagou:

- E por onde eu começo?

- Primeiro, você tem que sair desse quarto. Isso, sair daqui, voltar a ter a sua vida de antes, a se relacionar com a sua família! Lá embaixo tem uma família que te ama e que só quer seu bem! Não faça eles se sentirem mal, também. – Recomendara Draco, acariciando o rosto de Gina – Depois, você tem que... Que fazer umas compras: mudar seu guarda-roupa, fazer um novo corte de cabelo... Mude o visual! Aposto que você vai ficar mais linda do que já é! – E logo após dizer isso, deu um beijo na testa da ruiva, que sorriu levemente. Há tempos não era elogiada dessa forma. – Aí, você põe um sorriso lindo nessa sua boca, livre-se desse passado triste e passe a viver sua vida! A planejar coisas pro futuro! Você não pode ficar assim, melancólica, o tempo todo! – E Gina, ao terminar de ouvir isso, sorriu abertamente e deu um beijo na bochecha de Draco:

- Sabe Draco... Você está certo. Vou sair desse quarto, me arrumar, sair, me divertir... O passado que se dane, eu tenho mais é que ser feliz!

- Agora sim, esta é a Ginny que conheço! – E ao dizer isso, os dois abraçaram-se alegremente e logo após, saíram da Toca.


 Three Days Grace - I Hate Everything About You



Draco levara Gina pelas melhores lojas de Londres: lojas de roupas, de sapatos, perfumes e num dos melhores salões de beleza do país. Ele queria que Gina mudasse tanto por dentro quanto por fora, e aquele era um bom começo; sabia que aquilo a ajudaria a superar o que aconteceu e, principalmente, ajudaria a tirar Harry da cabeça dela. Ele não queria que nada mais atrapalhasse seus planos e sabia que estava no caminho certo para nada dar errado. E estava a um passo de conquistar a total confiança de Gina, que se demonstrava contente com tudo aquilo. E aquele sorriso dela era a confirmação de tudo: faltava pouco para seu plano se concretizar.

E Draco estava certo. Gina estava se sentindo muito bem no momento e agora admirava Draco mais do que nunca. Ele realmente a queria bem e a prova disso tudo estava ali. Estava ao lado dela nos bons e maus momentos e a estava ajudando num dos momentos mais difíceis de sua vida. Mas estava em dúvida com relação ao beijo que ele lhe dera naquele fatídico dia; será que ele queria algo a mais com ela? Se queria, estava perdendo seu tempo. Não estava pronta para uma relação, muito menos com Draco Malfoy, apesar de ele ser um dos solteirões mais cobiçados de Londres. Até que estes pensamentos saíram de sua cabeça, pois seu mais novo visual estava pronto. E Draco mostrara-se muito satisfeito e alegre ao vê-lo. Gina parecia uma nova mulher, muito mais bonita do que já era.

Seus longos e lisos cabelos ruivos agora eram curtos e repicados nas pontas, dando-lhe um ar mais leve e moderno; a maquiagem um pouco pesada dava um tom mais forte e decidido à ruiva; e as roupas (uma bota, uma saia jeans e uma jaqueta) também eram modernas, estavam na moda e a maioria eram cores solferinos (sendo que lilás era a cor predileta de Gina). Após algum tempo admirando Gina, os dois foram almoçar e ela voltou pra Toca:

- Gina, tenho de ir. Mesmo sendo sábado, ainda tenho muito trabalho a fazer e...

- Espere! Tenho de fazer uma coisa e... Quero que você a presencie. Por favor! – Pedira Gina.

- Eu nunca nego um pedido seu. Tudo bem, vamos lá! – E Gina foi rapidamente até o seu quarto e trouxera aquela caixa que ele vira pela manhã. Ela, então, acendeu a lareira existente na sala de sua casa, fato que chamou a atenção de Draco. O quê ela iria fazer? Como iria alimentar aquele fogo, sendo que não havia por perto lenha, madeira ou qualquer coisa do tipo? Mas logo suas dúvidas foram respondidas: ela abrira aquela enorme caixa e tirou aquela mesma foto que ele vira. Após dar uma última olhada, rasgara a foto e a jogara no fogo. E foi fazendo isso com várias cartas, fotos, lembranças e muitas outras coisas que haviam ali. Lágrimas corriam pela face dela, mas ela prometia internamente que aquelas seriam as últimas derramadas por Harry.

Ao vê-la fazer aquilo, um enorme sorriso moldou seus lábios. Naquela caixa estavam fotos dela com Harry, cartas que ele lhe mandava, poemas que ela escrevia para ele e muitas outras coisas. Aquilo que ela fazia demonstrava que a ruivinha estava empenhada em esquecê-lo por completo. Em tirar Harry Potter de sua vida, definitivamente. E ela não sabia o quanto aquilo fazia bem à Draco. Não sabia o quanto.




* * * * * * * *




N/A: Olá, meus caramelos! Gente, não me matem, pelo amor de Deus! Olha, foi muito difícil fazer esse capítulo! Muito mesmo! Espero que vocês compreendam, por favor. E desculpem a demora, mas é que eram cenas que exigiam atenção máxima aos detalhes, e eu sou muito meticulosa... Bem, espero que o resultado tenha sido bom. Esse foi o mais longo capítulo até agora, foram umas 23, 24 folhas. E espero que tenham gostado das músicas; falando nisso, aqui está a tradução da útlima música: http://letras.terra.com.br/three-days-grace/74183/ Eu achei que ela combinou perfeitamente com o que a Gina está sentindo (aliás, as duas combinaram).

Obrigada pelos comentários, 'cês não sabem o quanto isso ajuda e me incentiva. Bem, sem mais delongas, um abração a todos!

Carpe Diem

Hannah B. Cintra

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