O primeiro dia de Hogwarts
Rose se mirava no espelho de seu quarto, tentando ver todos os ângulos de seu corpo naquelas vestes super novas de Hogwarts. Ela gostou do efeito de suas fartas mechas vermelhas caindo na capa preta.
Rose sabia que tinha puxado muito do pai... todos falavam “Rose é a sua cara, Rony.” Ela supunha que fosse pelos seus olhos azuis, suas sardas em volta do nariz, seus cabelos vermelhos e, claro, a altura. Rose orgulhava-se de ser uma criança alta, pois não era gigantesca, mas o suficiente para ser pouco mais baixa do que James que já tinha quase 13 anos! E adorava implicar com Albus por ser quase um palmo mais alta. Ainda assim, Rose tinha puxado o nariz de Hermione e a espessura do cabelo, pois, diferente do liso escorrido do cabelo de seu pai, as mechas vermelhas de Rose caíam em cachos volumosos. Mas o que mais orgulhava Rose era ter puxado a famosa inteligência de sua mãe, assim como seu pai vivia salientando.
Ah! Isso era uma arma para implicar com Hugo, que por alguma razão era baixinho como Albus, mas tinha os cabelos vermelhos lisos. Fora isso, todos diziam que Hugo tinha puxado mais Hermione, pois Hugo não era muito sardento e tinha os olhos castanhos-mel dela. Ha! Mesmo que amasse brincar de Quadribol com Rony, e mesmo que às vezes Hugo e Rony parecessem ter seus segredinhos, Rose nunca tinha ouvido alguém dizer que Hugo herdara a inteligência de sua mãe.
Certa vez, quando Hugo tinha uns 7 anos, Rose o fez chorar dizendo essas coisas, pois sabia que o irmão se sentia inseguro perto da irmã mais velha que aprendera a ler sozinha aos 5 anos de idade. Mas toda a inteligência de Hermione estava misturada com o jeito displicente e sarcástico de Rony e dos outros Weasleys em Rose, então ela não evitava oportunidades de implicar com Hugo, mesmo o amando muito e, afinal, Hugo não era diferente com relação a isso. Mas, como aquele dia que fez o irmão chorar lhe rendeu algumas palmadas da mão pesada de Rony (seguidas de um castigo de ficar trancada no quarto e, pouco depois, muitos beijos e abraços do próprio Rony que insistiu que Rose tinha sido avisada várias vezes para parar de provocar o irmão), Rose tinha decidido que nem sempre seria bom implicar com irmão na frente dos pais. Algo que levava Hugo a fazer o mesmo. Mas, por outro lado, Rose nunca entendeu como James ainda não tinha aprendido este segredo quando queria implicar com Albus, algo que Rose nunca contaria a James, pois Albus era sem primo favorito, mesmo entre todos seus primos, e ela sentia que James merecia cada bronca de tia Gina por implicar com seu melhor amigo.
Rose e Albus tinham crescido juntos, freqüentado o primário em uma escola trouxa juntos e, finalmente, iam para Hogwarts juntos! Ele nem parecia seu primo, era mesmo como um melhor amigo... dividiam segredos, travessuras, implicavam um com o outro de um jeito bem diferente de implicar com James ou Hugo, chegavam até a estudar juntos, fazendo lições de casa na mesa da cozinha dos Potters por várias vezes sem conta.
- Ah! Mal posso esperar para encontrar o Al! – ela exclamou em voz alta, encarando os próprios olhos azuis no espelho.
- E se vocês forem para casas diferentes? Vão continuar namorando? – implicou Hugo, aparecendo no quarto da irmã.
- Isso não vai acontecer. – disse Rose, olhando com superioridade para Hugo.
- Mas James diz que Albus vai para a Sonserina. – provocou Hugo. – Você também vai pra lá?
- Claro que não! – replicou Rose – James só diz isso porque é um idiota, como você!
Menos de duas horas depois, Rose estava conversando com Albus em uma cabine particular no Expresso de Hogwarts. Albus estava bem mais descontraído agora do que a minutos atrás, mas parecia não querer contar a Rose o porquê. Insistia em falar sobre Hagrid, os professores e as aulas, o Pirraça...
- Vocês que são os filhos dos Aurores? – perguntou uma voz meio arrastada de um garoto louro que invadiu o compartimento dos dois. – Ouvi alguém comentando que o filho de Harry Potter estava aqui com a filha de Ronald Weasley.
- O que você quer? – perguntou Albus atrevido, se levantando.
- Calma, Al. – pediu Rose, se levantando também – Ele só quer saber...
- É que eu coleciono os cartões de Sapos de Chocolate – interrompeu o garoto – e todos os seus pais aparecem neles. Olhem – ele tirou quaro cartões do bolso – Hermione Granger – ele disse – Gina Weasley, Ronald Weasley e – ele se encheu de entusiasmo – Harry Potter!
- Gina e Harry são os pais de Al. – disse Rose – e Rony e Hermione são os meus pais. – ela deu uma pausa – E você... você é Scorpius Malfoy. – concluiu Rose.
- Sou. – disse Scorpius, dando de ombros – E quando eu terminar Hogwarts, serei um Auror!
Albus deu um suspiro debochado e Malfoy virou os olhos cinzentos para ele.
- Que foi? Duvida?
- O que o seu pai faz, afinal? Fabrica produtos das Artes das Trevas?
- Al! – exclamou Rose chocada com a atitude do primo.
- Não. – disse Malfoy indiferente, antes de Rose dizer qualquer outra coisa – Ele também trabalha no Ministério, no Departamento de Cooperação Internacional em Magia. - e olhando com desprezo para Albus acrescentou – Bom, a gente se vê por aí.
- Espere! – pediu Rose – quer sentar-se conosco?
Houve uma pausa perplexa.
- Rose! – disse Albus obviamente muito irritado – já se esqueceu o que o tio Rony acabou de dizer?
Malfoy alterou sua expressão para demonstrar curiosidade. Rose enrubesceu furiosamente.
- Não tem nada a ver. – disse a menina – Ele só estava brincando. Não ouviu que a minha mãe disse pra ele?
- Seu pai falou algo de mim? – perguntou Scorpius cheio de desconfiança e, sem esperar resposta: - Espera aí! Foi aquela hora que eu passei com meu pai pela sua família! – ele exclamou.
- Meu tio Rony proibiu Rose... – começou Albus.
- Ele não me proibiu, Albus!
- Seu pai é assim tão bravo? – riu Scorpius.
- Meu pai é o melhor pai do mundo! – disse Rose, cheia de orgulho. – Ele só estava brincando, Al! Malfoy, minha mãe sempre me ensinou a não julgar as pessoas sem conhecê-las antes.
- Bom, pelo jeito ela não ensinou o mesmo para o sobrinho. – disse Scorpius com a voz carregada de sarcasmo, sentando-se. – O que o seu pai disse de mim, afinal?
Rose sentia o calor de suas orelhas.
- Er... não era sobre você! – ela nunca teria imaginado essa situação – Era sobre os garotos no geral... meu pai é um pouco ciumento. – concluiu, sentando-se também.
Ela lançou um olhar carrancudo para Albus, que emburrou e sentou-se também. Passaram boa parte do dia conversando no compartimento, até que Scorpius Malfoy se retirou.
Quando foram selecionados, Malfoy foi para a Sonserina e Rose e Albus para a Grifinória. Porém, daquele dia em diante tinha nascido uma amizade entre Rose e Scorpius, mesmo que incompreendida por Albus e pontuada tantas vezes por brigas.
- Por quê você está com esse ar todo sorridente? – perguntou Rose para Albus, enquanto seguiam um monitor até a Torre da Grifinória pela primeira vez de suas vidas.
- Não vou te contar. – disse ele.
- Está bem, não conte! Eu sei que você está emburrado por causa do Scorpius, mas ele pode ser nosso amigo, Al.
- Nem vem, ele está na Sonserina! – disse Al, não conseguindo refrear o sorriso – E nós somos da Grifinória.
- E que que tem? – Rose estava pasma.
- Nada, nada.
- Ótimo! – exclamou a garota.
Mas Albus não resistiu guardar segredo e contou, no dia seguinte, para sua melhor companheira de aventuras que pediu para o chapéu “quero ir para a Grifinória, por favor, quero ir para a Grifinória.” Rose ficou de olhos arregalados, mas adorou a genialidade do amigo, pois Albus convenientemente se esqueceu de contar que seu pai tinha dado a dica.
E assim passaram-se alguns anos em Hogwarts. Rose Weasley era a melhor amiga tanto de Albus Potter quanto de Scorpius Malfoy,mesmo que os dois garotos nunca tenham sido amicíssimos a pesar de conversarem bem.
O que Albus não reconhecia em si mesmo é que detestava dividir a prima com outro colega. Ele não sabia, mas estava morrendo de ciúmes e teve que conviver com isso por muito tempo, pois Rose não estava disposta a abrir mão de suas amizades.
E essas eram muitas. Rose era uma das garotas mais populares de Hogwarts pois era a aluna número 1 das aulas, mas longe de viver estudando, ela aprontava, brincava com todos... todos a queriam por perto. Ela só não jogava Quadribol, pois nunca gostou muito de altura. Mas, mesmo tendo muitos amigos, Rose achava que Albus era o seu único amigo de verdade, para quem ela poderia contar tudo.
Rose sonhava em viver um trio de amizade eterna, como sabia que tinha sido a amizade entre seus pais e seu tio Harry. Mas aprendeu que o que aconteceu entre aqueles três é um amor fora do comum e extremamente raro e poderoso, um amor mutável como todo tipo de amor, mas um amor que apenas cresceu e se solidificou com as dificuldades.
De fato Rose sentia-se orgulhosa de ser fruto de parte desse amor por um lado e, por outro lado, às vezes ela achava que seu tio Harry era seu tio mais por ser irmão de consideração de seu pai e de sua mãe do que por ter casado com sua tia Gina.
Rose gostava muito de Scorpius, mas o garoto fazia algumas brincadeiras com outras pessoas que a desgostava e sua relação com ele nunca foi como sua relação com o primo. Com Albus, Rose sabia existir algo eterno, como a amizade de sua mãe com seu tio Harry.
“Ou a amizade de minha mãe e meu pai.” – pensou Rose, um certo dia.
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