AS ESCOLHAS DO CHAPÉU SELETOR
O silêncio das últimas horas foi interrompido pelas perguntas de Peter sobre Hogwarts, magia e a guerra. Rose conversava animadamente por encontrar alguém que estava fascinado em ouvi-la falar sem parar, sem que parecesse que ela estava se gabando do conhecimento que tinha. Que culpa possuía se sua mãe tinha lhe dito absolutamente tudo o que ela precisava saber? Como balançar a varinha, que livros procurar na biblioteca, como cada professor de sua época gostava que as lições fossem feitas, etc. O que incomodava Rose era o fato de Alvo só falar uma ou duas vezes durante a conversa e ficar olhando o tempo todo através da janela. E nem adiantou ela dizer que tipo de criaturas tinha no lago e que James só estava brincando. Ele continuava com aquela expressão de quem foi estuporado.
De repente, logo após a curva, na noite que caía sobre o local, eles puderam ver a escola, toda iluminada e intacta. Nem parecia que ela havia passado por uma provação imensa há 19 anos. Estava nova em folha e as tradições, mantidas. Assim que desceram do trem, uma figura imensa surgiu da neblina gritando.
– Alunos do primeiro ano, por favor! Alunos do primeiro ano, venham até aqui. Façam uma fila, vamos alunos do primeiro ano!
Hagrid parecia um pouco menor, desde que tinha visitado a casa dos Potter. Quando viu Alvo e Rose não pôde conter sua emoção e deu um grande abraço nos dois, na frente de todo mundo.
– Que bom tê-los aqui, finalmente. Estão mais crescidos, eu acho. Será que Hogwarts estará pronta para mais um Potter e uma Granger?
– Tomara que sim! - sorriu Alvo.
Nesse momento Hagrid pôde distinguir uma cabeleira loira que nunca esqueceu e se virou para não encará-lo.
– Muitos retornos em Hogwarts, este ano - falou alto, sem pensar.
Então ele colocou as crianças nos barcos que, como mágica, atravessavam o Lago de Hogwarts sem nenhuma marola. Alvo olhou para todos os lados e finalmente para a água a fim de ver se algum monstro se aproximava.
– Não há monstro nenhum. - disse Rose. – James só estava chateando você!
Hogwarts parecia ainda mais altiva de onde eles a viam. Suas torres altas, suas paredes espessas e sem nenhuma rachadura, algumas mudanças internas, é verdade, mas em geral, estava tudo em perfeito estado. Animados, eles subiram as escadarias até encontrarem a Diretora McGonagall no pé da escada. 19 anos tinham causado poucas mudanças nela e havia quem dissesse que, nesses anos de calmaria, ela até rejuvenesceu. Apesar de ser a diretora da escola, ela nunca deixava de receber os primeiro-anistas e de lecionar Transfiguração.
– Silêncio agora, por favor. Sejam bem-vindos a Hogwarts. Eu sou a diretora e professora McGonagall. Este ano, vocês irão aprender muitas coisas sobre o mundo da magia, mas antes, deverão ser escolhidos para as casas de Hogwarts. Elas são Grifinória, Corvinal, Lufa-Lufa e Sonserina. As casas serão suas residências e famílias. Vocês poderão ficar o tempo livre nas salas comunais de suas casas e, se convidados por seus amigos, nas outras casas também. Alunos aplicados ganham pontos para suas casas e quem causa confusão perde ponto também. É muito importante que vocês ajudem suas casas a juntarem mais pontos porque, ao final, eles podem ganhar a Taça das Casas, uma grande honra. Agora, se fizerem o favor de me seguirem...
Dito isso, as grandes portas se abriram para o Salão Principal. Os alunos não podiam tirar os olhos do teto do salão. Alguém falou que não era o céu de verdade. Era um feitiço que permitia isso e que havia lido em Hogwarts: uma história. Passado o deslumbre inicial, sob os olhares de tantos alunos, os primeiro-anistas ficavam cada vez mais nervosos. McGonagall pediu que todos se aglomerassem na frente e pegou um pequeno banco e um esfarrapado chapéu. Estava ainda mais acabado, se isto é possível. De repente um som pareceu vir do chapéu como um murmúrio muito baixo. Os alunos veteranos se concentraram para saber o que o chapéu lançaria neste ano. Os primeiro-anistas tomaram um susto quando ele começou a cantar.
“Bem-vindos à nova e velha Hogwarts
Sempre pronta a recebe-los
Com gracejo e seus mistérios
Com foguetes e seus segredos
Aqui encontrarão uma nova família
Aqui encontrarão a primeira família
Aqui reencontrarão a sua família
É um tempo de novidades,
Que o vento leva e trás
A escolha sempre determina
O destino que cada um vai tomar
Talvez na grifinória
Sob o rugido da honra e coragem de ousar
Ou quem sabe na Lufa-Lufa
Com a justiça e lealdade acima de tudo
Tem até a Corvinal
De uma beleza e inteligência fenomenal
E não esqueçam da Sonserina
De força e astúcia sem igual
Cada um faz uma escolha
E as escolhas decidem por cada um
É um tempo de novidades
Que o vento leva e trás
É um tempo de retorno
Para as surpresas que já vêm”
Ao final, os alunos aplaudiram, como sempre faziam, e McGonagall deu inicio à cerimônia, em ordem alfabética.
– Bruce Bates Briniwick.
Muitos risinhos e comentários a respeito do sonoro nome do garoto foram ouvidos nas mesas. McGonagall colocou o chapéu seletor em sua cabeça e, como já era de se esperar, lhe caiu sobre os olhos de tão grande que era. De repente, Bruce começou a ouvir o chapéu seletor se decidir.
– Hum...vejo muita vontade e sabedoria em você. Ficará muito bem na...Corvinal!
Somente a última parte foi ouvida por todos e hurros vieram da Casa da Águia por terem o primeiro aluno do ano. McGonagall continuou.
– Peter Bovery Canaghan.
No mesmo instante o chapéu o mandou para Lufa-Lufa. Os hurros se repetiam em cada casa.
– Gilbert Goyle.
O chapéu nem precisou ser colocado totalmente.
– Sonserina!
– Alicia Felix Knighty.
– Corvinal!
– Khai Macbeer.
– Sonserina!
E o mesmo processo se repetia para os outros alunos.
– Deymon Hyperion Malfoy.
– Hum...um puro-sangue. Vejo em você uma vontade de provar...um desejo de superação...Sonserina!
– Alvo Severo Weasley Potter.
O silêncio se instalou sobre a casa. Esse era o efeito que os Potter causavam quando saíam da tranqüilidade do lar. As pessoas não paravam de fitá-los. James podia curtir muito isso, mas Alvo era diferente. Isso o deixava muito constrangido. O pior foi acontecer: ele tropeçou quando subiu a pequena escada e quase derrubou o chapéu seletor. O Salão Principal veio abaixo em risadas. Ele respirou fundo, sentou no banco e esperou.
– Ora, outro Potter. Um prazer analisá-lo meu jovem. Vejamos...onde devo colocá-lo? Na casa de seu pai? Vejo muita coragem, mas também muito receio. Vejo muita sabedoria e vontade de vencer. Vejo um bom coração e desejo de aprender. E lealdade, acima de tudo.
Levou muito tempo para que o chapéu se decidisse e James aproveitou para comentar com todos e gravar na memória o momento em que o Chapéu Seletor quase engolia a sua cabeça.
– Sonserina não, tudo menos a Sonserina. Eu não posso ir para a Sonserina. Me escute como escutou meu pai. Sonserina não!
Alvo quase rezava para que isso não acontecesse. Ele não suportaria ver James zombando dele e viver na angústia sem saber se tornaria-se um bruxo corajoso ou das trevas.
– Não, Sonserina não é o lugar para você. Melhor que fique na...Lufa-Lufa!
Os aplausos demoraram um pouco para serem ouvidos, mas vieram. Da mesa da Lufa-Lufa que ficou toda de pé! Alvo olhou sem graça para McGonagall que lhe deu um sorriso um tanto desconcertado e para Rose, que estava incrédula. Era o primeiro Weasley-Potter a ir para a Lufa-Lufa. Tinha bons representantes, é verdade. Cedrico Diggory, vencedor do Torneio Tribruxo com Harry, a quem o mesmo admirava muito, tinha sido de lá. E seria um grande bruxo se a fatalidade de sua morte não tivesse chegado. James estava pálido e sem reação. Ele brincava muito com Alvo, mas não tinha noção de que o irmão poderia, de fato, sair em uma casa diferente e tão pouco falada. Incentivados pelos professores, o restante das casas aplaudiram também e os gritos de ´ganhamos o Potter´ ecoavam dos lufos. Alvo relaxou um pouco mais quando lembrou que Peter estava ali e Lucy Thomas, também. McGonagall prosseguiu.
– Tiago Grace Richards.
Ao subir no banco, Tiago arrancou suspiros das jovens da escola. Era, sem dúvida, uma promessa do menino mais bonito que Hogwarts já viu. Seu cabelo loiro liso, cortado no estilo emo, seu olho azul e sua pele branca um tanto bronzeada do sol eram a visão de um pequeno Deus grego em formação.
– Corvinal!
– Gregory Hurlex Smith.
– Corvinal!
– Amelia Bulstrode Vaugh.
– Sonserina!
– Rose Granger Weasley.
Depois do que aconteceu com Alvo, Rose não estava mais tão confiante. Tudo poderia dar errado e ela ir parar em outra casa. Quem sabe até na Sonserina! Subiu tremendo até o banco e sua respiração ficou ofegante.
– Uma Granger! Então já sei onde colocar você, mocinha. Grifinória!
Rose entregou rapidamente seu chapéu para McGonagall que sorriu afetuosamente e ela saiu correndo ao encontro da mesa da casa. Feliz e sorridente. Vitorie Weasley veio imediatamente parabenizar a prima.
– Sandro Bones Williams.
– Lufa-Lufa!
– Angelica Mardsen Wood.
– Grifinória!
McGonagall fez o banco e o Chapéu Seletor voltarem para seus lugares e ocupou o posto mais alto da mesa dos professores que estava mais larga do que o normal.
– Deixem-me apresentá-los seus professores deste ano:
Prof. Rúbeo Hagrid, de Trato das Criaturas Mágicas
Prof. Horacio Slughorn e também diretor da casa de Sonserina, Poções.
Prof. Neville Longbottom, diretor da Grifinória, Herbologia.
Profa Carmelita Trelawney e diretora da Lufa-Lufa, leciona Feitiços.
Prof Binns, História da Magia.
Profa Sibila Trelawney, Adivinhação.
Prof Firenze, Adivinhação.
Prof. Arthur Weasley, leciona Estudo dos Trouxas.
Profa Rolanda Hooch, Vôo.
Profa. Aurora Sinistra, Astronomia.
Profa. Vector, Aritmancia.
Prof Mikael Marstrovich leciona Magia da Arte e é o diretor da Corvinal.
Eu, Profa McGonagall continuo a lecionar Transfiguração e o nosso professor de Defesa Contra as Artes das Trevas teve um contratempo e não poderá lecionar este ano. Por isso, eu chamei um antigo amigo e aluno para substituí-lo de última hora: Harry Potter será o professor este ano.
Em meio a olhares surpresos e grande murmúrio na sala, Harry entrou, meio sem saber o que tinha que fazer. De repente, todos os alunos estavam gritando e de pé, aplaudindo. Muitos já estavam ansiosos em escrever as suas famílias para dizer que conheceriam Potter pessoalmente. Bem, quase todos. Poucos na Sonserina ousaram aplaudir simbolicamente. E na mesa da Lufa-Lufa tinha alguém aplaudindo, mas nem sequer olhando para Harry. É claro que ele já estava ali desde o início da cerimônia e resolveu não entrar para não desviar a atenção dos primeiro-anistas. Aquele deveria ser um momento único para eles. Ouvir Alvo ser selecionado para a Lufa-Lufa lhe frustrou um pouco, é verdade. Mas todas as casas eram dignas de receber os alunos e Cedrico tinha sido daquela casa. Talvez caberia a Alvo se tornar o homem que Cedrico teria sido para a Lufa-Lufa, se Harry não o tivesse levado direto para Voldemort.
– Espero que se dêem bem nas minhas provas - disse sorrindo.
De repente as portas do Salão Principal foram abertas e, de lá, surgiram Tenessa Raufkof, Larry Gouderman, Cho Chang, Dino Thomas e Luna Lovegood. No meio caminhavam duas crianças com cara de quem tinham acabado de passar muito mal.
– Por Merlim. São eles! - o Prof. Slughorn deixou escapar.
Ninguém estava entendendo nada, exceto os professores. McGonagall abriu um grande sorriso direcionado aos gêmeos e olhou para os aurores.
– Por que demoraram tanto?
Imediatamente o banco e o Chapéu Seletor estavam de volta ao Salão.
– Se aproximem, meus queridos, para que o Chapéu Seletor defina suas casas.
Minerva falou da forma mais carinhosa que poderia fazer. Harry e todos os outros professores continuavam a olhar fascinados para eles. Isso os intimidou. Os irmãos trocaram um olhar e Jonathan decidiu ir primeiro. Harry não deixou de perceber que o sorriso inicial de Elizabeth se transformou em um triste suspiro e um olhar que lembrava muito Dumbledore, quando algo devia ser feito.
– Muito bem, Jonathan Dumbledore. Sente-se, querido.
Quando McGonagall disse estas palavras, um murmúrio novamente tomou conta do Salão. Todos agora entendiam, afinal, a notícia dos herdeiros de Dumbledore corria solta no Profeta Diário. Depois da agitação inicial, veio o silêncio da expectativa. Que casa ficaria com os Dumbledore?
– Um Dumbledore? Isso é realmente possível? Que agradável surpresa! Onde será que devo colocá-lo? Vejo uma grande bravura. Menor, apenas, do que a justiça em seu coração. Vejo força, honra e uma incrível coragem. Além do grande amor e admiração que você carrega. E um desejo de proteger...você deve ficar na...Grifinória!
A mesa veio abaixo em ovações. Todos queriam cumprimentar o jovem Dumbledore. Olhos invejosos se direcionavam para a mesa dos grifinórios e isso vinha de todas as partes. Todos queriam um pouco de Alvo Dumbledore. Bom, os sonserinos pareciam não estar gostando muito dessa festa. Quando tudo silenciou, McGonagall convidou Elizabeth para sentar-se.
– Oh, o que? Pelas barbas de Merlim, estou vendo dobrado! Outro Dumbledore! Devo colocá-la na Grifinória, junto ao seu irmão? Vejo muita coragem e vontade de protegê-lo. Mas você também se daria muito bem na Sonserina. Você tem astúcia e uma vontade de descobrir tudo e conhecer tudo o mais rápido possível. Mas espere...você também é dona de uma incrível sabedoria, um tanto incomum. Sua lealdade está dividida, mas está aí. E esta cabecinha? Esta cabecinha já tem planos de iniciar seus estudos, de aprender mais e mais. Decidir sobre você é muito complicado. Tem características que agradam a todos os fundadores das casas. Isso é bom, mas será que é de todo bom? Onde devo colocá-la? Você fará grandes coisas na Gr...
As pessoas no Salão pensaram ter ouvido o Chapéu Seletor dizer Grifinória, mas nada saiu de sua boca a não ser algo que parecia ser um gemido.
– Eu não quero a Grifinória. Quero ir para a Sonserina. A Sonserina. Lá, é o meu lugar.
– Tem certeza? Na Grifinória estaria cercada de mais amigos.
– Sonserina. Eu tenho que entrar para a Sonserina.
– Bom, se é isso o que realmente deseja...Sonserina.
Ninguém da mesa se manifestou. Aliás, ninguém do Salão. Apenas Horacio Slughorn aplaudia animadamente. Os alunos e professores custaram a digerir o que tinha acabado de acontecer. Elizabeth caminhou até a mesa e se sentou. Os sonserinos a olhavam com desconfiança e custou a alguém lhe dirigir uma palavra ou sinal de boas-vindas. McGonagall foi a segunda a aplaudir, seguida por Harry e todos os alunos. Elizabeth pôde ver como Jonathan estava triste e quis lhe dizer algo, mas apenas sorriu amarelo e deu de ombros. Harry podia jurar que o Chapéu Seletor iria colocá-la na Grifinória, mas mudou de idéia no último momento. Por que? Será que ela pediu para ele colocá-la na Sonserina?
– Alguns avisos de praxe. Aviso a todos os alunos, principalmente aos do primeiro ano, que visitas à Floresta estão definitivamente proibidas. Não queremos outro incidente como o do ano passado. A Madame Pince pediu para avisar que, a partir de agora, todos os livros retirados da biblioteca deverão ser cadastrados com o nome do aluno, para evitar as brincadeiras e feitiços de confusão que temos encontrado neles. E o corredor das masmorras do lado direito está passando por reformas devido à infiltrações. Os alunos não devem entrar pois há risco de desabamento. Quem for pego no local sofrerá detenções. Nosso zelador Argo Filch irá assegurar que estas regras sejam cumpridas. Os monitores da Lufa-Lufa irão mostrar a nova entrada para o Salão Comunal. Agora, vamos ao banquete!
De repente as mesas se encheram de comida, que foram intocadas pelos primeiro-anistas por alguns segundos, por conta da surpresa. Mas logo estavam como os outros, devorando tudo o que viam pela frente. Logo surgiram os fantasmas das casas para dar boas-vindas aos alunos: Nick-quase-sem-cabeça, a Dama Cinzenta, o Barão Sangrento e o Frei Gorducho. Assustando e fazendo rir as crianças. Jonathan olhou para Elizabeth, que nitidamente, se desviava toda vez que o Barão passava por perto. Quando seus olhares se encontraram, ele fez cara de medo e se tremeu. Lizzie cruzou os braços e virou a cabeça.
Na mesa da Grifinória James estava inconformado.
– Meu pai teve que vir aqui e ver o babaca do Alvo ser escolhido pra Lufa-Lufa - seu tom era de descrédito.
– Pensei que queria ele na Sonserina.
– Claro que não, Rose. Ele é meu irmão e tinha que ficar aqui comigo, na casa da família. Mas não! Ele tinha que fazer tudo diferente, como sempre. E o papai vai ter que dar a maior força pra ele, sem parecer frustrado. Eu ficaria frustrado. Veja você! Passou sem problemas, Rose. Mas Alvo tinha que aprontar!
– Não fale assim. Tenho certeza que ele não teve culpa.
– Ouça sua prima, James. Imagine só o que está se passando pela cabeça do guri - disse Wood. – Ele nem conseguiu olhar para seu pai até agora. Olhe!
De fato, Alvo parecia que enfiaria a cara no prato a qualquer momento.
– Pa-pa-pára c-com is-isso, Al.
– Meu pai ainda está olhando para cá?
– Cla-claro. Vo-voc-você ne-nem o-o-o-olhou pra-pra ele!
– É muita vergonha, não consigo. - disse enquanto enfiava outro pedaço de bolo de abóbora na boca – Ele disse que eu seria capaz de escolher a Grifinória, mas eu não pude. Ele deve estar tão infeliz...
– Eu tô fe-fe-feliz p-por vo-vovo-você es-tar a-aq-aqui comi-comimi-comigo.
Alvo lhe transmitiu um sorriso. O primeiro da noite, desde que chegou em Hogwarts.
– Obrigado!
Peter sorriu de volta com tanta sinceridade que melhorou o astral de Alvo. Então todos começaram a fazer perguntas sobre como era ser filho de Harry, como estava sua mãe, se ele pretendia jogar Quadribol, se já tinha aprendido a voar e se tinha figurinhas para trocar. Alvo finalmente estava relaxando em sua casa. Quando olhou para Harry, ele estava comentando algo com Hagrid e se virou, dando um largo sorriso para seu filho.
Na Corvinal, Tiago estava sendo tão paparicado que nem agüentava comer mais. Até a Dama Cinzenta não saía do seu lado. Na Grifinória, embora James e seus amigos falassem de Alvo, o grande sucesso era Jonathan Dumbledore. Cercado de grifinórios que queriam saber onde ele morava, o que ele sabia do ex-diretor, se ele gostaria de tê-lo conhecido e do que conhecia do mundo dos bruxos. Foi de Angélica Wood a pergunta que ele realmente não queria ouvir.
– Você não está triste porque sua irmã foi parar em outra casa? Por que você acha que ela foi para lá? Ela é má?
Todos ao redor silenciaram, esperando sua resposta.
– Não. Lógico que ela não é má!
– A maioria dos bruxos que entram nesta casa não são tão bonzinhos. - disse um menino do segundo ano.
– Mas existem outras coisas que levam as pessoas para lá, não é?
– Não muitas. - Rose interferiu.
– Nós somos muito ligados. Brigamos, às vezes, mas fazemos sempre as coisas juntos. Não sei como vai ser agora. Tomara que continue a mesma coisa.
– É complicado, sabe? Os sonserinos e grifinórios não tem o que nós poderíamos chamar de relacionamento cordial. - explicou Rose. – Ela vai fazer amigos que podem mudar a cabeça dela e quando vocês menos perceberem, podem não se falar mais. Isso já aconteceu antes.
– Ninguém faz a cabeça da minha irmã. Você não a conhece como eu.
– Mas todo mundo aqui conhece a Sonserina. Eles são assim. - concluiu Angélica.
– Vamos, deixem Dumbledore comer em paz! - disse Diego Lockhart, monitor da Grifinória. Era seu último ano na escola e tinha o prazer de conhecer os descendentes de Dumbledore e, claro, o próprio Harry Potter.
Na mesa da Sonserina os alunos novatos como Goyle e Bulstrode-Vaugh eram muito bem-vindos. Poucos disseram algo para Elizabeth e Khai, um garoto apático que nem abriu a boca. Quem estava sofrendo mesmo era Deymon Malfoy. Provocações, azarações, humilhações, tudo o que estava ligado ao nome Malfoy parecia sujo aos olhos dos sonserinos e ex-servos de Voldemort. Quando um pedaço de comida jogado por Goyle acertou Malfoy ele perdeu a paciência.
– É melhor você parar, Goyle, antes que se arrependa.
As palavras saíam de seus dentes semi-serrados.
– Ui! Olha só! Parece que esse Malfoy tá achando que mete medo. Todo mundo sabe que os Malfoy são pura máscara. No fundo são uns covardes! Desistiram de lutar para buscar seu filhinho Draco e salvá-lo! - soltou uma gargalhada que vários sonserinos acompanharam.
– Seria difícil fazer você entender, Goyle. Vocês nunca são capazes de usar o cérebro.
Alguns sonserinos riram, o que encorajou Malfoy.
– Você está querendo uma lição, Malfoy?
– Por que? Você vai lançar algum feitiço em mim? Sua mamãe teve que lhe ensinar mostrando ou você finalmente conseguiu ser alfabetizado?
Malfoy conseguiu tirar mais risos da mesa, o que estava deixando Goyle extremamente irritado.
– Me diga, Malfoy, o que é pior: ter a fama de covarde ou dever a existência da sua vida a Harry Potter? - os sonserinos riram e ele continuou – Nem seu avô agüentou tanto sofrimento. Teve que se matar!
Nenhuma risada surgiu dessa vez, pois a cara de Deymon estava tão vermelha e seu olhos emanavam tanto ódio que eles só perceberam quando ele e Gilbert estavam engalfinhados no meio da mesa da Sonserina. O grito ritmado de incentivo à briga logo começou.
– Briga! Briga! Briga! Briga!
Não demorou muito para McGonagall interferir e levitar cada um de um lado de seu corpo.
– Muito bem, quem é o responsável por esta briga?
– Malfoy, diretora McGonagall! - Amélia respondeu rapidamente. – Ele falou alguma coisa sobre a morte do amigo do pai de Gilbert.
Ninguém da Sonserina a desmentiu e Deymon permaneceu em silêncio.
– Muito bem, mocinho. Amanhã à noite você cumpre detenção na biblioteca. Vou mandar um aviso para seus pais. E 10 pontos serão retirados da Sonserina.
Sobre protestos dos membros da casa, a diretora se retirou. Malfoy foi ainda mais odiado. Assim que o banquete terminou, os alunos se dirigiram para suas casas. Potter finalmente conseguiu chegar na mesa da Grifinória para falar com James, Rose e Alvo, que já se aproximava depois de sair da mesa da Lufa-Lufa.
– Olá, James! Nick! Parabéns, Rose!
– Obrigada, dindo. Quero dizer, Prof. Potter.
Ele sorriu.
– Pai, por que o senhor não disse que ia ser professor de Hogwarts este ano?
– Porque nem eu sabia disso, James. A Prof. McGonagall me enviou uma coruja em cima da hora para me pedir este favor e eu não pude negar. Oi, Alvo! - Harry abraçou o filho – Parabéns pela Lufa-Lufa!
James revirou os olhos.
– Sabia, James, que um dos melhores estudantes, inteligente e de muita coragem, que já conheci pertenceu à Lufa-Lufa? Não há vergonha alguma. Todas as casas de Hogwarts são dignas de seus alunos. Quem é seu amigo, filho?
– Peter Canaghan. Ele é filho de trouxas.
– Seja bem-vindo a Hogwarts e ao mundo da magia, Peter.
– O-o-o-bri-obri...valeu!
Harry sorriu.
– Vão logo para suas camas porque amanhã será um longo dia e vocês têm muito o que fazer.
As crianças se despediram e Harry voltou para perto dos professores.
– Bom vê-lo por aqui, Harry! - Arthur Weasley lhe deu um tapa nas costas. Ele continuava com seu jeito amoroso e saudosista, mesmo tendo visto Harry a poucos dias atrás.
– Uma surpresa e tanto para os alunos, devo dizer, mas não para mim. Eu sabia que você retornaria. Pude ver em minha bola de cristal - acrescentou Prof. Sibila Trelawney.
De repente, Harry foi suspenso no ar por duas mãos gigantes e o abraço quase o sufocou.
– Olá, Hagrid! - disse, com dificuldade.
– Harry é fantástico tê-lo por aqui! Canino estava morrendo de saudades do trio preferido dele e agora vamos poder ter a sua companhia sempre que possível!
– É claro!
Harry sorriu. Trocou breve palavras com os professores, então se aproximou de Minerva e dos aurores, que discutiam, mais reservadamente, o resgate dos Dumbledore.
– E eles ficaram animados com a idéia de vir depois que Luna lhes mostrou um feitiço simples de bolhas - finalizou Dino.
– Oi, pessoal!
– Oh, olá Harry - Luna sorriu – Dino estava concluindo a história toda.
– Então - continuou Minerva – Têm certeza de que não há mais nenhum detalhe que devemos saber? Vocês os observaram todo este tempo e, ainda assim, não têm suspeitas do porquê de Elizabeth Dumbledore ter entrado para a Sonserina?
– Ela é um amor de pessoa, diretora McGonagall. Eu a vi cuidando dos animais, ajudando os pais e em passeios sozinha pela propriedade. - Cho argumentou. – Tenho certeza de que não há traços das Artes das Trevas nas ações dela. A não ser...
Todos prenderam a respiração e olharam para a auror.
– Oh, diga logo de uma vez, Srta Chang! - Minerva já estava impaciente.
– Lembra, Luna, que ela perguntou sobre Dumbledore? E até pediu que falássemos dele durante a viagem?
– Sim.
– Mas isso é muito normal - disse Tenessa – As crianças têm curiosidades sobre a história de suas famílias biológicas.
– Para mim, pareceu que ela perguntava por outro motivo. Eu senti...que ela estava um pouco amargurada com toda a história.
– Sim - continuou Luna. – Ela estava triste, apesar da excitação. Dava para sentir o desequilíbrio do espírito dela.
– Ela sabia que Dumbledore tinha sido da Grifinória?
– Sim, Harry. Contamos isso para ela. - Dino lhe respondeu.
– Escutem. Pouco antes do Chapéu Seletor dizer que ela iria para a Sonserina, ele emitiu um ruído, vocês escutaram? Algo parecido com ‘Gr’.
– Eu não sei se foi isso que eu ouvi, mas ele emitiu um som sim, Harry. - Larry confirmou e os aurores concordaram com a cabeça.
– Então, eu acredito que ele iria colocá-la na Grifinória.
– Mas o Chapéu Seletor não muda de idéia - garantiu Minerva.
– Mas o aluno pode influenciar na decisão do Chapéu Seletor. Eu sei disso, por que passei por isso no meu primeiro ano em Hogwarts.
– Como assim, Harry? - Cho quis saber.
– O Chapéu Seletor queria me colocar na Sonserina, mas eu pedi que não me colocasse lá e ele acatou meu pedido e escolheu a Grifinória. Ela deve ter pedido para não ser da mesma casa de Dumbledore, por estar amargurada com tudo.
– Se isto realmente aconteceu, meu jovem, faz sentido - Minerva concordou.
– Mas isso também traz um problema, Prof. McGonagall - Harry continuou. – Dumbledore me disse, uma vez, que as escolhas que fazemos determinam quem nós somos. Se Elizabeth escolheu não ser da Grifinória e o Chapéu a colocou na Sonserina, ela deve ter algo que interesse a Salazar Sonserina.
– E não podemos desconsiderar que ela vem de uma linhagem significativa - disse Larry.
– Sim, sim. Por hora, vamos deixar os rios seguirem seus leitos. Estaremos de olho em tudo o que possa acontecer em Hogwarts. Agora vamos, vocês devem descansar depois de tanto trabalho pelo resgate das crianças. E você, Harry, precisa se preparar para amanhã.
Minerva tratou de encerrar o assunto e se dirigiu para os professores. Os aurores se despediram e partiram. Harry se perguntou se deveria consultar Dumbledore, em seu quadro, mas pensou melhor e desistiu, por motivo de força maior.
Comentários (2)
Tem um motivo pelo qual o Alvo vai para lá. Para a minha lógica é importante. Nos últimos capítulos eu deixo claro. Continua lendo. Vai ver como fica interessante.
2016-02-19Não gostei muito de Alvo ter ido pra Luffa-Lufa, mais a fic é boa
2012-11-17