O velho da Floresta
Capítulo II
O velho da Floresta
Na Rua dos Alfeneiros a noite era calma e nebulosa.Há semanas que uma densa névoa pairava sobre a Inglaterra;nos noticiários trouxas, cientistas tentavam explicar o fenômeno sem êxito, para os bruxos se tratava de uma única resposta: o retorno do Lorde das Trevas.
Desde o último ataque no restaurante, que matou tanto trouxas quanto bruxos, a comunidade bruxa vivia em pânico.O Ministro da Magia, Cornélio Fudge, fora deposto e substituído por um antigo auror, Rufo Scrimgeour, que garantia a total perseguição aos Comensais da Morte na semana que o elegeram, porém, nada de progresso foi alcançado.
Mas, mesmo com todos os perigos assombrando a bruxidade, na Rua dos Alfeneiros numa casa de número 4, um rapaz de seus dezesseis anos abria os olhos ainda sonolentos.Apalpou os óculos na escrivaninha e consultou o relógio, meia-noite e meia.Alguém roçou a mão esquerda sobre o seu peito, a pele macia e o perfume de rosas do campo.
Harry não conteve um singelo sorriso observando Arken Éowyn dormir ao seu lado.Há semanas que não se viam, a última vez no castelo quando os alunos partiam para a estação de Hogsmeade.Agora, ela estava ao seu lado e o vazio que a ausência provocara em ambos desaparecera.Olhando para Arken e acariciando as mechas de seu cabelo, Harry recordou o motivo que a trouxera.
“A tarde escurecia conforme o Sol se punha.Desde seu retorno a casa dos Dursley, suportava os dias vagando pelas ruas, longe dos amigos e de qualquer notícia do mundo bruxo.Sua situação com os tios em nada melhorava, eles o ignoravam completamente.Harry era como um fantasma que se apossara do quarto no primeiro andar e comia nas refeições.
Porém, Harry acostumara-se com essa situação e até agradecia por seus tios e seu primo Duda não o perturbarem.Desde a aparição de Voldemort, ás vezes Harry via vislumbres quando fechava os olhos.Contornos difusos, sem foco.Andando pelas ruas de Little Whinghing receava encontrar um Comensal da Morte ou uma enorme cobra a sua espera.Em uma noite fria e nebulosa de agosto, Harry estava em seu quarto.Folheava o livro titulado- O mistério dos Pentagramas- dado por Hermione no seu aniversário de dezesseis anos.
Valter Dursley abriu a porta com certa grosseria e encarou o menino que tanto repudiava.Talvez por suas preocupações ou porque já soubesse do ódio que Valter nutria ao vê-lo, Harry quase nunca o encarava.Mas, ao olhá-lo, viu o quanto o tio envelhecera.Continuava o mesmo homem gordo sem pescoço devido sua gordura.Contudo, os cabelos começaram a rarear e a barba a ficar grisalha.
-Recebemos um telefonema de Guida.Eu, Petúnia e Duda vamos até lá.
-Certo.
-Vou trancar a porta do seu quarto.Não quero você mexendo nas minhas coisas.Ouviu bem?
-Ouvi.
-E nem tente arrombar com seus feitiços!
-Ok.
Surpreso com a indiferença do sobrinho, Valter fechou a porta e pos a chave na fechadura para trancar a porta, ou melhor, para tentar trancá-la, pois o trinco teimava em não fechar.
-Escute aqui, moleque.Não pense que pode passear pela minha casa enquanto estamos fora!Maldição esse trinco está quebrado!
-O que faz o senhor pensar que quero alguma coisa que venha de vocês?Não roubaria nada daqui mesmo que minha vida dependesse disso.-respondeu Harry.
-Moleque atrevido!-disse Valter batendo a porta com violência.
O melhor momento na convivência com os Dursley é quando eles não estão por perto.Horas depois da saída dos tios e do primo, Harry desceu as escadas em direção a sala-de-tv.No meio do caminho, ouviu passos e ruídos e uma luz rocha que provinha da lareira.Pelo ruído dos passos era uma pessoa somente.
Com a varinha na mão, Harry adentrou na sala lentamente.
-Quem é você e o que quer?-perguntou rispidamente.
E para sua surpresa, uma garota de cabelos castanhos e trajes de guerreiro sorria para ele.
-Não lembra mais de mim, Harry?
-Arken.
Ela continuava a sorrir e seus olhos brilharam.Harry sentiu o Coração de Kandrakar, o colar que Arken lhe dera ano anterior, esquentar no seu peito.Enquanto a via chegar mais perto, seu próprio coração acelerava.
-Tantas semanas sem notícias, senti sua falta Harry.
-Eu também senti.Mas, como sabia da casa dos meus tios?
-Bom, eu vi a pedido da Ordem lhe trazer um recado e saber da sua real situação, de como seus tios o estão tratando.O recado é que daqui a cinco dias o representante da Ordem virá buscá-lo, mas isso deverá ser um segredo.
-Por quê?
-Isso eu não sei responder.
-E o seu único motivo para vir aqui era saber como estou e passar a mensagem da Ordem?
Arken acariciou o cabelo de Harry com delicadeza aproximando seu rosto para junto dele.
-Não, Harry.Com ou sem mensagem eu encontraria você de qualquer jeito.Por sorte, tive uma ajuda do Rony e da Hermione.
Seus lábios enfim se encontraram.Com as mãos entrelaçadas, ele a guiou até o seu quarto e sem demora recompensaram a falta sentida durante todo esse tempo.Amaram-se com carinho, com intensidade; os corpos quentes e suados, e a satisfação de estarem juntos.
-Dumbledore e os outros membros da Ordem escolheram Moody para vir aqui, mas Sirius convenceu a todos de que a melhor opção seria eu.-disse Arken abraçada a Harry.
-Sirius?
-É sim.Acho que ele desconfia sobre nós, mas nunca disse nada.Hermione e Rony mandaram lembranças a você, os dois e toda a família Wesley.
Enquanto Arken falava, Harry observava cada músculo de sua boca.O jeito como desviava o olhar penetrante, o sorriso tímido, os cabelos soltos que cresceram.
-O que foi Harry?
-Nada.Estou feliz porque está aqui.-respondeu abraçando-a para mais perto e beijando sua testa.-Espero que meus tios só voltem de manhã.
-Eles só irão voltar de manhã.Digamos que uma repentina chuva alagou toda a região da casa de Guida.
-Foi você?
-Hum rum.E o telefonema dela também, Hermione deu uma ajudinha.Mas, mudando de assunto, as coisas no mundo bruxo estão caóticas.Há um novo ministro da Magia, Rufo Scrimgeour.Todos os meios de comunicação são controlados pelo Ministério, ninguém diz nada sem a aprovação deles.
-E quanto a Voldemort?
-Sumiu desde aquele ataque.A Ordem desconfia dessa atitude dele, e dos Comensais.Eles podem planejar com esse silencio algo bem terrível.
-E mestre Kenobi como está?Encontraram sobreviventes?
O sorriso estampado no rosto dela sumira trazendo uma expressão triste e preocupada.
-Encontramos.Há sobreviventes do Templo, muitos mestres Jedi foragidos e novos aprendizes.Reconstruíram o Templo, aos poucos, uma nova ordem se forma.Mas, mestre Obi-wan sumiu semanas atrás.
-Sumiu?Como assim?
-Ele desapareceu misteriosamente.Pelo que procurei, ele estava numa investigação secreta e dias depois que partiu não manteve mais contato.Eu o procuro no norte da Inglaterra, lugar onde as pistas que descobri me levaram.
-O que mestre Kenobi faria no norte da Inglaterra?Ele não disse nada a você?
-Infelizmente não.Na verdade, eu nem sabia que ele tinha uma missão.
A última frase, sentiu Harry, foi dita com uma profunda amargura.Arken não disse mais nada por um bom tempo.Talvez Obi-wan estivesse em mais uma missão dada a Ordem e, dessa vez, Arken não poderia participar.
-Bom, ah, você ainda tem os mesmos poderes de antes?
-Alguns.Depois que Gullveig apareceu na caverna e cumpriu sua missão, eu não tenho mais pesadelos e também meus olhos não mudam de cor.Porém, finalmente aprendi uma técnica há muito tempo ensinada pelos mestres anciãos que praticamente nenhum Jedi conseguiu dominar, nem mesmo mestre Obi-wan.
-Que técnica é essa?
-Chama-se Kymakuri.O total domínio dela permite salvar as pessoas da morte, apenas com a força do pensamento.Eu ainda estou no início do treinamento, o que me permite apenas ver o que vai acontecer antes que aconteça.São pequenos vislumbres, mas o suficiente para me proteger.
Adormeceram juntos, abraçados na cama.Harry achava que dormiria por uma vida inteira ao lado de Arken, porém, mais uma vez, seus sonhos foram perturbados por formas difusas que ele não entendia de onde vinham e porque as enxergava.Ele se via de pé, com pessoas escondidas em seus capuzes pretos e numa casa escura.Ele sabia que ela estava ali, que a mulher mentira, sentia um enorme desejo de vê-la e entender o seu dom.Isso seria útil para os seus planos, alguém lhe dizia o que fazer.Alguma coisa como...aquela mulher mentia.É óbvio.
-A menina está aqui.-disse Harry com uma voz fria.-Ela existe.
Uma escuridão o envolveu impedindo que enxergasse por algum tempo.Agora, Harry se via diante de uma garota que devia ter mais o menos sua idade.Ela se encolhia no canto da parede, tremendo enquanto os outros se divertiam ao ver aquela cena dela apavorada, inclusive ele.Ela perguntou o seu nome, ele respondeu:Eu me chamo Voldemort, o Lorde das Trevas.
Voldemort?Como assim?Eu sou Harry Potter!
Harry não conseguia entender o porquê de ter dito aquelas palavras, então se lembrou que estava sonhando.Mas será que estava mesmo?Todo aquele ambiente e aquelas pessoas pareciam tão reais, elas eram reais.Só que Harry não estava ali realmente, ele estava na rua dos Alfeneiros.Contudo, seus pensamentos logo mudaram, pois sentiu uma dor horrível como se sua pele pegasse fogo, seus ossos ardessem em chamas.Era a garota, ela o fazia gritar de dor.Vidros se espatifaram no chão e a poeira tomou conta do ambiente.
-Tirem ela daqui!Tirem-na daqui!
Uma mulher se aproximou dele e lhe perguntou o que acontecia.Mas Harry, não tinha fôlego o suficiente para explicar.
¬-Tirem...ela...de...tirem...de perto...de mim.
A escuridão o envolveu e Harry acordou suado.”
Alguém roçou a mão esquerda sobre o seu peito, a pele macia e o perfurme de rosas do campo.O cheiro de rosas, mais uma vez, trouxe alívio para Harry.Foi um sonho, apenas um sonho.Estavam seguros ali, ninguém os atacaria.Contudo, o que aquele sonho significara? A voz da mulher parecia com a de Bellatrix Lestrange.E quem era aquela garota? E o que fez para Harry sentir tanta dor?
-Mas, eu era Voldemort.-disse.
-Harry? O que houve?
Arken acordara, e olhava assustada para ele.
-Nada, está tudo bem.
-Harry, você está quente!Está ardendo em febre!
-Eu estou bem.Foi só um pesadelo.
-Claro que não foi só um pesadelo.Eu senti você se mexer o tempo inteiro, me diz o que houve.
-Eu sonhei com ele, Arken.Eu era Voldemort, e atacava alguém, uma garota.E ela...ela me atacava.
-Como te atacava?
-Eu não sei, mas quando ela olhou para mim, meu corpo parecia que ia pegar fogo de tanta dor.Então eu acordei.É apenas um sonho não é?
-Talvez, Harry.Melhor comunicarmos a Dumbledore, ou a Sirius.Eu tenho que ir.
-Agora?Pensei que ficaria até amanhecer.
-Seus tios estão chegando, a chuva finalmente cessou.Preciso ir antes que amanhece e eles ou alguém desta rua me veja.Nos veremos muito em breve, eu prometo.
Harry observava Arken indo embora, ela vestiu uma capa, girou os calcanhares e desapareceu.Sozinho no seu quarto, Harry viu o dia amanhecer, imaginando se o pesadelo que tivera fora mesmo um sonho ou aconteceu de verdade em algum lugar.A questão era que se realmente aconteceu, porque Harry vira tudo aquilo?Ele era Voldemort no sonho.O que isso significa?
Brighid não pegara no sono a noite toda, seu corpo estava completamente dormente por causa da posição que ela não se atrevia a desfazer.Pensava a cada minuto se aquelas pessoas tinham ido embora, e na sua mãe que ela tremia com a hipótese de que nunca mais a visse novamente.Seus olhos incharam de tanto que chorou, que rezou pedindo nos silencio que alguém aparecesse, que viesse salvá-la.Tentou se concentrar como fizera das outras vezes, quando seus olhos mudaram, para que esta chance se tornasse real.Porém, as coisas estranhas somente aconteciam quando ela menos esperava, sem a sua real vontade.
A porta do quarto abriu delicadamente.Mas, eu tranquei a porta!Pensou desesperadamente, ela tinha certeza.Trancou a porta para que aquelas pessoas encapuzadas não se atrevesse a entrar.Para que ela estivesse segura.Sons de passos congelaram seu coração, ela não se atrevia a respirar com medo de que isso denunciasse sua posição.Pela brecha do armário de bonecas, viu que eram três pessoas ali e que usavam capas roxas.Uma delas era uma mulher porque usava saia e meia-calça azul.
-Brighid, não estamos aqui para machucá-la.Somos do bem, e viemos resgatá-la.Os comensais foram embora, você já pode sair.
A voz era de alguém velho, e parecia ser bondosa.E se fosse uma mentira?Uma armadilha para que Brighid saísse do seu esconderijo e fosse pega?
-Acho que ela está naquele armário, Professor Dumbledore.-disse a voz de uma mulher bem jovem.
Brighid escondeu o rosto com as mãos, estava com medo, queria a presença dos seus pais.Queria acordar e ter a certeza de que foi um pesadelo, que tudo andava bem.Abriram a porta do armário com delicadeza, e a voz do velho fez Brighid erguer os olhos.
-Não tenha medo, Brighid.Nós estamos aqui para ajudá-la.
-Que-em é-e v-você?-perguntou aos soluços.
-Eu me chamo Alvo Dumbledore, sou um bruxo assim como os dois que estão aqui ao meu lado.Tudo ficará bem, venha, dê-me sua mão.
O seu olhar lhe trazia confiança, uma confiança na qual Brighid se agarrou.Ela o abraçou e começou a chorar, Dumbledore acariciou suas mechas e disse palavras de consolo.O velho possuía uma energia incomum, sentiu Brighid, algo de bom e misterioso que lhe trouxe calma, sabia que estava em boas mãos.
-Estes são Tonks e Remo Lupin, nós vamos levá-la para um lugar seguro.
-Onde estão as pessoas encapuzadas?
-Eles se foram.Não há mais nenhum aqui.-disse Tonks.
-É melhor irmos, professor.Antes que os trouxas cheguem.-disse Lupin olhando a janela.
-Brighid, preciso que você segure na minha mão e não a solte.Vamos fazer uma pequena viagem até nosso esconderijo.-Tonks falou.
-Mas e a minha mãe?Eu posso ir sem ela, onde está?
-Querida, vamos para um lugar seguro primeiro ok.Quando chegarmos lá, lhe responderemos tudo que você concerteza quer perguntar.-disse Tonks.
Eles escondiam alguma coisa dela, será que também sabiam de seu segredo?Por isso a ajudaram?Por causa do que ela sabe fazer?
-O carro está lá fora.
-Nós não precisamos dele, Brighid.-Lupin lhe respondeu ainda olhando para a janela.-Temos o nosso meio próprio de viajar.
Sem compreender como sairiam de seu quarto sem descer as escadas e sair do bairro sem o carro, assim mesmo, Brighid segurou a mão de Tonks.A mulher girou os calcanhares e de a menina sentiu como se estivesse sendo puxada para um cano longo e estreito, mal conseguia respirar e seus olhos ardiam.Finalmente seus pés tocaram um chão firme, aos poucos Brighid abria os olhos para o que parecia ser um quarto pequeno, escuro e sujo.
-Ainda bem que chegaram a salvo.-disse Lupin.
-Onde estamos?-perguntou Brighid.
-Este é um dos nossos esconderijos.-explicou Dumbledore que a garota mal o enxergava por causa da escuridão-Desculpe pelo estado do ambiente.Estamos em Elzach, um vilarejo da Alemanha.Agora, tenho que me despedir.Lupin e Tonks, garantem a todo custo a proteção de Brighid.
Dumbledore se dirigiu a porta do quarto.Brighid sentia-se desconfortável com aquelas pessoas que mal conhecia.Queria pedir para que Dumbledore ficasse, sabia que podia confiar nele.Talvez porque ele segurou na sua mão, ou simplesmente porque, naquele momento, era o único não tinha medo de olhá-la nos olhos.Tanto Tonks quanto Lupin evitavam encará-la, sorriam quando necessário e eram gentis, mas nunca olhavam nos seus olhos.
-Não tenha medo, Brighid.Está segura agora.-disse Dumbledore antes de sair.
Logo após sua saída, um velho sujo e quase sem dentes entrou no aposento com uma bandeja de pão, mortadela e suco.Eva, concerteza mal tocaria na comida dado a procedência do ambiente, porém, Brighid tinha tanta fome que abocanhou o sanduíche em minutos.Lupin permanecia postado na janela espiando a rua por trás da cortina comida por traças e com um forte cheiro de mofo.E assim transcorreu todo o dia, de silêncio e apreensão a qualquer sinal dos Comensais.Tonks folheava um livro e, de vez em quando, executava movimentos com a varinha.Dela saiam faíscas vermelhas e verdes.
-Quer mais alguma coisa Brighid?-perguntou Tonks.
-Não, obrigada.Ah..quanto tempo ficaremos aqui?
-Até anoitecer.Depois partiremos para o nosso esconderijo definitivo.É um bom lugar, tenho certeza de que vai gostar.
-Acha que minha mãe está lá?
-Hum...eu acho que sim, é, claro.
A resposta soou mais como uma mentira.Eles a estavam escondendo algo, mas quando chegasse ao abrigo definitivo, Brighid exigiria a presença de sua mãe.Mesmo que tivesse de usar suas habilidades para que dissessem.
-O que significa a palavra trouxa?
-É como nós chamamos os que não são bruxos.-respondeu Tonks sorrindo.-Sabe, as pessoas comuns.
-Eu sou uma trouxa?
-Não meu bem.Você é uma de nós, uma bruxa.
Intimamente, Brighid tivera sempre essa resposta.Antes que suas habilidades aflorassem, antes que seu pai desaparecesse.Tivera a certeza de que existia algo a mais do que as pessoas poderiam supor.
-Acho que, no fundo de tudo isso, eu sempre soube que vocês viriam até mim.Mesmo sem nunca conhecê-los.
Um barulho ensurdecedor vindo de fora impediu que Tonks respondesse a Brighid.Os três olharam a janela, e Brighid fora jogada para o lado oposto da janela.Bem a tempo de uma enorme pedra entrar bater nos vidros e cair dentro do quarto.
-Nos descobriram!Eles estão aqui, os Comensais da Morte.-gritou Lupin agachado no chão.
-E agora Lupin? O que faremos?-perguntou apavorada Tonks.
-Tire a menina daqui Tonks e vá para um lugar onde possa desaparatar direto para a Ordem.Não podemos mais esperar.
-Mas e você?
-Eu os distraio!Vão!
Tonks agarrou o braço de Brighid e a atirou para fora do quarto, a mulher de cabelos lilás correu para Lupins e o beijou sussurrando alguma coisa no seu ouvido.Embora estivesse distante, Brighid ouviu o que ela dizia:Eu te amo.E o homem respondeu:Eu também.Vá, nos encontraremos na Ordem.
As duas correram escada a baixo o mais rápidas que suas pernas permitiam.A cada passo que davam mais janelas eram estilhaçadas e pessoas saiam dos seus quartos gritando e acompanhando as duas na decida.Do lado de fora, uma voz alta repercutiu na estalagem inteira.
-ENTREGUEM A MENINA OU NÃO POUPAREMOS NINGUÉM!
-Vamos Brighid!Mais rápido!
-Moças, venham por aqui!-disse o velho sujo aparecendo dos fundos da estalagem.
Ele as guiou pela cozinha mal iluminada, onde Brighid viu pequenos seres de olhos grandes e amendoados e um avental na cintura que lavavam, cozinham e varriam o chão.O homem abriu uma porta que dava para uma rua deserta.
-Corram o máximo que puderam.Eles são muitos e logo perceberão que vocês saíram daqui.Eu e os outros daremos cobertura.
-Obrigada Jonh!
-Salve a menina!Boa Sorte!
Era um beco estreito e deserto.Tonks corria na frente para os fundos da rua quando de repente, um homem encapuzado surgiu do outro lado da rua e começou a correr atrás delas gritando para os outros companheiros que o seguisse.
-Não vamos conseguir!-gritava Brighid.
-Vamos sim, corra mais rápido!
Mas Brighid tropeçou numa pedra e caiu no chão.Tonks veio ao seu auxílio, Brighid chorava sem parar com o joelho esquerdo ferido.
-Salve sua vida.É a mim que eles querem!
-De jeito nenhum!Ande, corra o mais rápido que puder e se esconda em algum lugar que ache seguro.
-Mas e você?
-Eu me viro.
-Talvez se eu usar os meus poderes eles vão embora.
-Não os use, pelo menos agora.Ande, eu cuido deles.
Brighid correra o máximo que seu fôlego permitia.Atrás dela, Tonks criara uma parede de concreto e murmurava algumas palavras estranhas.A garota passava pelas pessoas que saiam de suas casas sem entender o que acontecia, alguns iam em direção aos barulhos carregando suas varinhas.A tarde escurecia depressa demais, e uma enorme floresta que aparecera do nada fez Brighid para, cansada, assustada.
A floresta negra, seu pai já lhe falara sobre ela.Umas das mais antigas da Europa, palco de muitas histórias infantis.Sua imponência e inquietude a atraia, poderia se esconder e quando visse Tonks, Lupin ou, ela pensou rezando, Dumbledore.Não havia outro jeito, os barulhos aumentavam; os Comensais estavam perto, ela tinha que tentar.
Caminhando devagar, prestando atenção a cada galho que se quebrava ou um pio de coruja, Brighid procurava um lugar para se esconder.Os ventos balançavam as folhagens, e vozes diziam o nome dela: Brighid...Brighid...
-Quem está ai?
As vozes não responderam.Mas um homem veio ao seu encontro, ele vestia uma túnica marrom que escondia seu rosto.Brighid pensou em fugir, mas sentiu um cheiro que a fez parar.Um perfume que já sentira antes, um aroma que a fazia se lembrar de casa, de um lugar onde verdadeiramente se sentiu em casa.
-Não tenha medo, eu não sou um deles.
-Então quem é?
-Apenas um andarilho, eu posso ajudá-la.Confie em mim.
-Eu não o conheço.Como posso confiar?
-É, pelo que vejo, sua mãe lhe ensinou bem a se cuidar.Confie em mim, Brighid, eu posso ajudá-la.Não lhe quero mal.
-Como sabe o meu nome?
-Eu sei tudo o que preciso saber.Eu me chamo Samuel.
Caminharam por um longo tempo até o cair da noite.Brighid tentava digerir os últimos acontecimentos; fora atacada por um bando de estranhos, depois resgatada por pessoas que se vestiam estranhamente e usavam varinhas, não sabia do estado de sua mãe e agora com um velho que ela tinha a impressão de conhecê-lo.
-Dias difíceis, eu suponho?-perguntou Samuel.
-Já viu sua vida se transformar de uma hora para outra? Horas atrás eu era apenas uma estranha com uma vida comum e, agora, uma fugitiva no meio do nada e sem saber o motivo.
-Mas descobrirá com o tempo.Tenha paciência, quando fazemos uma pergunta ao Universo, ele nos responde.Contudo, somente com o tempo.
Brighid...Brighid...paciência Brighid...Brighid...
-De quem é essas vozes?
-Espíritos da floresta, os humanos chamam de fadas.Elas gostam de você, por isso te guiaram até a floresta.Sua função é proteger cada planta e animal existente na Terra.
-Elas não tem feito um bom trabalho.Soube do Aquecimento Global? Um dos motivos é a eliminação do carbono através das queimadas.
-O homem está apenas colhendo o que plantou.Mas não se preocupe, elas fazem um bom trabalho, senão, não estaria vendo esta paisagem nem outras tantas que resistem.
Brighid ouviu Tonks e Lupin chamando o seu nome.Ao virar para agradecer pela proteção ao velho, ele simplesmente sumira.E as fadas também.
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