Lily, essa garota é louca
Capítulo 2: Lily, essa garota é louca.
”Lily” saía na rua com sua boca-se-sino
Esperando uma amor encontrar
Mas quando chega à escola e vê que ninguém lhe dá bola
“Lily” se põe a chorar...
E lá estava Lily, com uma camiseta branca surrada, um jeans preto e rasgado colado ao corpo e, nos pés, um converse totalmente sujo. Seus olhos estavam borrados de preto e sua boca reluzia com um batom vermelho. As unhas, aparentemente, estavam pintadas também, da mesma cor dos olhos. Seu cabelo também estava diferente, longe do coque que costumava usar na escola, agora os fios cor de fogo estavam soltos, o que mostrava seu corte repicado, onde pontas apontavam para todos os lados.
Seu cabelo é picado, seu colete desfiado
E usa botas de cowboy
Não tem medo de nada, anda sempre bem armada
Mas sei que seu coração dói...
James não podia acreditar que sua ruiva estava lá, parada em cima daquele palco cantando sucessos de Ramones, Sex Pistols e Dead Boys. Ela fechava os olhos nas notas mais altas, e isso doía nele, não porque a voz dela era desafinada, pelo contrário, era muito harmoniosa e firme, mas ele nunca a vira assim antes, para ele Lily era uma bruxa meiga, estudiosa e delicada, e não uma punk.
Um dia “Lily” foi embora
Queria contar ao mundo sua história
Roupas na mala, cigarro na boca
Todos diziam essa garota é louca
O som parou, Lílian e o resto de sua banda desceram do palco, e um novo grupo já tomava conta dele. James tentou se aproximar da garota, mas parou ao ver uma cena um tanto... estranha.
Snape dera um beijo na garota assim que seus pés tocaram o chão. E não foi um beijo de “parabéns” ou um beijo amigo, foi um beijo, digamos... quente. Mãos rolavam por todos os lados, não se sabia quem era um e quem era outro. (N/A: eu adoro falar isso :x) Depois de alguns minutos, que foram realmente longos para James, o beijo acabou, Lily sorriu e acendeu um cigarro.
- DESDE QUANDO ESSA DESGRAÇADA FUMA? – gritou James sem querer.
“Lily” pôs os pés na estrada, sua sorte foi lançada
Mas o tempo se encarregou
De lhe dar alguns amigos e fazer o que mais gosta
O bom e velho rock n' roll.
Foi inevitável que todos ouvissem, a próxima banda nem tinha começado a tocar e o salão estava bem quieto, exceto pelas vozes alvoroçadas. Todos os olhos viraram-se, quase que instantaneamente, para James. Muitos não sabiam de quem ele estava falando, já que mais da metade dos presentes eram fumantes, mas Lily sabia, ela sabia muito bem de quem o garoto estava falando.
Escreveu alguns poemas inspirados em Jonh Lennon
E libertou seu coração
Sua guitarra envenenada e sua mente valvulada
Conquistaram a Redenção
A ruiva se aproximou de James com ódio em seu olhar, muito ódio. Parou em sua frente e examinou-o por alguns segundos.
- O que você está fazendo aqui? – disse entre dentes.
- Eu que lhe pergunto isso, Lily.
- Eu vim para a droga do meu show.
- E eu vim ver o seu show – disse o garoto com um ar de gozação.
- Como você soube? – ela parecia confusa.
- Fiquei sabendo agora – ele desviou o olhar – Eu só vim para um show de punk rock, mas não sabia que a vocalista de uma das bandas era uma nerd metida a revoltadinha.
- Não me torra – Lílian saiu andando pelo salão.
- E porque você beijou o Ranhoso? E quanto a ele te chamar de sangue-ruim diariamente? – perguntou o garoto seguindo-a.
Seus shows eram muito pirados
Sempre acabavam com os palcos quebrados
Com sua voz rasgada e rouca
Todos diziam essa garota é louca... (...)
Lílian virou-se para ele, desta vez o ódio nos seus olhos era maior e muito mais visível. Os dois se olharam por alguns minutos, Lílian sabia muito bem o que falar, mas estava se contendo para não meter-lhe um soco nos dentes.
- Não se meta na minha vida – disse por fim com uma voz calma.
- Eu me meto enquanto eu souber que isso vai te machucar – disse James, na defensiva.
- Nada mais me machuca – após dizer isso a ruiva virou-se e foi ao encontro de Snape.
James ficou observando de longe, ela parecia feliz, mas não tão feliz quanto o garoto de cabelos escuros, que caíam-lhe até o queixo. Os dentes amarelados do garoto com certeza mostravam uma alegria imensa, tão grande era seu sorriso que seu nariz parecia ainda maior.
- Você foi fantástica – sussurrava no ouvido da ruiva.
- Valeu Sevy – agradecia a garota passando os braços pelo pescoço do moreno.
James não tirava os olhos do casal um segundo sequer, talvez Lily até gostasse disso, pelo menos uma vez na vida era ela quem estava agarrada a alguém enquanto o outro olhava amargurado. E, mesmo que James tentasse fazer o mesmo, a garota sabia que ele não teria a mínima chance com qualquer garota de lá, elas tinham ideologia demais para sair com um mauricinho como ele.
- Ruiva quem é aquele gato que não tira os olhos de você? – perguntou Vail grudando no pescoço da garota, interrompendo o casal.
- Aquele? James Potter – respondeu a garota com desprezo.
- Aquele é o tal do Bacon? – a morena pareceu chocada – Ele é lindo, meio arrumadinho demais, mas lindo.
- Faça bom proveito – Lílian riu.
- Não fico com quem minha amiga gosta – Vail retirou-se com um sorriso debochado, e Lily pôde notar o ciúme nos olhos de Severo.
- Sev, vamos dar uma volta?
O garoto assentiu com a cabeça, e os dois se retiraram do salão lançando um olhar de reprovação a James. O casal sentou-se em um banco na praça em frente ao local do show, e ficaram a conversar por um longo tempo, enquanto, na casa de shows, bandas continuavam a tocar e agitar o pessoal que não cansava do pogo.
Enquanto isso, dentro do salão, James estava inconformado e descarregava suas mágoas nos outros marotos, que não acreditavam que Lílian poderia estar com Snape. Eles foram amigos por um bom tempo, até ele adquirir o péssimo hábito de chamá-la de “sangue-ruim”, todos os bruxos sabem que isso não é nada gentil.
- James, não use drogas, por favor – dizia Sirius – A Lily não é uma punk, e ela não sai com o Ranhoso, certo? A voz da garota parecia muito com a dela, mas é só uma coincidência, aquela garota não era a Lílian, acho que sua paixão por ela já está virando obsessão, cara, onde você olha enxerga ela.
- Era a Lílian, eu juro. A gente até discutiu.
- Todo mundo discute com você – disse Remo sorridente.
- Eu acho que você comeu muitos bolinhos de chocolate, mas relaxa, isso é normal, quando eu como demais também tenho alucinações, o problema está nas calorias, repito, o problema está nas calorias. – disse Peter em tom de consolação.
Remo e Sirius caíram na gargalhada.
- Vocês não acreditam em mim, né? – perguntou James em tom de desafio.
- Não – disseram Sirius e Remo em coro e rindo.
- Certo, mas eu vou provar – e saiu desembestado pelo salão.
- Pobre Pontas – lamentou Sirius.
- O que deu no seu amigo? – perguntou Vail se intrometendo na conversa e passando um braço por cima do pescoço de Sirius – Uau, você é um gato – acrescentou a garota quando finalmente olhou para o moreno.
- Não é gato, é cachorro mesmo – Remo riu.
- Não enche, lobinho – Sirius pareceu irritado – Obrigado gatinha – o garoto sorriu – Quer ir para um lugar mais calmo?
- Demorou – Vail sorriu.
- A gente não deveria ir atrás do Pontas? – perguntou Peter com a boca cheia de pão.
- É mesmo, o James saiu tão estranho daqui – observou Remo.
- Entrem no bate-cabeça e deixem aquele chato em paz – aconselhou Sirius.
- Diga à ele que a Lily está na praça com o Severo, quem sabe ele se acalma – disse Vail em tom de provocação.
- COM O SEVERO? – perguntaram Remo, Peter e Sirius em coro – Vamos lá ver – Remo completou.
- Eu não, – disse Sirius – essa morena é demais, não desgrudo dela nem por mil sapos de chocolate.
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- CALE A BOCA, CALE A BOCA! – gritava a ruiva sem se importar que todos a observassem.
- O que foi sangue-ruim? Você estava normal até seu namoradinho chegar – disse Snape no seu tom frio de sempre.
- Eu já disse que ele não é meu namorado, entendeu ou quer que desenhe? E para com esse ciúme incontrolável, você não é meu namorado.
- Não sou porque você gosta dele – disse Snape levantando-se e segurando o braço da garota.
- ME SOLTA!
- Admite que você gosta dele.
- ME SOLTA, SEVERO – gritava a ruiva enquanto tentava se desvencilhar da mão do garoto.
- ADIMITA! – Snape resolveu se esquecer que as pessoas estavam olhando e começou a gritar também.
- Eu não gosto de ninguém – disse Lily entre dentes, e, após soltar seu braço das mãos de Severo voltou para a casa de shows.
Ao entrar no salão quase trombou com um casal. Uma morena com o cabelo repicado na altura do pescoço, jaqueta jeans e calças vermelhas estava completamente enrolada em um cara alto, de braços fortes e cabelo longo. A garota estava encostada na parede, o rapaz colado nela, segurando sua perna na altura de sua cintura. Lily riu com a situação, os dois lhe pareciam muito familiares, mas era impossível ver o rosto de qualquer um.
Quando o beijo terminou, o garoto olhou a morena nos olhos e começou a acariciar seu corpo com ferocidade. Sim, Lily realmente conhecia aqueles dois, eram Sirius e Vail. Vail não era oferecida e nem saía com todos, mas não perdia nenhuma oportunidade de ir pra cama com um cara bonito, e Sirius era o cara mais bonito de toda a nação. Ela não tinha dormido com muitos rapazes, bem que eles tentavam, mas ela tinha uma escala exigente, onde um garoto para ir para a cama tinha que ser um semi-deus.
Lily resolveu ir atrás do seu deus grego. James Potter? Não me faça rir, estou falando de um homem de verdade, um homem que fizesse o tipo da Lily.. Não demorou muito para que um cara de moicano loiro, olhos escuros, alto e de braços fortes, se aproximasse da garota e lhe mandasse a pior cantada do mundo:
- Posso me queimar no fogo do seu cabelo?
Lílian sentiu uma imensa vontade de rir, mas mordeu a língua. A garota não podia dispensar um cara lindo como aquele, pelo menos não quando ela sabia que James estava à sua esquerda, ao lado de Snape, ambos olhando para a ruiva. Lily não deixou a oportunidade escapar, segurou o rosto do loiro com força e meteu-lhe um beijo na boca.
Isso já era demais, James estava farto, onde estava Lílian Evans? Porque aquela, sem duvida nenhuma, não era ela. Poderia ser que a verdadeira Lily, sua deusa dos olhos verdes, fora abduzida por alienígenas, que colocaram um clone do mal em seu lugar. Ou então a ruiva poderia ter uma irmã gêmea, e nesse exato momento seu lírio estava deitado em sua cama, num sono profundo e inocente.
Mas NÃO, por mais que o garoto insistisse, ele sabia que essas teorias estavam todas erradas, aquela era Lílian Evans, mas ele era James Potter, e não ia deixar essa história inacabada. O moreno aproximou-se da garota que beijava ardentemente aquele rapaz desconhecido, colocou as mãos entre o corpo dos dois e empurrou o homem para longe de Lily.
- O que você pensa que está fazendo? – perguntou o loiro, irritado.
James respondeu com um soco, e assim iniciou-se uma briga. O bruxo levou vários socos e chutes no estômago, sem contar o olho roxo que ganhou. Mas o garoto não deixou que o punk saísse sem ferimentos. Era óbvio que James era mais fraco que o outro garoto, então, quando ele estava caído no chão, tomando chutes em todas as partes de seu corpo, cansou. Apoiou uma das mãos no chão, levantou cambaleando, puxou a varinha do bolso de seu jeans e apontou-a para o outro.
- Ui, que medo, vai fazer o que? Bater em mim como uma atriz pornô? – perguntou o rapaz rindo.
James estava ofegante, suas roupas estavam rasgadas e sujas, haviam vários cortes em seus braços, seu olho direito estava inchado e seu nariz sangrando, mas isso não impediu que ele lançasse um sorriso torto e mantivesse a varinha no alto.
- Potter, não – pediu Lily com o olhar vidrado.
- Me deixe – ordenou o garoto sem olhá-la.
- Jay, por favor – a ruiva suplicou.
O moreno abaixou a varinha devagar e olhou-a surpreso e confuso ao mesmo tempo.
- D... do que você m... me chamou?
- Potter – corrigiu a garota desviando o olhar com pressa.
- Não – ele sorriu – você me chamou de Jay.
- Certo, mas vamos embora.
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- Queria que você tivesse morrido – disse a ruiva cruzando os braços enquanto caminhava pelas ruas de Londres ao lado de James.
- Não, você não queria – o garoto riu – Ai.
- Que foi? – ela o observou com preocupação.
- Quando eu rio minhas costelas doem.
- Bem feito, queria que tivesse sido pior.
- Não seja má Lily... Estamos chegando? – perguntou o garoto, ansioso.
- Falta apenas uma quadra.
Os dois caminharam em silêncio pela rua vazia. Os outros optaram por ficar no salão, estavam curtindo o show, e Sirius e Vail estavam ocupados demais. Quando chegaram à casa da garota entraram em silêncio, ninguém poderia saber que Lily estava levando um garoto para casa. Subiram cautelosamente para o quarto da ruiva, que ficava no fim do corredor do segundo andar.
Após entrar e fechar a porta, Lily pediu que James sentasse em sua cama, em seguida foi até a escrivaninha e pegou uma caixa marrom. Pousou-a na cama, ao lado do moreno, abriu-a. Dela tirou algodão, analgésicos e remédios para limpar os ferimentos. Molhou um algodão num líquido transparente que James não sabia o que era.
- Fique parado – mandou a ruiva limpando os cortes do rosto do garoto com o algodão.
- Isso arde, não podemos usar magia?
Lílian riu.
- Não – respondeu em seguida – gosto de fazer as pessoas sentirem dor.
- Alguém... alguém já disse que seu sorriso é o mais lindo do mundo? – perguntou James observando a garota com um ar bobo.
Lílian levantou-se e foi até a escrivaninha, apoiou as mãos e respirou fundo. Ela não podia sentir nada pelo James, não enquanto o verão não acabasse. Essa era a única época que ela podia ser ela mesma e continuar feliz, ela não podia estragar isso, não podia quebrar essa rotina depois de tantos anos, mas aquele moreno a deixava louca.
James levantou-se, foi até a ruiva, abraçou-a por trás e deu-lhe um leve beijo no pescoço.
- Não toque em mim, playboy.
James não pôde esconder o espanto, mas afastou-se da garota rapidamente. Lily saiu do quarto, deixando-o sozinho. O garoto aproveitou a oportunidade para vasculhar o quarto e tentar recolher informações, e descobrir o que a garota escondia. Encontrou coisas diferentes do que previa, como sutiãs em baixo da cama, cigarros queimados pelo chão, roupas de outros caras, garrafas de bebidas escondidas atrás do guarda-roupa, sem contar as várias camisinhas em baixo do colchão. Dentro do armário de madeira estava o malão de Hogwarts, uniformes e livros. Em cima da escrivaninha havia um livro trouxa, que o garoto não conhecia. Dentro das gavetas da mesma, havia vários braceletes, meias sujas, toucas, panfletos, estiletes enferrujados e até um soco-inglês reluzente.
Antes que ele pudesse olhar tudo o que queria, a garota voltou trazendo um colchão. Jogou-o ao lado da porta, deitou em sua cama e desejou bons sonhos a James.
Na manhã seguinte, aproveitaram que os pais de Lílian haviam saído e se retiraram com pressa. Encontraram-se com Vail e Sirius dentro do velho cadilac, na porta da casa. Vail vestia uma saia de couro sintético extremamente curta, por baixo uma meia arrastão e um coturno longo cobrindo as panturrilhas. Na parte de cima a morena vestia uma blusa preta com um decote extravagante, que mostrava parte de seu sutiã com estampa de onça que cobria os delicados seios da garota. Ao lado dela, no banco do passageiro, estava Sirius sorrindo satisfeito.
- Chega aí – falou a morena apontando para o banco traseiro.
Num pulo Lily montou no carro e sentou-se, olhando apreensiva para James que ainda passava a primeira perna por cima da porta emperrada do carro. Antes mesmo que James conseguisse sentar-se o carro arrancou rua acima, fazendo com que o moreno se desequilibrasse e caísse no colo de Lílian.
- Pra onde estamos indo? – perguntou o maroto sentando-se.
- Vamos te levar pra casa, garotão – respondeu Vail sorridente.
- Ahn? Espera aí, acho que não entendi muito bem... E o Remo? Peter...? – perguntou incrédulo.
- Eles foram pra casa ontem à noite, relaxa e curte a viagem – disse Sirius olhando o maroto e sorrindo gostosamente enquanto seus cabelos sujos e longos eram envolvidos pelo vento.
James não sabia o que pensar, ele estava no carro com uma Lily totalmente diferente da que ele conhecia, uma garota desconhecida, que ele já percebera ser completamente maluca e um Sirius todo bobo. Sirius estava idiota, parecia um pré-adolescente que acaba de dar o primeiro beijo e ainda não acreditava que era verdade. James tinha vontade de dar um soco no amigo.
O garoto não podia negar que estava sendo divertido viajar com os três, Lílian estava muito descontraída e Vail era uma garota engraçada. A única coisa que lhe botava medo era que a motorista bebia demais, a cada marcha trocada era um gole de cerveja.
“Espera aí, James Potter tendo pensamentos maduros assim? James Potter consciente?”, pensou consigo mesmo. “Deve ser o medo de morrer” concluiu. Mas por fim resolveu juntar-se aos outros e beber também.
- Espera Vail, - disse Sirius engolindo um gole de cerveja que estava em sua boca – você errou o caminho, é pro outro lado. – avisou ao ver que a garota pegara a pista da direita.
- Não errei não – disse a garota sorridente – porque precisamos ir direto pra casa do seu amigo quando temos tanta coisa para explorar? Há pubs ótimos por essa região.
A viagem que deveria durar nove horas, no entanto levou muitos dias. Muitos dias enchendo a cara em botecos cheios de ratos, baratas e de banheiros extremamente sujos. Dormindo em hotéis de pulgas, de camas duras, sem banho e sem café da manhã. Mas todos estavam gostando de tudo aquilo, aquilo tudo se chamava liberdade, e, finalmente, James estava entendendo o comportamento de Lily.
- EU JÁ MANDEI VOCÊS PARAREM – disse James jogando uma almofada na cama ao lado, onde estavam Vail e Sirius.
- Desculpa, cara – pediu o maroto pela décima vez naquela noite.
- Você pede desculpas, mas não para – disse James se levantando da cama – ‘tô tentando dormir, porra.
- Deixa de ser chato, velho – falou Vail quando finalmente tirou o cobertor da cabeça.
- Eu seria menos chato se você gemesse baixo – James saiu do quarto batendo a porta.
O maroto desceu as escadas imundas daquela pensão. As paredes pareciam estar sujas de sangue, havia vários quartos, nas quais as portas eram encardidas e as maçanetas enferrujadas. Todas as cortinhas do local estavam rasgadas por unhas de gato e sujas de muco, vômito, terra, ou qualquer outra coisa nojenta.
Quando saiu da pensão James chutou a lata de lixo e encostou-se na cerca branca, também encardida, que rodeava o local. O garoto olhava para o chão, suas pálpebras pesavam, suas costas doídam e a cabeça latejava. Ele só queria dormir.
- Estressado? – perguntou Lily surgindo na escuridão.
James olhou assustando, e quando reconheceu a ruiva, fixou o olhar no chão novamente e disse:
- Sua amiga e o Sirius andam muito animadinhos.
- É, por isso saí para fumar – disse Lily rindo gostosamente e dando uma tragada no cigarro que trazia aceso na mão esquerda.
- Você deveria parar com isso – disse James olhando-a – Vai acabar morrendo.
Lílian riu.
- Todos nós vamos morrer.
- Porque anda tão pessimista, Lily?
- É a vida – a garota deu de ombros – Não faz sentido. Nascemos, crescemos, nos casamos, temos filhos e morremos. Pra que fazer tudo certo? Pra que entrar nessa mesmice?
James olhou-a curioso, até que fazia sentido.
- Porque você se esconde atrás dessa máscara? – perguntou após analisá-la com os olhos por alguns instantes.
- Isso não é uma máscara, essa sou eu de verdade. Aquela que você vê todos os dias, durante todo o ano... Aquilo sim é uma máscara – ela parecia frustrada.
- Se você acha fútil essa história de nascer, crescer, reprocriar e morrer, porque estuda tanto?
Novamente Lily deu de ombros.
- Me escondo atrás dos livros pra não ter que encarar a falsidade das pessoas.
Após ouvir isso o garoto convenceu-se, Lily era muito mais do que ele imaginara, era no mínimo interessante. Ela havia o convencido com poucas e simples palavras de coisas que ele tanto insistia em pensar, mas nunca chegava a uma conclusão e, assim, acabava não saindo do lugar.
- Fumar, destruir seu corpo é a saída? – perguntou o moreno após um longo silêncio no qual os dois aproveitaram para olhar as estrelas.
- Do que adianta preservar meu corpo se a vida não tem sentido? – Lily olhou-o.
- Defina “sentido” – James olhava a rua escura e deserta, iluminada apenas por uma lâmpada fraca de um poste, a única que ainda não tinha sido destruída.
- Estou esperando alguém defini-lo pra mim.
Após estas palavras Lílian subiu para o quarto, no qual encontrou Sirius e Vail dormindo. Finalmente a ruiva poderia descansar. Despiu-se, e antes mesmo que pudesse vestir algo deitou na cama dura e adormeceu.
---
N/A: Agora falta apenas um capítulo para chegar onde tinha parado antes, esse capítulo é a junção do 2 e do 3, por isso ficou maior. Espero que estejam gostando.
Quero comentários *-*
AGRADECIMENTOS:
Gê Gehrke
Lúuh Weasley Black
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