O primeiro dia -



No dia seguinte, Rose chegou no salão principal mais tarde que os seus demais colegas da Grifinória, que já estavam sentados terminando seu café da manhã. Muitos não haviam visto a garota chegar à noite, então ela foi logo bombardeada por perguntas, principalmente de Hugo e Alvo.
- Onde você esteve a noite toda? Eu, Alvo e Lily ficamos esperando você no salão comunal até tarde!
Disse Hugo com a voz preocupada.
- Mais importante que isso: Com quem você esteve?
Disse Alvo em tom de acusação.
- Escutem aqui os dois. Rose nem teve tempo de se sentar direito, e não importa com quem ela esteve ou onde esteve, se ela quiser contar, ela vai contar, então calem a boca e engulam logo essa gororoba antes que esfrie.
Ralhou Lily com o irmão e o primo. Rose sentiu uma imensa onda de gratidão pela prima. A última coisa que queria agora era dar explicações sobre onde passara a noite. Muito menos para o primo e o irmão. O que iria dizer? Que passara a maior parte do tempo com Scorpius Malfoy nos jardins da escola sozinhos em plena noite? A história da pulseira com certeza não ia colar, e Hugo escreveria para seus pais mais rápido do que se pode dizer a palavra ‘Quadribol’. Foi então que Scorpius entrou no salão. Rose não o havia notado primeiramente, mas depois o viu de relance. Foi só quando ela notou que ele estava indo na direção da mesa da Grifinória que ela realmente se virou para olhá-lo. Scorpius também não parecia nos seus melhores dias. Estava com uma cara de poucos amigos e enormes olheiras se destacavam em sua face muito branca. Não que isso o deixasse menos bonito do que ele era. Ele parou na frente de onde Rose estava sentada e falou.
- Weasley, o professor Longbotton me pediu para avisar que aquele assunto de que vocês dois estavam tratando deve ser lembrado, e cumprido, não deixe todo o trabalho para o seu ‘parceiro’.
Ele falou a última palavra com um tom de sarcasmo um tanto irritante, mas Rose se sentiu grata por ele não mencionar a detenção na frente dos primos e do irmão.
- Bom obviamente você sabe do que estamos falando não?
Ele acrescentou. Rose apenas fez um sinal positivo com a cabeça, e depois disso Scorpius se retirou para se juntar aos seus colegas na mesa da Sonserina. O primeiro a se manifestar foi Alvo.
- Do que ele estava falando Rose? Que trabalho?
- Deixe de ser curioso Alvo. Se continuar assim, vou acabar te chamando de Hugo sem querer uma hora dessas.
Respondeu Rose mal-humorada.
- Ótimo, não diga então. Mas saiba que o Hugo e eu só queremos...
- É, eu sei que vocês só querem proteger a pobre e indefesa Rose Weasley, que por acaso não é a primeira aluna de seu ano, e que é um ano mais velha que um de vocês. Agora com licença, não posso me atrasar para a aula de poções.
Ela falou isso com um a mistura de sarcasmo e mal-humor tão grande que deixou Hugo e Alvo espantados, e então ela se retirou, ela puxou a cadeira com tanta força que quase a derrubou no chão.Qual era o problema com Rose? Ela sempre fora meio respondona, muito irônica, mas nunca fora realmente grosseira.
- Devem ser as más companhias. Aposto um sicle que ela esteve com o Malfoy noite passada.
Disse Hugo em alto e bom som, também impressionado com o comportamento da irmã. Alvo e Lily apenas confirmaram com a cabeça. Mas Lily não acreditou que fosse aquilo. E que trabalho estranho era esse que o professor Longbotton havia passado para Rose que ela não podia dizer a eles? Isso estava muito estranho. Estranho demais até mesmo para Rose.
Enquanto Rose se retirava da mesa da Grifinória, ela não percebeu, mas certo loiro da mesa da Sonserina não tirava os olhos dela. Scorpius já derramara o cereal duas vezes, e agora tinha acabado de passar manteiga nos ovos mexidos que estavam em seu prato. Realmente, não era seu dia. Simplesmente não conseguia parar de observar Rose desde que chegara ao salão principal. Isso já estava se tornando um incomodo para ele mesmo, nem se quer quis participar sobre a discussão a respeito de Quadribol em que o resto dos seus amigos estava entretido. Ele tinha notado. Havia algo diferente em Rose aquela manhã. Talvez fosse a raiva com que ele viu ela puxar a cadeira, ou o jeito que ele a via mexer a cabeça de vez em quando enquanto falava com o primo e o irmão, que definitivamente expressava ironia, bom isso é só um talvez, lógico. Mas independente disso, Rose estava mais estranha do que o normal. Havia algo errado. Ele estava submerso nesses pensamentos quando sentiu que alguém cutucava suas costas. Ele virou, e viu nada mais nada menos que Lily Potter atrás de si.
- Agora que resolveu parar de me ignorar Malfoy, será que podemos conversar por um instante?
Ela perguntou. Scorpius ficou surpreso, mas concordou. Eles foram até o corredor, e Lily foi direto ao ponto.
- Onde você e Rose estiveram na noite passada?
- Eu não estava com ela noite passada. Noite passada eu estava no meu salão comunal, com os meus amigos, falando de Quadribol como sempre Potter.
- Não minta para mim Malfoy. Eu não igual ao meu irmão e meu primo.
- O que é uma sorte pra você. Mas em fim, escute aqui Potter, se a sua priminha resolveu passar a noite fora, eu não posso fazer nada a respeito disso, não sou a babá dela está lembrada? Essa função é do seu irmão.
- Pense duas vezes antes de falar do meu irmão Malfoy.
- Vou ver o que posso fazer a respeito disso. Agora, se me der licença, vou terminar de tomar meu café da manhã. É incrível como você e a sua prima gostam de ficar tapando o meu caminho. Deve ser genético.
- Vai logo vai. E vê se não coloca torradas dentro do suco de abóbora ou sal no lugar de açúcar dessa vez.
Scorpius corou rapidamente, e então virou as costas e saiu andando de volta a mesa de sua casa.
Rose andava pelos corredores do castelo, só teria a primeira aula dali a meia hora. O que fazer nesse meio tempo? Decidiu então ir à biblioteca. Faziam alguns dias que ela não ia lá mesmo. Deu meia volta e foi andando para a biblioteca. Não havia quase ninguém lá aquela hora da manhã. Só algumas pessoas que não haviam terminado os deveres e queriam terminar antes da primeira aula. Alem delas, apenas duas garotas da Corvinal que liam um livro muito grande e com capa vermelho berrante, e soltavam algumas risadinhas de vez em quando. Rose foi andando pelas sessões, até achar um livro sobre lendas de Hogwarts e Hogsmead. Sentou-se em uma mesa vazia, e pôs-se a ler até que viu que estava na hora de ir para a aula. Alugou o livro, e saiu andando pelo corredor. Pelo menos havia afastado os seus pensamentos da detenção por um tempo. Como iria encarar Scorpius? Certo, ela já o tinha encarado no café da manhã, mas seria diferente na detenção. Eles ficariam lá protegendo a estufa. Juntos. E ela não sabia mais se o que sentia era raiva, alias, não fazia nem idéia do que sentia. Só que depois do episódio da árvore, ela simplesmente ficou totalmente confusa com relação a isso, e parece que as coisas estavam longe de melhorar. Rose já estava bem perto das masmorras quando ouviu mais passos no corredor que estava supostamente vazio. Era Lily.
- Oi.
Disse Lily tentando chamar a atenção da prima.
- Ah, oi. Qual é a sua primeira aula de hoje?
Perguntou Rose desinteressada. Queria realmente se desculpar, afinal, fora muito grossa com os primos e o irmão no café da manhã, afinal, Alvo e Hugo só estavam tentando protegê-la não? O que provava que eles realmente se importavam com ela. Ótimo, duas vezes o sentimento de culpa em dois dias. Isso já estava se tornando repetitivo.
- Hum... Transfiguração, aula dupla com a Corvinal.
Disse Lily enquanto checava o horário que estava em suas mãos. A prima estava muito tensa. Podia sentir isso.
- Rose, será que você pode por favor abrir o jogo comigo? Dá pra ver a quilômetros de distância que você está realmente preocupada com algo.
- Não é nada Lily, nada que mereça real importância. Acho que simplesmente acordei com o pé esquerdo hoje.
- Não é isso, e você sabe. Mas não vou lhe forçar a contar nada. Sei que mais cedo ou mais tarde você vai contar mesmo. Então... Tchau.
- Tchau, vejo você mais tarde.
Despediram-se, e Lily entrou em uma sala de aula, enquanto Rose seguiu seu caminho para as masmorras. Assim que entrou na sala, tentou localizar o primo. Quando o encontrou finalmente sentado em uma carteira sozinho, ela chegou por trás dele e falou.
- Me desculpe. Eu realmente não precisava fazer aquela cena hoje mais cedo.
- Bom pelo menos você admitiu.
- Estou falando sério Alvo. É que hoje eu realmente acordei de mal-humor e...
- Resolveu descontar na gente?
- Bom, basicamente é.
- Já deveríamos estar acostumados.
Ele disse com um sorriso, Rose retribuiu o sorriso, e então perguntou.
- Então, está ocupado?
Ela apontou para a cadeira vizinha a Alvo. O menino ficou extremamente vermelho por um instante, e então falou
- Bom, na verdade, er, ahn, está sim, desculpe.
- Cara, como eu sou ingênua. As vezes eu esqueço que você também tem vida amorosa. Em fim, boa sorte ai seja lá quem for sentar ao seu lado. Vou me sentar ali atrás.
Ela indicou uma cadeira vazia no fim da sala. Odiava se sentar atrás, mas talvez hoje não fosse má idéia. Pelo menos lá ia poder pensar em paz. Estava arrumando suas coisas quando viu que alguém colocara a mochila ao lado da dela.
- Você só pode estar de brincadeira.
Falou quando levantou a cabeça e viu Scorpius Malfoy ali parado olhando pra ela.
- Bem que eu queria. Bom, isso não significa que vou sentar aqui o ano todo, pode se tranqüilizar. Simplesmente o restante dos lugares está ocupado.
- Não é verdade. Aquele ali ao lado daquela garota da Sonserina está vazio olhe.
Ela apontou para uma garota que olhava para eles, com esperança que Scorpius fosse se sentar ao seu lado.
- Sem chance Weasley, até você e melhor que essa aí.
- Devo considerar isso um elogio?
- Qualquer coisa devia ser elogio pra você Weasley.
- Qual é o seu problema?
- Eu? Eu não tenho um problema Weasley, você é que vai ter um com o professor se começar a gritar que nem uma maluca e ficar em pé como está agora.
Rose ficou da cor de seus cabelos vermelhos. O que sentia por Scorpius Malfoy naquele momento? Bom, simpatia é que não era.
A aula passou em meio a empurrões, cutucões e alguns palavrões por parte de Rose e Scorpius. Quando o sinal tocou, ambos praticamente correram para fora da sala, e saíram antes mesmo que muitos pudessem se quer arrumar o material.
- Não posso dizer que foi a melhor aula de poções que eu já tive.
Disse Scorpius sarcasticamente.
- Bom, eu pelo menos posso classificá-la como a pior que eu já tive. Por que você não se sentou do lado daquela menina? Teria me poupado muitos transtornos.
- Que tipo de transtorno Weasley?
- O de passar mais tempo olhando para a sua cara albina por exemplo.
- Bom, acha que eu fiquei feliz em passar duas horas olhando para a sua cabeça de cenoura?
- Do que foi que você me chamou?
- O que foi? Agora ficou surda também? Cabeça de cenoura.
- Scorpius, você deveria ser decapitado pelas piadinhas ruins.
- Sinto muito se eu não sou seu tio Jorge.
- Bom, graças a Deus, ele teve essa sorte.
- Weasley, você é mais idiota do que eu pensava que fosse.
- Bom, como dizem, é a convivência.
- Creio que esteja falando de seus primos e seus irmãos.
- Não abra a boca para falar da minha família Malfoy.
Ela adquiriu um olhar muito mais feroz, podia até chamá-la de cabeça de cenoura, mas ninguém, absolutamente ninguém tinha o direito de falar qualquer coisa que fosse de sua família, pelo menos não na sua frente.
- Tanto faz Weasley. Agora, quer sair do meio? Isso está se tornando realmente cansativo.
- O que, o fato de você pedir para eu sair do meio sempre ou essas discussões?
- Ambos. Agora sai da frente.
Ele saiu andando pelo corredor, sem nem olhar para trás. Naquela altura, todo mundo já havia saído da sala, mas ninguém ousou interromper a discussão, estava interessante demais para isso. Quando Scorpius foi embora, Alvo finalmente apareceu, postando-se ao lado da prima.
- Malfoy é um idiota completo.
Disse ele em um tom solidário.
- Pode apostar que sim. Agora, podemos falar de alguma coisa que não seja ele? Esse nome realmente me dá vontade de vomitar.
- Não que você tenha comido algo para que possa vomitar.
- Isso na verdade, é um problema meu. Não seja tão exagerado Al.
- Não estou sendo. Você não jantou ontem, e comeu o equivalente a nada hoje de manhã, sabe, se quiser se matar, pede pra o Malfoy fazer isso, ele realmente não ia se incomodar muito.
- Ótimo, talvez eu faça isso.
Respondeu ela secamente. Alvo não precisava dizer aquilo daquela forma, muito menos citando o Malfoy. Por que ele a perseguia? Isso estava se tornando cansativo, como ele mesmo dissera. Alvo não parecia arrependido de sua colocação, por isso continuava totalmente normal.
- Qual é o nome dela?
Perguntou Rose do nada.
- Perdão?
Perguntou Alvo surpreso.
- A garota com quem você está saindo, lógico. A Lily é que não é né Alvo.
Ele corou até a raiz dos cabelos escuros.
- Bom... Nós não estamos saindo, estamos só nos conhecendo, eu acho.
- Nome, por favor?
- Anna. Anna Ferkal.
- Ferkal...Ferkal...Ferkal... AH! Claro que sei quem é, ela fica no dormitório vizinho ao meu apesar de sermos do mesmo ano, é por isso que não conheço ela direito.
Ela sorriu para Alvo que retribuiu o sorriso, e os dois foram andando até os jardins para a aula de herbologia com o pessoal da Lufa-Lufa.
O resto do dia transcorreu normalmente, eles tiveram um almoço tranqüilo na mesa da Grifinória, e Rose não avistou Scorpius o resto do dia. Depois do jantar, ela correu para o salão comunal para se trocar e ir para o primeiro dia de detenção. A primeira noite de vigias. Uma noite inteira na companhia de Scorpius Malfoy. As 20:30 ela saiu do dormitório e foi direto aos jardins, carregando o passe que pegara mais cedo com o professor.
Chegou em frente a estufa oito, e viu que Scorpius já estava lá. Ele estava sentado na grama se se encostando à parede da estufa. Não parecia ter percebido a chegada da menina. Aliás, parecia tão absorvido em seus próprios pensamentos que talvez não percebesse se houvesse um ataque de dementadores ali naquele momento. Rose primeiramente pensou em chamá-lo, mas por mais raiva que estivesse dele, não teve coragem de acordá-lo daquele devaneio. Ficou apenas o observando, a uma pequena distância. Até que alguns minutos depois, o garoto finalmente olhou ao redor e viu a menina parada lá olhando para ele, como se o estivesse avaliando. Era uma coisa realmente estranha, mas ele sentiu um calor percorrer pelo seu corpo, e não conseguiu pensar em nada que pudesse dizer.
Rose vendo que Scorpius não iria dizer nada tomou a iniciativa.
- Então... Oi.
- Oi... Está parada aí a muito tempo?
Foi a resposta dele.
- Na verdade não. Só cheguei agora.
Apressou-se em mentir a menina. Scorpius não percebeu, e apenas fez um sinal com a cabeça, que Rose realmente não sabia o que significava.
- Então... Eu acho que nós podemos dividir a vigília, assim cada um pode ficar uma hora, e assim ficaria bem mais fácil. Para os dois.
Começou Rose. A verdade era que ela não queria ficar tanto tempo assim na presença de Scorpius. Sabia perfeitamente bem que se eles fizessem a vigília juntos, a noite acabaria em alguma discussão ou em um silêncio extremamente constrangedor.
- Não.
O garoto limitou-se a responder. Rose ficou surpresa.
- Perdão?
Falou ela incrédula levantando uma das sobrancelhas. Pensou que o garoto ia concordar na hora com a sua idéia. Afinal, ele supostamente a detestava não é mesmo?
- Você realmente precisa de um feitiço para escutar melhor Weasley. Mas em fim, foi isso que você ouviu. Não vamos fazer esta vigília separados. E não pense que eu estou feliz com isso. Na verdade, o professor Longbotton me falou que deveríamos fazer esta vigília juntos. Acredite ou não, eu tinha tido a mesma idéia que você de dividir em turnos.
Apressou-se a acrescentar. Não podia deixar transparecer que gostava de estar na companhia da menina. Aliás, ele não gostava. Ou pelo menos era disso que ele vinha tentando se convencer até o momento. Rose ainda estava digerindo as informações. Mas então recuperou a pose e falou:
- Ótimo. Façamos a vigília juntos então.
- Certo. E a propósito, aquele negocio que você faz com a sobrancelha, é realmente esquisito.
- Eu não me lembro de ter te pedido opinião a respeito do que é estranho ou deixa de ser em mim Malfoy.
- Acho que pelo simples fato de você ser completamente estranha.
- Você ouviu o que eu acabei de dizer?
- Na verdade, tento ignorar ao máximo.
- Parabéns então, pelo menos nisso você é bom.
Isso desencadeou uma grande discussão, típica dos dois. Até que Scorpius fez um sinal para que Rose se calasse.
- Shhhh...
Disse ele como se tentasse escutar alguma coisa.
- Mas que diabos...
Ela não terminou a frase, porque Scorpius empurrou-a junto consigo mesmo para trás de um arbusto. Rose ficou extremamente corada, seus corpos estavam colados, e seus rostos a menos de dois centímetros de distância. Mas Scorpius parecia preocupado com outra coisa alem da proximidade dos dois naquele momento.
- Escute.
Sussurrou ele. E Rose se esforçou para escutar, seja lá o que fosse que ela deveria escutar. Então ela ouviu. Passos. Na direção deles, na direção da estufa.
- Essa deve ser a pessoa que está arrombando as estufas. Quando ela entrar, nós a encurralamos por trás e lançamos um feitiço estuporante certo?
Disse ele tão baixo e rapidamente que Rose só entendeu porque estavam assim tão próximos. Ela fez um sinal afirmativo com a cabeça. Scorpius parecia finalmente ter percebido a proximidade dos dois, e sua face branca também corou assustadoramente. Rose teria visto se não fosse o fato de estar muito escuro. Alguns segundos depois ouviram o barulho de uma porta sendo aberta. Scorpius saiu de cima de Rose, ambos ainda um pouco atordoados, mas extremamente determinados. Chegaram silenciosamente por trás da pessoa que estava dentro da estufa. No mesmo instante, murmuraram feitiços idênticos, e o invasor caiu inerte no chão. Rose correu para junto da pessoa que havia acabado de estuporar, precisava ver quem era. Mas então ela viu...
- Scorpius...
- O que é Weasley você já não...
Ela o interrompeu.
- Olhe.
Ela indicou a pessoa que estava caída no chão. Era uma estudante, com uniforme da Corvinal. Seus olhos estavam brancos, como que se estivessem sem vida. Ambos sabiam o que aquilo significava. Já haviam estudado maldições imperdoáveis em defesa contra as artes das trevas. Conheciam os efeitos da maldição Imperius.
- Precisamos levá-la para a ala hospitalar agora.
Disse Rose. Sua voz quase beirava o desespero.
- Precisamos falar com a diretora. Façamos o seguinte, vamos usar um feitiço de levitação nela, e assim podemos levá-la até a sala da diretora conosco.
- Certo.
Rose concordou. Iria protestar dizer que a menina precisava de cuidados, mas aquele não era o momento para briguinhas. Fizeram então o que foi combinado, e instantes depois, já estavam na frente da sala da diretora McGonagall. Rose murmurou alguma coisa, e a gárgula girou dando passagem aos dois alunos. Quando adentraram a sala, se depararam com uma diretora que parecia muito ocupada verificando vários papéis em cima da mesa. Parecia muito cansada. Mas assim que escutou o barulho dos passos, levantou a cabeça surpresa e exclamou:
- Weasley? Malfoy? O que fazem a esta hora fora da cama?
- Diretora, nós temos um probleminha aqui.
- Ora, sentem-se, e expliquem-se por favor.
Disse ela indicando duas poltronas vermelhas em frente a sua mesa. Rose e Scorpius se sentaram e então começaram a narrar a história, desde a hora em que haviam sido suspensos, até o momento em que constataram que a aluna havia sido dominada pela maldição Imperius. A diretora escutava aquilo tudo, e quando terminou, ela parecia seriamente alarmada.
- Onde está a menina que foi atingida?
- Está bem ai no corredor. Trouxemos ela por meio de um feitiço de levitação.
Disse Rose. A diretora correu até o corredor, e trouxe a menina usando o mesmo feitiço que fora utilizado por Scorpius e Rose para sua sala. Colocou o seu corpo em uma outra poltrona, e falou:
- Vocês dois, creio que devem estar exaustos. Daqui para frente, podem deixar que eu me encarrego de tudo. A colega de vocês deverá ser mandada para a ala hospitalar imediatamente, e vocês dois devem voltar a seus respectivos salões comunais. Obrigada pelas informações, creio que foram muito úteis, agora podem se retirar por favor, e boa noite.
- Boa noite diretora.
Disseram ambos, e então quando iam se retirando, a diretora os interrompeu, chamando-os.
- Sr. Malfoy e Srta. Weasley, peço para que os acontecimentos desta noite não saiam desta sala. Creio que posso confiar em vocês quanto a isso sim?
Os dois fizeram um sinal afirmativo com a cabeça, e se retiraram. Quando já estavam no corredor, Scorpius perguntou.
- O que você acha que aconteceu?
- Como assim?
- Tipo, de verdade, quem amaldiçoou a menina, e por que.
- Bom, eu não sou a professora de adivinhação Malfoy, sinto muito. Mas creio que esta pessoa foi esperta o suficiente para mandar alguém fazer o trabalho sujo por ela. E não acho que ela vá ser pega tão cedo.
- Nisso nós dois concordamos.
- Parece que sim. Bom, eu vou subir, até logo.
- Até.
Disse ele, e então ele tomou a direção das masmorras enquanto ela subia as escadas que davam à torre da Grifinória.
No dia seguinte, Scorpius acordou mais tarde que o normal, mas não estava preocupado com isso. Trocou de roupa e ficou olhando pela janela de seu dormitório – Não que houvesse muito o que se ver quando se está em uma masmorra – Mas mesmo assim, ele se sentiu meio estranho. O que tinha acontecido ontem com ele? Naquela hora em que ele e Rose estavam atrás do arbusto, ele se sentiu estranho, como se ele realmente não a odiasse. Ele sentiu o seu estômago revirar. Não, não podia sentir isso. Não por Rose Weasley. Ela era a pessoa que ele supostamente mais detestava em Hogwarts. Supostamente. Ele sacudiu a cabeça em um movimento violento, como que quisesse acordar de algum pesadelo. Então calçou os tênis e rumou para o salão principal para tomar café da manhã.
Enquanto isso, no dormitório das garotas, Rose ainda dormia profundamente, estava tendo um sonho estranho. Scorpius Malfoy... Sim, definitivamente ele estava lá, e aquela garota que estava controlada pela maldição. Ela atacava a ambos, e naquele momento, chegavam mais estudantes também amaldiçoados e começavam a atacá-los... E então ela via James, James estava junto aos estudantes, ele estava dominado pela maldição Imperius também... E Alvo, Alvo estava tentando lançar azarações em Scorpius, enquanto Lily tentava atacá-la. Então surgiu Hugo também tentando atacá-la. Foi quando James falou: ‘Está acabado, chega de brincar’ E lançou uma maldição da morte em Scorpius... Agora ele apontava a varinha para ela... NÃO gritava Rose, mas era inútil. Um jorro de luz verde saiu da varinha de James, e nesse momento, ela sentiu que alguém a estava sacudindo.
- ACORDA ROSE! ACORDA!
Era a voz de Lílian, definitivamente. Rose praticamente deu um salto da cama. Ela estava totalmente suada, e havia algumas lágrimas percorrendo o seu rosto.
- Graças à Merlin!
Disse Lílian aliviada.
- O-O-que acontece-u?
Perguntou Rose ainda atordoada.
- Você teve um pesadelo. Gritou durante o sono. ‘NÃO JAMES, NÃO O MATE! LILY PARE, POR FAVOR! HUGO ME ESCUTE, NÃO SEJA IDIOTA! ALVO, POR FAVOR... POR FAVOR, ALVO... ’ e então você gritou alguma coisa sobre Scorpius estar morto, e então você soltou o pior dos gritos, acusando James de assassino. Mandou-o parar de rir, disse que todos precisavam parar... Algo do gênero. Rose, o que está havendo com você? Aposto que toda a torre da Grifinória escutou o seu grito.
- Eu... Eu... Ah Lily, foi só um pesadelo, não deve ter sido nada e...
- Pára, para, para, agora. Eu estou cansada de você ficar mentindo para mim o tempo todo sabe? Você só pode achar que eu sou idiota. Rose, eu SEI que tem algo acontecendo com você. E eu não vou parar de pegar no seu pé até descobrir o que é.
- Não é nada. Eu já disse, foi só um pesadelo.
- E a forma estranha como você vem se comportando? Também foi um pesadelo? Não se faça de cínica Rose.
- Lílian, eu não quero falar disso. Não agora, não estou pronta para isso. Agora com licença. Vou tomar um banho para poder ir tomar café da manhã.
E dizendo isso se retirou. Lílian ficou pensando consigo mesma. Realmente não precisava ter dito aquilo tudo à prima, mas mesmo assim, não consegui aceitar o fato de ela estar escondendo alguma coisa. Lílian e Rose sempre foram como irmãs, nunca houve segredo entre as duas. Algo realmente sério deveria estar acontecendo.

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