Capítulo Três
- Espera um pouco, quem teria motivos para seqüestrar o Harry e o Zabini? - dizia Ginny pela milésima vez, parecia que ao dizer aquilo tantas vezes e ficar repetindo mentalmente ela iria mesmo achar uma resposta. Já Draco ficava quieto em seu canto, esperando Ginny terminar de pensar. Na verdade, ele a observava: Ela não era mais aquela garota grifinória que ficava sempre suspirando pelos cantos por Harry Potter, ela era agora uma mulher, que sabia exatamente o que queria e por mais velha que ela estivesse continuava muito linda, isso ele não pode deixar de reparar, os cabelos ruivos de Ginny ainda eram vibrantes e lindos. Ela encarou-o, pareceu notar que ele não tirava os olhos dela. Draco fez uma cara de espanto, e quase caiu da cadeira, mas ao invés de brigar ao qualquer outra coisa, a garota riu, gargalhou; ele ficou sem reação diante da cena que se encontravam. Mas após um tempo também riu, enfim estavam quebrando o gelo.
- Bom, tive uma idéia!- disse ela depois de um tempo. Draco espantou-se, pois depois de todo o tempo que estavam na sala não tinham tido nada produtivo, nem ao menos uma idéia.
- O que é? - Indagou o loiro.
- Comensais - disse ela.
- Comensais? Mas... Eles já foram presos em sua maioria ou então já esqueceram tudo o que se passou na guerra. O Fenrir até virou ‘cachorra’ agora...
- Isso ai! Mas quem sabe um dele não alimenta um desejo de vingança? Porque, cá pra nós, o Riddle facilitava muito a vida deles. É só pegarmos uma lista de alguns comensais que ainda estão vivos ou soltos e começar a procurar possíveis focos de... hãm... Desejo de vingança! – encerrou Ginny.
Draco pensou um pouco na hipótese, então encarou a ruiva, que o encarava curiosa, e por fim disse.
- Está bem, vamos fazer uma lista.
Uma luz vermelha brilhou no meio da escuridão que inundava o aposento em que Harry e Zabini estavam presos. Zabini encolheu-se em um canto da sala, evitando olhar a cena terrível que se passava na sua frente.
Mais duas maldições atingiram Harry, que gritou desesperado, sentindo cada centímetro do seu corpo doer. Com dificuldade, levantou o rosto e encarou a pessoa que o torturava.
- Por favor... – Disse, em tom de suplica – Por favor...
Como resposta, o seqüestrador riu maleficamente e voltou a apontar a varinha para Harry. Sussurrou um feitiço, que jogou o corpo de Harry contra a parede, aumentando significantemente a dor que sentia.
- Está doendo muito, Harry? – Disse, aproximando-se da sua vítima. Como não obteve resposta, voltou a levantar a varinha e disse: - CRUCIUS!
Novamente, a rajada de luz o atingiu. Harry se contorceu, a dor era insuportável... Era como se facas em brasa estivessem penetrando o seu corpo, até o simples ato de abrir os olhos lhe causava dor. Queria somente fugir daquele local, voltar à sua casa, reencontrar seus amigos, seus filhos... Reencontrar Ginny...
Harry se contorceu devido a dor imensa que sentiu. Era como se sua cabeça fosse explodir a qualquer instante. Sentiu que, se continuasse ali, iria endoidar, não suportava mais aquilo tudo...
- Bem, acho que por hoje é só – Disse o seqüestrador, dirigindo-se as escadas – Mais tarde eu volto aqui para fazer uma... Visitinha!
Saltando dois degraus de cada vez, o seqüestrador alcançou a porta e saiu do aposento. Por algum tempo, Harry ficou quieto no chão, ofegante. Dessa vez, tinha sido deixado sem as algemas, mas, apesar disso seus esforços para escapar dali eram inúteis: Estava sem a sua varinha, não era possível aparatar e a porta (Única saída) estava enfeitiçada, impedindo que ele ou Zabini se aproximassem.
- Você está bem? – Perguntou Zabini, olhando para o outro, que estava deitado de barriga para baixo a alguns metros de distancia. Sem obter resposta, continuou: - Isso é loucura... Como pode fazer isso conosco?
Sem obter respostas, Zabini deitou-se no velho colchão e tentou pegar no sono. Ambos sentiam fome, sede e estavam com o corpo dolorido, e há vários dias não tiveram oportunidade de ver a ‘Luz do Dia’. O pior é que não tinham nem idéia de quando iriam sair dali...
Ron aparatou a alguns quarteirões da sua casa, que ficava em um bairro trouxa na cidade de Londres. Em passos lentos, dirigiu-se até o portão de ferro que levava aos jardins da sua grande casa. Conferiu se não havia mais ninguém na rua, tirou a varinha do bolso e murmurou ‘Alohomorra’. Passou rapidamente pelo jardim muito bem cuidado por Hermione e entrou em sua casa.
Jogou a maleta encima do sofá, tirou os sapatos e jogou-se em sua poltrona preferida. Tivera um dia realmente cansativo – Imprensa, curiosos, todos cobrando respostas... E a equipe de investigação do ‘Caso Potter’ não conseguiu absolutamente nenhuma pista sobre quem era o seqüestrador. Para piorar a situação, Hermione decidiu ir passar uns tempos na casa dos seus pais junto com os filhos, e, como ele não podia fazer o mesmo, teria que ficar sozinho em casa.
Além disso, todos agora se perguntavam o motivo de Harry ter sido seqüestrado, desde que Bernard comentou o assunto. Mesmo sem querer admitir, Ron começava a concordar com o colega de trabalho: Tirando a sua ‘Fama’, Harry não tinha mais nada – nem dinheiro, nem heranças... Até a sua mulher e a sua casa ele já havia perdido.
Haviam decidido investigar pessoas próximas aos bruxos que Harry havia ajudado a prender, inclusive ex-comensais da morte que não haviam sido condenados ou que saíram de Azkaban, porém, a busca não deu em nada – Ninguém tinha nada haver com o caso. Estava realmente em um beco sem saída, e não tinha sequer idéia do que fazer a seguir.
- Consegui! – Disse Ginny, entrando no quarto de Draco sem bater na porta. Ele, que estava sentado encima da cama, analisando alguns papeis, encarou-a e fez um sinal para que ela continuasse falando – Bem, tenho aqui uma lista de todos os ex-comensais da morte que foram liberados. Tem alguns nomes que me interessam: Fenrir Greyback, Vicente Crabbe ‘Pai’, Thor Rowle...
Ginny continuou falando, porém, Draco não prestava atenção. Sorria bobamente para a ruiva, observando seus movimentos, os detalhes do seu rosto, como seu cabelo se movia quando era mexia a cabeça...
- Draco? O que você acha? – Perguntou ela, estalando os dedos para chamar atenção de Draco.
- Hã? – Disse ele, saindo do ‘transe’ – Desculpe-me, Gi... Estou meio... Avoado hoje.
- Ah... Ok, tudo bem – Respondeu ela, sorrindo para ele. Ficaram ali por alguns longos segundos, trocando olhares, sorrindo um para o outro. Então, ela estendeu as folhas que tinha na mão para ele e disse:
- Esses são os nomes dos comensais que estão soltos. Destaquei alguns que podem ter algum desejo de vingança.
- Ok, deixe-me ver – Ele estendeu a mão e pegou os papeis. Analisou os nomes, então, soltou uma gargalhada e completou: - Acho que podemos fazer uma visita ao Fenrir! Vai ser bem divertido...!
Ginny concordou, rindo. Ela pegou sua bolsa, ele a sua maleta e seu casaco e foram até os fundos da casa, de onde aparataram, de mãos dadas...
- Meu Deus! – Exclamou Ginny, olhando assustada para Draco – Aquilo é um homem ou uma mulher?
Draco riu disfarçadamente, e completou:
- Não faço a mínima idéia!
Ambos foram andando pela rua movimentada, em direção a uma casa de show que ficava na esquina. Várias pessoas andavam por ali: Mulheres vestindo saias extremamente curtas, Homens usando casacos e chapéus para não serem reconhecidos, casais que passavam de braços dados, como se dissessem: ‘Fomos obrigados a passar por aqui, não queremos nada com gente Da Sua Laia...’ Era fim de tarde, mesmo assim, vários carros já paravam pela rua, seus motoristas procurando companhia para passar a noite.
- Um programa a dois? Isso vai ser bem excitante! – Disse uma das prostitutas, parando em frente aos dois – Aproveitem que hoje tá na promoção!
- Desculpe, fica pra próxima! – Respondeu Draco, sarcástico, sorrindo para a mulher.
- Ah, que peninha! Vejo vocês qualquer dia desses, honeys! – Disse a mulher, se afastando.
- Nossa! – Limitou-se a dizer Ginny, segurando o riso. Draco passou a mão pelas costas dela, e ambos seguiram seu caminho, até chegar ao local desejado. Abriram a porta de vidro, passaram pelo lugar onde se vendia ingressos. Como não tinha ninguém, seguiram o caminho, até chegar a um bar com um enorme palco ao fundo. Alguns homens usando perucas, batons, maquiagem e roupas femininas já estavam ali reunidos, e, ao velos entrar, o mais alto de todos aproximou-se dos dois e perguntou, com uma voz bastante esquisita:
- Olá! Nossa, que apressadinhos vocês, ein? Hihi – Disse ele/ela, parando em frente aos dois – Eu sou Crystal, e comando o lugar. Então, aqui só abre lá pras dez, mas se quiserem negociar alguma das minhas meninas, podem falar comigo. Mas vocês sabem como é, vou ter que cobrar um pouquinho a mais...
- Não, não é isso! – Respondeu Ginny – Estamos procurando alguém, ele se chama Fenrir Greyback!
- La Cachorra? – Perguntou a mulher, ou o homem, fazendo movimentos exagerados com a mão enquanto falava – Bela escolha! Só que é como disse, vai sair um pouquinho mais caro...
- Não, não queremos contratar os... Serviços que ele está prestando atualmente. Só queremos vê-lo, somos velhos conhecidos... – Disse Draco.
- Aah... Entendi... Espere rapidinho, já irei chama-lo – Crystal dirigiu-se a uma porta nos fundos, onde uma placa escrita ‘Somente Funcionários’ fora colada. Antes, porém, de abri-la, virou para trás e perguntou para Ginny: - Desculpe a pergunta, querida... Mas seus cabelos são naturais?
Ginny encarou a outra/outro (N/A: Sério, não sei como me referir a ela/ele, por isso vou passar a usar ELA, ok?), incrédula. Deu um sorriso e respondeu:
- Com certeza! Você gostou?
- Achei fabuloso! – Crystal completou, abrindo a porta e entrando.
Draco riu, passando a mão em seus próprios cabelos, imitando Crystal, o que causou um acesso de risos em Ginny. Sentaram-se em uma mesa, e esperaram alguns minutos até Crystal reaparecer, dizendo:
- Ele está os esperando lá na sala. Podem vir comigo! – Disse ela, fazendo um sinal para eles a seguirem. Entraram pela porta, que levava a um corredor. Andaram um pouco até pararem em frente a uma porta com uma placa escrita: ‘La Cachorra’
Crystal bateu na porta, que foi aberta alguns segundos depois, deixando Draco e Ginny espantados com o que viram. Greyback estava simplesmente horrível, estava magro, lhe faltavam vários dentes. Usava uma saia extremamente apertada, uma blusa que deixava a barriga de fora e uma peruca loira. Seu rosto estava coberto de maquiagem, na tentativa inútil de esconder as várias rugas e cicatrizes que tinha em seu rosto. Suas unhas enormes foram pintadas de vermelho, e usava um perfume extremamente forte. Nada lembrava o antigo comensal da morte, cuja única missão era morder as pessoas.
- VOCÊ! – Disse Greyback, apontando para Draco – O QUE QUER AQUI?
Draco não respondeu. Estava de boca aberta, e encarava Fenrir como se não pudesse acreditar no que via. Ginny arregalou os olhos, e observou o ex-comensal como se fosse a coisa mais estranha que já havia visto.
- O... O... Oi – Gaguejou Draco – Desculpe, foi só um engano. Achamos que você podia, bem... Err... Esquece. Vamos, Ginny?
- Ãm? Espera aí, Draco, nós ainda temos que... – A ruiva não concluiu a frase. Draco segurou firme o seu braço e a conduziu para fora do estabelecimento, deixando Fenrir e Crystal sem entender nada. Quando pararam do lado de fora, Draco disse, sem saber se ria ou se falava sério:
- Essa foi a coisa mais feia que eu já vi na minha vida!
- Tenho que concordar. Mas, esqueceu que iríamos fazer algumas perguntas para ele?
- Você realmente acha que uma pessoa nessas condições iria ter seqüestrado alguém? Eu sabia que ele estava nessa vida, todo mundo fica falando, mas nunca imaginei que era nesse estado.
- É... – Ginny teve que concordar. Tirou a lista com os nomes do bolso e estendeu para Draco – Vamos agora fazer uma visitinha ao Crabbe...!
- É, vamos lá – Respondeu Draco. Eles caminharam alguns quarteirões, procurando algum lugar para poderem aparatar sem serem vistos pelos trouxas.
A casa dos Crabbe tinha um aspecto de abandono. Algumas janelas estavam quebradas, o jardim parecia não ser regado a um bom tempo e as várias telhas estavam faltando no telhado da casa.
Ginny e Draco aproximaram-se da entrada. Draco apertou a campainha, entretanto ninguém veio abrir a porta. Voltou a apertar outras duas vezes, mesmo assim, ninguém veio.
- Será que eles ainda moram aqui? Essa casa está simplesmente horrível... – Ele comentou.
- É, esse lugar me dá calafrios... – Disse Ginny. A moça bateu na porta diversas vezes, eles esperaram algum tempo, mas ninguém apareceu – Mesmo assim tem alguém em casa. Tem uma luz acesa no segundo andar... Talvez tenham nos visto chegar e não querem atender, ouvi dizer que o Crabbe e a esposa entraram em depressão quando o filho morreu, por isso acho que eles iam querer se vingar do Harry, devem achar que é culpa dele
- É. Pelo visto não vão nos deixar entrar, e não podemos simplesmente arrombar a casa. Vamos ir embora?
Ela voltou a bater na porta. Nada. Girou a maçaneta, e só então perceberam que a porta estava aberta. Ela fez menção de entrar, porém, Draco a impediu. Ele tirou a varinha do bolso, e entrou na frente dela.
- Meu Deus! O que aconteceu aqui? – Disse Ginny, observando o lugar. Os móveis estavam destruídos, vários objetos foram lançados no chão, havia buracos no tapete como se estivesse sido atingido por feitiços e a casa estava completamente escura, o que os impedia de enxergar bem.
- Lumus – Uma luz surgiu na ponta da varinha de Draco, iluminando o ambiente. Só então perceberam o detalhe mais assustador do local: Um homem, caído no chão do outro lado da sala. Os olhos arregalados, o rosto pálido e com uma expressão de terror. Vicente Crabbe, morto.
Ron estava deitado no sofá, com o pensamento distante, quase pegando no sono. O cavalo prateado, que ele logo reconheceu como o patrono de Ginny, parou no centro da sala e a voz assustada da sua irmã disse:
- RON! VOCÊ PRECISA VIR AQUI! É URGENTE! ENCONTRAMOS ALGUÉM MORTO!
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