O começo das férias
Capítulo I
O começo das férias
O relógio despertou cedo. Mais uma manhã de verão na rua dos Alfeneiros, e desta vez Harry não reclamava do que haveria de vir durante o dia. Se nos últimos anos passar as férias com os Dursley e ter de pedir ao tio Válter permissão para terminá-las na casa dos Weasley era difícil, desta vez acabou sendo diferente. Pela primeira vez, tio Válter não causava problemas em autorizar. Pelo contrário, achou maravilhoso quando Harry pediu a ele no dia anterior.
- Quer dizer que o senhor não acha ruim eu ter ficado tão pouco tempo aqui? - Perguntou Harry incrédulo.
- Não. Você não vive dizendo que eu sempre crio problemas pra que você vá se encontrar com os seus amigos esquisitos... – nesse instante fez uma careta - ...então aproveite e vá.... vá logo.
- Incrível! – foi o que Harry conseguiu dizer naquele momento. Não estava se agüentando de tanta alegria. Enfim, iria ver Gina novamente. E não só ver. Agora não eram apenas amigos. Eram namorados e a saudade da dona daqueles cabelos vermelhos se tornava maior a cada dia em que estavam distantes. Depois de um tempo, quando percebeu os olhos arregalados do tio o observando, lembrou-se de agradecer. – Obrigado tio Valter.
- E quando é que você vai pra casa daqueles... – sem esperar o término da frase, Harry se prontificou a responder.
- Vou mandar uma mensagem informando que consegui autorização e que espero a resposta de quando virão me buscar! – disse com excitação.
- Mensagem! Quer dizer que vai soltar aquela coruja de novo? Cuidado para que os vizinhos não vejam. Droga de animal...
- Prometo soltá-la com cuidado. – e dizendo isso subiu as escadas correndo, afinal não podia esperar mais um minuto sequer. Vai que o tio mudasse de idéia.
Instantes depois a porta do quarto se escancarou, fazendo Edwiges saltar assustada do puleiro onde estava. Ele pegou um pedaço de pergaminho, a pena e o tinteiro no malão e começou a redigir sua mensagem.
Caro Rony
Nem acredito no que vou escrever. Pedi ao tio Válter e ele me deu autorização para terminar as férias com vocês. Por isso, peço que venham me buscar. Aliás, vocês estão na Toca?
Harry
P.S - Já vou aprontar minhas coisas.
Pegou o pergaminho, enrolou e deixou de lado. Tomou outro pedaço e começou a escrever.
Querida Gina
Mal posso esperar para nos encontrarmos. Consegui permissão para passar o resto das férias com vocês e pedi para o Rony avisar a todos.
Agilize para que seja o quanto antes, ok?
Um grande beijo do todo seu
Harry
- Será que não ficou muito meloso? - pensou ele. - Terminar a carta com “do todo seu”. E se os gêmeos pegassem e lessem. Com certeza vão nos chatear durante horas. – balançando as mãos como se pudesse se livrar dos pensamentos como se fosse fumaça, resmungou alto - Mas o que importa. É o que eu estou sentindo e quero que a Gina saiba.
Enrolou o pergaminho e amarrou-o junto com o do Rony a perna da coruja. Horas mais tarde veio a resposta.
Caro Harry
Ficamos contentes com a notícia e ainda estamos na Toca.
Papai irá falar com a ordem para definir quem irá te buscar amanhã. De qualquer forma esteja pronto. Não sabemos a hora que isso irá acontecer.
A Hermione mandou notícias é claro. Foi viajar com os pais e só retorna em duas ou mais semanas. Ainda não sabe se terá autorização pra se juntar a nós. Droga. Estou morrendo de saudades.
Ah! Ia esquecendo. A Gina está aqui do lado se derretendo toda e disse estar contanto os minutos. Que chatice.
Enfim, nos vemos amanhã.
Rony
***
Relembrando as maravilhas que haviam acontecido no dia anterior, Harry pegou os seus óculos na mesinha, olhou para o relógio e saltou da cama animado. O dia prometia. Escovou os dentes, arrumou o quarto, terminou de incluir algumas roupas no malão, alimentou Edwiges e limpou a sujeira da gaiola. Estava saindo do quarto quando ouviu um cochicho entre os tios na sala. Se aproximando um pouco mais pode ouvir com clareza quando os tios continuaram.
- Petúnia, por que você não quer me falar o que dizia naquela carta que recebeu na semana passada. – Questionou tio Válter.
- Não era nada de importante Válter. – Pelo tom de voz, tia Petúnia demonstrava insegurança.
- Como não era nada. Desde que você a recebeu, tem agido estranhamente. Era da “escola” onde Harry estuda, não era? – Falou com arrogância.
- Válter...querido... – Petúnia não sabia por onde começaria a falar – É que na verdade, não sei quem enviou. Realmente recebi uma carta, mas pelos correios. Então... não pode ser daquela gente. – disse confusa.
- Menos mal, mas o que dizia? – continuou com a voz embargada.
- Er...bem...dizia para termos cuidado, por que AQUELE bruxo... – sussurrou - ...estava buscando informações sobre o...Harry ...
- Mas isso nós já sabíamos Petúnia. Inclusive, dei permissão e o Harry hoje mesmo estará fora daqui. – disse estufando o peito como se desse o caso por encerrado.
- Valter, na carta informava que não era só do menino que estavam buscando informações. E sim de todos que são próximos a ele. – o espanto era notável e fazia com que o som de sua voz fosse emitido com diferenças.
Naquele momento, sem querer Harry esbarrou na mesinha que fica no corredor do andar de cima. Imediatamente o Tio virou-se para olhar quem estava se aproximando, mas Harry agachou-se por trás da mesinha impossibilitando que o vissem ali. Desconfiado, mas curioso para saber o que estava causando aquele mal estar à esposa, continuou.
- Petúnia...estamos seguros. Ninguém aqui sabe nada a respeito do Harry, e este tal bruxo não vai nos fazer mal. – Sibilou confuso – Pelo menos eu acho que não. Do contrário o diretor da escola nos avisaria, assim como fez da outra vez.
- Válter. – Disse Petúnia num tom repreensivo. – Se ninguém sabe nada a respeito do Harry, quem foi que enviou a carta pelo CORREIO?
Esta era uma pergunta que ninguém saberia responder. Não restara nenhum outro parente vivo de Harry a não ser os Dursley. Tanto que a eles foi incumbida a tarefa de cuidar do garoto exatamente por não ter nenhum outro parente. Nunca tiveram notícias dos Potter´s e de acordo com o que todos falavam, o último membro era ninguém menos que Harry Potter, o menino que sobreviveu. Será que algum vizinho trouxa sabia? Será que era apenas uma brincadeira de mau gosto de alguém que não tinha nada mais o que fazer? Ou realmente era um aviso sério, vindo de algum bruxo que tentando não parecer óbvio com o envio de uma coruja, postou a mensagem pelo meio mais comum entre os trouxas? Estas e outras perguntas foram sendo formuladas por Harry, enquanto permanecia agachado próximo a mesinha e encostado a parede.
Um silêncio se seguiu ainda por algum tempo, e ele resolveu voltar ao quarto para tentar compreender a conversa escutada há pouco. Mas no meio do caminho, ouviu quando os tios o chamaram para descer. Foi até o quarto, abriu e fechou a porta para fingir que estava lá, deu meia volta, tornou a fazer o mesmo percurso pelo corredor e desceu as escadas.
- Ah... – esbravejou o tio – a que horas virão te buscar?
- Não disseram a hora. Apenas pediram para que eu ficasse pronto. – Disse sem certeza se era exatamente isso que deveria falar e tentando corrigir acrescentou: - Acredito que virão agora de manhã.
- Bem...bem – sibilou desconfiado o tio – Vá preparar o café então.
Dirigindo-se para a cozinha, procurou agir da forma mais natural que podia. A curiosidade ainda brincava com a sua mente e de instante em instante se pegava pensando na suposta carta. Refletindo um pouco mais, lembrava que não era a primeira vez que acontecia. Ele mesmo já tinha pego tia Petúnia recebendo correspondências durante os últimos dias e notado que ela não parecia contente com o que elas continham. Será que o tio Valter não sabia das outras? Harry balançou a cabeça de um lado para outro e continuou preparando as panquecas.
Uma hora depois já tendo todos feito o seu dejejum, Harry se prontificou a limpar a cozinha. Neste instante alguém bateu a porta. Duda de muita má vontade se dirigiu até ela e se deparou com Moody, Lupin e Tonks, os membros da ordem que foram escalados para buscar o garoto. Prevendo que a permanência deles poderia causar incômodos aos Dursley, rapidamente concluiu seus afazeres e subiu para pegar suas coisas. O momento tão esperado havia chego. Era preciso não desperdiçar o tempo.
***
Como sempre a recepção na casa dos Weasley foi bastante calorosa. A sra Weasley o envolveu em um abraço aconchegante assim que ele passou pela porta, enquanto os demais moradores da Toca surgiam de todos os lados. Os gêmeos logo sentaram se a mesa, Rony apareceu por uma porta que dava acesso a uma outra parte da casa e Gina desceu as escadas correndo, como se estivesse preste a perder o trem para Hogwarts.
- Harry querido. Que bom que chegou. Já tomou o seu café? – perguntou a Sra. Weasley, com o mesmo carinho que sempre o tratava.
- Obrigado, já tomei sim.
- Olá Harry – Disseram Fred e Jorge em coro.
Harry acenou para eles e retribuiu o “olá”. Olhou para a esquerda e viu o Sr. Weasley vindo em sua direção. Uma ansiedade momentânea tomou conta do seu ser. Será que ele já sabia que Gina e ele estavam namorando? Como ele deveria agir? Sem tempo para pensar no que fazer, Harry abriu um meio sorriso e encarou o seu sogro estendendo-lhe a mão em sinal de cumprimento. Educadamente, seu “sogro” fez o mesmo e completou com um meio abraço.
- Caro Harry Potter. Seja bem vindo mais uma vez.
- Muito obrigado. – agradeceu envergonhado. Sentindo o olhar de Gina que agora estava ao pé da escada, resistiu um instante antes de retribuir. Mas quando o fez, sentiu todo o seu interior queimando como brasa. E simplesmente não disse nada até que ela quebrou o gelo.
- Bom dia Harry! – disse com alegria.
- Muito bom dia Gina. – respondeu corando.
- O que é isso Harry... – interrompeu Fred.
-...é assim que você cumprimenta a sua namorada! – concluiu Jorge.
- Er...ah..er – gaguejou assombrado.
- Calma Harry. Todo mundo aqui em casa já sabe do seu namoro com Gina. Na verdade pretendíamos guardar segredo até você chegar. – Rony tentando acalmar o amigo, tirou as mãos dos bolsos, foi até o local onde ele estava, e deu uma batidinha no ombro do amigo – sabe como é, não dá pra esconder nada do Fred e do Jorge – continuou erguendo os ombros.
- Não vamos colocá-lo contra a parede Harry. Fique sossegado. - Tranqüilizou-o Sr. Weasley – Sabemos que você tem muito respeito por nossa família e muito mais pela nossa filha. – e abraçando a esposa concluiu – ficamos honrados em tê-lo como genro. Não precisa se preocupar e nem ligar para o que esses dois baderneiros falam.
Afirmando com a cabeça que havia compreendido, Harry sentiu que lentamente o seu rosto recobrava a cor natural. Ajudado por Rony e Gina, levou suas coisas para o quarto do amigo.
Aproveitando que Rony estava distraído arrumando alguns jogos que caíram do criado mudo quando colocou a gaiola de Edwiges e estando longe dos olhares maliciosos dos gêmeos e dos zelosos dos pais de Gina, Harry sentiu-se à vontade para beijá-la com fervor satisfazendo assim, um desejo contido já há algum tempo.
***
Gostaria de agradecer a todos que começaram a ler esta fic e principalmente a Roberta Nunes cuja fic “O Encantamento das almas” serviu de inspiração para a minha.
Espero que seja a primeira de muitas e que todos vocês gostem. Aguardo os comentários.
Bjus
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