O Erro do Chapéu










 


Eram três amigos embarcados no Expresso que saiu da plataforma 9 1/2 da estação de King’s Cross, Londres. Dois deles eram filhos do considerado o maior bruxo de todos os tempos, possuidor de uma curiosa cicatriz na testa em forma de raio e da sétima filha depois de seis homens em uma família ruiva. Alvo Severo, um garoto esperto de cabelos desgrenhados e óculos redondos; e Tiago, mais velho que os outros, era um garoto espirituoso, mas brincalhão. A outra era filha de dois amigos do bruxo com a cicatriz. Rosa era uma menina inteligente, bonita, de cabelos castanhos e olhos impressionantemente azuis. A ansiosidade por desembarcar em Hogwarts era tão intensa que preenchia o vagão que ocupavam. Tiago já fora selecionado para a casa de Grifinória, mas para Alvo e Rosa era o primeiro ano. Teriam que passar por todo o processo cerimonial de entrada e, o mais aguardado, de seleção.


            Há dezenove anos, Harry Potter, um bruxo estudante de seus 17 anos derrotou o bruxo das trevas mais poderoso que o mundo já viu: Lord Voldemort. Façanha essa incrível para um bruxo dessa idade. Mas voltemos aos pequenos.


            Passado o percurso da viagem até o castelo de Hogwarts, Tiago pôs suas vestes escolares e se separou do grupo. Chamados pelo gigantesco guarda-caça e professor de Trato das Criaturas Mágicas, Rúbeo Hagrid, foram guiados até o Lago Negro, onde embarcaram em pequenos botes com lampiões à proa. Chegando ao castelo, nas escadarias, encontraram-se com um menino baixo, de tez muito branca, olhos injetados e cabelos louros e lisos. Este, falou com a voz muito enrolada:


-        Então, Alvo Severo Potter, não é? Meu pai me falou muito sobre o seu. Pelo jeito você tem a magia no sangue, não?


-        Não penso muito no que meu pai foi, mas sim no que eu serei. A propósito, qual é o seu nome?


-        Escórpio Draco Malfoy.


            Com as sobrancelhas erguidas, Alvo respondeu:


-        Malfoy! Que surpresa! Meu pai também me falou sobre o seu. Ele foi um Comensal, não foi?


-        Um passado deplorável de minha família.


Enquanto conversavam, não perceberam que já estavam à escada de acesso ao Salão Principal e a professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, Cho Chang, estava reunindo os alunos para fazerem a entrada.


Passando pelo Salão Principal, estavam as quatro grandes mesas, enfeitadas, cada uma, de vermelho, amarelo, azul e verde e com os alunos de outros anos. A diretora, Minerva McGonagall, discursava em altos tons e saudava a chegada dos alunos do primeiro ano. Todos se dispuseram em volta da mesa principal e, à frente deles, foi posto um banquinho de madeira com um chapéu velho e rasgado em cima. A professora Cho começou a chamar pelos nomes:


-       Aalfor, Melinda.


Uma menina de cabelos curtos e loiros foi até a frente, sentou no banquinho. A professora Cho colocou o chapéu sobre ela. O rasgo perto da aba se escancarou e serviu como uma boca para o chapéu gritar:


-        Corvinal!


Uma salva de palmas da mesa amarela ecoou no salão e depois, silêncio absoluto.


Vários alunos foram chamados em seguida, até que professora Cho chamou:


-         Malfoy, Escórpio.


O menino de cabelos louro-brancos se encaminhou para o banquinho, sentou-se. Quando o chapéu foi colocado na cabeça dele, este gritou:


-         Grifinória!


Rostos surpresos preenchiam a mesa vermelha, ao saber da escolha do chapéu. O monitor da casa da Grifinória sussurrou para Tiago, com um tom irônico:


-          Malfoy na Grifinória?! As coisas estão mudadas mesmo!


Depois de muitos “O quê?”, “Como assim?” e “Impossível”, chegou a vez do silêncio.


A professora Cho Chang continuou a proclamar:


-          Potter, Alvo.


Murmúrios de curiosidade invadiram o salão e Alfredo Lovegood, o monitor da Corvinal, falou para seus colegas:


-          Se Malfoy foi para a Grifinória, este Potter é nosso! – Seguiram-se risos maliciosos.


Desprezando os comentários a respeito de seu pai, Alvo se encaminhou para o banquinho. Ficou um pouco indeciso se queria mesmo fazer isso. Até que resolveu sentar de vez. Cho Cang colocou o Chapéu Seletor sobre aqueles cabelos desgrenhados. A cena foi impressionante e aconteceu como se tudo estivesse paralisado. O chapéu não se rasgou para gritar o nome da casa, todos ficaram observando de olhos arregalados à reação do menino à casa escolhida, Minerva McGonagall ficou observando seriamente sob seus óculos e Rosa ficou torcendo as mãos para que seu desejo de ouvir “Grifinória” fosse cumprido. Após algum tempo, o chapéu gritou, não o nome da casa, mas gritos que pareciam de dor. Cho Chang fez uma tentativa de tirar o chapéu da cabeça do garoto, mas ele pareceu grudado. Entre gemidos, o chapéu falou:


-          Sss...onss...eri...nna!!!


Parece que os rostos de todos no Salão Principal ficaram brancos ao mesmo tempo. Potter na Sonserina? Depois de seu momento de sofrimento, o chapéu murchou em cima da cabeça do garoto. Percebendo o que havia ocorrido, Rosa começou a debulhar em lágrimas e Alvo sussurrou, inconformado:


-          Não, não! Eu não quero ir para a Sonserina! Eu não posso ir para a Sonserina!


Cho Chang conversou com a professora McGonagall em baixo tom e logo após, a diretora proclamou:


-          Nossa professora de Defesa Contra as Artes das Trevas afirmou que o Chapéu Seletor não está em condições de continuar, então só nos resta aproveitar o tempo restante no banquete e a continuação da Seleção será feita outro dia, sinto muito.


Murmúrios de dúvida e de indignação ressoaram no Salão Principal e depois, a diretora continuou:


-          Os quatro alunos que ainda não foram selecionados poderão sentar-se nas mesas de sua preferência por hoje, mas dormirão aqui no Salão Principal mesmo. Amanhã espero que a situação esteja resolvida. Por enquanto, os outros  que foram selecionados podem dirigir-se às mesas de suas respectivas casas. – E olhou para Alvo, como se dissesse “Receio que você também”.


Alvo se encaminhou para a mesa da Sonserina, mesmo não se sentindo muito bem com isso. Tentou sentar-se o mais distante possível dos outros alunos, embora fosse impossível. Conseguiu um lugar confortavelmente solitário no banco, mas ainda os olhares recaíam sobre ele. Sentou-se perto de um garoto asiático, de baixa estatura, à sua esquerda e de uma garota de cabelos channel negros, com os olhos belamente intensos e igualmente negros, à sua direita. O garoto asiático se aproximou e apresentou-se:


-          Yuri Hashimoto. – Faz uma reverência, a qual Alvo imita – Então, Alvo Potter! Filho do grande Harry Potter. Meu pai trabalha com ele, Tokuda Hashimoto. Ele está muito honrado de trabalhar com seu pai, e também eu estou por estarmos na Sonserina. Não se preocupe com os comentários nem com os olhares. Pessoas invejosas, estas. Relaxe que aqui também é uma ótima casa! Não é, Nina?


Virou-se a garota de cabelos channel, com um balançar gracioso dos fios, perfeitamente lisos e sedosos. Alvo sentiu um perfume doce invadindo suas narinas, deixando-o com uma sensação que lhe deu vontade de sorrir, mesmo nas adversidades que o dia lhe apresentou...


-          Com certeza! Aqui é a casa das boas amizades e dos desafios. Aqui cada um ajuda o outro, como uma família. Falando nisso, deixe-me apresentar. Sou Marina Christie, mas pode me chamar de Nina. Ah, e não ligue para o Yuri, ele fala demais.


-          Já percebi!


E caíram na gargalhada, os três. Três mesas à frente, estavam Tiago, Rosa e Robbie McCoy, um garoto alto, de cabelos louros até os ombros, de aparência atlética, ao qual os olhares das garotas na mesa estavam frequentemente voltados. Menos os azuis-safira de Rosa, que estavam voltados para a mesa verde e prata, na qual seu amigo Alvo estava se divertindo com os alunos da Sonserina.


-          Rob, sabe qual é a senha de hoje? - perguntou Tiago.


-          Não faço ideia!


-          Seus desmiolados! É... lágrima de fênix – disse Nick Quase-Sem-Cabeça, o fantasma da Torre da Grifinória, abaixando o tom de voz.


-          Boa noite para você também, Nick!


-          Sir Nicholas, para vocês!

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