A Lenda
Amanheceu no castelo de Hogwarts. Seria o primeiro dia de aula de Alvo. Descia as escadas para o Saguão de Entrada junto com Yuri, Nina e Sarah Jolie, uma garota magra, pele muito branca e cabelos louro-prateados. Ela fora atingida com um feitiço acidental quando bebê, e perdeu a fala. Chegando ao Saguão, os quatro se depararam com um tumulto ao pé da escadaria.
- Alvo, venha ver! – Gritou Rosa, puxando Alvo pela manga da veste para o grupo junto com seu irmão e Robbie.
Um aglomerado de pessoas se reunia em volta de algo que Alvo não podia ver, tamanha a multidão. Robbie, o mais alto, se esforçou para ver que havia um pedaço de pergaminho flutuando, que devia noticiar algo. Ao chegar mais perto, Alvo conseguiu ler o aviso:
Devido aos acontecimentos da noite passada, não pudemos prosseguir a seleção de casas dos alunos do 1º ano. Porém, resolvido o problema, a seleção será refeita com TODOS os ingressantes no 1º ano às 8 horas da noite no Salão Principal. Os alunos que já foram selecionados deverão esperar fora das salas de aula até as 7 horas, quando será feita a convocação.
Sem mais,
Professora McGonagall.
Após contar ao grupo o que leu, Alvo se imaginou culpado pelo que aconteceu na noite anterior.
- Uma Nova Seleção? Isso nunca aconteceu na história de Hogwarts! – falou Robbie, surpreso.
- Na verdade, aconteceu uma outra vez. – Disse Rosa – minha mãe me disse que no ano de 1371, o chapéu simplesmente se recusou a selecionar os alunos, então tiveram que adiar a seleção.
Após o tumulto se dissolver, ainda restavam os três colegas da Sonserina com quem Alvo chegou ao Saguão, tentando ler o aviso.
- Injustiça! Porque tem que ser com todos os ingressantes? Já fomos selecionados, faltam apenas os outros quatro! E se mudarem as casas? Não é certo fazerem isso, não é certo. Onde já se viu?
- Calma, Yuri! Acho que, se a professora McGonagall decidiu fazer a seleção com todos os alunos, de novo, tem algum motivo, mesmo que ela não queira explicar. – Falou Nina.
Bufando, Yuri se dirigiu para o Salão Principal.
- Ele às vezes é muito hiperativo. – Dirigindo-se a Sarah. Ela assentiu e acrescentou algo fazendo gestos rápidos com as mãos. Nina concordou e caiu na gargalhada.
- O que ela disse? – Perguntou Alvo, chegando mais perto.
- Ah! Porque não pergunta diretamente para ela? Sarah tem um jeito... único de conversar. – Respondeu Nina, com um sorriso. Alvo, ao virar o rosto para Sarah e ver ela começar a repetir os sinais, ouviu uma voz leve e doce que veio não se sabe de onde, mas pareceu traduzir todos os gestos dela.
- Os baixinhos são os mais nervosinhos.
Alvo também gargalhou.
- Como ela fez isso?
- Ao ficar muda, Sarah ganhou um dom que permite que ela possa ainda ser ouvida, mas somente para as pessoas com quem ela quer falar diretamente. Para isso, ela usa os sinais.
- E, às vezes, posso até falar com pessoas que estão fora do meu alcance! Elas não responderão, mas pelo menos, eu envio minha mensagem. – Falou novamente a voz suave.
- Que demais!
Após o café da manhã e as cartas dos pais recebidas por Alvo e Rosa, já sabendo da notícia e incentivando-os, Tiago foi para a aula de Herbologia, Robbie foi para as masmorras, para a aula de poções, cercado de garotas do 4ºe 5ºanos, e Alvo e Rosa foram dar uma volta pelo castelo, junto com Yuri, Nina e Sarah.
Após algumas horas reconhecendo o território do castelo, os cinco sentaram-se no gramado, observando os outros novatos fazendo o mesmo, espalhando-se pelos jardins.
- Rosa, é verdade que sua mãe é a Tradutora de Runas oficial do Ministério?
- Ah sim! Ela até já me ensinou algumas coisas, mas confesso que não me interesso muito por essa área.
- Eu gosto tanto de Runas Antigas! São fascinantes! Do que você gosta?
- Mistérios. Sempre gostei de tentar desvendar aquilo que ninguém consegue, magias ocultas e mistérios da natureza.
- Meu pai trabalha no Departamento de Mistérios. – Falou Sarah, agora para todos. – E você, Alvo, do que gosta?
- Meu sonho é ser curandeiro. Tratar das doenças e acidentes de todos.
- Que legal! – Responderam todos juntos.
Alvo, percebendo que ainda tinha muito tempo até a hora da convocação, chegou perto de Rosa e falou-lhe ao ouvido:
- Vamos à cabana do Hagrid?
Rosa assentiu.
- Pessoal, nos encontrem às sete horas. Vamos ali na cabana do Hagrid.
- Tudo bem, nos vemos!
Atravessaram o jardim, passaram ao lado da Floresta Proibida e chegaram a uma cabaninha de madeira e telhado de palha, com uma plantação de gigantes morangas ao lado. Ao bater na porta, observaram uma enorme e barbuda figura abri-la.
- Como vai Hagrid?
- Ora, ora! Vejam só quem está aqui! Alvo! Rosinha! Que bom revê-los. Entrem, vamos.
Segundo o estilo de Hagrid, a cabana até que estava bem arrumada. Mal o grande Hagrid cabia nela, ainda suportava uma lareira, uma mesa de madeira rústica, várias criaturas mágicas e uma caminha, na qual Alvo supôs que Hagrid não devia caber.
- Bobo! Venha comer! – Gritou Hagrid da janela.
Da Floresta Proibida, veio galopante um enorme Dobermann marrom, latindo forte e correndo desengonçadamente.
Hagrid jogou um pedaço de bife cru para o cão, encaminhou-se para a lareira, pegou o bule que estava ao fogo e pôs sobre a mesa, junto com três enormes xícaras, que pareciam baldes.
- Vi o que aconteceu com você ontem, Alvo, e juro que nunca vi nada parecido. O chapéu pareceu perturbado com você. Acho que é por causa do tempo. Mesmo atos contratuais mágicos podem falhar com o passar do tempo. Ele faz seleções há mais de 1000 anos!
- Mas aquilo que aconteceu ontem a noite foi muito estranho. O chapéu parece que gritou de dor. Como um chapéu pode sentir dor?
- É, confesso que foi estranho mesmo. Mas também pode ser por... Ah, melhor não falar nisso.
- O quê, Hagrid? – Perguntaram os dois, em uníssono.
- Vocês estão me dando o mesmo trabalho que seus pais me deram no passado. Não devia ter falado nisso...
- Conte, Hagrid. – Novamente em coro.
- Ok. Há uma coisa que desde o ano passado vem causando grandes problemas para o Ministério. O seu tio Percy sofre muito com isso, Rosinha. Quem diria, Percy Weasley, Ministro da Magia! Bem, os objetos mágicos estão se comportando de maneira estranha. Tanto que o Torneio Tribruxo do ano passado foi difícil de ser realizado, porque o Cálice de Fogo não devolvia os nomes dos candidatos. É uma lenda milenar chamada “A Caixa de Pandora”. Ela é famosa entre os trouxas, mas eles ignoram o significado que ela tem no mundo dos bruxos. É e sempre foi o mais poderoso dos objetos mágicos, por fazer uma coisa inédita: guardar emoções. É desejada por vários bruxos que querem o poder de se livrar de emoções como tédio, tristeza, solidão...
-E o que a Caixa de Pandora tem a ver com o Chapéu Seletor?
-Não só com o Chapéu Seletor, mas com todos os objetos mágicos, inclusive as varinhas. O poder da Caixa e o perigo que ela contém distorcem a magia nos objetos e causa mau funcionamento ou então desuso.
-E por que isso não havia ocorrido antes?
-Porque o poder da Caixa estava guardado pelos tempos esquecidos. Mas recentemente, houve rumores de que a Caixa de Pandora foi encontrada e aberta, e desde então os objetos mágicos estão pirando.
-Mas onde ela está?
-Esse é o problema. Ninguém sabe. Acreditava-se estar na Grécia, mas particularmente, acho isso impossível. – Deu uma pausa de súbito, e comentou para si mesmo – Não poderia ter comentado isso...
-Por favor, Hagrid, não pare.
-Ah, ok. Eu acho que deve estar aqui mesmo na Grã-Bretanha, pois aqui os objetos estão mais afetados que em outros locais. Vejam aqui.
Hagrid tirou do bolso uma pequena esfera cristalina.
-Um lembrol? – Exclamou Rosa.
-Sim, mas note as cores. Um lembrol é ativado com a cor vermelha e é desativado incolor. Este aqui mostra praticamente todas as cores que existem, do amarelo creme ao roxo beliscão. Querem mais uma prova? Veja o seu irmão fazer o feitiço dos quatro pontos, Alvo. A varinha fica rodando sem controle. Muito engraçado, porém, potencialmente perigoso.
Neste momento, ouviu-se uma espécie de sinal que vinha do castelo e a voz amplificada da diretora.
“Alunos do 1º ano! São 6 horas e meia da tarde. Peço para que esperem no Saguão de Entrada as instruções. Obrigado”.
-Acho melhor vocês irem agora, e, por favor, não contem a ninguém isto que acabei de falar.
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