Memórias do passado
– Helena Ravenclaw –
N/A : Olá, meus amados leitores! Primeiramente gostaria de agradecer a Rhina, por ler as minhas fics e comentar. Obrigada por ser sempre tão legal e compreensiva. Sua fic Sr. Sedução é uma perfeição (ignore a rima...). Agradeço também a Claudiomir, por acompanhar Os Fundadores desde o começo. Appolyon é, igualmente, uma história maravilhosa. Duachais, você também é incrível e espero que você continue a escrever fic, pois você escreve muito bem. Fiquei feliz por ter gostado da capa que fiz para você. No demais, agradeço a todos que comentaram, leram ou, pelo menos, entraram na fic. Continuem lendo e comentando. Isso me deixa bem feliz. O que eu não entendo é como autoras como a Lisa Black (uma das minhas autoras preferidas) consegue uns trinta comentários nos cinco primeiros capítulos! Eu quero saber o segredo dela! A propósito, Lisa Black, obrigada por me ensinar os códigos de negrito, itálico e sublinhado. Você é uma autora magnífica! Um beijo a todos. Comentem sempre, ok?
Capítulo 4 – Memórias do passado
Após uma série de reflexões trancada na santidade do seus aposentos, Rowena percebeu que ela era a maior hipócrita no castelo. Ela podia chamar Helga de tudo, apesar de saber que ela era amiga de Godric, mesmo falando mal dele. Rowena estava magoada, é claro, mas mantinha Helga e Godric bem vivos e claros em sua mente, imaginando os dois rindo juntos, conversando, trocando confidências; tudo aquilo que ela queria dele.
O que Rowena jamais entendeu foi porque a relação entre ela e Godric era apenas e puramente de empatia, sem amizade, paixão, amor, ou algo do tipo. Ele era apenas educado com ela, às vezes nem isso, mas ela continuava mantendo todo aquele sentimento profundo e irrevogável dentro do coração, mantendo sempre a chama acesa, sabendo que seria impossível parar de amá-lo. Godric fazia parte dela. Apesar de não ser recíproco.
No início, quando eles eram apenas jovens bruxos, aprendizes de magia, sempre procurando novas formas de aprender, ela achava Godric muito arrogante e metido, e acabou dele ser tudo isso, apesar de ser também corajoso e determinado.
Ela era alta, tão magra, quase escanifrada, sua pele excessivamente branca dava-lhe uma aparência de cansada, seus cabelos negros eram cortados na altura dos ombros e sempre usava a mesma cor de vestido. Preto dos pés a cabeça. Não havia muito o que ser dito sobre isso. Ela não tentava parecer mais sexy ou uma feiticeira poderosa. Apenas gostava da cor.
Em um entardecer, quando ela estava sentada sobre uma pedra, observando o vai e vem das ondas que se chocavam contra as pedras, molhando a barra do seu vestido, respingando gotas salgadas em seu rosto, entorpecendo-a com o relento, um jovem alto e forte, de cabelos longos e vermelho-escuros, olhar decidido e andar destemido caminhou até ela, tocando-lhe de leve no ombro.
Surpresa, Rowena virou-se para ver quem lhe tirara do transe, ergueu as sobrancelhas ao se deparar com Godric. Para ela, ele ainda era um adolescente bobo que se achava irresistível. Para ele, ela era como o âmago do dia, da noite, do céu, da terra, das estrelas e do sol. Ele estava apaixonado por ela, e não perdia uma chance de se exibir, esperando que ela percebesse o que ele sentia.
– O que foi? – perguntou ela, ríspida.
– Nada – respondeu ele. – Posso sentar-me ao seu lado? – e sem esperar por uma resposta – ele sabia que seria não – sentou-se ao lado dela, encostando de propósito no tecido do vestido que estava esticado sobre a pedra. Era seda pura, macia e gélida. Tão arrepiante e hipnotizante. Godric se sentiu deliciado.
Ficaram em silêncio por uns minutos, até que ela o encarou, sobressaltada, quando ele encostou na mão dela, deixada displicentemente sobre a pedra. Puxando a mão para si, Rowena fitou-o com os olhos muito azuis, apertando os olhos como uma forma de intimidação, mas o que fez rir.
– O que é tão engraçado, Gryffindor? – perguntou Rowena, sentindo o sangue ferver.
– Nada – respondeu Godric, sorrindo de lado.
Foi quando ele tocou suavemente no queixo dela, olhando no fundo dos seus olhos azuis como o horizonte que fundia o céu com o mar e entreabriu a boca.
– Se você pensa que vai me beijar... – avisou ela, já estressada.
– Não vou – disse ele, encantado com as feições perfeitas dela. – Você devia usar azul. Combina com os seus olhos.
– Quem é você para me dizer que cor eu devo usar? – retrucou Rowena, amargamente.
– Ninguém – disse ele em voz baixa. Só alguém que te ama. – É a cor da sua aura. Tão calma e doce quanto o sereno da noite.
Rowena viu-se sem palavras. Não sabia o que dizer para que ele ficasse calado.
– Você é linda, Rowena – finalizou ele, beijando-lhe na bochecha, descendo da pedra e caminhando para longe.
E Rowena ficou ali, na mesma posição, sentindo o local em que ele a beijara formigar, mas de um jeito bom. Observou-o se afastar, cada vez mais, até virar um pontinho longínquo na areia branca da praia.
Agora, com vinte e cinco anos, Rowena estava profundamente apaixonada por ele, enquanto ele estava apaixonado por Sckarlett. Rowena se sentia incrivelmente azarada por não ter dado uma chance àquele aprendiz de feiticeiro tão talentoso e perfeito. Sentia-se idiota por não ter se obrigado a gostar dele. E a partir daquele dia, ela só usou azul.
Se ela soubesse que as coisas seriam dessa maneira, provavelmente teria mudado o curso da história. Sckarlett seria apenas uma mulher bonita que apareceria e iria embora, Godric seria só dela e ela só dele, não teria tanto ressentimento por Helga e não sentiria tanta raiva de Salazar por causa do baile. Na verdade, sequer se importaria, se isso significasse ficar agarrada em Godric.
Era até irônico como as coisas aconteceram. Ambos cresceram, fundaram o castelo que futuramente seria uma escola de magia juntamente com Helga e Salazar, Godric esqueceu Rowena e se apaixonou por Sckarlett, Rowena percebeu o quão incrível ele era e se apaixonou profunda e irrevogavelmente por ele. As coisas eram irônicas. Até demais.
HR
Godric estava sentado atrás da sua mesa, lendo atentamente velhas anotações em um antigo caderno. Vox estava adormecida, em seu poleiro, com a asa cobrindo-a. O caderno era bem velho, com a capa de couro cor de chocolate descascando, as páginas amareladas, o nome gravado na capa quase inexistente.
Ao virar uma determinada página, um envelope manchado pelo tempo caiu no colo de Godric, atiçando sua curiosidade. Fechou o caderno e guardou-o na última gaveta da mesa, repleta de cartas, folhas soltas e rabiscadas, penas velhas, tinteiros vazios e até mesmo um cravo branco ressecado.
Com o envelope nas mãos, Godric sentiu uma breve nostalgia, lembrando-se do conteúdo da carta, sentindo um arrepio na espinha e um leve tremor nas pontas dos dedos que encostavam na carta.
Abriu-a vagarosamente, sentindo a excitação da curiosidade e uma fisgada de ansiedade ao imaginar que tipo de sensações aquela carta lhe causaria. Tirou o pergaminho minuciosamente dobrado de dentro do envelope, desdobrando-o cautelosamente, reconhecendo sua perfeita e elegante caligrafia. Seus olhos correram devagar sobre as palavras que pareciam ser cantadas dentro dele:
Minha queria Rowena,
Sei bem que não sou aquele com quem você deseja estar nem mesmo alguém que você considere digno de amar. Saiba apenas que posso aceitar esse amor não correspondido, mas que te amarei não importando as conseqüências, sejam boas ou ruins. E que te amarei pela eternidade, mesmo que, algum dia, nós dois esqueçamos que esse amor um dia existiu.
Guardarei todas as lembranças dos momentos que passamos juntos bem vivas em meu coração. Saiba também, minha amada, que desde o dia em que te vi pela primeira vez, com os cabelos negros como a noite esvoaçando com a brisa, os olhos tão azuis como o mar ao amanhecer e trajada de veludo negro, amei-a como jamais imaginei amar alguém.
Você é o âmago do mar e das estrelas. A essência da minha vida. Tudo o que eu preciso para viver.
Rowena, minha vida, você é como um sonho surreal que se tornou realidade. É uma flor exótica, tão bela e perfumada como a mais linda rosa. Você é as ondas do mar, as estrelas do céu, o sol resplandecente e as areia branca e macia da praia.
Amo-te, minha amada. Amo-te tanto que acho que morrerei de tanto amor. Passo noites em claro suspirando por você, imaginando mil e uma coisas, amando-a em minha imaginação. Só o que indago é por que meu amor não é recíproco? Por que não me amas, minha donzela?
Não importa, na verdade. Tudo o que importa em minha vida, é que te amo sinceramente, irreversivelmente e incondicionalmente.
Amo-te, Rowena. E eu sempre amarei. Não importa que as areias do tempo nos afastem ou nos façam esquecer deste amor. Sempre te amarei.
Sempre.
Com muito amor,
Godric.
Com lágrimas nos olhos, Godric dobrou cuidadosamente a carta, guardando-a novamente no envelope e deixando-a sobre a mesa. Escondeu o rosto entre as mãos e chorou. Chorou pela antiga frustração gravada no seu peito, chorou por estar apaixonado por Sckarlett e ter apagado um amor tão verdadeiro. Chorou, mais ainda, por ter esquecido que um dia amara Rowena.
HR
Com os cabelos muito louros balançando com o vento que entrava pelas janelas, Helga subia as escadas até a torre de Godric. Estava um pouco cansada por ter de subir tantas escadarias, mas precisava conversar com ele.
Chegou à porta de madeira escura e bateu três vezes, com um intervalo de dois segundos entre cada batida. Era assim que ele sabia que era ela.
– Entre – disse a voz dele, abafada.
Helga abriu a porta devagar, vendo Godric sentado à mesa, com o rosto escondido nos braços cruzados sobre os livros. Ele soluçava, mas os soluços eram fracos, abafados, quase inaudíveis. Helga era uma boa ouvinte e uma boa companhia nessas horas. Mas naquele momento ela era a última pessoa que ele queria ver. Primeiramente porque ela nada sabia sobre a antiga paixão de Godric por Rowena. Segundo, porque ele não gostava muito de abrir seu coração, apesar de ela ser uma de suas melhores amigas.
Acompanhada pela compaixão e a curiosidade, Helga entrou no quarto, fechando a porta atrás de si. Aproximando-se da mesa onde estava Godric, ela pôde ouvir mais claramente os soluços e perceber a umidade nos cantos dos seus olhos. Ao lado dele, ela colocou a mão sobre os cabelos muito ruivos dele, acariciando-os suavemente.
Já Godric, com o coração apertado e os olhos ardendo pela quantidade de lágrimas, quase, também, sem conseguir respirar pela velocidade com que seus sentimentos avançavam sobre ele.
Sempre fora muito controlador sobre suas próprias emoções, que agora se tornaram invasivas sobre ele, forçando-o a expressar seus sentimentos de forma dolorosa e lenta, talvez como um modo de Godric compreender melhor a si mesmo.
Seu coração parecia um elástico, que esticava, se enrolava, dava voltas e mais voltas, como para que ele pudesse perceber o que acontecia dentro de si. Godric era complicado. Na verdade, ele era muito complicado, principalmente quando se tratava de Rowena.
Fora, um dia, apaixonado por ela. Esqueceu-a. Ou pelo menos foi isso do que ele se convenceu. Conheceu Sckarlett. A bela e indomável Sckarlett. Acreditou que pudesse amar novamente, e com ele percebeu ser possível milhares de deliciosas sensações. E de repente há uma reviravolta em sua vida, quando o passado se entrelaçou com o presente e o fez perceber que não importava o quanto mentisse para si mesmo, sempre amaria Rowena.
– Godric? – hesitou Helga, afagando os cabelos dele. – Há algo que você queira me contar?
Além de as recentes percepções serem dolorosas para Godric, ele sabia que seriam praticamente incompreensíveis para Helga. Porque ela não havia passado por isso. Pelo menos, não que ele soubesse. E Godric não estava muito à vontade para abrir sua alma para Helga, contar-lhe tudo o que lhe passava pela cabeça e expor seus sentimentos como se fossem um livro aberto.
– Não – mentiu, entre lágrimas. – Não sei o que me deu.
Com o coração na boca, pois sabia que Helga sentia o cheiro da mentira e que ele não sabia mentir, sentiu-se aliviado quando ela suspirou e saiu do quarto. Quando ouvir o clique da porta se fechando, abriu os olhos úmidos de lágrimas e fixou em sua mente que, de uma vez por todas, apagaria aquele velho sentimento que o causava tanto sofrimento. Não valia a pena, afinal. Por que sofrer por um sentimento que não é recíproco? E, nas percepções dele, ela não o amava. Pelo menos, era o que ele achava.
HR
Seu comentário:
Duachais : Obrigada pelo comentário. Por um instante achei que não teria de responder nenhum comentário. Isso seria frustrante. Sinto muito se o capítulo ficou pequeno, mas os próximos serão maiores. Fiquei feliz por você ter gostado da capa. Infelizmente agora estou sem o meu Photoshop e estou quase surtando! Agradeço por acompanhar a fic. Você é tem uma assiduidade impressionante. Sempre aparece quando eu posto um capítulo. Beijo!
– Helena Ravenclaw –
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