cap único
Mais uma noite em claro... mais uma de várias naquele mês. Por que Merlin? Por que tinha que ficar recordando tudo? Por que não podia dormir em paz e esquecer tudo aquilo que aconteceu...?
O convite permanecia jogado sobre a mesa desde o dia em que chegara. Estava aberto, revelando lindas letras douradas. Lindas para quem não visse o que Lily Evans via: a sentença para sua infelicidade. Para a solidão.
Do parapeito da janela, onde permanecia sentada, podia ver e reler aquelas palavras que a machucavam e que cortavam a alma.
Abraçada aos joelhos e enrolada em seu casaco, chorava como uma criança. Sabia que havia perdido e sabia também que a culpa era sua. Não havia lutado e nem tentado. Havia aceitado aquela droga de decisão. Passou a mão pelos cabelos, recordando:
- Lily... precisamos conversar... – James disse com pesar assim que entrou no apartamento da ruiva.
- O que houve, Jamie? – o fitou assustada.
- Ta acontecendo uma coisa...e... e não dá pra fingir mais que não está...
- Você ta me assustando, Jay...
- Não me chama assim... por favor... – ela percebeu que ele segurou uma lágrima.
- Mas... por quê...? – passou a mão delicadamente sobre o rosto do maroto, no que ele pousou a sua sobre a dela.
- Porque... – suspirou – porque cada vez que você me chama assim eu...eu amoleço...enfraqueço...
- Hm... – foi tudo o que ela conseguiu responder.
- Lily, meu anjo, nós... – respirou bem fundo antes de continuar – nós precisamos terminar... – agora já não segurava mais a lágrima rebelde.
Lily o olhou num misto de dúvida e mágoa. Havia entendido certo?
- Precisamos... o que?
- Lily, por favor, não me faça repitir... – se levantou, passando as mãos pelo rosto.
- Mas, James... nós nos amamos... o que houve? – Agora ela também chorava.
- É o que não houve, Lily. Tudo esfriou entre nós... quase não nos vemos e nem saímos juntos mais... Sempre que eu te ligo, está ocupada e vice-versa, entende? Não temos mais tempo para nós... não estamos mais investindo no relacionamento – soltou tudo rápido com medo de não conseguir falar tudo que queria.
- Nós podemos tentar melhorar e...
- Lily, Lily! Você não entende... eu já tentei...sempre que preparo uma noite especial, alguém te liga por alguma emergência no hospital... ou então me ligam pra cobrir alguma matéria importante no jornal... entende o que eu quero dizer?
- Você ta jogando fora 5 anos de relacionamento... – disse chorosa.
- Eu não to jogando, anjo... é que... simplesmente não dá mais... há 5 anos, quando terminamos o colegial, nossa vida era maravilhosa, mas agora...agora estamos frios. Parece que nem nos conhecemos mais.
Lily passou as mãos pelos cabelos, nervosa. Não conseguia suportar a idéia de deixar James. Depois de tudo que passaram juntos. Mas o amava demais para segurá-lo... não queria que ele sofresse ao seu lado. Não sabia o que faria sem ele. Ele era seu chão, seu mundo.
- Certo... – se levantou, virando de costas pra ele e cruzando os braços – Acho que... será melhor para nós dois...agora vá, por favor. Me deixe sozinha... – disse com a voz embargada e soluçando.
James não queria prolongar mais a conversa. Sabia que se continuasse ali, não conseguiria não beijá-la. Se aproximou, levantando as mãos para tocá-la, mas parou no meio do caminho. Apenas suspirou resignado e saiu, fechando a porta atrás de si, sem olhar pra trás.
Por que tivera que aceitar essa decisão? Por que não lutara?
Agora não adiantava mais se arrepender. O perdera para sempre.
***
O hospital estava bem cheio aquele dia. Pessoas inocentes estavam sendo atacadas por um louco intitulado Voldemort. Lily suspirou aliviada ao ver que tudo estava sob controle. Sentou em sua mesinha e fechou os olhos pousando a cabeça sobre a mesa.
Seu celular tocou a ‘despertando’ de seu descanso espiritual. Pelo visor, ela pôde ver que era sua melhor amiga, Marlene.
- Lene!
- Lily! Amiga, como está?
- Indo... e você?
- Bem. O Sirius me ligou e pediu pra eu te perguntar se você quer ir com ele no... – Lily ouviu um suspiro da amiga – no casamento...
A ruiva demorou a responder. Até aquele momento não decidira realmente se iria.
- Lily...
- Ah...oi...desculpa... eu não sei... acho que não, por quê?
- Porque ele vai de carro e como ele é seu melhor amigo... (N/A: ele é o melhor amigO dela e a Lene melhor amigA. Deu pra entender, neh? Rs)
- “E já que vocês moram no mesmo prédio...” – riu completando a frase da amiga – Já sei essa história do Sirius de cor. Ele não precisa mentir pra mim...sei que não quer me deixar sozinha... é um grande amigo, ele.
- Ai, amiga! Ele sabe que vai ser difícil pra você assistir ‘aquilo’. Ele quer estar ao seu lado, como eu. Quer te apoiar e te dar o ombro, se for preciso.
- É... você vai?
- Não sei... primeiro queria saber de você...
- Ah, Lene, por Merlin!! Até parece que eu vou deixar você fazer isso! James é seu amigo! Você não pode perder o casamento dele por minha culpa!
- E até parece que eu vou permitir que você fique sozinha num momento como esse! – Marlene retrucou.
- Olha, Lene, vamos combinar uma coisa... você vai e até lá eu decido se vou ou não, ok? Se eu decidir ir, ligo pro Sirius.
- Mas se decidir não ir, me liga que eu não vou e corro pro seu apé, ta?
- Ta, ta bom!! Oh menina insistente! – riu
- Ok, então. Tchau!
- Tchau.
***
Lily voltou para o seu apartamento às 17:30h. Desejou ao máximo que tivesse um plantão naquele dia, para ter uma desculpa plausível, mas infelizmente nenhum médico quis trocar de turno.
Enquanto procurava as chaves em sua bolsa, Sirius, que morava no apartamento em frente ao seu, saíra ao escutá-la chegar.
- Ruiva! – deu um beijo carinho na testa da amiga
- Ah, olá, Sirius. – sorriu ao vê-lo - Como está?
- Hmm, bem e você?
- Indo... – forçou um sorriso respondendo o mesmo que disse à amiga.
Sirius percebeu que Lily não teria o que falar, estava triste, podia sentir. Conhecia a amiga o suficiente para saber que ela sempre escondia o que sentia. Sabia que por trás daquela mulher forte e daquele sorriso, havia uma menina precisando de colo. Isso era o que ele mais admirava nela; o fato de ela ser forte, mesmo estando um lixo por dentro.
- Lily... er... você já decidiu se vai? Quero que vá comigo, acho que a Lene já te falou...
- Eu... ai, Six...acho que não... acho que ele não gostaria de me ver lá...
- Por que não? Claro que ele te quer lá, ruiva... quem sabe se ele te ver, não desiste dessa bobagem?
- Ora, Six, por favor...eu não quero estragar o casamento dele... prefiro que ele diga logo o ‘sim’ e esqueça que um dia namoramos...
- Isso é o que você quer? – Sirius a fitou, carinhoso.
Lily não respondeu. Não tinha o que dizer. Claro que ela não queria isso. Mas não podia simplesmente impedir o casamento. Seria melhor assim.
Sirius entendeu perfeitamente que Lily não queria isso. Um silêncio valia mais que mil palavras.
- Então, vamos? – Sirius insistiu.
Lily, mais uma vez, demorou a responder. Deveria ir?
- Certo... me convenceu... – disse com pesar
- Ótimo. Então me encontra aqui às 18:30, ta bom pra você?
- Sim...
Lily finalizou a conversa e entrou no apartamento, jogando suas coisas no sofá. As lágrimas que segurava enquanto conversa com Sirius, começaram a cair. Não sabia se agüentaria tudo isso. Não queria vê-lo vestido de noivo e... casando-se com outra. Eles tinham feito tantos planos... planejado filhos... riu ao lembrar que James queria um time de futebol inteiro. Mas não era com ela que ele iria concretizar seu sonho.
Sirius insistiu para que Lily fosse. Sabia que a amiga sofria, mas tinha a esperança que, levando-a, eles poderiam se ver e tomar uma decisão. Queria que James, ao vê-la, desistisse de tudo e ela, que impedisse o casamento. O maroto não disse nada à ruiva, mas sabia que o amigo sofria também. Com muito desânimo, ele ia se casar. Queria poder desistir, mas havia dado sua palavra a Joanne e não sabia se Lily aceitaria isso. Queria poder tocá-a novamente... beijá-la... Aquela pele de seda... aquele corpo que ele conhecia tão bem... mas agora não podia pensar nisso...era tarde demais.
***
Aquela água quentinha estava tão gostosa. Queria não ter que sair dali. Queria que todo o sofrimento fosse embora para o ralo junto com a água. Queria poder deitar e acordar no dia seguinte sabendo que foi tudo um mero sonho. Mas não era...
Saiu do chuveiro, se enrolando na toalha bem devagar. Foi até seu quarto, abrindo o guarda-roupa e pegando um de seus lindos vestidos. Marlene havia comprado aquele para ela, quando passeavam pelo shopping. Sentou na cama com o vestido na mão relembrando o dia que recebera a noticia.
Lily e Emmeline, uma loira de olhos extremamente azuis, estavam na casa de Marlene para uma reunião de amigas. Haviam alugado uma comédia romântica daquelas que o mocinho sempre se declara no final e compraram muita pipoca e refrigerante. Aquele dia chovia muito, mas elas adoravam se reunir em dias assim. Pelo menos uma vez por mês, elas marcavam algo para não se distanciarem, mas as vezes era meio impossível devido aos empregos de cada uma. As três estudaram no mesmo internato que os rapazes, e dividiam o mesmo dormitório, por isso eram muito amigas.
- Meninas!! Tenho uma novidade!! – disse Emmeline empolgada.
- Só falta ela dizer que o Remus finalmente a chamou pra sair. – zoou Marlene.
- Como adivinhou? – a loira perguntou fingindo estar ofendida.
- JURA?! – Marlene e Lily gritaram juntas.
- Sim... vamos sair amanhã... – disse corando
As três amigas pareciam adolescentes que acabaram de dar o 1º beijo. Pulavam no pescoço de Emme e gritavam em comemoração. O telefone tocou as tirando da brincadeira.
- Eu atendo! – disse Marlene se levantando e ajeitando as roupas amassadas – Mas não pense que vai fugir, viu, futura srª Lupin!! Vai nos contar direitinho como foi.
- Você é curiosa, hein!! – todas riram e Lene mostrou um dedo para Emme em forma de brincadeira.
- Alô?
- Alô, Lene é você?
- Sim, James?
- É... – a voz dele estava pesada.
- O que houve? Parece triste...
Lily olhou para Lene preocupada ao ouvir que James poderia estar mal. Lene apenas fez um sinal pra ela esperar.
- É... mais ou menos... pode conversar ou tem alguém aí...?
- Er... não, não tem ninguém... – mentiu
- Certo...eu...eu fiz uma coisa... mas não sei se é o certo...
- O que você fez, cara? – estava preocupada com o amigo
- Eu preferi ligar pra você porque, bem...Remus ia me dar um sermão e Sirius... – respirou – Sirius provavelmente vai gritar quando eu contar...
- James... cala a boca e fala logo!
- Eu vou me casar... – soltou de uma vez
- COMO É?
- Lene, não grita, por favor... já ta sendo difícil sem você gritar... eu preciso de apoio, ok?
- Mas como você quer apoio se você vai fazer a maior merda da sua vida?
- Não creio que seja merda... talvez seja melhor assim...
- James...quem é a vaca?
- Ahn?
- Digo... quem é a garota?
- Você não conhece... ela se chama Joanne Coleman. Os pais dela são amigos do meu pai... eles queriam um casamento para a filha... ‘c sabe... essas tradições de famílias ricas... e bem...eu me candidatei...
- James, você é um idiota!
- Lene, por favor!!
- Ok, ok, desculpa... e... pra quando é?
- Daqui a um mês mais ou menos...
- Hm...
- Eu vou apresentá-la aos meus amigos... ‘c sabe, pra ela se acostumar com a galera e tal... você vai ser minha madrinha né?
- Eu...eu ...
- Por favor...
- Ta James... eu serei... mas saiba que não concordo com nada disso! Faço isso porque somos amigos!
- Ta! Te amo Lene!
- Também te amo, James... depois conversamos mais...
- Ok. Beijos.
- Tchau!
Lene desligou o telefone ainda sem saber o que dizer. Tudo isso era um absurdo. Só podia ser um sonho. Um pesadelo pra ser sincera. Se preocupou com Lily. Como ela reagiria ao saber disso? Se amavam. Por que ele estava fazendo isso? Por que tinham que complicar tudo? James não queria isso, pôde perceber. Mas seu orgulho não permitiria que voltasse atrás. Droga!
- Lene! LENE!! – Lily a tirou de seus devaneios.
- Ahn...ah, que foi?
- Por que está assim? O que aconteceu com James? – Emme perguntou
- Ah...nada demais...
- Lene!! – Lily a repreendeu
- Ai, ta bom, eu não consigo mentir pra vocês... ojamesvaicasar...
- Ahn? – as duas perguntaram em uníssono
Lene respirou fundo antes de continuar. Não queria ser ela a contar, mas preferiu que a amiga soubesse por ela do que por outros.
- O James... ele...vai casar.
- C-c-casar...? – perguntou Lily, olhando pro nada.
- É... daqui a um mês...
- Peraí, Lene, conta isso direito... – Emme pediu, enquanto amparava a ruiva que estava em choque.
Marlene sentou na poltrona mais próxima e explicou com detalhes o que James falara no telefone. Lily a cada coisa que ouvia fechava os olhos e tentava assimilar tudo. Tudo bem que não estavam mais juntos, mas não podia apagar, assim, do nada, tudo que viveram. Ela ainda o amava como quando começaram a namorar. Sabia que James sentia o mesmo... mas por que ele fazia isso com ela?! Lágrimas começaram a rolar e um soluço rouco foi ouvido no ombro de Emme, que abraçava a amiga afagando-lhe os cabelos. A loira fez um sinal mudo para Lene, que pegou um vidrinho em sua bolsa com um líquido azul claro. Uma poção calmante, que fez Lily parar de chorar quase que instantaneamente.
Lily terminou sua lembrança com os olhos marejados novamente. Não agüentava mais chorar... pelo mesmo motivo... queria poder largar tudo e fugir pra bem longe por, pelo menos, um mês, mas tinha compromissos com seus pacientes e não podia simplesmente abandoná-los. Amava sua profissão e tinha um carinho enorme por cada paciente consultava.
Se levantou com o vestido na mão, retirou a toalha e se vestiu. Aquele vestido lhe caía super bem. Um vestido rosa salmão, que ia até os joelhos, com um decote “V” não muito grande. Calçou suas sandálias de salto branca e se maquiou levemente, para esconder as olheiras e a aparência cansada, devido ao choro.
Olhou para o espelho. Estava realmente linda! Queria poder estar assim para ele. Para o James. Mas não, ia vê-lo tomando sua decisão final.
- Ruiva, você ta pronta? – Sirius bateu na porta, perguntando.
- Um minuto... já vou abrir... e sim, já estou pronta... – disse com pesar.
Sirius entrou assim que a ruiva abriu a porta. Viu que a amiga estava linda, mas pôde perceber que andara chorando novamente.
- Você ta linda!! – disse sincero e sorrindo
- Obrigada. – sorriu com sinceridade – você também ta um gato!! – apertou as bochechas do amigo
- Então? Pronta pra festa? – disse oferecendo o braço.
- Pronta pra tortura, você quer dizer – suspirou.
***
O caminho até a igreja foi num total silêncio. Lily olhava os prédios distraidamente tentando assimilar tudo que acontecia a sua volta. Sabia que depois daquele dia, tudo seria mais difícil. Saber que o amor de vida estava se casando com outra e que talvez estivesse a amando, a machucava. Sirius até tentou falar algo. Abria a boca várias vezes, mas fechava em seguida. Palavras não adiantariam no momento. Ele mesmo estava chateado com o amigo por casar-se com outra. Tanto, que recusara o pedido de James para que ele fosse o padrinho. Remus acabara ficando em seu lugar muito a contragosto também. Só aceitara pelo amigo, mas Sirius era muito mais teimoso e bateu o pé, recusando.
Chegaram na igreja faltando 5 minutos para a hora marcada. O local estava cheio, com poucos lugares vagos no meio. Lily segurava no braço do amigo com força, talvez com medo de não suportar e parou de súbito na porta.
- Ruiva, você ta bem? – perguntou Sirius preocupado.
- T-tô... Six, você se importa se ficarmos aqui na porta?
- Não...claro que não...mas, você não quer se sentar? Tem uns lugares vagos ali no meio...
- Não... prefiro ficar de longe...
- Ta... ok...
- Six?
- Sim?
- Obrigada... sério por tudo mesmo...
- Ah, ruiva, que isso... você é uma pessoa muito especial pra mim... e... eu queria que fosse você a estar se casando hoje com aquele idiota – riu
- É... nem tudo é o como queremos, né? – suspirou.
***
Como todo casamento normal, a noiva chegara atrasada. Uma meia hora pelo menos. Mas James já estava lá. Lily derramou uma lágrima rebelde ao ver como o moreno estava lindo em seu terno preto. E os cabelos rebeldes como sempre. Ela percebera que ele, provavelmente, tentara abaixá-los, mas acabou sendo em vão. Lily também percebera que ele carregava uma expressão um tanto triste. E piorou quando seus olhares se cruzaram na hora de sua entrada para a cerimônia.
Lily havia acabado de chegar de hospital. Eram 8:00h da manhã. Estava extremamente cansada. Tinha feito uma operação e ficou acordada toda a noite. Fez plantão o dia anterior inteiro e só agora poderia descansar. Aproveitou sua chegada bem cedo para verificar sua correspondência.
- Bom dia, Srº Nilson, tem alguma carta pra mim? – perguntou ao porteiro do prédio.
- Bom dia, srtª Evans. Tem sim. Aqui está – disse lhe entregando algumas cartas.
Lily agradeceu e subiu verificando algumas pelo caminho. A maioria eram contas e havia uma de seus pais, que moravam na Irlanda. Entrou em seu apartamento ainda passando as cartas e vendo se havia algo a mais. E sim, havia... Seu coração foi ao chão e seu mundo parecia que estava ausente. Só havia os pedaços de seu coração pelo chão. Lágrimas rebeldes começaram a cair junto com o resto da correspondência. A única carta que havia acarretado tudo isso, estava em suas mãos ainda fechada, mas Lily podia imaginar o que era.
Ainda em pé, abrira o pequeno envelope com cuidado e qual não foi sua surpresa ao ver que estava certa. Era de James, e sim, era o convite de casamento. Com as mãos suando de nervoso, amassou o pedaço de papel e deixou-se cair, encostada na porta, abraçando os joelhos em seguida. Por que? Merda, por que tudo tinha que ser assim? Não era mais fácil, eles assumirem logo que ainda se amavam e tentassem lutar para que nada acabasse com esse relacionamento?
- James... – sussurrou para si mesma sem conter as lágrimas que rolavam.
A cerimônia finalmente começara. A ruiva permanecia abraçada a Sirius, que a apertava forte. Lily não podia negar que a noiva era linda e estava muito mais com o vestido de noiva de alças finas. Viu Remus no altar ao lado do padre, no lugar dos padrinhos e acenou com um sorriso um pouco forçado, mas ao mesmo tempo sincero. Remus era um ótimo amigo, assim como Sirius. O maroto retribuiu o aceno e sorriu tentando transparecer calma, mesmo sabendo que a amiga estaria horrível por dentro ao ver aquela cena que se passava.
No momento que o padre perguntou se havia alguém contra o casamento, Sirius se aproximou do ouvido de Lily, sussurrando levemente.
- Você não vai pelo menos tentar?
- Não... – disse com pesar – infelizmente não posso fazer nada... ele procurou isso...ele decidiu casar... se ele não quisesse, teria saído de lá, ou teria terminado tudo antes...
- Não seja dura com você mesma...
- Não estou sendo Six... – agora chorava – eu sei que não viverei em paz e que provavelmente vou me arrepender... mas a escolha foi dele.
O silêncio voltou, mas a ruiva não agüentava mais assistir. Não poderia suportar ver James... o seu James... dizendo ‘sim’ a uma mulher que nunca o amaria como ela o ama. Se soltou de Sirius com delicadeza.
- Six... eu vou embora... não posso mais... – disse com lágrimas ainda rolando.
- Eu te levo.
- Não, por favor... deixa eu ir... preciso andar e respirar... – suspirou
- Não quer ir pra casa? Talvez seja melhor e...
- Não, obrigada... é sério, vou ficar bem...
Sirius assentiu, beijando levemente a testa de Lily, que saiu andando sem rumo...
***
Já era meia-noite e Lily não aparecia. Sirius e Marlene estavam preocupados e se revezavam para sair à procura. Remus e Emmeline esperavam no apartamento de Sirius por noticias. Os quatro temiam o pior.
Por sorte, quando Sirius e Marlene chegaram no prédio sem nenhuma noticia, a encontraram entrando pela portaria.
- Lily!! Onde estava? – Lene abraçou a amiga, seguida por Sirius
- Por aí... por favor, amanhã conversamos, ok? Preciso descansar... – Lene percebeu os olhos e o nariz vermelho de tanto chorar.
- Ok... vamos, te levo até a porta do seu ‘apê’. – Sirius disse pegando levemente no braço dela.
Ambos acompanharam a ruiva até a porta, deram boa noite e foram para o apartamento de Sirius para avisarem aos outros.
Lily suspirou resignada. Estava tudo acabado agora e teria que seguir sozinha. Abriu a porta bem devagar e acendeu a luz. Abafou um grito com a mão ao ver uma sombra andando até si. Uma sombra que, depois, ela pôde ver ganhando forma. Era James.
- O que faz aqui? – disse se recuperando e com um leve tom de irritação – e como entrou?
- Me desculpe pelo susto. – passou a mão pela nunca – eu guardei a chave que você tinha me dado.
- Hmm – se jogou no sofá e a bolsa em qualquer canto – repito, o que faz aqui? Não devia estar com ela? Se você não sabe, hoje é sua noite de núpcias. – disse com sarcasmo.
- Claro que sei... – se sentou a seu lado, no que Lily fechou os olhos, mordendo o lábio inferior para não chorar mais – mas eu não terei noite de núpcias.
- Então é bom ir pensando numa ótima desculpa para sua esposa... – continuou sem olhá-lo.
- Se eu tivesse uma esposa, eu até pensaria... – deu um leve sorriso, tocando o queixo da ruiva para que ela o olhá-se.
- O-o-que você ta dizendo? – se surpreendeu.
- Eu não me casei – deu de ombros.
- Como? Por que fez isso? – se levantou, virando de costas pra ele.
- Você não vê o porquê? – se levantou também ficando bem próximo a ela
- E o que eu deveria ver?
- Por Mérlin, Lily! – passou as mãos pelo rosto e cabelos – Eu ainda te amo!! Você não entende? Eu ia fazer a maior burrada da minha vida! É você quem eu quero. É você quem eu preciso. – a virou bruscamente para ele, a assustando – quando eu vi a Joanne entrando na igreja, eu vi você!! Era você quem eu esperava que entrasse vestida de branco! É com você que eu quero filhos! Lily Evans, eu te amo! Volta pra mim?
Respirou fundo. Disse tudo muito rápido com medo de que não conseguisse. Com medo de que ela não o escutasse. Lily começou a chorar novamente, mas dessa vez era de felicidade. Amava mais do que tudo aquele moreno.
- Oh, James! É claro que eu quero! – o abraçou forte – Eu também te amo! Muito, muito, muito!!! Não conseguiria viver sem você!
- Lily, me perdoa... eu fui um idiota em terminar com você...
- Shiii! Não precisa pedir perdão... eu é que tenho que pedir – se afastou um pouco para olhá-lo – Eu devia ter parado o casamento... – olhou para o chão.
- Ah, Ruiva, não se preocupe... Sirius fez isso por você... – riu maroto
- Como?
- É! Digamos que ele deu uma palavrinha com a noiva antes do casamento... assim, evitou que ela fosse humilhada por eu a abandonar no altar... ela quem me abandonou. – a abraçou pela cintura. – você devia ter ficado mais...
- Você viu a hora que eu fui embora?
- Vi! Sirius aproveitou e deu a volta pelo canto da igreja e fez um sinal para Joanne lembrando o que ela devia fazer se não quisesse que eu a largasse no altar.
- Você sãos maus!! – bateu nele de leve
- Que nada! – riu – você ainda não viu nada. – disse malicioso no ouvido da ruiva.
Do outro lado da porta:
- Viu? Eu disse que esse plano daria certo! – Sirius
- Mas a Joanne deve ta aos prantos! – Emme
- Que nada! Ela também não tava muito a fim de casar! Ao sair da igreja, estava abraçada a um carinha que também tava sofrendo pelo casamento dela! – Remus
- Só vocês hein! – Marlene
- Ah, fizemos uma pesquisa antes do plano... e só aproveitamos esse fato! – Sirius
- Vocês são demais! – Emme abraçou Remus.
- Eu sei! AI! Por que me bateu? – Remus
- Pra deixar de ter um grande ego como Sirius!
- Ei, não me mete nisso não! – Sirius disse fingindo indignação
- Será que vocês podem calar a boca? Senão os pombinhos vão nos ouvir! – Marlene ralhou
- Ah, vamos ver! – Sirius colocou o olho no ‘olho mágico’
- Nada disso!! Vamos todos sair daqui! Onde já se viu isso? – Marlene puxou Sirius e Emme puxou Remus pra dentro do apartamento de Sirius.
- Os dois vão é aproveitar a noite! – disse Emme com uma piscadela marota.
FIM
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N/A ¹: Eu não se se essa igreja existe, ok? Foi invenção minha. Eu quis fugir um pouco do ‘clichê’ de o James sempre casar na Mansão Potter. ;D
N/A ²: Desculpem-me se está um pouco melancólica, mas foi escrita num momento de TPM! Uahauhauahuaha Dêem um desconto, plix!! ^^
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