Na Varanda (18/04/2008)

Na Varanda (18/04/2008)



Capítulo 8- Na Varanda

Parei na varanda; ia tonto, atordoado, as pernas bambas, o coração parecendo querer sair pela boca fora. Comecei a andar de um lado para outro, parava inconformado, e andava outra vez e parava. Vozes confusas repetiam o discurso de Sirius Black:
"Sempre juntos..."
"Em segredinhos..."
"Se eles pegam de namoro...”.
Pisei e repisei a varanda naquela tarde, as colunas amareladas passavam da direita ou da esquerda, segundo eu ia ou vinha, e enfim dei com a melhor parte da crise, a sensação de uma alegria nova, que me envolvia em mim mesmo, e logo dispersava, me trazia arrepios e fazia transpirar as mãos. Às vezes dava por mim, sorrindo, um ar de riso de satisfação, que desmentia a abominação do meu pecado. E as vozes repetiam-se confusas:
"Em segredinhos..."
"Sempre juntos..."
"Se eles pegam de namoro...".
Um coqueiro, vendo-me inquieto e adivinhando a causa, murmurou de cima de si que não era feio que os meninos de quinze anos andassem nos cantos com as meninas de quatorze, ao contrário, os adolescentes daquela idade não tinham outro ofício.. Era um coqueiro velho, e eu cria nos coqueiros velhos, mais ainda que nos velhos livros. Pássaros, borboletas, uma cigarra que ensaiava o estilo, toda a gente viva do ar era da mesma opinião.
Então eu amava Gina, e Gina a mim? Realmente, eu vivia na barra das saias dela, mas não me ocorria nada entre nós que fosse secreto. Antes de ela ir para o colégio, era tudo travessura de criança. Depois que saiu do colégio, é certo que não estabelecemos logo a antiga intimidade, mas esta voltou pouco a pouco, e no último ano era completa. Entretanto, nossas conversas eram sempre as mesmas. Gina me chamava às vezes bonito, mulherzinha, uma flor-outras pegava minhas mãos para contar os dedos. E comecei a recordar esses e outros gestos e palavras, o prazer que sentia quando ela passava a mão pelos meus cabelos, dizendo que os achava lindíssimos. Eu, sem fazer o mesmo aos dela, dizia que os dela eram muito mais lindos que os meus, começando somente pela cor de fogo que tinham. Então Gina abanava a cabeça com uma grande expressão de desengano e melancolia, dizendo que a cor não lhe agradava - mas eu retorquia chamando lhe maluca. Quando me perguntava se sonhara com ela na véspera, e eu dizia que não, a ouvia contar que sonhara comigo, e eram aventuras extraordinárias, subíamos ao voávamos pelo ar,dançávamos na lua, ou então que os anjos vinham perguntar-nos pelos nomes, a fim de dá-los a outros anjos que acabavam de nascer. Em todos esses sonhos andávamos unidinhos. Os que eu tinha com ela não eram assim, apenas reproduziam a nossa familiaridade, e muita vez não passavam da simples repetição de um dia. Alguma frase, algum gesto. Também eu os contava. Gina um dia notou a diferença, dizendo que os dela eram mais bonitos que os meus, eu, depois de certa hesitação, disse lhe que eram como a pessoa que sonhava... Ela ficou da cor de seus cabelos.
Pois, francamente, só agora entendia a emoção que me davam essas e outras confidências. A emoção era doce e nova, mas a causa dela fugia-me, sem que eu a buscasse nem suspeitasse. O silêncio dos últimos dias, que não me dizia nada, agora o sentia como sinal de alguma coisa, e assim as meias palavras, as perguntas curiosas, as respostas vagas, os cuidados, o gosto de recordar a infância. Também percebi que era fenômeno recente acordar com o pensamento em Gina, e escutá-la de memória, e estremecer quando ouvia os seus passos. Quando se falava nela, em minha casa, prestava mais atenção que antes, e, segundo era elogio ou crítica, assim me trazia gosto ou desgosto mais intensos que antes.
Cheguei a pensar nela durante as missas daquele mês, com intervalos, é verdade, mas com exclusivismo também.
Tudo isto me era agora apresentado pela boca de Sirius Black, que me denunciara a mim mesmo.
Eu amava Gina! Gina me amava! E as minhas pernas andavam, paravam,andavam, trêmulas.
Essa revelação da consciência a ela própria nunca mais me esqueci, nem achei que lhe fosse comparável qualquer outra sensação da mesma espécie. Naturalmente por ser minha. Naturalmente também por ser a primeira e única.

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N/A: SURPRESA!!
Capítulos 7 e 8 para compensar que não irei escrever nada no feriado! =(
Estou sem pc em casa, portanto atualizações só na terça!
mas escreverei muito no feriado e só terei que que digitar na terça!
Ainda não entramos realmente na história, mas já podemos entender melhor a promessa da D. Lílian e a relação Harry/Gina!

MUITO OBRIGADA PELOS COMENTÁRIOS!! ELES ME FAZEM MUITO FELIZ!!

Tonks: Mal acreditei quando vi que vc havia comentado!!Eu adoro suas fics!! Realmente. talvez seja mais fácil ler clássicos imaginando nosso casal amado como protagonistas. Todo livro que é adaptado em fic eu procuro ler depois, e sempre imaginando eles!rs! Espero que você goste da fic! Beijos

Barney: Graaaande Dona Lílian!!rsrs! Espero que tenha passado a mensagem correta a respeito da Lilian. Que ela nunca mais foi a mesma depois da morte do James e que Harry é sua vida! Beijooooosss obrigada por tudo!

Talita Ficwriter: Fico muitooo feliz que você tenha gostado da idéia! Eu particularmente AMO Dom Casmurro! E irei fazer o final que imaginei para o livro...hummm...Realmente havia pensado em deletar a fic por falta de incentivo e comentários, mas o Barney me incentivou e aqui vou eu! beijos e continue acompanhando!!

Fl4v1nh4: obrigado por comentar! espero que você goste da fic...quanto a Capitu e Bentinho, acho que infelizmente nunca saberemos a verdade.Ela jaz morta e enterrada com Machado de Assis...beijos

MUITOS BEIJOS E BOM FERIADO!!!!

Anna!

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