É mágoa



Capítulo 34 –É Mágoa

A sala era ampla. Bella tinha acabado de falar para Penny toda feliz sobre Sirius ter pedido a mão de Perse em casamento. Ela parecia feliz com o fato do primo estar namorando a filha. Penny não entendia a mãe. Talvez ela estivesse apenas aliviada, pois Perse havia escolhido um sangue puro.
E isso magoava Penny profundamente. Sirius namorou com ela e nunca cogitou a possibilidade de casamento. Passaram um ano juntos praticamente. E ele inclusive a traiu.
E era isso que mais machucava Penny. Ela o amou, mas não foi amada de volta.
“É mágoa
Já vou dizendo de antemão
Se eu encontrar com você
Tô com três pedras na mão”
Quando Bella lhe contou que retornaria a vida, Penny ficou incrivelmente feliz. Sempre amou a mãe demais. E ficou mais ainda ao descobrir que Sirius também voltaria. No fundo Penny achava que nunca o esqueceria. E tinha a esperança de que ele também nutrisse algo por ela. A notícia do casamento com a irmã acabava por completo com essas esperanças.
“Eu só queria distância da nossa distância
Saí por aí procurando uma contramão
Acabei chegando na sua rua
Na dúvida qual era a sua janela”
Lembrou-se de como havia conhecido Sirius. Narcisa havia lhe pedido para conversar com Monstro, indo até o Largo Grimmauld. Ela nunca imaginou que fosse se deparar com ele. Narcisa achava que a casa estava desabrigada. Se não fosse por ter achado o endereço anotado em um pedaço de pergaminho no chão, nunca teria conseguido falar com Monstro.
Ao conhecer Sirius, achou que era o destino. Uma incrível coincidência ter conhecido alguém assim. Pura sorte. Na primeira vez que o viu, Penny se apaixonou por completo. E se perdeu por completo. Draco havia lhe avisado. Sirius era encrenca. O destino deles só se cruzariam em duelos. E sempre estando em lados opostos. Ela era uma Comensal da Morte. Ele era um traidor do sangue.
Isso nunca daria certo... Mas Penny insistiu. E a pior dor que sentiu na vida foi descobrir que Sirius a havia traído com uma bruxa da Ordem. E que dessa traição, resultaria uma filha.
Foi a pior dor que Penny sentiu na vida. Sentiu-se descartável. Percebeu que ele nunca a amou. Mas ela não deixou isso barato. Jogou a mãe contra Sirius. Indiretamente, fez Bella matá-lo...
E se arrependeu mortalmente depois. Estava grávida. Ele poderia ter ficado com ela por causa disso.
“Lembrei que era pra cada um ficar na sua
Mas é que até a minha solidão tava na dela”
Estava sozinha. Grávida e sozinha. No meio de uma guerra. Uma garota de 17 anos esperando seu primeiro filho. Uma criança esperando outra.
Pouco tempo depois, descobriu que a mãe também estava grávida. De Perséfone.
Perséfone. A irmã caçula. Da mesma idade de Celene, sua filha. Pouca coisa mais nova. Uns dois meses. Penny tinha a obrigação de cuidar da irmã. Não deixaria Sirius fazer com Perse o que fez com ela. Mesmo ele se dizendo apaixonado.
Penny pegou um pergaminho e uma pena. Pôs-se a escrever tudo o que sentia. Tudo o que estava passando, pensando... Tudo o que sofreu por causa de Sirius.
Escreveu tudo o que lhe havia ocorrido durante a guerra. O abandono dele. Como se sentiu sozinha e desamparada. Falou inclusive do filho que ela abandonou... Filho dela com um Comensal da Morte. Dolohov. Nunca entendeu porque havia se envolvido com ele. Mas decidiu não criar o bastardinho. Largou-o para ser criado entre trouxas. Se bobeasse, seria um aborto...
E Penny achava, tinha certeza que tudo de ruim que lhe acontecera tinha sido culpa de Sirius.
Assinou o que escreveu. Pensou em enviar para Perse, mas lembou-se que Sirius logo descobriria. E ia odiá-la por isso. Ela poderia suportar tudo, menos o ódio dele.
“Atirei uma pedra na sua janela
E logo correndo me arrependi
Foi o medo de te acertar
Mas era pra te acertar
E disso eu quase me esqueci”
Penny pensou em queimar a carta. Mas lembrou-se de Perse.
A irmã parecia tão frágil, tão desprotegida... Não queria que ela sofresse. Não o tanto que tinha sofrido.
Sirius não amou Penny, pois seu coração já tinha uma dona. Anastácia Lestrange. A mãe do moleque mestiço, que não era tão mestiço assim. Sobrinho de Rodolphus Lestrange. Sobrinho de Bellatrix... Ela não tinha como competir com a mãe do filho dele. Precisava acabar com isso antes que Sirius fizesse Perse sofrer tanto quanto a havia feito sofrer.
Escreveu uma outra carta. Não tão extensa quanto a anterior. Não tão detalhada. Não tão emocional. Uma carta contando em detalhes o que havia acontecido. Explicando para Perse porque Penny nunca namorou mesmo com Sirius. Deixando-a de sobreaviso do que poderia vir dele.
Não era a carta mais carinhosa do mundo. Mas era uma carta bem franca. Penny não permitiria que ele acabasse com a vida da irmã, como acabou com a dela.
“Atirei outra pedra na sua janela
Uma que não fez o menor ruído
Não quebrou, não rachou, não deu em nada
E eu pensei: talvez você tenha me esquecido”
Na primeira oportunidade, Penny enviaria a carta para Perse. Se queimaria com Sirius se fosse preciso, mas protegeria a irmã. Penny viu Perse nascer. Pequena e frágil. Prematura devido aos ciúmes do Lorde de Bella. Ciúmes que o fez torturá-la com Crucciatus. Até que Bella entrou em trabalho de parto. Ciúmes que fez com que Voldemort demorasse um ano para libertar os Comensais presos... Ciúmes que só foram parados quando Voldemort percebeu que deixaria Bella insana.
- “Como se fosse possível ela ficar mais insana do que já era...”- penou Penny
Mas lembrava-se claramente da mãe se contorcendo no chão, dos gritos de dor, do desespero de Bella... De como viu a mãe implorar para o Lorde parar. Da falta de piedade dele. Do choro desesperado de Narcisa. Desespero que no auge a obrigou a atirar-se na frente da irmã para impedir que Bella continuasse sofrendo...
Será que Sirius viu isso? Será que ele viu no que ela tinha se transformado?Será que ele tinha visto, lá do além véu que a deixara morta em vida? Que ela havia morrido com ele naquela fatídica noite no Ministério?
Penny chegou até a trair Voldemort por causa de Sirius. Protegeu Harry dos ataques de inúmeros Comensais. Se o menino que sobreviveu ainda respirava, tinha que agradecer muito a ela.
Mas o que Sirius falou a respeito quando voltou? Nada. Nem um muito obrigado... E pensar que a irmã tinha te o mesmo animago que ela...
Duas raposas saídas de uma víbora.
Isso não era biologicamente muito lógico.
“Eu só não consegui foi te acertar o coração
Porque eu já era o alvo de tanto que eu tinha sofrido
Aí nem precisava mais de pedra
Minha raiva quase transpassa a espessura do seu vidro”
A raiva de Penny atingia seu auge. Depois da guerra, ela não tinha mais local para ficar. Todos aonde ela ia lembravam-lhe Sirius. Lembravam-lhe os planos que ela tinha feito de um dia terem uma vida juntos...
Hoje ala sabia que isso nunca aconteceria. E isso fazia com que ela tivesse mais raiva. E mais revolta. Por que Perse e não ela? O que a irmã tinha e ela não?
Colocou a carta dentro do envelope. Antes de enviá-lo, tinha que ganhar a confiança de Perse. Aí sim, Sirius Black iria descobrir do que uma mulher rejeitada era capaz... Ah, ia...
Ele foi o motivo dela ir embora da Inglaterra. Olhou para o pergaminho em sua mão. As lágrimas que escorriam de sua face o haviam molhado, deixando várias partes bem borradas. Mas ela não passaria a limpo. Ajudaria a convencer Perse a acreditar nela.
“É mágoa
O que eu choro é água com sal
Se der um vento é maremoto
Se eu for embora não sou mais eu
Água de torneira não volta
E eu vou embora
Adeus”
Primeiro ela atrairia a confiança de Perse, depois se vingaria de Sirius e protegeria a irmã.
Tudo no seu tempo e sua hora.

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