O fiel do segredo



Capítulo 10 - O fiel do segredo

Harry viu-se em uma sala pequena, escura. Demorou a reconhecer o apartamento em que Sirius morava com a namorada, antes desta nascer.
As cortinas não eram mais de renda branca, mas pesadas cortinas de veludo. E o calor dentro era sufocante.
Sirius apareceu na porta da cozinha.
- Rabicho! Eu vou dar uma volta! Não sai daqui! –gritou Sirius
- Tudo bem! –falou Peter de dentro do quarto
Sirius saiu. Desceu por um corredor claro, até a garagem do prédio. Era longa, larga e alta. Tudo de cimento, pintada até a metade de branco. Subiu na moto e guiou até um cemitério.
O lugar parecia mais um campo do que um cemitério. Não havia lápides muito visíveis, apenas placas no chão. E Sirius caminhou firme até uma distante.
Harry viu que era a lápide da finada namorada de Sirius. Mãe dele. Era estranho ver a lápide da própria mãe, levando em consideração que nem sabia que ela existia. Só ficou conhecendo um pouco dela há menos de uma hora.
Sirius chorava. Já havia passado vários meses, mas ele chorava como no dia em que soube que ela morreu. Harry sentiu pena do padrinho.
- O que faz aqui, Black? –perguntou uma voz grave atrás de Sirius
Era Rodolphus. O homem estava do jeito que Harry o viu no Largo Grimmauld.
- Como sabe que eu estaria aqui? –perguntou Sirius
- Hoje faz um ano que ela morreu. Não sabia que viria. Era minha irmã, esqueceu? Venho aqui uma vez por semana. Não deveria ter deixado o rato sozinho. –falou Rodolphus
Sirius olhou-o pasmo.
- Como sabe? –perguntou Sirius
- Sabe, o Lorde deveria ficar feliz de você não ser o fiel. Eu fico aliviado. Você sofre de fidelidade canina, não? Fiel como um cachorro. Mas não é o fiel do segredo. O Lorde ficou feliz com isso, não precisou ir atrás do fiel. E meu sobrinho não vai ficar sem pai. –falou Rodolphus
- Não estou entendendo. –falou Sirius
- O que estou falando, não deve sair daqui. Mas acha mesmo que alguém tão covarde quanto o rato serviria como fiel? Acha que ele realmente morreria pelos amigos? Sabemos que ele é o fiel. E o Lorde vai ficar sabendo hoje onde é a localização dos Potter. A não ser que um certo amigo cachorro faça algo. –falou Rodolphus
- E por que está me ajudando? –perguntou Sirius
- Porque foi ele quem contou para os Comensais sobre a minha irmã estar grávida de você! –falou Rodolphus
- É só vingança. Ele não nos trairia! –falou Sirius
- Ah, é? E por que acha que eles deram ouvidos? Por que ele era alguém desconhecido, alguém em quem o Lorde não confiava? –falou Rodolphus
Sirius ficou boquiaberto.
- Ele vai matar meu sobrinho! O filho de minha irmã Anastácia! –falou Rodolphus
- O Pedro não nos trairia... Nunca! –falou Sirius
- Ele já traiu! Quem você acha que entregou os Mc Kinnon? E os outros? –falou Rodolphus
Sirius saiu em disparado de volta até a moto. Voltou ao apartamento. Pedro havia sumido. Do lado de fora, a lua cheia estava começando a aparecer no céu. Não pderia chamar o Remus. Quem ele chamaria? Correu para escrever uma carta para Dumbledore. Mas ao procurar a gaiola da coruja, ela estava morta. Uma enorme coruja branca com uma mancha vermelha no pescoço.
Sirius ficou sem saber o que fazer.
Saiu novamente. Ele tinha que conseguir avisa os Potter. Foi até o correio coruja, mas como avisar? Enviou uma carta a Dumbledore. E pariu rumo a Godric Hollows. Mas chegou tarde demais. Logo depois, chegou Hagrid.
- Deixe ele comigo, Hagrid! Vou cuidar como se fosse meu! –falou Sirius
- Não! Dumbledore me pediu para levá-lo até ele. Precisa achar o traidor, Sirius. Ou então ele não estará seguro em lugar algum! –falou Hagrid
- Leve-o na minha moto. –falou Sirius
Hagrid montou e foi embora. Sirius sentou-se na calçada. Onde Pedro poderia estar? Por que tivera a idéia de mudar o fiel? Se não fosse por isso, James ainda estaria vivo. Levantou-se e caminhou até os destroços. Viu o corpo de James, os olhos abertos, a varinha na mão. Tentou reagir, defender Harry. Mas Voldemort era mais poderoso. Achou o corpo de Lily. O rosto apavorado. Eles tinham cumprido o que prometeram. Iriam proteger o bebê mesmo que custasse isso as suas vidas. E custou.
Sirius olhava aturdido de um corpo para o outro. Não conseguia segurar mais o choro. Não queria mais segurar nada. Perdeu os amigos. Temia mais do que tudo perder o filho. Tinha que achar Pedro o mais rápido possível.
Saiu caminhando pelas ruas de Londres até clarear. Deveria ser umas 6 da manhã quando o achou.
Pedro. Caminhava sorridente pelas ruas de Londres, como se nada tivesse acontecido. Tomado pelo ódio, Sirius ficou cego. Esqueceu-se dos trouxas ao redor. Esqueceu-se que não poderia realizar magia na frente deles. Ia vingar os Potter. Ia fazer Pero pagar pela traição.
Sacou a varinha.
- Pedro, Pedro! Acha mesmo que ia sair vivo dessa, covarde? –gritou Sirius
A expressão de Pedro mudou da descontração para o susto.
E do susto para a raiva. Não ia ser preso por causa disso! Sirius não tinha como provar nada. Morto então, levaria para o túmulo a morte dos Potter.
Sirius subiu na calçada onde Peter estava.
- Achou mesmo que eu ia deixar você sair vivo dessa? –perguntou Sirius
- Você os matou! Matou James e Lily! Matou-os ao entregá-los para Voldemort. Traidor! –gritou Peter
- Canalha! –falou Sirius
Estavam a menos de um metro um do outro. Uma pequena multidão se aglomerava ao redor deles para ver a estranha cena. Um homem magro, alto e com uma varinha na mão. E um baixinho e gorducho gritando sobre morte e traição.
- Como você pode, Sirius? James e Lily! Nós crescemos juntos! –gritou Pedro
- Como pode você falar isso! Sabe muito bem que apenas você poderia falar onde eles estavam! –falou Sirius
- Mas você não tem como provar, não? Morto, então... Vai levar a culpa para o túmulo... –murmurou Pedro
- Vai me matar? –perguntou Sirius debochado
- Vou matar você e todos esses sangue-ruins ao nosso redor! Não devia ter sacado a varinha tão rápido... Nisso você se parece muito com a sua finada namoradinha... Se ela não tivesse falado que ia me entregar a Dumbledore, eu não teria contado nada do casinho de vocês! –falou Pedro
Sirius ficou pasmo. Então Rodolphus também havia falado a verdade quanto a isso?
Pedro fez uma expressão de dor no rosto. Uma enorme bola de fogão saiu de suas costas e expandiu-se ao redor, queimando tudo ao seu redor, e explodindo assim que atingiu 2 metros. Sirius apenas viu Pedro se transformando e fugindo pelo esgoto. Mal teve tempo de conjurar um escudo...
Assim que a fumaça abaixou, Sirius olhou ao redor. Nunca imaginou que Pedro pudesse matar alguém. Acostumara-se com a idéia de um Pedro fraquinho e medroso. Alguém que nunca faria mal a uma mosca. Mas ele pode matar muita gente. Onde ele estava, restou apenas um dedo.
Sirius não viu o esquadrão de aurores se aproximar para prendê-lo. Não esboçava a menor reação para nada. Jamesestava morto. Lily estava morta. E não sabia mais onde estava o filho. Nunca mais o veria, levando em consideração as circunstâncias. Ninguém acreditaria nele. Não poderia contar com ninguém. Apenas Pedro sabia da troca. E ele queria tanto que tivesse sido Remus o fiel... Mas James discordou achando que ele andava muito estranho. Nunca se perdoaria por isso. Se ele não tivesse sugerido a troca, Jame, Lily e mais todos aqueles trouxas ainda estariam vivos.
- Abaixe a sua varinha! –gritou um auror
Sirius só se deu conta de que estava cercado nessa hora. Precisava sair dali. Queria ver o filho pela última vez antes de ser preso. Precisava ver o filho.
- Estupefaça! –atacou Sirius, nocauteando um auror
- Impedimenta! –atacou alguém
Sirius viu-se imobilizado. Não havia mais nada a fazer. Não adiantava mais lutar. Estava preso. Iria para Azkaban. Talvez o beijo...
Sentiu-se ser levado pelo esquadrão até a prisão. Aquilo parecia um pesadelo. Não podia ser real. Ele ia acordar e ver que tudo era um terrível pesadelo. Mas percebeu que não era ao sentir o frio da aproximação dos dementadores. Estava perdido para sempre. Para o resto da vida.
Sua vida agora seria esperar a morte. Não tinha mais nada.

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