Dúvida



Às nove horas da manhã seguinte, Gina estava ligando o monitor do computador quando Harry entrou. Com um movimento gracioso, fechou a porta atrás de si recostando-se nela.

Ela passara a noite anterior dizendo a si mesma que verdadeiramente detestava Harry Potter. Como ele poderia simplesmente supor que seu filho fosse de outro homem? Essa era uma possibilidade que ela não previra. E não era estranho que ele tivesse se omitido ao ser confrontado sobre a morena? Queria bancar o esperto? Agir como se a morena jamais tivesse acontecido? Bem, a memória de Gina era afiada como garra.

Mas, infelizmente, não importava o quão furiosa e amarga Harry a deixava, ele ainda fazia sua respiração ficar suspensa. Parado em pé, vigorosamente masculino em um terno formal de negócios, o maxilar agressivo, os olhos impressionantes, Harry mostrava um leve, mas perceptível desapontamento que, de forma inesperada, tocou o coração de Gina.

– Se tem alguma coisa para dizer, diga! – Gina suspirou.

– Eu admito que um rapaz sensível, mas desonesto e interesseiro, teria pulado em cima do garoto e dito: oh, é a criança mais linda que eu já vi!

– Chegou a conhecer Thiago?

– Eu não queria vê-lo… – Uma fração de segundo após ter admitido isso, Harry rangeu os dentes brancos e espalmou as mãos morenas em um gesto de frustração. – Apague esse comentário.

– Apenas uma olhadela rápida, não foi? – Gina retornou ao computador. – Não está interessado em bebês, não é?

– Sem comentários. Estou aqui para lhe dizer que saia essa manhã e compre para si mesma um vestido de noite para o jantar comemorativo. – Enquanto ela permanecia atônita diante da idéia de Harry pagar qualquer coisa que ela usasse, ele colocou sobre a mesa um cartão de crédito especial e mencionou o nome de uma loja de alta-costura. – É uma despesa legitima de negócios…

– Isso é uma ordem?

– Sim – confirmou Harry sem hesitar. – Aparência é tudo no meu mundo. Não quero ninguém comentando de você.

– Sou apenas uma empregada, Harry…

– Por mais quanto tempo?

– Isso é uma ameaça? – perguntou Gina, os olhos brilhando.

– Você devia me conhecer melhor. – Os olhos verdes flamejavam exasperados. – Vamos acertar os ponteiros, Gina. Quando eu olho você, a desejo intensamente, e sei que o mesmo acontece com você…

Gina tremeu em reação nervosa, mas ela não sabia com quem estava mais furiosa, se consigo mesma, por sua fragilidade desavergonhada e respiração ofegante, ou com ele, por ter feito tal arrogante afirmação com tanta frieza.

– A morena já fez você se sentir assim?

– Nunca…

Naquele silêncio incriminador, Gina arrancou seu olhar angustiado dos olhos dele, abalada por aquela única palavra com a qual, finalmente, ele parecia admitir sua traição cruel.

– Você não pode voltar no tempo. Não poderia nunca confiar em você.

– Quão boa em rastejar você é? – murmurou Harry sedutoramente ao sair.

Rastejar? Nem por todo o chá existente na China, nem mesmo por um novo começo com o homem que ela ainda amava.

Mas era tempo de contar a Harry a verdade sobre Thiago, reconheceu Gina com amarga relutância. Um dia Thiago perguntaria sobre o pai dele e esperaria respostas. Como ela poderia permitir que Harry continuasse acreditando que Thiago era filho de outro homem?

Como pôde imaginar guardar esse segredo para sempre, quando ele não era só seu…

– Estão correndo os rumores mais desvairados sobre você e o patrão! – O olhar especulativo de Lilá caiu sobre a caixa do vestido da loja de alta-costura que estava ao lado da mesa. – Cuide-se, porque os rumores estão explodindo por todo o prédio!

– Sério? – Gina estava intimidada em reconhecer ainda outra dimensão de seus problemas, e o que ela se recusava a enxergar tinha sido apontado por outra pessoa. Ela também desejou ter tido a sagacidade de esconder a caixa do vestido.

– Harry irá embora, mas você terá de trabalhar aqui…

– Que tipo de rumor desvairado?

Lilá retraiu-se.

– Bem, dizem que os dois supostamente passaram quase toda a tarde de segunda-feira trancados no escritório sem sair uma única vez… dando margens a outras suposições.

– E as outras suposições são? – murmurou Gina.

– Sórdidas… que seu filho… bem, você sabe, ele tem aquele adorável tom de pele moreno.

– Não diga mais nada… – Gina baixou a cabeça para esconder o horror diante da precisão daquele rumor.

– A diretoria acha que você pretende espionar cada movimento deles e reportar ao chefe. A informação é de que quando você está com Harry Potter, a porta está sempre fechada.

Era perfeitamente verdade, e esse não era, em absoluto, o padrão de encontro entre uma simples funcionária e um poderoso magnata dos negócios.

Sofrendo as agonias da própria falha e no auge da emoção em saber que teria de contar a Harry que Thiago era seu filho, ela pegou o telefone e apertou o número da extensão de escritório de Harry no instante em que Lilá partiu.

– Harry… preciso conversar com você, mas não quero ir até sua sala…

– Por quê?

– Creio que nosso comportamento tem provocado uma onda de fofocas…

– Eu não levo em consideração esse tipo de tolice. – Sua voz soava bem decidida e superior. – Nem você deveria…

– Olha, precisamos conversar sobre Thiago.

– Não… não estou pronto para isso… talvez nunca esteja – falou Harry com ênfase em cada sílaba.

– Você não entende.

– Eu entendo perfeitamente. Você e seu filho formam um pacote. Posso ser insensível, mas não sou estúpido. Vou mandar um carro apanhá-la esta noite às sete horas.

Clique! Ele pôs fim à conversa. Gina suspirou em dúvida. Por que Harry tinha tanta certeza de que a teria de volta? Seus sentimentos eram assim tão evidentes? Como ele se atrevia a dizer que ainda estava pensando se poderia encarar a volta do relacionamento, agora que ela tinha um filho?

Quinze minutos depois, durante seu intervalo de almoço, foi um choque para Gina olhar da cozinha da creche, onde pegava os alimentos de Thiago, e ver Harry conversar com o supervisor.

Com um sorriso fixo em seu rosto cheio de vigor, ele passou os olhos na sala lotada, demorando-se em cada bebê dentro de seu raio de visão. Finalmente, fez uma pergunta a seu acompanhante.

Gina observou o constrangido supervisor apontar Thiago. Harry concentrou sua atenção no menino e ficou lívido, e rígido. Um minuto mais tarde, saiu da sala apressadamente.


Prika: kkkkkkkk, concordo plenamente com você Prika, é irritante a burrice dos dois, e você vai entender o tamanho da burrice no próximo capítulo, beijo.

Natália: É, a Gina tem o direito de estar muito irritada mesmo, só que a partir do próximo capítulo quem vai ter direito de se irritar vai ser o Harry.

Tonks e Lupin: Eu estou lendo sua fic viu? Só estou tentando ler tudo antes de comentar, mas até onde eu li eu gostei muito, você escreve bem, beijo.
Annywp: Sim, o Thiago é muito parecido com o Harry, tanto que nesse capítulo a Lilá fala que todos dizem que o filho é do Harry, mas no próximo capítulo um pouco desses mal entendidos vão ser resolvidos, mas o Harry só vai descobrir sobre o Thiago mais tarde, beijo.

Quero pedir desculpas a todos por não ter postado antes, mas eu estou a quase uma semana sem internet, desculpem mesmo.

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