Capítulo Um



Um Relato de Amor

Capítulo Um


“Você não soube me amar
E isso tinha mesmo que acabar
Antes que você me machucasse mais (...)
Eu gosto tanto de você
Mas eu não consigo esquecer
Todas as mentiras que você falou,
Todo mundo sabe que você aprontou”.


Ela abriu a porta com dificuldade, tamanha a sacola de compras em seus braços. Soltou um suspiro de alívio ao encarar seu apartamento. Mal conseguia acreditar que estava em casa. Pegou sua sacola e colocou em cima do balcão da cozinha. Tirou os sapatos de salto alto e apertou o botão da secretária eletrônica, enquanto passeava pela casa escovando os dentes.

“Hermione, acho que está acontecendo alguma coisa muito séria com o Draco, mas eu estou preocupada com você também! Liga pra mim, vamos marcar de sair...essa saudade tá me matando! Gina”

Bip. Uma voz masculina preencheu o ambiente.

“Hermione, é o Harry. Como é que você some desse jeito? Você anda muito estranha esses dias. É impressão minha ou você está me evitando? De qualquer forma, me ligue.”

–Não, eu não estou lhe evitando. – murmurou Hermione.

Bip. Outra voz masculina encheu o aposento, mas dessa vez, fez a respiração de Hermione falhar.

“Hermione? Sou eu.”

Houve uma pausa. Era Rony.

“Eu...eu estou sentido sua falta.”

Hermione arfou.

“Minha vida é muito vazia sem você. Quer dizer...eu preciso de você!”

Um suspiro.

“Muito. Venha me ver.”

Hermione correu para dentro do banheiro. Iria tomar um banho, vestir sua melhor roupa, usar seu melhor perfume, seu sapato mais bonito...o que importava para ela era apenas ficar linda para Rony.

Fechou os olhos e abriu os lábios num sorriso satisfeito, enquanto a água do chuveiro escorregava pelo seu corpo.

Sabia que ele não iria resistir... sabia que ele sentiria saudade dela... era só uma questão de tempo.

Até que Rony agüentara um tempo considerável, afinal, para ele, sempre fora difícil ser fiel a Luna, e daquela vez ele fora durante um ano. Hermione sentiu-se incompetente durante todo esse ano, ele não a procurava, ele não a ligava.

E ela? Ignorava os amigos, porque até isso a fazia lembrar de Rony. Ainda pensava no ruivo e pensava ainda mais no casamento dele com Luna.

Apesar de ter estado com Rony várias vezes enquanto ele namorava Luna, o casamento dilacerava-lhe o coração. Casamentos são casamentos, são contratos e beijos não são contratos. Ela percebera, naquele maldito dia, que ele nunca fora verdadeiramente seu, pelo menos não do jeito que ela queria. Rony era de Luna. O marido de Luna, o amante de Luna, o homem de Luna.

Uma lágrima escorreu em seu rosto, teimosa, solitária. Prometera a si mesma que não ia mais chorar por aquilo, mas era totalmente inevitável. Tudo que se sabe do amor é que ele gosta de mudar, e que ele pode aparecer onde ninguém ousaria supor.

Mas aquele amor nunca mudou, e nunca mudaria. E aquilo a machucava como se ela tentasse andar com um caco de vidro cravado em um de seus pés. Aquele amor era como ficar num quarto escuro, rodeada por lembranças de coisas que nunca irão voltar.

Enxugou-se rapidamente e enrolou-se na toalha, voltou a sala e escutou novamente o recado de Rony na secretária eletrônica, ignorando os outros dois recados.

Só de escutar a voz dele, todos os problemas sumiram de sua cabeça e ela sentiu o peito inchar de esperança.

*

Hermione entrou em sua casa e bateu a porta com força. Havia uma coisa entalada e sua garganta, como se o silêncio quisesse gritar. Tirou os sapatos, fazendo o sangue voltar a circular em seus pés, e jogou o objeto num canto qualquer. Olhou o apartamento gigantesco e viu seus antigos sonhos, tão grandes quanto. É. Quanto maior o salto, maior a queda.

A ausência de Rony no local marcado ecoava e perfurava sua mente, como se quisessem lembrá-la o quanto ela foi idiota e fazendo pesar todos os anos que ficara com ele.

– Burra.

Você sabia, pensou. Você sabia o tempo todo que ele não iria.

O telefone tocou, e uma risada amargurada escapou de seus lábios. Fechou os olhos; sabia que era o ruivo. Podia até sentir o telefone virar lhe contando isso. Não. Ela não queria atender. E não, ela não tinha escolha.

– Alô? – sua voz saiu estranha.
–Hermione? É você?

Voltou a fechar os olhos, dessa vez com mais força.

– Sou eu, sim.
–Ahn...como você está?
– Bem. Estou perfeitamente bem.
– Entendo.
– O que você quer, Ronald? – perguntou ela, sem paciência.

Ele pareceu meio sem graça.

– Eu não tive coragem.

Os olhos de Hermione se estreitaram.

–O que?!
– Você ouviu...faltou coragem.

Ela engoliu seco. Conhecia aquele tom. Aquele jeito de falar como se estivesse arrependido, mas jamais pedir desculpa. Conhecia Rony e seus truques mais do que ele próprio pudesse supor. Podia descrever com detalhes a posição em que ele estava ao segurar o telefone, a cara que ele fazia ao falar com ela e o sorriso que se formava nas curvas dos lábios dele. Tudo era um plano arquitetado, no qual ela sempre caía. Com exceção de hoje.

– Acabou, Ronald. – respondeu, fria. – Você deixou isso claro hoje pra mim.
–Mas nós podemos tentar...
–Não podemos, não.

Os olhos tremiam, as lágrimas dançavam em seus olhos, lutando para sair. Mas ela não iria chorar. Prometera isso para si mesma.

–Qual é, Hermione, eu te amo.

Uma lágrima desceu involuntariamente, teimosa, solitária.

–Obrigada.

Rony ficou calado e Hermione percebeu, com orgulho, que lhe causara impacto.

–Não tem que ser assim. – ele disse, por fim. – Engula seu orgulho. Eu estou voltando pra você.
–É. Eu que não estou voltando pra você. Eu engulo meu orgulho. Eu só não engulo mais você. – ela disse, mantendo a voz firme.

Rony soltou uma risada nervosa.

–Ligue quando sentir minha falta. Você vai sentir, você sabe.

Ele desligou antes que Hermione pudesse xingá-lo. Ela deixou-se cair no sofá, totalmente exausta. Sua imaginação não ajudava no processo de recuperação, pois colocava à frente de seus olhos imagens de seu grande amor com Luna.


*

O Rony era a coisa legal na minha vida. Estava em todas as festas, topava qualquer “parada”, conversava alto e com todo mundo, enchia a cara e ainda se orgulhava disso. Ora, quanto tempo eu levei pra perceber: é ridículo! A vida é tão mais que isso. Amores são tão mais que isso. Eu sou TÃO mais do que isso! Ainda acredito que fiz certo em chutar ele. Fiz!?

H.J.G



*


N/A: Gente, eu sei, eu passei meses sem postar, mas fiz esse capítulo pra tentar com essa fic de novo, visto que eu tinha meio que desistido dela. Obrigada a todas as pessoas que comentaram, influenciaram muito para que eu voltasse a postar. Espero que continuem comentando. Um beijo a todos, boas férias! =*

PS: Capa nova. Gostaram? ^^

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