Capítulo 12
Capítulo XII - Aquele dos reencontros
Narrado por: Katherine Mackenzie
A cada minuto que passava eu ficava mais ansiosa para as seis e meia da tarde, o que não fazia sentido algum. Em outras sextas-feiras, eu sairia da aula de Artes em direção ao carro de Remus para momentos divertidos e carinhosos.
Hoje, porém, seria uma sexta-feira sem graça onde a diversão máxima seria cuidar de Lucy enquanto nossos pais iriam a um Pub assistir ao show de uma banda cover dos Beatles.
Passei a aula inteira tão desconcentrada que nem me importei quando a Sra. Lynn pôs nossos quadros no fundo da sala para avaliá-los, fazendo críticas positivas a todos os outros oito alunos e balançando a cabeça negativamente para mim. “Hmm... Katie, não foi seu melhor trabalho”.
Eu sabia que aquilo realmente não passava perto do que eu era capaz. Recompensaria o tempo perdido na próxima semana.
Deixei a sala de artes lentamente, caminhando sem pressa enquanto escolhia uma música em meu iPod. Quando finalmente decidi por Hotel California, dos Eagles, o time de futebol passou por mim - barulhentos, suados e fedidos. Falavam animados, o que indicava que aquele fora um bom treino.
James e Sirius acenaram para mim de longe. Retribuí o aceno, fitando Remus esperançosamente. Ele não demonstrou nenhum sinal de reconhecimento, o que não foi tão surpreendente. As aulas haviam recomeçado na terça, e ele não tinha dito nem “oi” para mim. Aquilo não estava correto. Eu deveria estar mais ofendida que ele.
Segundo Lily, ele estava bastante chateado por causa de Eric. O que era injusto, considerando que eu não havia dormido com ninguém.
Mas tudo bem.
Estava quase na saída da escola, quando James me alcançou – desacompanhado, dessa vez, e sorridente.
- Quer uma carona? – ofereceu.
- Ah, obrigada, James, mas não precisa se incomodar, é realmente perto...
- Qual é, Katie! Somos praticamente vizinhos, e está nevando. Eu te deixo em casa.
- Tudo bem, então. Obrigada.
Ele passou o braço pelos meus ombros, em um gesto fraternal. Sorri.
- E então... como você está? – perguntou, quando entramos em seu carro.
- Bem – respondi, automaticamente.
- Tem visto Eric? – perguntou, em tom descontraído. Não me surpreendi. Suspeitei que sua oferta generosa estivesse cercada por algum tipo de interesse.
- Soube que ele voltou para Oxford... mas não falei com ele desde o Réveillon.
- Então não é serio? Quer dizer, vocês não vão cont...
- Remus pediu pra você perguntar essas coisas? – interrompi-o, de forma impaciente. Ele sorriu ainda mais, arrepiando os cabelos.
- Na verdade, não. Eu estou mesmo curioso. E, bem, preocupado com os dois. Nunca os vi tão infelizes.
Olhei para frente, evitando qualquer tipo de contato visual. Se ele fosse começar qualquer tipo de discurso eu tinha certeza de que eu acabaria em lágrimas. Acontecia todas as vezes que minha mãe tentava conversar comigo sobre Remus, ou Lily e Marlene tentavam me fazer ter uma “conversa definitiva” com ele.
O assunto ainda bagunçava meu emocional. Bastante.
- Obrigada pela preocupação, James. Obrigada mesmo, mas eu estou bem.
Ele riu de forma sarcástica.
- Incrível como Remus sempre diz o mesmo.
Eu sorri fracamente. Podia muito bem imaginá-lo tentando tranquilizar os amigos, afirmando que eu não significava mais nada, mesmo significando. Eu vinha fazendo o mesmo.
- Eu só queria que ele pudesse falar sobre isso. Nós sabemos que ele está mal, mas ele se recusa a nos deixar ajudá-lo. É complicado. Quero dizer, ele conversou com Lily, no ano novo, nós vimos...
- Mas ela se recusa a soltar qualquer informação – concluí a frase. Ele respondeu “exatamente!”, de forma enfática. Aparentemente, eu não era a única tentando saber detalhes sobre os desabafos de Remus.
- Faça-a falar, James – provoquei, sorrindo marotamente. – Aposto que a língua dela se solta rapidinho com uns dois beijinhos.
Ele riu, revirando os olhos.
- Não é bem assim que as coisas funcionam – ele disse.
- Só porque você não quer – voltei a provocá-lo. – Se você largasse essa sua namorada ridíc...
- Ok, Katie. Estamos chegando. Que bom que tivemos essa conversa, espero que vocês sejam menos complicados... – disse marotamente.
- Complicados! Olha quem fala!
-...e tenham uma conversa ótima, e que você o perdoe por ter comido a Susan...
- James!
-...e que ele te perdoe por ter dado uns pegas no Eric. Não sei como você conseguiu. Ele é a cara da irmã. Você não sentiu como se estivesse pegando a Marlene?
- Idiota.
- E que fique tudo bem, porque se ele continuar triste assim vai continuar jogando mal pra caralho, e isso vai ser um problema. Nós precisamos dele na final do campeonato, então vê se facilita as coisas, ok?
- Ok, James. Muito obrigada pelos seus conselhos. Era o que eu precisava – disse, irônica – E já que você começou...
- Você começou – rebateu, ainda em tom divertido, referindo-se a minha menção a sua namorada.
- Vê se larga essa vadia que você traça porque totalmente dá pra ouvir tudo do quarto da Lily, e ela não fica feliz...
- Não dá pra ouvir, não – disse, já sorrindo menos.
- Porque ela te ama pra caralho – continuei.
- Eu sei.
- Mas abre o olho, porque quando você menos perceber aparece outro, e ela pode vir a amá-lo ainda mais.
- Espera aí. Outro? – pela primeira vez ele ficou sério. Eu ri sarcasticamente.
- Tchau, James. Obrigada pela carona – desci do carro, ainda rindo.
- Espera, Katie. Katie!
- Sim? – apoiei-me na janela de seu carro.
- Quem é ele? – perguntou, entre dentes. Soltei minha primeira risada realmente divertida do dia. Dei as costas para ele e entrei em casa, ainda rindo.
Garotos.
- O que é tão engraçado? – minha mãe perguntou, de forma carinhosa, quando entrei em casa.
- Ah... James me deu carona e vinha contando... piadas.
- James Potter? – meu pai se intrometeu. Resolvi ignorá-lo. Lucy rodava a casa outra vez com seu patinete. Aquela seria uma longa noite.
- Você chegou cedo. Não esperávamos você até as oito.
- Ah... não tinha nada legal para fazer na escola depois da aula hoje. – Ou não tinha ninguém legal para agarrar depois da aula. Enfim...
Meu pai me olhou desconfiado. Em outras vidas, aquele homem deve ter sido espião, detetive, ou algo do tipo.
- De qualquer forma, – minha mãe continuou –, a babysitter vem para ficar com a Lucy, às oito horas. Seu pai pensou que talvez você gostaria de vir conosco, já que também gosta dos Beatles.
Para um Pub! Era uma ideia maravilhosa. Eu realmente adorava os Beatles. Qualquer coisa seria melhor do que cuidar da Little em uma sexta-feira à noite. Além disso, não saía com meus pais há tanto tempo que a proposta pareceu tentadora.
Sorri, no que os semblantes de meus pais iluminaram-se. Wow. Eu realmente deveria estar mal esses dias, para meu pai ter uma ideia assim. Como ainda eram sete horas, subi para meu quarto, ligando o aquecedor e a TV.
Depois, peguei meu celular e enviei uma mensagem para Lily, perguntando quais eram seus planos para hoje à noite. Eu sabia que Marlene e Sirius iriam assistir Alice in Wonderland e depois iriam até a Domino’s comer pizza.
Mensagem de Lily às 19:03
Chelsea está aqui, então acho que vou aceitar o convite de James e participar do Ménage à Trois.
Mensagem de Katie às 19:04
Se você estiver falando sério, estou indo aí matar James Potter.
Mensagem de Lily às 19:04
HAHAHA. Não vou fazer nada hoje. Acho que James também não. Chelsea veio visitar Petunia, na verdade. Ele parece irritado com algo.
Essa mensagem me fez rir. Ele era tão bobo. Gostava tanto de Lily e simplesmente não sabia lidar com isso.
Mensagem de Katie às 19:06
Isso é porque ele acha que você tem outro namorado.
Mensagem de Lily às 19:07
Por que ele pensaria isso?
P.S.: outro? Quem é o primeiro?
Mensagem de Katie às 19:08
Tenho umas coisas pra te contar. Haha. Quer ir a um Pub em Camberwell comigo e meus pais assistir a uma banda cover dos Beatles?
Mensagem de Lily às 19:08
Que Pub?
Mensagem de Katie às 19:09
St. Stephen’s Tavern
Mensagem de Lily às 19:17
Com você e seus pais? Não, obrigada. Mas divirta-se! Parece um bom lugar para acontecerem, sei lá, surpresas. Me liga depois, ok?
Estranhei a demora de sua resposta e o mistério em suas palavras, mas ignorei. Lily nunca foi mesmo muito normal. Mandei uma última mensagem antes de entrar no banho.
Mensagem de Katie às 19:18
1, 2, 3, Chelsea, James & Lily...
*
St. Stephen’s Tavern era um local não tão grande, com uma iluminação fraca e uma decoração dos anos 60. Estava lotado. A animação das pessoas me contagiou rapidamente. Meus pais e eu não estávamos sentados nem há dez minutos quando a banda entrou, fazendo barulho e sendo recepcionada com mais barulho ainda.
Iniciaram sua apresentação ao som de She Loves You. Praticamente expulsei meus pais da mesa, indicando a direção de um espaço onde vários casais dançavam, relembrando suas juventudes. Não me importei de ficar sozinha. A banda era mesmo ótima. Mais um pouco e eu me juntaria aos mais jovens, próximo ao palco.
You think you’ve lost your love? Well, I saw her yesterday. It’s you she’s thinking of, and she told me what to say. She says she loves you, and you know that can’t be bad...
Quando me dei conta, estava cantando animadamente, gritando e aplaudindo. Às vezes gostaria de poder ter uma máquina do tempo, só para assistir a um show dos Beatles.
Depois de resistir a “Hold Me Tight”, “A Hard Day’s Night” e “Can’t Buy Me Love”, “All My Loving” finalmente me venceu.
Levantei-me de um salto, recitando “close your eyes and I’ll kiss you, tomorrow I’ll miss you...”, enquanto caminhava com dificuldade, devido ao aglomerado de gente, até o mais próximo do palco que pude.
Cantei, dancei e me diverti, realmente esquecendo tudo que vinha me deprimindo nas últimas semanas. Apesar de estar sozinha, estava tendo uma das melhores noites em muito tempo.
Algumas músicas depois, resolvi tomar alguma coisa para aliviar minha garganta, que já ardia. Pedi uma Coca, e bebi-a lentamente, enquanto fazia coro a “Don’t Let Me Down”. Foi quando alguém sentou ao meu lado.
- Estou observando você desde All My Loving. Você dança bem.
- Remus?! – exclamei, quase engasgando com a Coca, sem querer acreditar em quem estava ao meu lado, com a voz sexy de sempre e um sorriso de lado que fez meu coração bater em uma frequência assustadoramente alta. – O que você..?
- Recebi uma mensagem de Lily dizendo que queria me encontrar aqui. Mas ela não veio.
- Eu a convidei, mas ela não quis vir...
- Obviamente foi algum tipo de ideia mirabolante para nos encontrarmos – disse, e sorriu outra vez.
- Lily – retruquei. Ele pegou em minha mão.
- Vem, vamos dançar.
Remus conduziu-me até a multidão com tanta vontade que me espantei. Para quem estava profundamente chateado, até que ele podia ser bastante... agradável.
Apesar de estarmos no meio do público, dançávamos colados, como os casais mais antigos faziam do outro lado do Pub. Eu não me importava. Não quando o perfume do qual eu sentira falta por tanto perto impregnava todos os meus sentidos. Não com Remus recitando a letra de “And I Love Her” em meus ouvidos, enquanto me guiava.
A love like ours could never die... as long as I have you near me. Bright are the starts that shine. Dark is the sky. I know this love of mine will never die... and I love her.
- Remus... – comecei, assim que a música terminou. Eu tinha tanto a dizer. Nem sabia por onde começar.
- Agora não – ele respondeu, em tom casual. Em seguida, ao som de “Twist and Shout”, segurou minha mão com firmeza, me fazendo rodopiar pelo salão. Voltei a rir, divertida. Ele realmente havia incorporado o estilo dos anos 60.
Deixamos de dançar a dois quando a penúltima música, “It Won’t Be Long”, iniciou. Misturados ao público que gritava e jogava os braços para cima em um ânimo contagiante, Remus cantava “it won’t be long” e eu respondia “yeah, yeah, yeah” nos refrões. Não me lembrava de ter me divertido tanto assim antes.
Eu estava quase perdendo a voz quando senti a necessidade de recuperá-la, afinal, “Help!” foi anunciada com a última música da noite. Aquela era uma de minhas favoritas.
- Help! – Remus exclamou, animado, ao meu lado.
- I need somebody! – respondi.
- Help!
- Not just anybody!
- Help!
- You know I need someone.
- Heeeeeeeeelp! – gritamos juntos, caindo na gargalhada em seguida.
Era tão bom estar ali com ele. Cantando, dançando, rindo, realmente nos divertindo, como sempre fazíamos quando estávamos juntos. Acho que foi do que eu mais tivera saudade nas últimas três semanas. Sempre fomos mais que um casal. Sempre fomos amigos, companheiros, confidentes, parceiros, e era aquela parceria que me fazia falta. Estar próximo a ele me fazia um bem gigantesco.
- Preciso dizer... Lily é um gênio. Um gênio do mal, às vezes, mais ainda assim... – confessei, entre sorrisos, quando voltamos à minha mesa e pedimos refrigerantes. A banda retirava os instrumentos, ainda sob aplausos, enquanto um Blues tocava nas caixas de som, como quisesse acalmar o ambiente.
- Concordo. – E no momento seguinte ele estava perguntando sobre minha aula de artes de hoje, e eu sobre seu treino de futebol. E depois pulamos para o cardápio da AEHS 2010, que não incluía mais Cottage Pie, para a alegria dos que almoçavam com Emmeline às sextas. Conversávamos e ríamos como se o tempo não tivesse passado, como se nada tivesse acontecido... como se ainda estivéssemos juntos...
Até meus pais voltarem e me obrigarem a ir. Havia esquecido completamente deles, mas lidaria com a fúria do meu pai depois.
Remus beijou meu rosto demoradamente, me desejando uma boa noite. Disse que entraria em contato depois.
Eu mal podia esperar.
- O que você está assistindo? – perguntei, sentando ao lado de James no sofá da sala.
- Esse filme que está passando na Warner. “A casa do lago”, com Sandra Bullock.
- Hmmm... – respondi. – Sabe que nunca consegui entender esse filme?
Ele riu, procurando, então, outros canais. “Algo que a loira pudesse entender”, foi o que disse. Finalmente, ele desistiu, e deixou em “Manchester x Liverpool”.
- Eu fiz o mal hoje – comentei, alguns minutos depois, quando James soltou um palavrão, seguido de “como o Manchester perde um gol desses?”
- O quê? – perguntou, sem desviar a atenção do jogo. Revirei os olhos.
- Fui mais esperta que... – ele soltou outro palavrão, parecendo incapaz até de piscar. – James!
Ele continuou me ignorando, ainda sem desviar os olhos da TV. Tudo bem.
- Dei pro meu namorado sem camisinha – retruquei, sarcasticamente, aproveitando que Katie havia me dito que, por algum motivo, ele achava que eu estava namorando alguém.
Ele imediatamente pausou o jogo, soltando outro palavrão, sem motivo algum.
Olhou para mim meio psicótico, meio surpreso, tentando extrair outros significados das minhas palavras. Por fim, soltou o ar e perguntou:
- Você ta brincando, não ta?
Não consegui mais segurar o riso depois dessa, no que ele suspirou aliviado.
- Não tem graça – disse, por entre os dentes, voltando ao jogo.
- Tem, sim – respondi, ainda às gargalhadas. Ele revirou os olhos.
- Você ainda me mata, Evans.
Ficamos outros minutos em silêncio. Ele, concentrado no jogo. Eu, tentando entender o jogo. O Liverpool estava vencendo por dois a zero, o que era potencialmente problemático, segundo James. Concordei, fingindo entender.
- Você não tem... realmente... outro namorado, tem? – disse ele, alguns minutos depois. Ri outra vez. Ele ficava muito fofo com ciúmes.
- Outro? – ergui as sobrancelhas. Realmente esperava que ele, como Katie, não estivesse me considerando namorada dele. Decididamente não queria ser uma de suas mulheres, se ele pretendia ter um harém.
Ele riu, mas resolveu mudar de assunto.
- Qual foi o mal que você fez, então?
- Fui mais esperta do que você. Ao invés de dar carona para Katie, mandei Remus ir encontrá-la no Pub em que ela está. Genial, pode dizer.
- E ele foi? Ele se recusa a cumprimentá-la, quando eu sugiro!
- Ah, mas você não é Lily Evans.
Ele me olhou de lado, revirando os olhos. Eu ri.
- O que você fez para ele concordar em ir?
- Disse que precisávamos conversar... em algum lugar longe de você. Provavelmente ele presumiu que estou numa pior, por sua causa. Obviamente não iria negar ajuda a sua melhor amiga.
- E você está?
- Não – respondi, simplesmente.
- Você é mesmo genial – disse, por fim, no que eu agradeci. Petunia e Chelsea desceram as escadas conversando alto. Levantei-me imediatamente, com o pretexto de ir a cozinha beber água. James segurou meu braço, impedindo-me de ir.
Mexi-me desconfortavelmente no sofá, lançando um olhar irritado em sua direção – que ele ignorou.
- Então está certo. Vamos às compras amanhã – Chelsea disse, parecendo animada.
- Mal posso esperar – Petunia respondeu, igualmente excitada.
- Vou indo, então. Até amanhã – abraçaram-se. A garota lançou um olhar de desprezo em minha direção antes de se retirar. Franzi a testa.
Petunia voltou para seu quarto, nos ignorando.
- Por que Chelsea não falou com você? – questionei, totalmente confusa.
- Ela está chateada – respondeu, voltando a passar os canais da TV.
- Por quê?
- Contei a ela sobre nós – encarei-o, incrédula. Ele estava falando sério? – Ela não teve a melhor das reações.
Obviamente. Ele esperava que ela saísse comemorando? “Yay, meu namorado pegou a menina que mais odeio no mundo! Vamos comemorar!”.
Hm... acho que não.
- Por que você fez isso? James, você enlouqueceu?
- Ela perguntou como foi meu ano-novo... – disse, em tom brincalhão. Eu não conseguia entender porque ele não estava levando a sério.
Ele obviamente se importava com ela, ou não estariam mais juntos desde o ano novo. Eu havia exposto meus sentimentos a ele, e em troca ele havia deixado bem claro que estava em um relacionamento sério, do qual não abriria mão. Então por que, uma semana depois, contara para a namorada sobre o ocorrido?
- Então vocês... vocês terminaram? – minha voz saiu em um fio. Ele finalmente olhou pra mim, e sua expressão trazia uma mistura de humor e seriedade.
- Não sei. Ela pediu um tempo “para pensar”.
Um tempo para pensar. Isso provavelmente significava uma semana até a raiva passar e uma revanche ser arquitetada. Ela dificilmente abriria mão do namorado perfeito que fisgara, especialmente se isso significasse entregá-lo pra mim. Fomos amigas tempo suficiente para eu ainda saber como aquela cabeça funcionava.
- Mas sinceramente, eu realmente não... – e então se calou, mudando de ideia.
Suspirou, mudando também de assunto, em seguida:
- Você quer sair?
- Sair?
- Quer ir ao cinema? Sei lá, é sexta-feira à noite.
Concordei, fazendo-o sorrir.
Enquanto trocava de roupa, ponderei várias coisas. James era mesmo estranho. De um jeito bom, mas era.
Ficava cada vez mais difícil conseguir acompanhar seus raciocínios. E eu deveria ser mais rápida que ele! Quero dizer, eu curso cálculo avançado na porcaria da escola!
Ok, ele também, mas enfim...
Por que ele estava todo sorridente ao dizer que Chelsea estava zangada com ele? Que James era brincalhão, eu já sabia. Que ele não levava nada a sério, também.
Mas eu não conseguia entender qual era o mistério por trás da coisa. Ele se importava, ou não? Porque tive a impressão de que ele se importava, e muito, há alguns dias. No entanto, hoje ele não poderia estar mais confortável com toda a situação.
Reprimi a vontade de revirar os olhos, enquanto terminava de me calçar. Se estivesse perto de James, ele riria daquele jeito sacana, dizendo “não me venha com esses olhos feios e revirados de novo, Evans!”. Eu provavelmente reviraria os olhos de novo.
Eu sabia que meus olhos eram uma das coisas que ele mais gostava na minha aparência, e por isso mesmo ele vivia insistindo que eles eram feios, verdes demais.
Sorri com os pensamentos. Eu parecia mesmo uma idiota apaixonada.
*
- Que filme você quer ver? – perguntei, mordendo os lábios de forma pensativa.
- Avatar – respondeu, prontamente.
- Dizem que é bom – comentei, ainda pesquisando outras opções.
- Dizem que é longo – sorriu de forma marota, me fazendo revirar os olhos. – Você quer ver esse?
- Pode ser.
Realmente esperava que o filme fosse tão bom quanto diziam as críticas que recebia, porque eu não tinha nenhuma opção além de assistir àquela galera azulada.
Não ficaria com James. Não mesmo. Não enquanto ele não decidisse se ainda estava com a namorada, ou não.
Não enquanto não soubesse se queria ficar comigo, e só comigo. Nada de líderes de torcida desequilibradas.
Já estávamos vendo o filme em silêncio há quase vinte minutos quando ele começou a sussurrar besteiras ao meu ouvido, me fazendo rir.
- Sabe o que esse cara de azul me lembra?
- Qual dos caras? – perguntei, divertida.
- Qualquer um. Lembram tanto Sirius.
Soltei uma risada alta, no que alguém atrás de mim pediu silêncio.
- Sério – continuou, ainda com humor na voz. – Quando ele comeu vinte e sete cachorros-quentes em dois minutos, para vencer uma competição.
Continuei rindo, sem conseguir me controlar. Toda vez que tentava parar, voltava a imaginar Sirius azul como um dos caras do filme.
- E ele ficou azul assim?
- Nas primeiras horas. Não nos preocupamos muito até ele começar a parecer o Incrível Hulk.
- Verde? – consegui perguntar, entre gargalhadas.
- Se quiser irritá-lo, ofereça-o um cachorro-quente. Acho que ele sente vontade de vomitar só de ouvir falar.
- Pode ter certeza de que oferecerei.
Passamos quase dois minutos sufocando risadas. Pude sentir os olhares irritados das pessoas ao redor sobre nós, mas não me importei.
E então, subitamente, paramos de rir e passamos a nos encarar. Meu coração acelerou instantaneamente, já que eu sabia o que viria a seguir. Ele hesitou por um segundo, sorrindo de lado rapidamente, antes de finalmente me beijar.
Retribuí com uma intensidade assustadora. Só Deus sabe o quanto eu sentira falta daquele beijo.
Não demorou muito até seus braços estarem contra minha cintura, deixando nossos corpos mais próximos. A perfeição do momento fazia minha cabeça girar.
Suspirei longamente assim que seus lábios deixaram os meus e passaram para o meu pescoço.
Deixei de pensar e passei a sentir.
Deixamos a sala de cinema depois de quase todo mundo. Nem havia percebido que o filme havia acabado.
- O que aconteceu com a Alice? – perguntei, inutilmente. Sirius sussurrou que não sabia, voltando a beijar meu pescoço. Ri levemente.
- Sirius, temos que ir – disse, tentando afastá-lo. Os responsáveis pela limpeza da sala começavam a chegar.
- Não temos, não – respondeu, agora dando leves mordidas em minha orelha. Arrepiei-me, no que ele riu.
- Não tem mais ninguém aqui... sério.
- Tudo bem – concordou, por fim, parecendo chateado. – Vamos ter que voltar pra ver esse filme, agora fiquei curioso.
- É um filme ótimo – eu disse. Ele riu, balançando a cabeça.
- Não vimos nem cinco minutos.
- Também não exagere... – comecei a argumentar, mas parei subitamente ao perceber um casal muito familiar, saindo da sessão de Avatar que começara um pouco antes da nossa.
- Hey, ali não são...
- Lily e James. Definitivamente.
Reconheceria aqueles cabelos ruivos em qualquer lugar. Eles formavam um casal extremamente fofo, ele sendo tão alto e ela meio baixinha. Mais ou menos como Sirius e eu.
- E aí, Potter! – Sirius praticamente gritou. Alegria o dominou instantaneamente ao rever o melhor amigo. James sorriu da mesma forma. – Fala, ruivinha!
- Oi – Lily exclamou. Estava prestes a abraçá-la, quando seu tom de voz me chamou atenção. Estudei-a por uns segundos, antes de puxá-la para o banheiro feminino.
- Não acredito que você veio ao cinema com ele. Você não tinha dito que não ficaria mais com ele até que ele estivesse completamente solteiro?
- Eu sei. Eu sei. Sou tão burra! – escondeu seu rosto entre as mãos. Foi impossível ser dura com ela outra vez.
- Ah, amiga... Não chora! Ele não te viu chorar, viu?
Ela balançou a cabeça negativamente.
- Não estou chorando de tristeza. Estou chorando de raiva.
- O que aconteceu, Lil?
- Nós estávamos nos beijando e... o celular dele tocou. Ele tentou esconder, mas eu vi que era ela. E ele simplesmente pediu licença e saiu pra atender. Você tem noção? Quando ele voltou, eu me recusei a desviar os olhas da tela. Não entendi nada do filme, já estava no final, mas não vou mais me sujeitar a isso. É humilhante demais! Não posso mais ser tratada como a outra, isso tem que acabar.
- Você está certa! Se ele não pode decidir de quem gosta mais, você também não pode esperar pra sempre. Ele teve tempo suficiente, não é?
Conversamos por outros dez minutos, no que ela se sentiu melhor. Retocou a maquiagem, e pôs o sorriso de volta no rosto, antes de deixarmos o banheiro feminino.
- Finalmente! Pensei que vocês tivessem morrido lá dentro – Sirius reclamou.
Convencemos Lily e James a se juntarem a nós, e fomos jantar na Domino’s. Não me incomodei com a adição de duas pessoas a nossa noite romântica. Que fosse encontro duplo, então.
Enquanto esperávamos a pizza, Lily nos contou sobre como havia feito Remus ir ao encontro de Katie em um Pub, sem saber que ela estaria lá. A ideia agradou Sirius, que precisou ser convencido de que ir até Camberwell para ver como eles estavam indo, não era, nem de perto, uma boa ideia.
O jantar nos rendeu boas risadas. Já estávamos nos despedindo quando Lily confessou-me que não queria ficar sozinha com James tão cedo. Sirius e eu a levamos em casa, e eu a acompanhei até seu quarto, onde juntamos algumas roupas. Lily avisou a sua mãe que não dormiria em casa naquela noite, enquanto eu ligava pra Katie. Aquela seria uma noite das garotas, na minha casa. Nada melhor.
- Não pode fugir dele pra sempre, ruiva – Sirius filosofou, enquanto apanhávamos Katie.
- Dirige, motorista.
Ele riu, e eu o beijei no rosto brevemente, agradecendo outra vez por ser nosso motorista nessa noite. Ele disse que não tinha problema.
Minhas irmãs ficaram animadas com a presença de Lily e Katie. Pouco depois, conseguimos nos refugiar em meu quarto.
- Comece a falar – ordenei para Katie. Ela abriu um sorriso enorme.
- Acho que está tudo bem entre nós. Quero dizer, não daquele jeito, mas a raiva passou. De ambos.
- Que bom! – exclamei.
- Sou demais – Lily disse, sorrindo. – O que vocês fizeram no Pub?
- Dançamos, rimos, conversamos sobre besteiras... ainda precisamos de uma conversa definitiva, mas acho que existe uma chance de voltarmos.
Lily e eu comemoramos. Era ótimo vê-la sorrindo assim, outra vez.
- Mas e você? – Katie perguntou à ruiva, e seu sorriso desapareceu.
- Fiz besteira – respondeu, e eu fui forçada a concordar. E que besteira. – Fui ao cinema com James.
- Ah, não, Lily!
- Última vez, juro! Agora acabou. – E então ela começou a nos contar sobre o telefonema que ele havia recebido da namorada enquanto se agarrava com Lily. Assim como eu, Katie ficou revoltada.
Concordamos que o melhor que Lily tinha a fazer era tentar esquecê-lo. Existiam outros garotos disponíveis. Garotos que fossem bravos o suficiente para admitir que estavam apaixonados e realmente fariam algo a respeito disso.
Sugeri um filme engraçado, pipoca e sorvete para ajudar nossa amiga ruiva a superar o dito cujo. Seria uma longa batalha, com ele sempre tão perto. Mas não impossível.
Já estávamos vendo “Se beber, não case” há mais de uma hora quando Lily pausou o filme, nos mostrando o celular com uma expressão infeliz.
Mensagem de James às 00:46
Precisamos conversar. Posso te pegar ai amanhã?
Amor, J.
Ok, talvez fosse meio impossível. Esquecemos do filme e voltamos ao caso Potter. Precisávamos de um plano. Urgentemente.
xxx
N/A: (11/07)
Alô, amigos. Quanto teeeeempo.. desculpem a demora :~ sério, desculpem mesmo. Sai do castigo, voltei ao computador, mas fiquei sem tempo pra escrever, com tantas provas e tudo mais. Vida de pré-vestibulanda não é fácil. Mas agora estou de férias da escola (mas não do cursinho) e com mais tempo pra escrever. Fiz o capitulo quase todo hoje, então desculpem pelas partes nonsense (especialmente no final) e por ocasionais erros. Ainda não foi betado, postei rápido quando li as ameaças de morte, rs. Mas depois reposto. Mas vou ser sincera, também perdi a vontade de escrever quando quase ninguém comentou o capítulo 11, just saying. Todo mundo abandonou a fic, ou abandonaram mesmo o site? Só me avisem, pra eu não pensar que é pessoal hihi. :) até mais. xx
Lisa
N/B: gente eu to sem palavras pra esse capitulo mal posso esperar pra ver as caras de voces mas eu to apressada e tenho que ir nessa porque dei pro meu namorado sem camisinha e agora preciso corre pra pílula,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,
HEHEHEHEHEHEEH PURA BRINKS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
faz favor alguém enfia um CAMINHAO NO CU DE JAMES POTTER?????????????????? SERIO, VAI TOMAR NO CU. DE VERDADE, VAI TOMAR NO CU. NUNCA ODIEI TANTO A ATITUDE DE UM PERSONAGEM TEU, ELISA. CACHORRO, RIDICULO, NOJENTO APOSTO OS OLHOS DA MINHA CARA QUE MEU PAU É MAIOR QUE O SEU
e esse remus e essa katie hein como será agora~~~~~~~~~~~~~~~~ sirius e marlene sempre pegando fogo, hein. ta do balacobaco elisa, te amo. meu recado pra voces leitores é que a cada comentário que vcs deixam de postar um panda morre é isso que voces fazem com a natureza
Abraços,
Nanda.
N/A: (29/07)
finalmente, ein, feb. pensei que tivesse morrido pra sempre --'
anywaaaay... "do balacobaco" Nanda? rs
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