O caminho das borboletas



Capítulo 28 – O caminho das borboletas



– Mas eles estão dormindo... – Acordei, com uma voz infantil.

– Vamos acordá-los? – Ouço a voz de Tiago, parece tão longe. – Monstro disse que não era para incomodar papai e mamãe.

Gina se mexe ao meu lado. Lembro de termos subido para o quarto quando o dia já estava amanhecendo. Depois de termos olhado as memórias, ficamos conversando sobre a pedra do amor até o cansaço nos vencer. Ouço os resmungos de Lily. Lily aqui! Abro os olhos e dou de cara com Alvo, Tiago e Lily.

– Tiago... Você pegou a Lily do berço! – Sentei-me rapidamente na cama e tirei a menina dos braços de Tiago. – Filho, você sabe que não pode pegar ela sem nenhum adulto por perto!

Gina resmunga do meu lado. Abre os olhos devagar para avaliar a situação.

– Lily tava chorando... Ninguém ouviu, ai eu peguei ela! – Tiago falou subindo na cama e sendo imitado por Alvo.

– Ela tá sempre chorando... – Alvo falou.

Nos últimos dias, Alvo estava com muitos ciúmes de Lily; sempre que ela estava com Gina, ele também queria o colo da mãe. Ele também começou a fazer escândalos antes de ir para creche, pois queria ficar com a Gina. Dias desses, ele gritou tanto que eu precisei lhe chamar a atenção de forma enérgica. Até pensei que teria que lhe dar umas palmadas.

– Bom dia, meus amores! – Gina falou, sentando-se na cama também. – Harry, já são mais de dez horas... A mamada da Lily... Ela deve estar faminta!

Passei Lily para Gina.

– Acho que nem tanto Gi... Monstro deve ter dado a mamadeira para ela! – Falei passando Lily para Gina. Coloquei meus óculos e conferi o horário. – Nossa já é tarde mesmo... Ainda bem que hoje é sábado.

– Meus senhores... Monstro tomou a liberdade de preparar o café... Espero que meus jovens senhores não tenham os acordados... Monstro fez tudo para que eles ficassem quietos lá em baixo e os deixassem descansar...

– Obrigada Monstro... Não tem importância, já está tarde mesmo... – Olhei para a bandeja de café, recheada de coisas deliciosas. Monstro caprichou, fez todas as coisas que eu e Gina gostávamos.

– Minha senhora deseja algo especial para o almoço? – Monstro se dirigiu a Gina.

– Obrigada Monstro... Mas o café tá maravilhoso... Hum... Vamos comer fora meu amor? – Gina perguntou, fazia tempo que não saiamos. – Monstro tire o fim de semana de folga, ok!

– Monstro não precisa de folga... Monstro adora cuidar dos meus senhores... Monstro...

– Monstro, nós insistimos... – Gina me olhou e eu concordei com a cabeça e com a boca cheia de pão. – É uma ordem, fim de semana de folga, a partir de agora!

Monstro assentiu e se retirou do quarto. Nos tínhamos que obrigá-lo a tirar folga ou férias.

– Aonde vamos? – Perguntei lhe oferecendo uma torrada com geléia de damasco que ela adorava.

– Vamos passear em Hogsmead e depois vamos visitar Rony e Hermione... Faz tanto tempo que nós não saímos...

*****
Levamos um certo tempo para arrumar as crianças, depois nos arrumar e quando já estávamos saindo, não sei como, mas Alvo se sujou todo de suco do abóbora e foi preciso lhe dar um banho. Fomos via Flú, por causa de Lily; havia uma lareira comum, à entrada do povoado, para receber os visitantes que não podiam aparatar.

Gina retirou o carrinho de Lily de sua bolsinha de contas, colocou-a nele e pegou Alvo pela mão; eu peguei Tiago.

– Vamos dar um alô para George nas Gemialidades Weasley, podemos almoçar depois no Três Vassouras! – Gina falou assim que começamos a caminhar nas ruas de Hogsmead.

– Eu quero ir à loja de quadribol! – Tiago falou e apontou em sua direção.

– Sim, podemos ir lá também! – Gina comentou. – Harry, você não quer levar eles lá? Eu fico na Gemialidades com a Lily, acho que preciso trocar a sua fralda... Depois você passa lá...

– Eu quero ficar com a mamãe! – Alvo não larga a mão de Gina.

– Tudo bem filho, fica com a mamãe. – Dei um selinho em Gina e ela foi em direção a loja com os dois e eu fui para o outro lado, com Tiago.

Saímos da loja só depois que Tiago ganhou um álbum de figurinhas do campeonato de quadribol desse ano. Fomos caminhando devagar e conversando sobre o álbum até as Gemialidades Weasley. Antes de chegar à loja, olhei para o lado e vi uma figura muito estranha. Tenho certeza que estava nos observando. Era o mesmo que estava no St. Mungus.

– Tiago... Vai para a loja do Tio George... Papai já vai, ok? – Tiago obedeceu e foi correndo para a loja.

Eu caminhei rápido em direção ao homem de preto. Aproveitei que ele estava distraído, dessa vez não me escapava.

– HEI... POR QUE VOCÊ TÁ ME SEGUINDO? PARA QUEM VOCÊ TRABALHA??

Não pude ver seu rosto, pois nem bem tinha acabado de falar, a única coisa que vi na minha frente foi uma nuvem de fumaça e em seguida a pessoa desapareceu. Seja lá quem fosse, assim que me viu usou algum feitiço para me confundir e trator de aparatar o mais rápido possível. Só que antes de fugir esquecer algo no chão.

Abaixei-me e peguei o pedaço de pergaminho: “Eles estão com as crianças. É melhor não tentarmos nada dessa vez, a mulher dele esta junto...”. Guardei o pergaminho no bolso e fui em direção à loja. Não iria comentar nada com ninguém, pelo menos até voltarmos para casa, não iria estragar nosso passeio. Mas aquele pedaço de pergaminho estava queimando em meu bolso.

Quando entrei na loja Gina me lançou um olhar interrogativo e eu devolvi o olhar como se dissesse “depois a gente conversa”. Tiago e Alvo já estavam impacientes com fome, por isso, mal troquei meia dúzia de palavras com George e fomos para o Três Vassouras.

Sentamos em uma mesa próxima à janela que dava para a rua. O Três Vassouras continuava a mesma coisa da época da escola e hoje estava bem movimentado. Vários conhecidos vieram nos cumprimentar, parabenizar pelas crianças e ter certeza que Lily e Gina estavam bem devido às notas do Profeta Diário.

Já havíamos terminado a sobremesa quando entrou uma velha conhecida. Ela nos acenou de longe. Gina me olhou de soslaio e retribuiu o aceno.

– Espero que ela não venha nos cumprimentar! – Gina resmungou.

– Gi... Você sempre me diz para eu ser educado, então... – Pego a sua mão e beijo. – Você sabe que eu só amo ruivas!

– Quero ir ao banheiro! – Alvo falou. Gina voltou-se para ele. – Mamãe me leva?

– Claro! – Gina levantou-se e pegou Alvo pela mão. – Comporte-se Harry!

Assim que Gina sumiu em direção ao banheiro, Cho Chang veio a nossa mesa.

– Harry, quanto tempo, não?! – Ela se sentou no lugar de Gina e sorriu para Tiago e começou a fazer gracinhas para Lily, que estava no meu colo. – Eles são lindos... Mas são ruivos!

– Puxaram a mãe! – Falei meio sem jeito, Tiago mostrou a língua para Cho. – É... Faz tempo que não nos vemos mesmos... Por onde você anda? – Eu olhava em direção ao banheiro, Gina não ia gostar nada de vê-la por aqui.

– Eu estive nos últimos anos nos EUA... – Ela ignorou a língua e a careta que Tiago fazia. - Sabe, me divorciei, meu marido era americano, felizmente não tivemos filhos... – Cho começou a falar da sua vida e eu não prestava a menor atenção. – Agora estou de férias por aqui, mas vou ir trabalhar no consulado britânico bruxo na China... Acho que vai ser bom...

– Er... Vai sim... – Neste instante Gina apareceu com Alvo e notei mesmo de longe que ela vinha pronta para despachar Cho da nossa mesa. – Que bom que você voltou, amor!

– Chang... Quanto tempo, Q-U-E-R-I-D-A! – Gina parou do seu lado sorrindo. – Você está no meu lugar!

– Ah... – Cho ficou vermelha e se pôs de pé. – Não sei se sou bem eu que estou no seu lugar, D-A-R-L-I-NG, talvez o inverso...

– Como? – Gina olhou ao redor, com um semblante angelical, que efetivamente me assustou – Vejamos... Esse é o meu marido e esses são os meus filhos... Acho que é você que está no meu lugar, F-O-F-A! – Gina falou ainda sorrindo e sem demonstrar nenhuma alteração.

– Que podia ter sido meu... – Cho despejou.

– Jura? Acho que não, até porque, você nunca teve realmente um lugar na vida do Harry... – Gina se sentou e pegou a minha mão. – Amor, vamos! As crianças estão cansadas...

– Er... Vou pagar a conta... – Levantei-me e coloquei Lily no carrinho. – Chang... Er, boa sorte para você!

Cho não falou nada, saiu pisando forte e Gina continuava sorrindo. Essa era a minha Gina. Sorri e fui pagar a conta.

******
Ficamos até o fim da tarde em Hogsmead, Gina resolveu fazer umas comprar e acabamos não indo visitar Rony e Hermione, pois eles estavam na casa dos pais dela. Quando chegamos em casa, Gina foi dar banho em Lily e eu nos meninos. Todos estavam exaustos.

Quando sai do meu banho, meus olhos se depararam com a cena mais linda da minha vida. Gina amamentava Lily, enquanto Tiago e Alvo dormiam do seu lado na nossa cama.

– Vou levar eles... – Falei.

– Deixe-os mais um pouco aqui... – Gina comentou. – Eu gosto de todos bem pertinho de mim...

Lembrei-me do pedaço de pergaminho. Tenho que tirar do bolso da calça antes que Gina descubra quando for pegar a roupa para lavar, ainda bem que ela esqueceu-se de perguntar onde eu estava quando mandei Tiago sozinho para a loja.

– Então eu já venho... – Voltei para o banheiro, peguei o pergaminho e coloquei no bolso da jaqueta que usava normalmente para trabalhar. – Sabe... Adoro ver você com ciúmes?

Ajeitei-me do seu lado, e coloquei Alvo no meu colo. Tiago acordou e ligou a televisão, ficando bem no meio de nos dois.

– Harry... Só coloquei-a no seu devido lugar... – Gina sorri. – Você viu os olhos da Lily? Não sei dizer se são castanhos ou verdes!

– Sim... Têm dias que estão verdes, noutros castanhos... Mas ela é mais parecida com você... – Falei olhando Gina colocar Lily para arrotar.

– É verdade, ela é mais parecida comigo... Acho que dos três, ela é mais parecida comigo, mas me lembra você... O jeito que ela dorme com a mãozinha no rosto, igualzinho a você, ou quando faz manha só para chamar a atenção! – Gina ri.

– Ei! Não me lembro de dormir com a mão no rosto e nem de ser manhoso! – Gina sorri, divertida.

– Alvo é parecido com você em tudo... É até ciumento. Ele está com tanto ciúmes da Lily... Agora o Tiago é uma mistura perfeita nossa...

– Nossos filhos são maravilhosos e lindos Gi... – Afago os cabelos de Tiago, que voltou a dormir encostado no meu peito. – Será que o ciúme do Alvo não vai diminuir?

– Com o tempo, depois ele se acostuma, ele deixou de ser o bebê da casa... – Gina olha para Alvo adormecido no meu colo. - Será que se fossem da Cho também seriam lindos assim? – Gina pergunta só para me provocar.

– Hum... Talvez... Afinal, teriam meus genes... - Gina faz uma careta. – Mas como você disse a ela, meu amor, ela nunca teve um lugar importante na minha vida, nunca me imaginei estar assim com ela, aliás, com ninguém... Esse lugar só teve e tem uma dona, você!

Gina se inclina na minha direção e me beija rapidamente.

– Harry... Você não se importa mesmo da gente não ter mais filhos? – Gina me perguntou. Desde que Madame Octavianna nos falou no hospital sobre Gina não poder engravidar novamente, eu não havia pensado sobre como isso e se isso me atingia. – Ela disse que eu posso ter outro bebê, não agora, que outra gravidez seria arriscado... Eu sempre disse que eram três... Mas, quando ela disse que não seria bom ter outro... Eu não esperava por isso!

– Gina... Eu sempre falei que queria ter muitos filhos como seus pais... Mas eu realmente não me importo de ficar “só” com esses três... Temos o Ted também... – Falei sendo sincero. – Mas... Se vier outro será muito bem vindo, mas Gi... Eu, sinceramente, não quero passar por aquilo de novo... Pensar na possibilidade de lhe perder...

Acho que Gina viu a dor em meus olhos, ficou com os seus marejados e pegou a minha mão.

– Harry... Fechamos à fábrica? – Ela sorriu. – Mas tem uma coisa que a gente pode pensar com calma, depois que a Lily estiver maior...

– Hum... Você quer fechar? – Devolvi o sorriso. – O quê a sua cabecinha está pensando?

– George me disse que ele e Angelina pensaram seriamente em adotar uma criança,... Eles até visitaram algumas instituições, mas daí ela conseguiu engravidar de novo... – Ela deu uma pausa. – Acho que podemos pensar a respeito, nos temos condições de adotar, temos ouro e amor para dar, o que é mais importante. Assim, a fábrica fica com as portas entreabertas.

– Eu concordo Gina, podemos pensar em adotar sim, tantas crianças precisam de um lar, ser amadas... Mas podemos esperar...

Gina concordou com a cabeça e se inclinou por cima de Tiago para me beijar. O beijo ganhou intensidade e, mesmo ela protestando, me afastei de seus lábios.

– Levar eles para o quarto... AGORA! – Gina assente com a cabeça sorrindo e eu me levanto com Alvo dormindo em meus braços e vou para o quarto dele. Gina faz o mesmo com Lily. Quando nos encontramos na porta do quarto, eu comecei a beijá-la com profundidade, quando me lembrei que Tiago ainda está dormindo na nossa cama.

– Falta só um... – Levei Tiago correndo para o quarto dele e voltei para os braços da única mulher da minha vida.

******
Estávamos na Casa Branca de Hogsmeade. Gina e Hermione estavam com Lily e Hugo, respectivamente, no colo e eu e Rony estávamos próximos, na varada da casa. Tiago, Alvo e Rose brincavam com suas vassouras no jardim não muito longe das nossas vistas.

– Mamãe... – Alvo se aproximou ofegante. – Mamãe, brinca comigo?

– Não meu anjo, mamãe não pode agora, tem que dar mamar para a Lily. – Gina falou para Alvo, que ficou emburrado. – Pede para o papai.

– Não! Quero a mamãe! – Alvo senta na escadinha e não parece querer brincar com ninguém.

– Alvo está se rebelando desde que Lily nasceu. – Comento. – Querido, vai brinca com seu irmão e sua prima, eles estão lhe chamando...

– São ciúmes, logo passa... Rose ficou manhosa, chorona depois que Hugo nasceu, voltou a chupar a chupeta que ela nem queria mais! – Hermione falou. – Mas agora melhorou...

– Mamãe disse que Rony me acordava toda vez que estava dormindo... – Gina começou a rir. – E que tentou me afogar na banheira.

– Porque você tem que lembrar essas coisas... – Rony falou tentando parecer bravo. Eu e Hermione começamos a rir.

Notei que Alvo saiu em direção a Tiago e Rose. Ele estava chateado, queria sempre a atenção de Gina, não era a minha, era a da mãe. Não lembro de Tiago ter tido tanto ciúmes de Alvo, quando ele nasceu; ele ficou manhoso, como Hermione comentou de Rose, mas passou logo. Alvo estava diferente, fazia coisas que normalmente não faria.. Até na creche as professoras estavam estranhando seu comportamento.

– Vamos entrar... Rose andou resfriada... – Hermione comentou. - E Nikki já deve estar com o jantar quase pronto.

– Vou pegar as crianças... – Falei, indo em direção a Tiago e Rose que brincavam com suas vassouras de brinquedo. – Cadê o Alvo?

– Não sei papai! – Tiago falou.

Olhei ansiosamente para os lados e nem sinal de Alvo. Muita coisa passou pela minha cabeça.

– Entrem, o jantar já está pronto... Tiago diz para o Tio Rony vir aqui! – Falei já pegando a minha varinha. Alvo não podia estar longe, mas... E se alguém o pegou? Não, isso era impossível. A casa de Rony também era muito segura, eu era o fiel do segredo. Mas, depois do que aconteceu com Tiago no parque, meus sentidos estavam aguçados, qualquer coisa fora do comum me deixava em estado de alerta.

– O que houve? – Rony me olhou. – Cadê o Alvo?

– Ele não está aqui! – Falei nervoso. Rony sacou sua varinha. – Ele não está lá dentro, está?

– Não... Mas ele não deve ter ido longe... Harry, não pensa bobagem, minha casa é segura, ninguém o pegaria aqui... Vamos dar uma olhada por ai! – Rony falava com segurança.

– ALVO! ALVO! - Gritei e nada.

– Harry ali... – Rony apontou em direção a uma arvore mais afastada da casa. Alvo estava sentado, parecia triste e chorava. – Hei... Acho que é melhor você ir sozinho...

Assenti com a cabeça e fui em direção a ele.

– HEI... Está na hora do jantar, Alvo... – Falei sentando do seu lado. – Porque está chorando, brigou com o Tiago e a Rose?

– Mamãe... Só gosta da Lily... – Eu passei as mãos pelos seus cabelos. – Não brinca mais comigo!

– Alvo... Lily ainda é pequena, mamãe tem que cuidar dela... Quando você era do tamanho da Lily, mamãe também só ficava com você! – Peguei-o no colo. – Vamos...

Fomos caminhando devagar para a casa.

– Alvo, papai e mamãe amam muito você, igualzinho amam Lily e Tiago... – Alvo deitou a cabeça no meu ombro, não falou nada, não sei se ele entendeu, mas iria pedir para Gina dar mais atenção a ele, sei que com Lily pequena estava difícil, mas Alvo também era pequeno.

******
Alvo não quis comer, mesmo com Gina dizendo que iria dar comida na boca dele. Também não quis brincar com Tiago e Rose depois de jantar. Ficou no colo de Gina e acabou adormecendo.

– Alvo está tão quentinho! – Gina falou quando voltou para sala depois de colocar Alvo para dormir. – Mas ele está sem febre.

– Talvez esteja só se resfriando Gina... – Hermione comentou. – Ou pode ser só para chamar a sua atenção, mesmo que inconsciente!

– Sim, Mione... Eu sei... Mas é tão difícil dar atenção aos três... Lily ainda é tão dependente de mim... – Gina sentou do meu lado e suspirou. – O Harry e o Monstro me ajudam bastante com eles, mas sei que estou negligenciado com Alvo e Tiago... Será que estou sendo uma péssima mãe? Não sei como mamãe deu conta de sete!

– Gina... Você sabe que é assim... Eu também tenho essas inseguranças... – Hermione comentou. – Foi difícil logo que o Hugo nasceu... Foi por isso também que resolvi ficar mais em casa, não voltar a trabalhar logo... Rose precisa de mim!

– É engraçado, agora somos pais! – Rony falou rindo. – Parece que foi ontem que a gente ainda estava em Hogwarts e nossa preocupação era ir bem nos NOM’S e destruir Voldemort.

– Como se isso fosse pouco! Nem fala... Às vezes nem acredito que tudo acabou, é como se tivesse vivendo um sonho... ter a minha família... – Falei enquanto Gina encostava-se ao meu peito. – Por isso não posso deixar nada acontecer, ninguém me ameaçar...

Gina me abraçou mais forte. Ainda não tinha contado sobre o pergaminho, ele ainda queimava no bolso da minha jaqueta.

– Amor... – Gina falou. – Alguma informação sobre o Herdeiro... Tá tudo tão calmo!

Nada. Nada e nada. Nenhuma informação, nenhuma mensagem... Isso era realmente angustiante, pois vivíamos uma falsa tranqüilidade. A única informação que tínhamos era sobre a pedra do amor. Tínhamos que achá-la!

Hermione tinha ficado de pesquisar tudo sobre tal. Ela era sem dúvida a pessoa mais indicada para isso. Quando contamos sobre as memórias da minha mãe e sobre a pedra, os olhos de Hermione brilharam. Também falei sobre a minha idéia do espelho de Osejed e, para isso, precisávamos ir a Hogwarts; quando falei isso os olhos de Rony brilharam. Seria excitante voltarmos à escola, fazermos todo o caminho novamente para achar o espelho.

– Dumbledore trocou o espelho de lugar... – Hermione falou, bebericando seu chá. – McGonagall já me avisou.

– Teremos que falar com Dumbledore! – Gina exclamou.

– Quando vamos? – Rony perguntou. – Isso fica só entre nós, ok?

– Claro Rony! – Falei. Não iríamos comentar com ninguém sobre isso. – Depois do aniversário do Ted.

Todos concordaram, o aniversário de Ted seria no próximo fim de semana.

– Mas, Hermione você achou alguma coisa sobre a pedra? – Perguntei.

– Mais ou menos... Só aquilo que a gente já sabe, mas a biblioteca de Hogwarts vai me ajudar muito, tenho certeza! – Hermione falou.

– Er... Sabe aquele dia que a gente estava passeando em Hogsmead... Aconteceu uma coisa... – Contei sobre a pessoa estranha me observando e mostrei o pergaminho a eles. – Testei para todos os feitiços possíveis e nada... É um simples pergaminho que iria ser mandado para alguém...

– Harry... Porque você não me falou antes? – O olhar acusador de Gina me assustava.

– Gi... Eu ia contar, mas a gente chegou cansado e depois... – Dei um sorriso malicioso, evitando o olhar de Rony. – Depois, sinceramente, esqueci e toda vez que lembrava tinha outra coisa acontecendo...

– Sei... Harry... Não me enrola, ta?! – Gina suspirou. – Mas não estou brava... Dessa vez passa, a semana foi bem atribulada mesmo...

Hermione pegou a varinha e fez alguns testes que eu não havia feito.

– Nada de magia mesmo! Mas é estranho... – Ela leu em voz alta a mensagem: “Eles estão com as crianças. É melhor não tentarmos nada dessa vez, a mulher dele esta junto...”. – Se fosse só o Harry eles iriam tentar algo...

– Muito estranho... – Rony repetiu.

– A presença da Gina os afugentou... – Hermione pensava alto. – Eles têm medo da Gina!

– Medo de mim! – Gina exclamou. – Por quê? O Harry é o bruxo poderoso aqui!

– Gina... Você também é uma bruxa poderosa... A sétima filha em sete gerações de homens de uma família puro sangue não é pouca coisa... Tiago não é um bruxo poderoso só por causa do Harry... – Hermione fez aquela cara que denunciava que seu cérebro esta trabalhando muito. – Hum... Isso é interessante!

******
Ted Remo Lupin completou onze anos. Andrômeda fez questão de comemorar a data na sua casa. Afinal, os próximos aniversários de Ted seriam comemorados em Hogwarts. Separei a memória de minha mãe onde os pais dele apareciam, também escolhi algumas memórias minhas de Lupin e de Tonks para lhe dar de presente. Disse para ele que era um presente especial e diferente.

– Obrigada! - Ted me abraçou. - Como vou vê-las?

– Quando você estiver em Hogwarts peça para a Professora McGonagall, ela saberá o que fazer... Mas Ted, tem que ser em um momento especial... Seu coração vai lhe dizer quando chegar a hora.

Ted sorriu e saiu correndo para guardar o presente.

- Harry... Vamos embora! Alvo está com febre! - Gina me falou depois de algumas horas. Alvo estava no seu colo.

– Gi... Não é melhor levá-lo ao Medibruxo infantil logo? - Perguntei pegando ele no colo e notando que ele estava muito quente. - Gina, ele está queimando!

– Vamos levá-lo sim... Vou pedir para a mamãe levar o Tiago e a Lily para casa. - Gina deu meia volta.

Era tão difícil uma das crianças ficar doente. Sempre que isso acontecia, eu me desesperava. Alvo estava no meu colo, desanimado, pálido... Se pudesse jamais deixaria um de meus filhos ficar doente!

– Vamos Harry? Mamãe e papai já vão levá-los... - Saímos direto para o consultório do Medibruxo infantil, o mesmo que sempre atendeu as crianças desde que Tiago nasceu.

O Medibruxo disse que Alvo estava com uma virose. Era necessário tomar bastante água e as poções que ele receitou e em dois ou três dias ele estaria ótimo. Também disse que a febre podia ser uma forma de chamar atenção, por causa do ciúme da irmã. Mas isso era normal, com o tempo ele se acostumaria com a presença da Lily.

Quando chegamos em casa, o Sr. e a Sra. Weasley estavam nos esperando. Tiago e Lily já estavam na cama. Só esperava que eles também não ficassem doentes.

– O que ele tem, querida? - Molly pegou Alvo do colo de Gina.

– Uma virose... Alguns dias e ele ficará ótimo, mamãe! - Gina se jogou no sofá. Ela estava cansada. - Mas vocês já podem ir...

– Amanhã eu venho ver o Alvinho... - Ela me entregou o menino e foi em direção à lareira. – Arthur, vamos...

– Qualquer coisa nos chamem, sim?! - O Sr. Weasley acompanhou a mulher até a lareira e sumiram nas chamas verdes.

– Gi... Eu fico com ele... Você está tão cansada! - Gina concordou.

– Harry... Eu vou dar mamar a Lily, depois eu fico com ele... Você tem que descansar, vai para Hogwarts amanhã... - Gina me acompanhou até a escada. - Não vai dar para eu ir... Não com o Alvo doente...

– A gente pode esperar ele ficar bom... – Falei pois sabia que ela queria ir junto.

– Harry, acho melhor não... Temos que resolver isso logo,... - Gina sorriu. - Depois vocês me contam tudo!

******
Era um dia chuvoso quando chegamos em frente ao castelo.

– Pena que a Gi não pôde vir... - Hermione comentou enquanto eu e Rony abrimos os portões. - Alvo ainda está com febre?

– Teve febre a noite toda... Eu quase desisti de vir... Gina estava exausta. – Falei, enquanto caminhávamos para a porta da entrada. - Mas daí a Sra. Weasley apareceu e a Gi pôde descansar um pouco.

Entramos no castelo e fomos direto para a sala de McGonagall. O quadro de Dumbledore já estava nos esperando.

– Que bom vê-los! - McGonagall nos sugeriu que sentasse. - Ginevra não veio junto?

– Ela viria, mas o Alvo está doente! - Comentei.

– Mas em que posso ajudá-los? - Dumbledore falou, assim que nos viu. - É sempre bom revê-los, Sr. Potter, Sr. Weasley e Srta. Gran... Quer dizer, Sra. Weasley... Ainda não me acostumei.

– Eu achei as memórias da minha mãe... - Dumbledore sorriu. - A pedra do amor... Mas não sabemos onde ela está.

– Está mais perto do que você imagina Harry! - Dumbledore continuou sorrindo diante da nossa cara de surpreso. - Mas tudo tem a sua hora Harry... Vamos por parte... Tomo a liberdade de pedir para o professor Snape participar da nossa conversa. Temos muita coisa para conversar... Severo, por favor...

Olhei para a Hermione e Rony, eles também não estavam entendendo onde Dumbledore queria chegar.

– Sra. Weasley... A biblioteca está lhe esperando... Infelizmente o tempo é curto e acho que você tem muito que pesquisar. - Dumbledore se dirigiu a Hermione. - Meu assunto agora é com o Harry e Rony; depois eles lhe contam...

Hermione obedeceu prontamente e, como se tivesse quinze anos de novo, saiu da sala acompanhada por McGonagall.

– Harry... Conte-me tudo sobre o Herdeiro de Voldemort... - Dumbledore pediu. Eu e Rony começamos a falar tudo que sabíamos. O rosto de Dumbledore não sofria nenhuma alteração. Snape continuava sério no seu quadro.

– Foi o que lhe disse Alvo. - Snape falou logo que terminamos.

– Sim, Severo... Foi o que imaginei! - Ele pareceu pensativo. - Sempre houve essa lenda que Voldemort tinha um filho, mas na época as informações que tive era que a criança não havia vingado... Mas parece que Theodore é mesmo o tal Herdeiro... Mas mesmo assim, tenho dúvidas sobre esse parentesco!

– Theodore pode não ser o Herdeiro? - Rony perguntou. - Mas tudo leva a isto!

– Sim Sr. Weasley... Mas vocês têm certeza absoluta que ele é mesmo o filho do Lorde das Trevas ou foi um conjunto de coincidências que levaram a crer nisso? - Snape questionou. - Quando vocês falaram da outra vez, eu não duvidei, pois sempre existiu essa lenda, mas vocês têm provas concretas que ele é o filho do Lorde? Fizeram o teste de herança mágica?

– Hum... Não tivemos oportunidade para isso... Mas tudo leva a ele... – Falei, tentando assimilar onde aquela conversa nos levaria.

– Nem tudo é o que parece Harry. Você já deveria saber isso! - Dumbledore falou serenamente. - Quanto à pedra do amor... Em que posso ajudar?

– Precisamos saber onde ela está! Onde minha mãe a guardou... Então pensei no Espelho de Osejed... - Falei ansioso.

- Você não acha que está querendo tudo de mão beijada, Potter? - Snape perguntou irônico. Onde eu estava com a cabeça que deu ao meu filho o nome desse ai?!

- Professor Snape... O espelho é uma boa idéia. Harry... Eu não sei onde sua mãe guardou a pedra, mas devia estar perto de você naquela noite! - Dumbledore comentou.

- Quando reformamos a casa, não encontramos nada semelhante à pedra. - Falei. O espelho era a minha esperança.

- Você sabe que o espelho foi mudado de lugar... Depois que um trio de primeiro-anistas encontrou-no escola, achei por bem guardá-lo em outro lugar... - Dumbledore sorriu. - Harry... O amor! O amor é uma força vital, que move tudo...

- Como?! Eu acho que não estou entendendo!! - Falei confuso. - O que o amor tem haver com o espelho?

- A gente só quer saber onde está o espelho! - Rony exclamou.

- Não seja impaciente Weasley! - Snape ralhou. Pensei que nesse momento ele iria tirar 50 pontos da Grifinória. - O espelho está onde o amor despertou...

- Como?! - Eu e Rony perguntamos ao mesmo tempo.

- Onde o amor despertou... O amor sempre esteve ali, mas uma hora, em um momento, ele despertou Harry... O seu amor... - Dumbledore falou como se fosse a coisa mais fácil do mundo de deduzir.

Porém, aquelas palavras pareciam não fazer sentido “onde o amor despertou”. Mas que amor? Amor por quem? Cho? Não pode ser, eu nunca amei a Cho. A única que amei em minha vida foi.... Gina?!

- Harry... - Dumbledore continuou. - Sei que você vai descobrir... O espelho vai estar lhe esperando quando você se lembrar onde o amor verdadeiro, puro e antigo despertou. - Dumbledore se voltou para Rony. - Se fosse o Sr. Weasley estaria em outro lugar... Em outro lugar onde o amor despertou...

Olhei para Rony como se pedisse ajuda, mas ele parecia tão confuso quanto eu.

- Mas, pense sobre o que falei sobre o Herdeiro, Harry... - Dumbledore falou, depois de alguns segundos de silêncio. - E lembre-se, sempre haverá ameaças, a luta pelo poder, o bem contra o mal... Não é Voldemort ou o filho dele, muitos almejam o poder, invejam a felicidade, não sabem o que é amor... Sempre existirá a luta contra o mal!

Ficamos todos em silêncio que só foi quebrado pela tosse de Snape.

- Potter... Minerva falou que sua filha nasceu, Lílian, como a avó! - Sua voz transmitia uma emoção, ou eu estava vendo coisas? - Er... Parabéns!

- Ah... Obrigada, Lilian lembra muito minha mãe, mas é uma cópia de Gina! - Exclamei.

- Mas a Weasley, digo, Sra. Potter agora, sempre me lembrou Lílian... Elas sempre tiveram um talento especial para poções... - Snape parecia pensativo. - Espero que sua filha tenha herdado o talento da mãe e da avó... Que eu me lembre, você, assim com o outro Potter, era uma negação nessa matéria!

- Também espero! - Falei irônico. - Obrigada... Professores!

- O espelho está lhe esperando Harry... Ah... Mantenha-me informado da situação. Estarei aqui se você precisar... - Dumbledore encerrou a conversa.

*******
Saímos da sala de McGonagall em silêncio. Caminhávamos pelos corredores do castelo meio sem saber para onde iríamos.

Poderíamos ter terminado a nossa conversa sem Snape me lembrar que eu não era muito bom em poções, assim como meu pai. Mas aquele ano que Slughorn assumiu a disciplina eu me sai bem. Tudo bem a ajuda daquele livro, o livro do Príncipe Mestiço, que depois descobri pertencer a Snape, me ajudou muito.

As idéias se misturavam na minha cabeça: poções, amor, onde o amor despertou... Droga! Aonde isso ia me levar! Vamos Harry, pensa: Amor, onde o amor despertou amor puro, verdadeiro, antigo...

- Vamos à biblioteca ver a Mione. - Rony comentou depois de alguns minutos. – Sabe, Dumbledore disse que se fosse comigo o espelho estaria em outro lugar... Hum... Onde eu notei a Hermione... É esse tipo de amor que ele estava falando, não?! Talvez na biblioteca?! Espero que a Hermione não me pergunte onde foi que o meu amor por ela despertou... Porque eu não consigo me lembrar quando foi... - Concordei com um gesto positivo com a cabeça...

Poções! Amor, onde o amor despertou... Rony falou que se fosse com ele talvez fosse à biblioteca, onde ele notou a Hermione. Onde eu notei a Gina? Onde o meu amor por Gina despertou? Só pode ser isso, onde o meu amor por Gina despertou!

- NA AULA DE POÇÕES! - Gritei no meio do corredor. - Claro, Rony, foi na aula de poções, aula de poções quando eu percebi que amava a Gina... Quer dizer, foi quando eu comecei a percebê-la! Amortêntia!!!

– Harry! Eu não entendi! - Rony perguntou, lançando-me um olhar interrogativo.

- Rony, foi na aula de poções que senti o cheiro da Gina... O Espelho está nas masmorras, na antiga sala de aula de poções. A sala foi inutilizada depois da batalha final, lembra? No nosso último ano trocamos de sala, pois o Slughorn disse que aquela sala era amaldiçoada... Sei lá... Inventou uma desculpa qualquer para não utilizar mais a sala de Snape. McGonagall me disse que ninguém mais entrou naquela sala...

- OK... O espelho está lá então! - Rony disse por fim.

- Acho que sim... Lembra amortêntia?! É uma poção do amor, você sente o cheiro que mais lhe atrai... Eu senti cheiro de torta de melaço, madeira de cabo de vassoura e um cheiro de floral que me lembrava a Toca, depois eu descobri que era o cheiro da Gina... - Parei de falar exausto. - É o cheiro da Gina... Eu vou para as masmorras!

– Er... Vou ver a Hermione primeiro... Encontramos-nos lá? – Rony falou, já tomando a direção da biblioteca.

******
Sai correndo em direção às masmorras. Ainda bem que os alunos estavam em aulas; poucos notaram a minha presença.

Parei em frente a nossa antiga sala de poções. Slughorn não lecionava há muito tempo. O professor agora era Ernesto Macmillan. Lembrava dele, era da Lufa-lufa, um cara legal, um pouco pomposo e formal. Ainda bem que não o encontrei nessa visita, mas parece que ele também não quis ocupar essa sala. Respirei fundo e abri as portas.

A masmorra estava completamente diferente do que lembrava. Pó e teias de aranha cobriam as mesas, alguns caldeirões envelhecidos e frascos com restos de poções. Peguei a varinha para ter um pouco de luz e abrir caminho entre as teias. Ainda bem que Rony não veio, assim poderia me livrar de algumas aranhas pelo caminho.

Olhei em volta completamente perdido. Por onde começar?!? Olhei de novo e meus olhos pararam em um velho armário no canto. Um sorriso brotou. Isso está muito fácil!? Fácil? Não! Se eu não lembrasse quando foi que meu amor por Gina despertou era bem provável que ficasse procurando dias e dias pelo castelo. Podia ter sido aquela vez no corredor, quando um monstro se formou dentro de mim, quando vi Gina beijando Dino... Ou, poderia ter sido na Câmara Secreta quando vi Gina desacordada, praticamente, morta. Ou, ainda, quando eu estava me lamentando por ter sido possuído por Voldemort e ela enfrentou-me com firmeza...

A câmara... Podia ser lá. Ainda éramos tão crianças para achar que a amava, podia ser lá! Eu salvei a Gina na câmara, salvei porque ela era a irmão do Rony, porque ela era inocente... Tom Riddle havia usado-a... Usado-a para me atingir. Salvei a Gina porque devia salva-la, salvaria qualquer um que estivesse naquela situação. Mas ver a Gina lá, no chão frio da câmara... Um sentimento muito forte se apoderou de mim. Sempre que lembrava daquele dia, me arrepiava todo.

Olhei para o armário. Dumbledore disse onde o amor despertou... Onde o amor despertou foi na sala de poções ou foi na câmara. O dia que a Gina foi levada para a câmara, foi um dos dias mais tristes da minha vida. Sempre associei isso ao fato da Gina ser irmã do Rony, de considerar os Weasley minha família. Mas nunca vi a Gina como minha irmã. Sempre considerei Hermione como uma irmã. Mas Gina... Desde a primeira vez que a vi na estação, não sei explicar... Mas, definitivamente, nunca vi Gina como uma irmã. Agora sim as coisas fazem sentido... Amor antigo... Alma gêmeas...

Respiro fundo e conto até dez. Já que estou aqui, não custa abrir o armário e procurar pelo espelho, se não estiver, vou dar uma olhada pela sala e depois vou à câmara. Arrepio-me todo só de pensar em voltar lá! Mas por Gina e pelos meus filhos, eu iria até o inferno tomar o chá das cinco com Voldemort.

Abro o armário devagar. Observo cuidadosamente tudo que está ali dentro. Por instinto me abaixo até a última prateleira. Espirro por causa do pó. Nada. Não está aqui, eu sei! Levanto-me, mas de súbito me abaixo de novo e percebo um objeto minúsculo no canto da última prateleira

Pego o objeto com cuidado. Deposito no chão. Aponto a varinha “revelio”. Uma nuvem de poeira toma conta do local. E magicamente o objeto minúsculo ganha as formas do Espelho de Osejed.

O espelho continuava magnífico, como me lembrava, ia até quase o teto, tinha uma moldura de talha dourada... “Oãça rocu esme ojesed osamo tso rueso ortso moãn” leio alto a inscrição gravada no alto. Ficou ali parado, lembrando da primeira vez que havia visto o espelho. Foi no Natal, meu primeiro ano em Hogwarts, quando ganhei a capa de Invisibilidade de meu pai...

Senti lágrimas rolarem pelo meu rosto quando olhei para o espelho... A imagem que vejo é a mesma que havia visto há anos atrás... Minha mãe, meu pai e alguns parentes... Depois vejo Gina, Tiago, Alvo e Lily, já maiores, brincando na varanda do Chalé da Praia...

- O espelho mostra os nossos desejos mais íntimos... A primeira vez que o encontrei vi a minha família, pois sempre quis conhecê-la. - Falei em voz alta. - Agora vejo a minha família feliz, segura, em paz... Dumbledore falou que o espelho era perigoso... Meu maior desejo é achar a pedra do amor.

Olho novamente para o espelho, sei que ele não me dirá onde está a pedra, mas poderá me dar pistas... Mas o espelho só me mostra borboletas... Um caminho de borboletas.

******
Acho que já tinha passado uns vinte minutos quando Rony e Hermione apareceram. Eu já tinha guardado o espelho no lugar dele. Estava sentando em um banco esperando eles e tentando entender o que aquelas borboletas significavam...

- Você achou o espelho? - Hermione perguntou.

- Achei... Mas não adiantou nada... - Falei me levantando. - Vamos sair daqui!

- Hum... Mas o espelho não nos mostra o que desejamos ver... Nossos desejos mais íntimos. - Rony questionou pegando a mão de Hermione para saímos das masmorras.

- Sim... Mas quando eu olhei o espelho desejando encontrar a pedra do amor, ele me mostrou borboletas, um caminho de borboletas...

- Estranho... Dumbledore disse que a pedra devia estar perto de você quando Voldemort tentou lhe matar... O que tem haver com borboletas?? - Rony comentou.

- Ah... Sobre a pedra eu descobri uma coisa... Também descobri uma coisa sobre os poderes da Gina e... - Hermione abriu a boca para continuar, mas ficou quieta.

- Hermione? Isso é bom ou não? - Parei no meio do corredor e fiquei esperando a sua resposta.

- É bom Harry... Mas acho melhor contar com a Gina junto... - Hermione sorriu. - Sobre a pedra e sobre os poderes da Gina...

Voltamos à sala de McGonagall, mas o Dumbledore e Snape não estavam em seus quadros. Despedimos-nos da nossa professora e amiga e usamos a rede de Flú. Eu fui para o Largo Grimmauld e Rony e Hermione para a Casa Branca de Hogsmeade.

A casa estava em silêncio quando sai da lareira. Gina devia estar lá em cima com Alvo.

- Oi! - Lhe dei um selinho e olhei para Alvo adormecido na cama. - E Alvo? Tá tudo bem aqui?

- Alvo melhorou, a febre já cedeu. - Gina falou sorrindo para mim. - Ele até comeu algo no jantar. Acho que só queria a minha atenção – Gina cobriu o filho com o edredom e beijou sua testa. - Vou amamentar a Lily... Você está com fome?

- Um pouco... - Falei acompanhando ela até o quarto de Lily. - Mas depois eu vejo algo para comer.

- Então? Estou curiosa. - Gina pegou Lily do berço e sentou na poltrona para amamentá-la. - Rony e Hermione foram para casa?

- Sim... Mas amanhã eles vêm... Hermione não quis nos falar o que descobriu... - Dei um longo suspiro. - Vou tomar um banho e comer algo... Já volto! Depois te conto o que aconteceu!

Gina sorriu e eu sai do quarto. Tomei um banho rápido e pedi para Monstro me preparar um sanduíche. Meia hora depois, voltei para o quarto, Gina ainda estava com Lily, terminava de trocar sua fralda.

– Ela está agitada, não sei mais o que fazer; já dei o peito, troquei as fraldas, embalei e nada... - Gina comentou, enquanto tentava acalmar Lily, que não parava de choramingar.

– Me dá ela! - Falei pegando Lily. - Filhinha... O que você tem? Dorme para o papai e a mamãe conversarem! - Lily estava com os olhinhos bem arregalados e continuou fazendo manha.

Gina deu um longo suspiro. E começou a mexer no móbile de borboletas. O movimento do objeto e a música suave que ele fazia, despertou a atenção de Lily, que imediatamente ficou quieta. Gina me olhou e sorriu. Coloquei-a devagarzinho no berço. Lily parecia encantada com o movimento do móbile. Olhei para a luminária no lado do berço.

- Claro! – disse, espalmando a mão esquerda na minha testa. - Borboletas! Gina... A luminária estava perto de mim naquele dia... Lembra as memórias da minha mãe? Será!? - Gina me olha confusa.

Olho de novo para a luminária e uma imagem se forma diante de meus olhos: uma mulher ruiva (que não é a Gina) faz um floreio com a varinha e de repente o quarto esta repleto de borboletas de vários tamanhos, movimentando-se, como se voassem.

– Harry?! - Gina exclamou, enquanto eu me dirigia até a luminária e fazia exatamente o que a mulher que eu vi fez e, como num passe de mágica, a luminária que não funcionava começou a girar e a reproduzir uma luz arroxeada, formando um caminho de borboletas.

Gina me olhou e sorriu. Agora entendi o que o espelho me mostrou. A pedra estava dentro da luminária. Ainda com a luminária se movimentando, peguei-a e comecei a virar de um lado para o outro.

– Harry... Você não a consertou, né?! - Gina perguntou, enquanto eu olhava a luminária. - Como ela está funcionando agora?!

– Não sei Gi... Só fiz um feitiço simples e ela funcionou! - Desviei o meu olhar da luminária para Lily que estava calminha no berço.

Era estranho, mas parecia que havia outra pessoa no quarto, pois Lily sorria e olhava para o lado oposto ao qual estávamos eu e Gina, movimentava-se como se alguém brincasse com ela e em minutos dormia serenamente.

– Ela dormiu... - Falei. A luminária ainda estava esquecida ainda em minhas mãos. - Quando achei o espelho desejei que ele me mostrasse onde minha mãe guardou a pedra, ele só me mostrou borboletas...

Gina olhou ao redor, o quarto estava cheio de borboletas. E, nesse instante, caiu aos pés de Gina uma pedra. Uma linda pedra brilhante e vermelha.




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N/B: Adorei o capítulo! E o retorno do nosso Trio preferido à Hogwarts? E, finalmente, o encontro da pedra do amor! Perfeito, Day! Cheio de aventura e amor, como a vida deve ser! Beijos, Alessandra.



N/A: Pessoal... Capítulo novinho para vocês... Espero que gostem... O capítulo deu um pouco de trabalho, principalmente, na segunda parte, portanto, se tiver algum erro, alguma confusão no andamento da história me avisem. Ok! Obrigada a todos que leem, comentam... Obrigado também a Anny, Carol e Alê, como sempre maravilhosas!!!! Quanto ao próximo, sem previsão, só escrevi uma página... mas manterei vocês informados... Beijos para todos!!!!!

Tonks & Lupin – Pois é, a Gina deu um grande susto no Harry... Mas agora já tá tudo bem. Esse foi o objetivo das memórias da Lílian, o Harry vai entender o significado da verdadeira força do amor. Beijos e até o próximo!

Yumi Morticia voldemort – Então a princesinha tá ai... linda né! Mas deu um susto no papai dela... Ah, eu não sou malvada, queriam que ela tivesse sofrido mais... Mas agora tá tudo bem! Beijos e até o próximo!

Duda Serejo - Nossa, eu jamais mataria a Gina, se pudesse não matava ninguém na fic, mas nem sempre isso é possível... Mas foi só susto, agora tá tudo bem! Beijos e até o próximo!

Carolina Villela Good God – Ai Carolina... Obrigada! Eu é que tenho que agradecer... Mas fico feliz que você gostou. Beijos e até o próximo!

Lua Potter - que bom que gostou do capítulo! Também fiquei com peninha do Harry... mas nunca que a Gina ia morrer... Hehe... a pedra nem estava longe! Que bom que gostou das lembranças da mãe do Harry... Obrigada! Continua lendo e beijos!

Reji Cullen - Oiii querida! Espero que chuva não tenha causado muitos estragos por ai! Obrigada! Nem acredito que já se passaram seis meses! Ai... o capítulo foi tão dificil de escrever, você nem imagina, mas acho que ficou legal né! Eu também me emocionei com o Harry... Obrigada de novo pelas palavras... Quanto ao Harry não sofrer mais.... xiiii.... Vamos esperar. Quanto a participação da Rita no capítulo, foi só para descontrair mesmo. As lembranças foi algo a parte no capítulo... Mas são importante, graças a elas o Harry e a Gina acharam a pedra... O Righi... muita calma nessa hora! A Tonks e o Lupim foi como a Alê falou, uma singela homenagem... Beijos e até o próximo!

Nath Evans – ai... que bom que gostou do capítulo! A Lily é a princesinha da família Potter... Nossa... que revolta com o Herdeiro... mas o Harry não vai deixar ninguém do mal encostar um dedinho na sua prole. Beijos e até o próximo!

Jessica M. Adams – Obrigada! Continua lendo e beijos!


Ady – Capítulo todinho para você! Beijos!

Gih Weasley – Capítulo todo para você não ficar mais desesperada! Beijos!

*LeLe* - Capítulo completinho... aproveite! Beijos!

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