Playing with fire



As provas finalmente acabaram e a última coisa que fariam em Hogwarts naquele ano seria a última visita ao vilarejo de Hogsmedale antes do Natal.

Visivelmente todos os alunos, que conseguiram a permissão de seus pais, preenchiam o ar do lugar com ansiedade e excitação. Conferiam suas listas de presentes para o natal: doces, objetos mágicos, entre outras coisas.

Hermione estava agora na sala comunal da Grifinória sentada de frente para uma janela.
O tempo era ameaçador, mas não parecia que de fato as gotas de água cairiam. Apesar disso, o frio, comum nesta época, parecia cada vez maior e por isso apenas alguns alunos se arriscavam do lado de fora do castelo.

Desviando seu olhar da janela, para dentro da sala, Hermione reparou num casal sentado no sofá bem em frente a ela. Ela não sabia seus nomes, apenas que eles eram de dois anos abaixo. Mas nada disso lhe chamou atenção.
Eles se olhavam tão apaixonadamente que mesmo que eles não percebessem como Hermione estava encarando, ela sentia vergonha. Ainda sim ela não conseguia desviar o olhar.
-Prometa que irá me visitar nas férias – a menina disse ternamente.
-Mas é claro amor. Como se eu conseguisse ficar longe de você por tanto tempo. – o menino explicou, com um sorriso enorme no rosto.
A menina deu um profundo suspiro apaixonado e disse, olhando diretamente nos olhos do garoto:
-Eu te amo.
O menino sorriu ainda mais e falou:
-Eu te amo mais.

De repente enjoada, Hermione finalmente parou de encarar os dois e seus olhos bateram em... Rony.
Ele estava olhando-a e provavelmente tinha visto ela encarando o casal. Hermione desejava saber o que estava na cabeça dele agora, mas de repente uma lembrança lhe atingiu friamente:

Eu sinto nojo dela Harry...

Hermione sinceramente perdera a conta de quantas vezes acordara de noite, após um pesadelo com essa frase ainda brincando em seus ouvidos. Ela teve êxito em bloquear isso acordada, mas dormir era como se abaixasse todas as suas guardas.
Sem qualquer expressão ela olhou para Harry que estava logo ao lado do ruivo, mas ele não a olhava. Sua cabeça estava virada para a direção oposta, para outra pessoa.
Gina.
Ela conversava a poucos metros de Harry com Kátia Bell, mas não parecia sequer notar a presença do garoto.
Uns dois minutos depois, Ginny começou a andar na direção de Hermione, sorrindo.
Mione sorriu de volta a medida que pode, sem antes perceber que Rony ainda a olhava.

-Como estão os preparativos? –Gina perguntou apontando para a cabeça da menina.
-Eu não sei Gina. –Hermione disse franzindo o cenho. –Você realmente acha que isso vai funcionar?
-Sabemos que vai. O certo é perguntar se você não quer desistir.
Hermione lhe lançou um olhar irritado.
-Só checando.  –A menina abraçou Hermione.
-É só que ele pode tentar algo no meio do caminho. –disse preocupada.
-Tomaremos precauções contra isso ok? – Gina disse – Não saberemos o que acontecerá se não tentarmos.
-Eu sei, mas ainda não consigo me permitir ficar confiante.
-Consigo ver Mione, mas precisamos. –Gina soava mais confiante do que realmente sentia.

-Er... oi.
Hermione levantou a cabeça assustada em direção a voz, mas se tranqüilizou ao ver Harry. Profundamente ela esperava que fosse Ron, mas o menino continuava onde estava, só que dessa vez tinha sua cabeça encostada no sofá e olhava o teto.
-Oi Harry – apenas Hermione o cumprimentou.
Ele sorriu de volta para a menina e se virou para Gina.
-Será que posso falar com você?
-Como é que você se atreve a querer falar comigo? –Ginny disse bastante irritada.
As meninas, principalmente Hermione, desconfiavam que o que a ruiva vira na outra noite era na verdade Draco e Pansy, mas ainda sim não havia como confirmar.
-Gina, pelo amor de Merlin! Você sabe muito bem que eu não sei de que raios você está falando! –Harry botara as mãos na cabeça, quase que desesperado.
-Porque você não pergunta pra Vane?
-O que essa garota tem a ver com isso afinal?
Gina deu um empurrão em Harry e disse:
-Tudo, Harry! Tudo!

Hermione saiu de fininho para deixar os dois tentarem se resolver. Quando virou pra frente em direção ao retrato da Mulher Gorda, percebeu que Rony estava parado de frente para ela e parecia que ele iria falar.
A menina apenas passou por ele, saindo pelo retrato da Mulher Gorda.
O relógio marcavam 16:30 da tarde. Era hora da primeira parte do plano.


A visita ao vilarejo ocorreria na manhã seguinte e Hermione tinha que começar a se preparar para o que ela esperava que fosse o fim de sua “história” com Draco Malfoy.
Ironicamente a primeira fase do plano era... Hermione ainda sentia calafrios lembrando-se de quando Gina lhe falara isso na biblioteca... Bom ela teria que seduzi-lo.

O castelo estava praticamente vazio e Mione foi andando em direção às Masmorras.
Ela, obviamente, não conseguiria entrar, entretanto havia outros jeitos. Assim, quando já estava perto do lugar, avistou duas meninas da Sonserina que eram provavelmente primeiranistas. Sacou sua varinha, olhou para os lados. Não havia mais ninguém. Isso é o que ela chamava de sorte. Bom, showtime.

-Estupefaça! –Hermione gritou apontando a varinha pra uma das meninas.
Hermione assistiu, com nojo de si mesma, o corpo da menina voando e batendo contra uma parede. A outra menina olhava com os olhos e bocas arregalados para sua amiga que agora estava no chão inconsciente. Ela se virou pra Hermione e pareceu ainda mais surpresa ao perceber quem havia feito o ataque.
A menina agora tremia um pouco e apertava sua varinha dentro de suas vestes.
-Calma, eu não vou fazer mais nada. – Hermione disse guardando a varinha e se aproximando vagarosamente da menina que a olhava desconfiada.
-Como vou acreditar em você? – falou a voz chatinha da garota.
-Guardei minha varinha, percebe?
-O que você quer? – a garota agora assumira um tom rude.
-Quero que você dê um recado a Draco Malfoy.
-Hey, eu não sou uma coruja! –disse a menina indignada. – Se quiser falar com ele, faça você mesmo.
-Olha, sinceramente – Hermione respirou fundo e disse - Eu não quero ter que tomar mais atitudes drásticas – Ela apontou para a menina no chão. Forçando um tom autoritário continuou - Então, ache Malfoy e diga pra ele que Hermione Granger o espera na biblioteca.
A menina olhou para ela alguns segundos e Hermione vencida disse:
-Eu vou cuidar da sua amiga. Não precisa se preocupar, ela já deve estar acordando.
Ao falar isso, a menina ainda no chão, se mexeu, mas não acordou.
-Agora vá. –Hermione mandou e a garotinha saiu.

Hermione correu para a sonserina que estava no chão e após alguns segundos a menina acordou. Mione ajudou-a a senta-se e perguntou:
-Você está bem?
-Err.. sim estou. Foi você que fez isso comigo? – Do mesmo jeito que a outra, esta arregalou os olhos ao ver quem era.
-Me desculpe. –Mione estava um pouco arrependida. Ela olhou para a menina com intuito de checar e vendo que estava tudo bem, disse:
-Tenho que ir. Me desculpe mais uma vez.

Ela correu até a biblioteca que obviamente estava vazia e ela andou até uma das seções mais longes da saída. Isso seria ruim para uma fuga, mas não podia arriscar ser pega.
Mais ou menos 10 minutos depois, Hermione ouviu passos. Draco chegara.
Como se sentisse seu rastro, ele logo a achou.
-Deixando primeiranistas inconscientes, Granger? Isso não é bom para seu currículo.
Hermione desconsiderou o comentário e nervosamente disse:
-Vai a Hogsmedale amanhã?
Malfoy a encarou por alguns segundos, realmente intrigado e riu.
-Não te devo satisfações da minha vida.
Ele ainda a olhava, como se quisesse saber o que havia por trás dessa pergunta.
-Porque? –disse finalmente.

Hermione respirou fundo e andou em sua direção.
-Eu estava pensando se... –ela colocou uma mão na nuca do menino e se aproximou até deixar apenas poucos centímetros de distância entre seus lábios e o do louro. –...Se você não quer me encontrar por lá.
Mais do que antes, Draco a encarou de olhos arregalados. Ele a empurrou levemente e perguntou:
-O que aconteceu com você Granger?
Ela tentou abraçá-lo novamente, mas ele se afastou.
-Estou bem Draco, não precisa fugir de mim. – a menina falou docemente.
-Eu, fugir de você?
Ele riu e ela deu apenas um pequeno sorriso sedutor.
-Então? O que acha?
O menino se encostou em uma das mesas com um sorriso desafiador e disse:
-Me convença.
-O que? –Hermione disse surpresa.
-Me convença de que você que se encontrar comigo amanhã.

Droga – pensou a menina. Por essa ela não esperava. Ela sabia o que tinha que fazer, só lhe faltava coragem.
-Estou esperando – Draco disse, claramente se divertindo com a súbita paralisia de Mione.
-Como quiser. –Mione falou decididamente. Andou até onde ela estava e lhe chapou um beijo. Não durou mais de 5 segundos e ela se afastou.
Draco gargalhou.
-Você quer que eu acredite nisso?
Hermione tinha o rosto vermelho de vergonha.
-Você costumava ser melhor.
Hermione não conseguiu evitar rolar os olhos.
-Ou talvez... –Malfoy se aproximou perigosamente e alisou a bochecha de Hermione. -... Você esteja precisando de um estímulo. –Após dizer isso ele foi se aproximando vagarosamente e do mesmo jeito encostou os lábios nos lábios de Hermione que não conseguia nem dizer nem fazer nada. A situação piorou quando Malfoy realmente a beijou, mas dessa vez foi diferente. O beijo era calmo e suave. Se fosse privada de todos os sentidos podia jurar que o beijo era muito parecido ao de Ron.
Mas ela não podia deixar se perder, não podia deixá-lo assumir o controle.
Então ela deixou a vergonha e o medo que estava sentindo de lado.

Ela o empurrou e ele bateu na mesa onde estava apoiado à alguns minutos e realmente o beijou. O beijou era profundo e quente e a princípio por ter ficado surpreso, Draco não respondeu. Hermione tinha esperanças de que continuasse assim, mas era óbvio que isso não aconteceria.
Ele a pegou pela cintura e a colocou encostada na mesa. Beijou seu pescoço e sussurrou em seu ouvido:
-Adoro o jeito que você me surpreende.
Os pêlos da nuca de Hermione se arrepiaram de “medo”, mas Malfoy não interpretou desse jeito.
A boca do menino voltou a beijar a de Hermione, do mesmo jeito que ela o beijava.

Internamente, Hermione travava uma luta. Uma luta contra seus hormônios para se manter no controle. Por pior que Malfoy fosse, ela não podia negar que ele era quente.
As mãos de Draco corriam suas costas, seus lábios beijavam seu pescoço e orelha. Após um tempo, ambos pararam procurando por ar. O menino percebeu que Hermione estava a ponto de falar alguma coisa e disse:
-Não fala nada.
Mais uma vez pela cintura, beijando-a, ele a pegou e dessa vez a sentou na mesa colocando a mão em suas coxas e depois em suas nádegas.
Ok, isso já estava entrando em situação de alerta vermelho. Estava cada vez mais difícil para Hermione se segurar.
A ponto de se entregar, felizmente algo a acordou. Malfoy colocou uma de suas mãos por baixo da blusa de Mione e ia subindo. Ela rapidamente segurou a mão dele e eles pararam de se beijar. Dessa vez antes que Malfoy falasse alguma coisa ela disse ao pé de seu ouvido.
-Amanhã. Na Casa dos Gritos.
Draco a olhava perguntando mentalmente se ela estava louca.

-O que foi Draco? – Ainda sentada na mesa, ela debruçou seu braço nos ombros do menino se inclinando pra ele. –Todo mundo sabe que não há nada lá. –Ela ficou muito perto de seu rosto separada apenas por uma fina camada de ar. –Não seja um covarde. –Ela disse e beijou o lábio superior do menino. –Além do mais... – Hermione beijou o lábio inferior desta vez. –Ouvi dizer que lá tem uma cama. – Com isso, ela o beijou inteiramente e deu uma leve mordida no lábio inferior dele, puxando um pouco pra frente.
Ela desceu da mesa, não se importando em como seus corpos se encostaram. Ela queria sumir dali.
Hermione deixou Draco parado na biblioteca, ainda meio abobalhado e saiu correndo.

Ela foi direto para o banheiro das meninas mais próximo da biblioteca sem se importar muito com a possibilidade de Murta lhe fazer uma visita.
Ela se jogou no chão e soltou o ar que parecia estar preso a muito tempo. Ficou sentada por um tempo olhando o nada, pensando em nada, o que era muito raro de acontecer. De repente, com urgência, a menina se levantou e correu até a pia do banheiro abrindo-a rapidamente. Encheu as mãos com água e jogou em seu rosto esfregando-o algumas vezes. Depois, colocou água na boca e cuspiu. Repetiu isso algumas vezes e depois voltou a sentar no chão. Uma única lágrima correu. Hermione estava preenchida por um sentimento que não conseguia nomear. Era raiva, misturada com angústia, medo, desespero, desejo e tristeza.
Como antes, ficou algum tempo olhando para um ponto fixo sem realmente estar prestando atenção. Sua mente estava apagada e a única coisa que acontecia era no campo sensorial. Sentia o toque de Draco, seu beijo, sua respiração, de novo e de novo. Ela não sabia se conseguia ficar mais enojada de si mesma mais que isso. E confusa.

Um pouco mais tarde ela finalmente decidiu ir para seu dormitório, sabendo que se demorasse demais algum monitor poderia encontrá-la.

Seguindo direto para o quarto, encontrou Gina sentada em sua cama. Ela ficou alguns segundos parada abaixo do portal sem saber direito o que falar. A ruiva, percebendo o estado da amiga, levantou-se rapidamente e lhe abraçou.
-Mione, está tudo bem?

Hermione considerou a pergunta um pouco.
-É... está sim. Eu acho.
-O que houve? O plano deu errado?
-Não, não. É só que...
A menina respirou profundamente.
-Me prometa que amanhã quando estivermos na Casa dos Gritos, vamos terminar o mais rápido possível? Não quero que ele encoste em mim novamente.
Gina assentiu e novamente a abraçou.
-Você tem certeza de que quer fazer aquilo?
Hermione olhou pra ela alarmada.
-Quê? Sim! Quer dizer... você que sugeriu!
-Hey, calma Hermione! –Gina tratou de dizer vendo o desespero da amiga- Eu sei disso. É só que... você entende exatamente o que iremos fazer certo?
Hermione franziu o cenho.
-Não entendo onde está querendo chegar.
-Você sabe... não poderá se arrepender uma vez feito.
-Ginerva, você por acaso está insinuando que eu vou me arrepender? –Disse impaciente, já que era a segunda vez que a amiga questionava sua coragem.
Gina rolou os olhos e disse:
-Ok, esquece.


A noite pareceu mais longa do que realmente foi e Hermione mais rolou em sua cama do que dormiu.
Ficou aliviada ao amanhecer. Suas tentativas de fechar os olhos e esperar que o sono a pegasse, só a fez lembrar de Malfoy. Sabendo que daqui a poucas horas ela estaria com ele novamente, sentiu o alívio lhe deixando.

Ela se arrumou e juntamente a Gina foi ao Grande Salão tomar café da manhã.
-O que aconteceu ontem com Harry depois que eu saí?
-Ah... –Gina bufou- Ele ficou tentando me convencer que a idéia dele com a Romilda era absurda e blá, blá, blá.
-Gina, você sabe que ele pode estar certo né?
A ruiva aparentemente havia esquecido da desconfiança delas, sobre Draco ter armado tudo aquilo. Após pensar um pouco ela disse:
-Não sei Hermione. Seria um absurdo se eu apenas ignorasse o que eu vi na outra noite e ficasse com Harry, mesmo sabendo desta possibilidade.
-Eu não estou te pedindo isso Gina. Só estou dizendo que você não deveria deixar o ciúme de cegar.
As meninas se olharam e Ginny falou:
-Você provavelmente está certa. Acho que eu exagerei.
-Provavelmente.
-Realmente não cabe na minha cabeça porque Draco mexeria comigo.
-Isso é o que ele faz. Ele é capaz de mexer com todos pra conseguir o que quer. Acho que desta vez ele pensou que atrapalhando você e Harry, me deixaria com medo do que mais ele poderia fazer. Assim eu desistiria de lutar contra ele.
-Ele é um idiota. Porque ele não fica com a Pansy?
-É uma ótima pergunta. –Hermione tentou achar a resposta. Não poderia afirmar nada com certeza absoluta, mas seu principal palpite era que a sonserina não passava de uma diversão casual e um objeto para Malfoy.

Neste momento Harry e Rony entraram pelo salão, acompanhados de Neville que vestia um divertido suéter provavelmente recebido de sua avó. Os meninos se sentaram distantes de Hermione e Gina que tentaram sem muito êxito parar de olhar para Rony e Harry respectivamente.

Mione foi de repente surpreendida por um movimento de sua amiga. Ela havia se levantado e agora andava em direção à Harry.
A menina parou ao seu lado e Harry imediatamente se levantou.
-Tem certeza que você não estava com Vane naquela noite?
-Eu já lhe disse que não. Vane! – Harry a chamou com urgência e segurando a mão de Gina foi até a menina que estava parada um pouco surpresa.
-Não fiz poção nenhuma desta vez. Eu juro!
-Quem falou em poção? –Harry disse intrigado. –A questão não é essa. Por acaso a gente vem se beijando?
As duas meninas olharam pra ele assustadas e Harry imediatamente ficou vermelho.

-Er... não. – Romilda respondeu intrigada.
-Viu só? –Harry olhou pra Gina.
-Por mais que eu ainda queira, sabe? Soube que vocês dois brigaram então... – ela disse sorrindo para Harry, ignorando Gina que agora tinha a boca aberta.
-Quê? Você pode tirar seu unicórnio, seu centauro, o que você quiser da chuva, ok? –a ruiva disse com raiva.
-Que seja. –Romilda bufou e andou em direção à mesa.

-Eu te disse. –Harry olhava para Gina e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha dela.
Sem falar mais nada, a menina saiu e voltou para perto de Hermione.
-Foi Malfoy.
Mione apenas a olhou. A amiga parecia estar com bastante raiva, o que foi confirmado pela fala seguinte de Gina.
-Vamos acabar com isso.
As meninas se levantaram e voltaram rapidamente ao dormitório para pegar seus casacos, tocas e luvas.

Já em Hogsmedale as meninas andavam pelo lugar parando ocasionalmente em uma vitrine ou outra.
-Acho que você deveria tentar resolver as coisas com meu irmão também.
Hermione olhou Gina seriamente e disse:
-Depois que ele falou para o Harry? Que tinha nojo de mim?
-O quê? Ah! –aconteceram tantas coisas que a ruiva havia se esquecido de voltar a esse assunto e lhe falar o que Ron disse após ela ter saído de trás da porta. –Você saiu cedo demais de lá.
Hermione franziu a testa e Gina continuou.
-Depois que você saiu, eles continuaram a falar. Rony ainda te ama. E muito. Mesmo depois de toda a coisa com Malfoy.
Hermione deliberou e finalmente falou:
-Porque eu acreditaria nisso?
-Porque eu mentiria pra você?
-Por que você está vendo seu irmão sofrer. –Hermione concluiu.
-Exatamente. Ele está sofrendo por que ele te quer Mione. Acredite em mim.

Quando a menina não disse nada, Ginny disse:
-Você não precisa se jogar nos braços dele. Eu sei que o que ele disse não foi legal, mas... você deveria se permitir conversar com ele da próxima vez.
-Eu não vou correr atrás dele. –Hermione disse transbordando de sentimentos orgulhosos.
-Eu sei. Não disse isso. É que apenas diálogos funcionam.
-É mesmo Srta. Weasley? –Hermione disse irônica se lembrando dela com Harry.
-Falar é mais fácil que fazer. –Gina falou como um pedido de desculpa.
Hermione riu.
-Só pense nisso. –A ruiva pediu e Hermione timidamente concordou.
Após alguns segundos caladas:
-Está na hora. –Mione disse sombriamente.

Elas andaram até o lugar e entraram na casa sem serem vistas, o que não foi surpresa.
-Bom, se algo não sair como planejado, grite. –Gina parecia menos otimista ainda agora.
Elas se abraçaram.
-Me esconderei aqui perto e então quando você me der o sinal, nós agimos.
-Okay.
-Vai dar tudo certo, Hermione.
-É o que eu espero.

Mione assistiu Gina procurando um lugar perto pra se esconder de Malfoy e ela se dirigiu ao quarto extremamente empoeirado.

-Urgh. –disse tentando não encostar em nada.
Provavelmente ela tinha pouco tempo antes do louro chegar e resolveu aproveitar esse tempo para se preparar psicologicamente.
Uns 15 minutos depois, Mione ouviu um movimento no andar de baixo. Ela deu mais um suspiro profundo, verificou sua varinha e esperou.
-Olá. –a menina disse quando Draco entrou no quarto.
Ele parecia de certa forma surpreso e ao mesmo tempo bem atento como se esperasse que algo acontecesse. Se Hermione não tomasse cuidado ele descobriria. Seus olhos mostravam sua desconfiança. E seu plano de não encostar nele foi por água abaixo. Ela teria que ganhar a confiança dele.

-Não pensei que você viesse. –Hermione falou. –Pensei que me faria esperar.
Draco a olhou e sem dizer qualquer palavra, andou até a menina, segurou sua nuca, puxando talvez um pouco forte seus cabelos. Olhou dentro de seus olhos e lhe chapou um beijo.
Hermione respondeu e beijou de volta. Mas desta vez sem medo de desistir de tudo por ele. O que Gina lhe disse mais cedo, que Rony a amava... bom, isso havia abalado sua cabeça e de uma forma estranha Hermione sabia que era verdade. Ela só não faria nada, como dissera mais cedo. Seu progresso de vencer seu próprio orgulho ficou bem prejudicado com isso. E o culpado estava agora bem a sua frente, estava encostando em seus lábios e a pressionando contra ele.
Mione retirou vagarosamente a varinha de sua veste e realizando um feitiço não-verbal, mandou a Gina uma semelhante esfera de luz daquela que a amiga mandara para Harry.
A menina guardou sua varinha novamente e parou de beijar Malfoy, porém antes que ele perguntasse porque, ela posicionou uma cadeira atrás do menino e disse:
-Sente-se
-Quê? –Draco perguntou intrigado.
Ela pôs as mãos no ombro do menino, “ajudando-o” a sentar.
-É só algo especial que quero fazer. –Hermione tentou dar um sorriso sedutor e apesar de ter se preocupado, pareceu funcionar pois o menino lhe lançou um sorriso maldoso.
Ela retirou a toca, o cachecol e as luvas lançando as peças em cima da cama suja e quebrada.
-Novamente me surpreendendo.
Hermione sorriu e uma sensação enorme de poder se apossou da menina. Malfoy de certa forma estava em suas mãos agora.
Ela começou a tirar seu casaco, a manga esquerda primeiro. Antes, porém que a varinha se revelasse escondida na manga direita, ela retirou o casaco de uma vez só, sacou a varinha e gritou:
-Incarcerous!

Malfoy percebeu tarde de mais e as cordas se enrolaram nele apertando e sufocando o menino. Hermione apreciava a visão agora. Malfoy sofrendo tanto quanto ele fez com ela. A sensação era parecida. Hermione tinha uma corda em torno de si, apertando-a e a sufocando toda vez que esse garoto nojento mexia com ela, não desistindo em nenhuma hipótese.
Seu pensamento de vingança foi substituído pela voz de Gina que entrou correndo no quarto.
-Hermione, está matando ele!
E realmente estava. Seu rosto estava vermelho e sua voz não saia mais. As pontas de seus dedo estavam um pouco roxas. Ele tentava inutilmente lutar contra as cordas. Hermione nada fez a não ser sorrir.
Gina então agitou sua varinha, fazendo com que a corda parece de sufocá-lo, mas não deixando-o livre. A corda parou de mexer e ficou apenas em torno do menino, que agora tentava procurar desesperadamente por um ar que não parecia ter dentro do quarto.
Hermione agora parecia perceber o que estava a ponto de acontecer e lançou um olhar apologético em direção a Gina que deu um leve sorriso de entendimento.

-Sua sangue-ruim! –Malfoy gritou após ter recuperado o fôlego – Me solte daqui agora!
-Por que? Você vai chamar seu pai? –Gina disse sarcástica.
-A conversa não chegou no subúrbio, Weasley.

Era incrível como ele ainda era rude e desagradável, mesmo estando em desvantagem. Gina levantou a mão para lhe esbofetear e Hermione interviu:
-Não, Gina! Não vale a pena.
Sabendo que a amiga estava certa, a ruiva deu uns passos para trás como que para se impedir de agredir o menino.

Um silêncio profundo caiu no quarto. Hermione sabia o que vinha a seguir, mas ela estava assustada demais para sequer mexer seus pés.
-Então, o que? Vamos ficar aqui pra sempre? –Malfoy perguntou com um sorriso irritante no rosto.
Hermione olhou pra Gina que apenas assentiu, encorajando-a. Porém antes que Mione pudesse agir, Draco começou a falar novamente, desta vez em direção a Gina.
-Acredito que você tenha gostado da cena.
Gina apenas olhou pro menino tentando entender sobre o que ele falava e assistindo ele se divertir quando a memória se iluminou dentro de sua cabeça.
-Seu querido Potter não estava com a Vane naquela noite. Éramos só eu e Pansy.- o menino riu. – Mas agradeço pela diversão que você me proporcionou, traidora de sangue.
Hermione não conseguiu se segurar. Andou com passos fortes até Malfoy e lhe deu um tapa.
-Calado, seu idiota!
Draco a encarou de um jeito tão malvado e profundo que Hermione quase saiu correndo. Quase. Agora era vez de ela falar.



-Sabe Malfoy, eu simplesmente não entendo o porque disso tudo. Não é como se você realmente se importasse comigo ou se fosse real esse sentimento que você diz ter por mim.
O menino apenas ficou calado, olhando-a do mesmo jeito.
-Isso, porque você não parece ser capaz de sentir nada. Ainda mais amor.
-Você não sabe de nada Granger!
Hermione realmente hesitou alguns segundos pensando no que isso significava.
-Eu te disse pra ficar calado! Você já falou e fez mais do que devia.
-Então porque não me mata logo? –Draco questionou.
Hermione olhou para Gina e as duas instantaneamente começaram a rir.
-Não seja bobo, Malfoy. Não sujaríamos as nossas mãos e muito menos nossas vidas com alguém asqueroso como você. –Gina falou rispidamente.
-Porque são duas fracas!
-Isso não é sobre fraqueza. É sobre não brincar de Deus. Como você, seu pai e aqueles idiotas lunáticos faziam. –Hermione disse.
Draco rolou os olhos e riu.
-O que vamos fazer aqui é mais simples, mas de qualquer forma definitivo.
Malfoy esperou, claramente apreensivo.
-Faremos um voto perpétuo. –Hermione finalmente disse.
Draco gargalhou. Realmente gargalhou.
-Mas nunca! Eu não concordo!
-Ah, mas você vai fazer sim! Nem que seja obrigado! –Gina disse raivosamente se aproximando do menino.
-Eu adoraria ver você tentar. –Draco disse olhando para Hermione.
-Você vai fazer exatamente o que para impedir? Você está amarrado! –Gina apontou.
-Eu tenho que dizer: “eu prometo” para isso funcionar. –Draco sorriu malicioso. –Então, nada feito!

Gina hesitou percebendo um furo no plano. Mas sem querer desistir continuou:
-Ok, levaremos o tempo necessário. – A menina puxou uma cadeira e sentou-se de frente para Malfoy, que não parecia acreditar que o que foi dito seria verdade.

-De quem foi a idéia? –Malfoy perguntou após alguns minutos. –Sua Hermione? –perguntou sorrindo.
-Isso não te interessa, imbecil! –Gina interviu.
-Você tem certeza que conseguiria Granger? –Malfoy soava maldoso.
Hermione perdida em seus pensamentos, tentando achar algo que pudesse acabar logo com aquilo, perdeu a pergunta o que fez Draco rir.
-Parece que você está sozinha nessa, Weasley.
-Você está enganado! –Hermione disse.
-Ah é mesmo?! Então você estaria disposta a fazer um voto perpétuo?
-É por isso que estou aqui. – a menina disse como se fosse algo óbvio.
-Não é porque você está aqui que terá coragem de fazê-lo. –Draco apontou sentindo-se vitorioso quando a menina ficou calada.

-Pense bem Hermione. Você sabe que se fizermos um voto perpétuo, não poderemos desobedecê-lo. Senão...
-Você não precisa me ensinar nada sobre feitiços. –Hermione disse logo.
-Eu sei, eu sei. Mas veja, você e eu sabemos que não concordarei com isso, porque você e eu sabemos que você irá se arrepender. Você está agora toda apaixonada por aquele idiota traidor de sangue, mas não pode negar o que sente quando me beija. Duvido que Weasley traga o mesmo efeito pra você.
-Isso não é dá su...
-Só se imagine daqui a um tempo. Quando você estiver cansada desse banho-maria e quiser esquentar as coisas... Você não poderá! Simplesmente porque Ronald Weasley não capaz de fazer isso melhor do que eu... Isso se ele sequer for capaz de fazê-lo. E aí virá o arrependimento. Fazendo o que você acha que quer, você não poderá me procurar por mais que queria. E sabemos que você quer. Você quer a mim e não ele, sangue-ruim. Eu sou melhor! –Draco terminou sombriamente.

Hermione absorveu as palavras do louro. Ela realmente pensou sobre o futuro. Tentou se imaginar enjoada de Rony e arrependida de ter prosseguido com isso tudo com Malfoy. Mas ela não conseguiu. Ela sabe que o amor cega e todo esse blá, blá, blá que as pessoas sempre falam. Mas isso era de certa forma mais do que o amor que ela sentia por Rony. Sim! Ela ama Ronald Weasley! Porém isso também se trata de seus amigos e de seu mundo. As palavras que o menino acabara de dizer, a memória de como tudo costumava ser, Rony, tudo isso atingiu Hermione de uma só vez, e ela soube que Draco Malfoy estava errado.
Mirando para a cadeira onde o menino estava sentado, Hermione gritou:
-Reducto!
A cadeira virou nada mais que poeira, fazendo o menino bater contra o chão.
-Acho melhor você fazer essa droga de voto, porque da próxima vez eu não vou errar!

Draco a olhou e Hermione podia dizer que ele estava com medo, o que não era difícil já que ele era um covarde. Mas Hermione soube que havia algo mais quando olhou Gina. Ela a encarava boquiaberta e de olhos um pouco arregalados. Mione percebeu que todos seus músculos estavam tensos e mesmo não sabendo como, ela estava a poucos centímetros de Malfoy, sua varinha apontada diretamente pra ele.
Gina sorriu para a amiga o que fez ela relaxar.

Tudo depois passou rápido. Hermione levou sua mão em direção à Draco e ele não a pegou. Então Hermione segurou fortemente a mão dele, se dirigiu a Gina e disse:
-Faça!
Gotas de suor percorriam o rosto de Malfoy que parecia tão determinado a fazer o voto como antes, mas na sua cara tinha medo suficiente estampado pra discordar de qualquer coisa que Hermione falasse.



Gina apontou sua varinha para as mãos dos dois e deu uma olhada para Hermione como se perguntasse novamente se ela tinha certeza do que estava fazendo. A menina assentiu com a mais pura certeza e Gina começou a dizer as palavras:
-Você, Draco Malfoy, promete não chegar mais perto de Hermione Granger, beijá-la ou forçá-la a fazer qualquer coisa que ela não queira?
Draco nada disse e Hermione apontou sua varinha no rosto de Draco. Toda a paciência que ainda lhe restava foram embora e só o fato de que ele tinha que prometer a impedia de deixá-lo inconsciente.
-Chega de mexer com a minha vida. –Hermione disse forte e raivosamente. Mais uma vez Draco nada falou. Eles apenas se encararam alguns minutos e quando Hermione pensou em desistir porque Malfoy não iria fazer isso, ela ouviu o menino dizer:
-Eu prometo.
A fina língua de fogo apareceu envolvendo as duas mãos e tanto Gina quanto Hermione ficaram tão supressas com a desistência dele, olhando o arame em brasa sumir selando a promessa, que perderam Malfoy formar as palavras “Eu te amo” em seus lábios sem fazer qualquer som.
-Você promete não atacar ou fazer qualquer coisa contra a qualquer uma de nós duas, amigos, familiares, qualquer pessoas que se Hermione se importe como vingança disso?
Após poucos segundos, o menino prometeu.



Algumas horas mais tarde, as meninas estavam de volta no castelo. O encontro não durara muito mais e assim que Gina soltou as cordas de Malfoy, ele se levantou olhou alguns segundos para Hermione e saiu.
As meninas conversaram mais um pouco e percebendo que já era tarde se encaminharam ao dormitório.
-Amanhã será um dia melhor – Gina disse mais pra si mesmo e Hermione apenas sorriu. –Você sabe que ainda não acabou certo?
Hermione arregalou os olhos e disse:
-Porque?
-Meu irmão...
-Gina, eu lhe disse que pensaria a respeito.
-Hermione, pelo amor de Merlin! Isso é medo de admitir que você o ama? Ou você acha que eu acredito que você fez isso tudo, chegou até aqui só por você?
Hermione calou-se.
-Você poderia ter apenas se conformado e deixado as coisas como estavam. Mas você resolveu lutar. Eu vi sua força e coragem quando você começou a gritar com ele... Draga Hermione, você venceu Draco Malfoy! Como pode não vencer seu próprio orgulho?
Elas se encararam. Hermione sentiu seu rosto esquentar.
-Eu...
-Ah, esqueça! Não quero mais perder meu tempo com isso. –Gina concluiu antes que a amiga pudesse falar.
Hermione assistiu Ginny ir pra sua cama, apagar o abajur logo ao seu lado, lhe desejar boa noite de uma forma meio grossa e dormir.
A menina fez o mesmo, tirando a parte de dormir.
Ela se sentia estranha. Estava muito feliz que toda a história com Malfoy estava acabada, mas não podia deixar de relembrar as cenas do que acontecera.
Depois que Gina soltou as cordas do menino, ele se levantou do chão, sem nunca deixar o olhar de Mione. Eles expressaram a princípio algo que ela não conseguia dizer 100% de certeza o que era... Seria culpa da humilhação que acabara de passar ou então... dor? Não do tipo física, mas sentimental.
Hermione pensou, mas concluiu que realmente não queria a resposta.

Ainda sim, enquanto ele se afastava ainda sem deixar seus olhos, um pensamento engraçado e incomodo lhe veio a mente.
Draco Malfoy não lhe perturbaria mais, ele não podia mais encostar nela, nem em seus amigos. Tudo, infelizmente, havia ido longe demais e Hermione se sentiu estúpida por ter se deixado levar pelo momento. E mesmo agora, protegida dos toques do louro e enojada por todos os previamente recebidos, mesmo estando mais do que nunca afastada dele, ela percebeu que eles estavam juntos, presos um ao outro pra sempre... ainda que pelo voto perpétuo.

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