O Funeral de Hagrid



Iruvienne se sentia bem. Extremamente bem. Como não se sentia há muito tempo. Sabia que onde estava. Sentia a almofada fofa debaixo de sua cabeça, uns cobertores bem quentinhos e aconchegantes encima de seu corpo e, o melhor de tudo, uma mão forte e quente segurando a sua. Virou a cabeça para o lado e abriu os olhos, lentamente. A sua visão estava desfocada e, por isso, precisou de pestanejar algumas vezes para conseguir perceber as formas como era costume. A primeira coisa que viu foi o ambiente branco da Ala Hospitalar de Hogwarts e, depois, um moreno com um grande sorriso estampado no rosto.

- Bom-dia! – disse Harry, ainda sorrindo.

- Bom-dia! – respondeu Iruvienne, feliz por estar em casa.

Harry se inclinou sobre ele e lhe deu um beijo nos lábios, daqueles de cinema, de cortar a respiração.

- Tive saudades suas – disse Iruvienne, quando se separaram.

- Hum-hum…

Os dois olharam em frente e viram um Rony e uma Hermione com sorrisos de orelha a orelha. Hermione tinha os olhos molhados pelas lágrimas.

- Senhor Potter, acho que tenho o direito de cumprimentar minha irmã. – disse Rony, com ar de barão arrogante.

- Desculpe, majestade! – disse Harry, levantando os braços como quem se rende.

Todos começaram a rir. Era muito bom poder descontrair de novo, sentir-se em casa. Iruvienne não queria outro ambiente para viver. Nenhum outro.

- Há quanto tempo estou aqui? – perguntou ela.
- Uma semana. Madame Pomfrey disse que Voldemort te lançou um feitiço que arrancou todas suas energias de você. E depois o Sectumsempra, as outras feridas, o cansaço e a desnutrição resultaram num belo pacote de enfermidade que fizeram você dormir por uma semana. – disse Hermione. – Madame Pomfrey disse que parece que alguém fez picadinho de você.

Riram-se de novo. Embora sabendo que o assunto era sério, aquela frase vinda de Madame Pomfrey tinha piada.

- Mas o que é isso? Arraial na minha enfermaria? – gritou madama Pomfrey, aparecendo a correr.

- Eu acho que ele só chegou agora com ela, mas pronto… - murmurou Iruvienne.

- Muito bem, menina. Agora tome isso – lhe entregou uma poção – e isso – outro frasco – e mais esses – mais quatro frascos. Vamos, rápido!

- Mais nada? – perguntou Iruvienne, sarcástica. Como madame Pomfrey fez cara feia, ela começou a tomar. Uma das poções era verde e sabia muito mal. Parecia que estava bebendo ranho. Outra era azul celeste e sabia a chiclete. E havia uma laranja que era picante. Uma preta sabia a alcatrão e uma roxa era muito doce. Finalmente, havia uma amarela muito azeda.

- Linda menina. – disse Harry. Iruvienne sorriu, fazendo cara de garotinha.

- Agora vocês dois – disse madame Pomfrey para Harry e Rony. – virem as costas, por favor.

-Por quê? – resmungou Rony.

- A menos que queira observar sua irmã praticamente nua, coberta de sangue e maleitas, acho bem que vire as costas senhor Weasley – replicou a enfermeira-chefe, ríspida.

Harry e Rony viraram enquanto Iruvienne puxava as cobertas para cima. Estava apenas vestida com roupa interior. Saiu da cama e pousou os pés no chão. Quando tentou se levantar, descobriu que não tinha forças nas pernas e se desequilibrou. Por sorte, Hermione estava lá e a segurou.

- Vista isso – disse e enfermeira, lhe estendendo uma peça de roupa branca parecida com um robe mas sem mangas. – Miss Granger, se não se importar ajudará sua amiga a tomar um banho, sim? Ela está demasiado fraca para o conseguir fazer sozinha. Não come há um mês e sofreu muitos feitiços.

- Claro, senhora.

- Vocês dois podem virar. – Harry e Rony viraram e contiveram uma exclamação de horror. Iruvienne tinha os pés completamente cheios de cortes e pisaduras e, pelo que viam, as pernas não deviam estar melhor. A marca prateada em seu braço estava imaculada, algo estranho, mas seu outro braço estava inchado e magoado pelo veneno da cobra. – Bem, parece que teremos que fazer algo com esse braço. Está pior do que eu pensava. Bem, andor. E vocês dois me ajudem a mudar as roupas da cama.

Iruvienne, apoiada em Hermione, andou para a porta da casa-de-banho da enfermaria. Quando entraram, ambas suspiraram. Tinham uma longa tarefa pela frente. Iruvienne tirou a espécie de roupão que a cobria, enquanto Hermione a amparava. Depois, ela sentou na borda da banheira, enquanto Hermione punha a água a correr.

- Hermione, onde estão os cortes do Sectumsempra? – perguntou Iruvienne.

- Madame Pomfrey os curou muito rapidamente. Eram mesmo muito feios. venha, já pode entrar. Provavelmente vai doer um bocado por causa do sabão.

Iruvienne entrou e começou a esfregar seu corpo com cuidado por causa das feridas. Hermione lhe lavava o cabelo.

- Sabe que o Harry esteve um caco esse mês. – dizia Hermione. – Suspirava o tempo todo e não prestava atenção em nada. Levou muitos dias a deixar de chorar o tempo todo. Sabe, ele tentou te salvar mas não chegou a tempo. Eu acho que nunca o vi assim.

- O Harry é uma pessoa maravilhosa. E você e Rony? Quando é que se acertam? – perguntou Iruvienne.

- Que gracinha. Você sabe que não há nada entre nós.

- Hum. Sei. – disse Iruvienne.

Hermione iniciou uma batalha com a água. As duas amigas riam como não faziam há muito tempo.

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Quando as duas jovens saíram do banheiro, já secas e restabelecidas, Iruvienne ainda não conseguia andar sozinha. Madame Pomfrey dissera para ela se meter na cama quando se cruzara com ela ao saírem e, quando Iruvienne lhe perguntou quando conseguiria andar, ela lhe disse para dar um tempo. Ao pé de sua cama, estava um grande tabuleiro com comida. E, ao lado do tabuleiro, estavam os dois rapazes e Dumbledore. Harry ajudou ela a sentar-se e lhe pôs almofadas atrás das costas para ela ficar confortável. Dumbledore se sentou aos pés da sua cama e, depois de ela começar a comer a deliciosa comida que lhe tinham preparado, disse:

- Bem, Iruvienne, penso que pode nos contar o que aconteceu. – os olhos de Iruvienne escureceram quando ele disse aquilo.

- Muito bem. Quando eu fui para a cabana do Hagrid… - Iruvienne contou tudo, Nagini e Greyback, a sua cela, o Sectumsempra e Lord Voldemort. A cada palavra, os olhos de Dumbledore entresteciam, Harry ficava horrorizado, escandalizado e se culpava a si mesmo por não a ter ajudado, Rony se enchia de raiva por terem feito tudo aquilo à sua irmã e Hermione deixava as lágrimas correr livremente.

- Não acredito que tenha passado por tudo isso. – disse Harry, quando ela terminou. – Prometo que vou ter muito mais cuidado com você. E não discuta, mocinha. Agora, me diga. Se era Nagini transfigurada quem estava na cabana do Hagrid, então onde está ele? Você sabe?

Aquela foi a primeira vez que Iruvienne baixou suas defesas e chorou. Foi a primeira vez que sua fortaleza de impassibilidade pelo que acontecera se destruiu. Ela deixou-se cair nos braços de Harry e chorou. Chorou pelo amigo perdido e por ser a portadora de tão más notícias. Chorou até não conseguir chorar mais.

- Voldemort… ele disse que… que todos os que se opuserem à sua luta serão mortos quando eu lhe disse que muitas pessoas morreriam sem razão. Então ele disse isso e disse… disse… que o Hagrid era um exemplo dessas pessoas… e que quando eu voltasse deveria procurar ele enterrado no campo das… das abóboras.

Harry, Rony e Dumbledore começaram a correr. Harry nunca vira Dumbledore assim, mas compreendia sua reacção. Hagrid era tão bom… Ele mostrara a Harry as suas origens e o seu verdadeiro eu. Ele lhe mostrara quem ele era. Ele tinha sido um bom amigo que, apesar de errar muitas vezes, se mostrou sempre leal e de bom coração. Ele sabia que, se Voldemort não tivesse mentido, ele de certeza se recusara a se entregar, defendera Iruvienne até ao fim. Mas Hagrid não podia estar morto. Não podia!

Quando chegaram, Dumbledore pegou em sua varinha e disse palavras que nenhum dos dois jovens reconheceu. A terra do campo das abóboras se ergueu no ar, como se tivesse havido uma explosão do lado de baixo. E lá estava ele.

Hagrid tinha uma expressão serena em seu rosto barbudo. Estava sujo de terra mas continuava a parecer dormir. Os três estacaram de vez e Harry começou a chorar, assim como Rony. Uma única lágrima escorreu do nariz aparentemente um dia partido de Dumbledore. Não havia margem para enganos. Hagrid estava morto.

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Dois dias depois, Iruvienne estava vestida com seus mantos de Hogwarts. Ainda não conseguia andar sozinha e, por isso, atravessou os corredores de Hogwarts até aos campos apoiada em Harry. O castelo todo parecia mais silencioso com o luto. Quando ele voltara da cabana de Hagrid, seus olhos diziam tudo. Os dois se agarraram como se não tivessem mais nada no mundo e choraram. Choraram até não terem mais lágrimas para derramar.

Perto do lago, estava uma zona cheia de cadeiras douradas de pernas finas. Mais à frente, um grande caixão, enorme mesmo, guardava o corpo de Hagrid para a despedida final. As pessoas começaram a aparecer. Quanto todos estavam instalados, Dumbledore discursou. Falou de Hagrid e de quem ele fora. Do respeito que lhe era devido. Os centauros apareceram e mostraram o seu respeito pelo gigante. Até os seres subaquáticos subiram à superfície para investigar. Com uma labareda saída da terra, o caixão de Hagrid foi engolido. Ali, nasceu uma lápida branca com inscrições douradas. Quando Iruvienne se aproximou junto com Harry, viram que a inscrição dizia “Aqui jaz Rubeus Hagrid, uma parte de Hogwarts”. Havia também uma fotografia embutida que mostrava Hagrid a acenar no meio de quatro pessoas. Iruvienne e Harry de mãos dadas de um lado e Rony e Hermione do outro. Essa foto fora tirada por Colin Crevey no início do ano escolar.

- Adeus Hagrid – disse Harry.

- E obrigada. – finalizou Iruvienne.

Nesse dia, nem sequer os gémeos Weasley pregaram uma peça.

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- Iruvienne – disse Rony, dois dias depois. – Você sabe que eu não contei pra mamãe o que aconteceu.

- Não contou? E o Dumbledore? Ele também não contou? – perguntou ela, incrédula.

- Não. A Mione falsificou sua letra para responder às cartas que ela te enviava. Mas acho que agora temos que…

- RONALD WEASLEY!

- Ma… mamãe? – balbuciou Rony, encolhido perante a fúria de sua mãe, que entrara de rompante na enfermaria.

- COMO VOCÊ PODE ESCONDER DE MIM E DE SEU PAI QUE IRUVIENNE FOI RAPTADA? COMO VOCÊ FOI CAPAZ? – gritava ela. Atrás de Molly apareceram Dumbledore e os gémeos. – E VOCÊS DOIS? NÃO SE PREOCUPARAM MINIMAMENTE COM SUA IRMÃ PARA ME CONTAR? NEM MESMO VOCÊ, ALBUS, ME DISSE ALGUMA COISA! SÓ AGORA QUE ELA JÁ VOLTOU! E ELA JÁ VOLTOU HÁ SEMANAS…

-Calma, Molly. – interrompeu Dumbledore. – Como não sabíamos o destino de Iruvienne, achámos por bem não te contar. Não queríamos que ficasse preocupada.

- PREOCUPADA? MEU BEBÉ POR AÍ A SOFRER E NÃO QUERIAM QUE EU FICASSE PREOCUPADA?

- Lembre-se, Molly, que quando as pessoas cometem acções erradas, nunca se apercebem de que elas não são as correctas. Para as pessoas, elas sempre parecem as correctas.

- Está bem. Mas agora me deixa vê-la!

Hermione afastou a cortina que cobria a cama de Iruvienne e onde estavam ela e Harry rindo e de mãos dadas.

- IRUVIENNE! – gritou Molly Weasley, correndo para a filha adoptiva. – Querida! Você está bem?

Envolveu Iruvienne num abraço tão apertado que ela quase sufocou.

- Estaria melhor se não me apertasse tanto… - conseguiu ela dizer.


- Que fizeram eles com você? Você está bem? Está machucada?

- Mamãe, não faça perguntas, tá bom? – dise Rony.

- Se vier comigo Molly, eu lhe contarei algumas coisas. – interveio Dumbledore.

- Eu já volto Iruvienne querida.

Molly Weasley seguiu Dumbledore. Assim que os dois saíram, os cinco caíram na risota.

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Desculpem o capítulo sem acontecer uma coisa em grande e a demora, mas eu tenho seis trabalhos para entregar no mesmo dia e tou mesmo sem tempo e inspiração. O próximo será melhor.
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