Trîângulo familiar
Iruvienne acordou e lembrou das revelações da noite anterior. Duas lágrimas silenciosas deslizaram por seu rosto. Notou Molly Weasley a observá-la. Ela sorriu e disse para a mãe ir dormir. Molly a beijou e abraçou e saiu, cambaleando com o sono.
Vendo-se sozinha, Iruvienne sorriu com a ironia. Estava presa de novo dentro daquela casa. Por uns momentos na noite anterior julgara que esse ano teria liberdade. Tia Muriel nunca a deixava sair. Ontem a noite deixara e ela sentira-se feliz. Mas depois vieram aquelas notícias.
Vestiu-se (um vestido azul, claro), fez sua higiene pessoal e dirigiu-se a janela. Abriu-a e respirou o ar matinal, cheio com os odores das flores que tia Muriel insistia em ter no jardim. Teve uma enorme vontade de cantar. Sentia-a todos os anos e todos os anos cantava a mesma canção, dirigindo-se as aves que via presas em gaiolas. Já tentara soltá-las em criança mas nunca fora muito bem sucedida. A canção era essa:
Green finch, and linnet bird, Tentilhão e pintarroxo,
Nightingale, blackbird, Rouxinol, melro,
How is it you sing? Como é que vocês cantam?
How can you jubilate Como conseguem jubilar
sitting in cages Sentados em jaulas
never taking wing? Nunca voando?
Outside the sky waits Lá fora o céu espera
beckoning! Chamando!
Beckoning! Chamando!
Just beyond the bars... Mesmo atrás das barras…
How can you remain Como é que podem lembrar
staring at the rain Olhando a chuva
maddened by the stars? Enlouquecidos pela estrelas?
How is it you sing Como é que vocês cantam
anything? Alguma coisa?
How is it you sing? Como é que cantam?
Green finch. and linnet bird, Tentilhão e pintarroxo,
nightingale, blackbird Rouxinol, melro
How is it you sing? Como é que cantam?
My cage has many rooms Minha jaula tem muitos quartos
damask and dark... damasco e escuro…
Nothing there sings, Nada neles canta,
not even my lark. Nem mesmo a cotovia.
Larks never will, you know, Cotovias nunca cantarão, vocês sabem,
when they're captive. Quando estão em cativeiro
Teach me to be more Ensinem-me a ser mais
adaptive. Adaptável.
Ah... Ah…
Green Finch, and Linnet Bird, Tentilhão e pintarroxo,
nightingale, blackbird, Rouxinol, melro,
teach me how to sing. Ensinem-me a cantar.
If I cannot fly... Se não posso voar…
Let me sing. Deixem-me cantar.
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Assim que descortinou os primeiros raios de Sol através das cortinas do quarto, Harry levantou-se, vestiu-se e fez toda a rotina matinal. Foi a cozinha, que conseguiu descobrir devido a seu estômago vazio, e pegou uma maçã. Como não conhecia a casa e não estava ninguém acordado, dirigiu-se ao jardim. Passeou por várias horas até que, cansado de andar, trepou a uma velha árvore onde estavam penduradas gaiolas com pássaros. Sentou-se no meio da folhagem de modo a não ser visto. Já podem imaginar o que aconteceu. De repente, uma janela se abriu e ele viu Iruvienne sorrindo. Ela começou a cantar fixando as gaiolas e ele ficou ali, sem reacção. Quando ela acabou e fechou a janela, Harry ficou pensando. Como alguém podia ser tão dotado?
Quando desceu da árvore atravessou os jardins em direcção a casa. Dirigiu-se a cozinha, pois tinha um pressentimento de que iria encontrá-la lá. E estava correcto. Iruvienne estava parada, com as mãos em volta de uma chávena de chá, olhando a parede imaculadamente branca a sua frente. Parecia muito triste.
- Iruvienne – chamou.
Ela se virou lentamente para ele e sentiu o já familiar ardor na marca em seu braço.
- Bom dia. Dormiu bem? – perguntou.
- Não muito. E você?
- Como quem tomou uma poção de sono! – disse, na brincadeira.
Harry sorriu.
- Posso me sentar?
- Claro! Já comeu algo? – questionou Iruvienne.
- Uma maçã.
- Mas isso é lá pequeno-almoço que se apresente! Deixe que eu trato disso. – disse ela, levantando.
- Parece que aprendeu com sua mãe. – disse ele.
Iruvienne riu com gosto. Pegou uma frigideira e uma taça de um armário e salsichas, bacon e ovos de outro. Começou a preparar tudo (da maneira Trouxa, claro, lembrem que Iruvienne não tinha varinha) e Harry perguntou:
- Porque está vestindo esse vestido?
- Ah, isso é porque Tia Muriel só me deixa usar desses em sua casa. Só vestidos azuis. – disse ela.
Harry riu.
- Olhe Iruvienne, eu ouvi você cantando hoje de manhã.
- O quê? Oh, não! Não devia ter ouvido. – disse ela.
- Eu gostei. Você canta memo bem! Mas porque falava assim tanto de estar presa?
- Porque tia Muriel não me deixa sair a rua. Ontem deixou mas acho que foi por você vir aqui.
- Ah.
Iruvienne fez um som, como quem ia dizer alguma coisa, mas não disse. Passado um pouco, ela suspirou e perguntou:
- Como é usar magia?
- Você nunca usou? – perguntou Harry, surpreendido.
- Só a magia involuntária que fazem as crianças. Sem varinha os poderes não desenvolvem muito bem. – ela disse, em tom amargurado.
- É realmente legal usar magia. Você só precisa agitar a varinha e dizer as palavras certas para fazer de tudo. Mas também é difícil. Mas você irá saber. Vai para Hogwarts esse ano, lembra?
Iruvienne quase deixou cair a travessa onde levava o pequeno-almoço. Quando soube que era filha de Voldemort, deixara de ouvir o resto! Finalmente ela ia para Hogwarts!
- Oh, finalmente eu vou! Eu vou usar magia!
Pousou a travessa na mesa e girou sobre si mesma, com um ar de profunda felicidade. Mas lembrou de algo que retirou o sorriso a seu rosto. Sentou numa cadeira e olhou para suas mãos, que juntara no colo.
- Eu vou ter que começar do início! Do primeiro ano! Eu tenho quase 15 anos! – disse.
- Ora, tenho certeza que Dumbledore arranjará uma maneira de fazer com que você não vá para o primeiro ano. – tranquilizou Harry.
- Acho bem que sim! – disse ela em tom de desafio. – Mas agora vamos comer que fica frio.
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Mais tarde, quando estavam todos reunidos na sala de Muriel:
- Muito bem, Iruvienne, como se deve lembrar você irá para Hogwarts esse ano. – começou Dumbledore.
- Sabe, senhor, eu não liguei muito para essa parte, nem sequer ouvi, eu a modos que apaguei quando ouvi que era filha de Voldemort. – confessou ela, um pouco corada.
- Não faz mal. Agora já sabe. Esse ano irá para Hogwarts. Como perdeu quatro anos, pensei que fosse boa ideia o Harry, o Rony e a Mione te ensinarem o que foi leccionado no resto das férias. Posso contar com vocês?
- Claro, senhor. – disseram em uníssono.
- Então, Mione, creio que é melhor a senhorita fazer um plano das aulas e mo mostrar.
- Claro, senhor.
- Mais uma coisa. O Harry será o professor de Feitiços, Transfiguração e Defesa Contra as Artes das Trevas.
- Sim, senhor.
- Mas, professor, eu não tenho varinha. – lembrou Iruvienne.
- Bem, então é bom que levante. Você e o Harry vêem comigo ao Beco Diagonal.
- Porquê ela e o Harry e nós não? – perguntou Rony.
- Saberão em seu devido tempo. Vamos? – disse Dumbledore.
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Compraram todo o material necessário e dirigiram-se à pequena loja de Ollivander, o fabricante de varinhas.
Não repararam num homem com barba por fazer e roupas sujas e maltratadas que os seguia com os olhos todo o seu caminho.
- Bom dia. – cumprimentaram.
- Bom dia. – cumprimentou Ollivander. – Em que os posso ajudar?
- Viemos comprar uma varinha para Iruvienne. Por razões que o senhor deve conhecer, ela só ingressa esse ano em Hogwarts. – esclareceu Dumbledore.
- Então essa é Iruvienne. Muito bem. Creio ter a coisa certa. Esperem um pouco. – desapareceu na traseiras da loja e voltou com uma caixa de madeira com retalhos dourados. – Experimente essa.
Iruvienne pegou na varinha e desceu então uma luz vinda do céu que a iluminou. Sentiu um formigueiro e um calor agradáveis em sua mão e uma calma estranha. Tudo desapareceu. Harry olhava para ela, lembrando de quando pegou em sua varinha pela primeira vez. Parecia estranhamente com a de Iruvienne.
- Muito bem! Muito bem! É essa a varinha! – disse Ollivander. – Completa o triângulo familiar, como na profecia, Alvo. 28 centímetros, azevinho e pena de Fénix, flexível e gentil.
- Espere! É igual a minha! – disse Harry.
- Deixem-me explicar. Iruvienne, essa varinha é igual a de Harry. Azevinho e pena de Fénix, da Fawkes, minha Fénix, mais propriamente. A de Voldemort tem uma madeira e um tamanho diferentes, mas o núcleo é o mesmo. Isso vos ajudará aos dois em certas coisas que perceberão mais tarde. Chamamos a isso o triângulo familiar. Você, Iruvienne, Harry e Voldemort.
- Mas você disse que só tinham sido retiradas duas penas a Fawkes. – disse Harry.
- Ah! Mas você não poderia saber. Nem tínhamos certeza que a varinha escolheria Iruvienne.
- Mas, senhor, Iruvienne e Voldemort são, infelizmente, da mesma família, mas eu não. – disse Harry.
- Tem certeza, Harry? Procure bem em seu coração. – disse Dumbledore, ao que Harry corou. – Muito obrigado, Ollivander. Vamos, temos muito que fazer.
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A música é Green Finch and Linnet Bird, the Steven Sondheim (Sweeney Todd: O Terrível Barbeiro de Fleet Street).
A referência às penas de Fawkes vem em Harry Potter e o Cálice de Fogo, para explicar o Priori Encantatem.
Obrigado por seu comentário Marcio.
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