Lembranças Forçadas
- Como é, Paul? – Adrian olhava para o irmão incrédulo.
- Eu não sei como ele faz isso! Eu não consigo ler a mente dele e...
Paul nunca antes tivera aquela sensação de derrota. Estava acostumado a ser aquele cujos poderes sempre impressionavam, mas... Um simples internado da ala de psiquiatria estava bloqueando seus pensamentos e sua legilimência. Como ele fazia aquilo, Paul não sabia. Só sabia que Jeremy continuava cantando, o encarando com olhar cínico, e ele ficou com o olhar perdido no olhar do irmão caçula. Adrian estava atônito, não entedia nada daquela situação. Dos quatro irmãos Wright, Paul era aquele mais poderoso, no julgamento dos demais. Era dotado com um poder excepcional de ler os pensamentos mais profundos das pessoas e também conseguia manipular tais pensamentos quando queria. Mas de alguma forma, Jeremy parecia conseguir fazer o mesmo e isso era uma grande novidade. Por alguns momentos, Paul parecia não saber o que fazer. Ficou estático, olhando dentro dos olhos acinzentados de Jeremy. O rapaz parou de cantar, mas por pouco tempo. Logo, mudou de música.
- Brilha, brilha estrelinha... Quero ver você brilhar...
E Paul fechou os olhos, fazendo força para não pensar. Jeremy estava a um passo de ler os seus pensamentos. Mas não foi o que aconteceu.
- Faz de conta que é só minha... Só pra ti irei cantar... Brilha, brilha estrelinha... Brilha, brilha lá no céu...
Jeremy não queria ler pensamento algum. Ao contrário, queria fazer o irmão lembrar-se de seu passado. E como um flash, Paul se via agora, onze anos mais novo...
Estava num hospital, de frente para um berçário, onde bebês rosados repousavam após abandonarem o ventre materno. Algumas pessoas se espremiam ali, admirando os bebês, murmurando gracinhas, encantados pelos graciosos. Mas ele não. Olhava atentamente para dois bebês idênticos. De repente, sentiu uma mão em seu ombro. Virou-se. Era Adrian. Acenou com a cabeça para que o irmão o acompanhasse para longe daquelas pessoas.
- Como está Pâmela? – Perguntou por educação.
- Esta bem, acabou de ver as meninas... – Adrian estava pálido e trêmulo - Paul, eu tenho que te contar uma coisa.
- Diga?
- Eu vi... Uma das meninas... Ela... Ela...
- Ela o quê, Adrian?
No mesmo momento, casal chegou ao local, um homem elegante e charmoso, acompanhado de uma bela mulher morena, que carregava um bebê recém-nascido, embrulhado em mantas, protegida do frio que fazia. Adrian pareceu mais pálido ao observar a chegada do casal.
- Então? Já nasceram? – Pietra sorria para os irmãos – Jullie veio visitar as priminhas, não é, queridinha? – E passou gentilmente o dedo pelo pequeno nariz da filha.
- Já sim...
- Parabéns, Adrian... – Thomas sorriu – Ser pai é um orgulho, não acha?
- Acho sim...
- Algum problema? – A mulher percebeu que o irmão não estava bem.
- Só estou exausto...
- Não é melhor ir para casa? Posso ficar um pouco aqui – Paul comentou.
- Não... Não... Eu prefiro ficar...
- E quais os nomes das princesinhas, heim? – Pietra perguntou com um sorriso.
- Eu escolhi Hillary, Pâmela escolheu Jessica. Ainda bem que são duas, não precisamos brigar... – Adrian tentou sorrir.
- Jessica e Hillary! Que lindos! Jessie e Hill... Jullie e eu queremos conhecê-las! Com licença...
Pietra deixou os três ali, se dirigindo ao berçário, com Jullie nos braços. Adrian fitou Paul atentamente, como se perguntasse ao irmão se deveria continuar falando na presença de Thomas.
- Pietra está encantada em ser mãe... – Thomas comentou – Ainda mais de uma criança tão especial como a nossa...
- Acredita mesmo na profecia, Tom? – Paul lançou a ele um olhar enigmático.
- E por que não acreditaria? Você não acredita?
- Claro que sim... Jullie é especial.
- Essa profecia... – Adrian tremia a voz – Ela fala de...
- “A era das trevas insiste em voltar, mas a luz também insiste em brilhar. Inocentes serão imolados e sacrificados, mas aquela que traz a estrela brilhará. Aquela que traz a estrela salvará o mundo das trevas. A estrela nascerá entre as trevas, para dissipar a escuridão. Para salvar o mundo, deixe a estrela brilhar.” – Thomas repetiu a profecia em voz baixa, a sabia de cor.
Adrian engasgou.
- Essa... Estrela...
- Que tem? – Thomas o mirou, confuso.
- Eu acho que... – Adrian começou, mas resolveu mudar de argumento – Escutem... A estrela nascerá entre as trevas...
- E? – Thomas estava ficando impaciente.
- Uma das minhas filhas... Ela tem uma marca de nascença...
- Marca? Que marca? Adrian, por favor seja...
- Uma estrela. Ela tem a marca de uma estrela nas costas... – Paul completou, olhando nos olhos de Adrian.
- Exato. – Adrian parecia inconsolado.
- Então, caro Adrian... – Thomas balançou a cabeça, como se estivesse decepcionado – Sabe o que isso significa, não?
- Imagino...
- Vamos tirar isso a limpo, e agradeça por serem duas. Assim, não ficará tão dolorido quando dermos um jeito na “estrelinha”...
- Pára com isso, Jeremy! – Paul deu um grito, levando as mãos ao rosto, como se tentasse se proteger dos pensamentos.
- Que houve!? – Adrian olhava de Jeremy para Paul, sem entender nada.
- Adrian, escuta... – Paul virou-se para o irmão – Precisamos tirar Jeremy do nosso caminho, ele é perigoso...
Luna abafou um gemido por trás das paredes. Jeremy estivera certo quando a disse que só estava ali por uma questão de sobrevivência. Se os irmãos conseguissem tirá-lo dali, ele seria um homem morto. Começou a fazer uma prece baixinha para que não conseguissem tirá-lo dali. Contudo, Jeremy dava uma gargalhada escandalosa no canto onde estava sentado, fazendo os irmãos olharem para ele.
- Vocês estão com medo de mim? – Jeremy ironizou – Que feio! Com medo de um louco e de uma garotinha de onze anos! Medo da Claire... Ou seria Hillary?
- Então... – Adrian deixou o queixo cair. – Thomas estava certo! Foi você!
- Você é desprezível, Adrian... Que tipo de pai abandona uma filha assim...
Agora, era Adrian quem se perdia no olhar de Jeremy, voltando ao tempo...
Estava andando apressado, carregava uma criança no colo. Parou na porta do Orfanato Nossa Senhora da Luz. Olhou para a pequena menina loira, que dormia feito um anjinho. Lembrou-se do choro de Pâmela, ao vê-lo saindo com a filha. A mulher gritava desesperadamente para não tirarem sua filha. Se não fosse Paul modificar seus pensamentos, ela estragaria todo o plano. Agora, ela estava feliz, amamentando a única filha que tivera, Jessica. Era o único jeito, fazê-la acreditar que somente dera a luz a uma única criança. Thomas, Paul, Pietra e ele estavam pactuados a nunca falar sobre a existência de Hillary. Dariam sumiço na garota e acompanhariam de perto sua vida como trouxa, garantindo que nada saísse errado. Era isso ou matá-la, coisa que Adrian sequer cogitou. Nunca ouviriam falar dela novamente. Estava a ponto de bater na porta antiga do Orfanato, quando ouviu um choro de mulher. Se escondeu para observar um casal que estava sentado num banco ali perto.
- Calma, querida... Deus nos irá abençoar com outro filho.
- Não! Não admito! Minha filhinha...
- Ela ia sofrer muito, Mia, Deus sabe o que faz.
- Mas ela não teve nem chances de viver! Túlio, eu quero minha filha!
- Mia...
Um choro de criança cortou a noite. Adrian olhou para a menina em seu colo, acabara de acordar e abrira um berreiro, talvez com fome. O casal percebeu, procurando de onde vinha tal choro. Adrian não pensou duas vezes: abandou a criança ali e se escondeu para observar.
- Está ouvindo? – Amélia virou-se para o marido.
- Estou... Mas...?
A mulher se levantou, seguindo aquele choro. Parecia ser guiada por um instinto materno. Há um mês, dera a luz a uma criança prematura, que até então estava internada sob cuidados médicos. Embora tivessem feito de tudo que estava ao alcance da medicina moderna para salvá-la, não foi possível, e tinha acabado de receber a informação de que sua pequena Claire falecera. Avistou um monte de panos, que se mexia. Correu até ele, abrindo cuidadosamente, para enxergar as mãozinhas brancas que cobriam o rostinho da pequena menina.
- Túlio! Túlio! – Ela gritou pelo marido, pegando o bebê nos braços – Olhe!
- Meu Deus... – O marido correu até ela, vendo a pequena.
- É um milagre! Deus devolveu minha filha!
Adrian observava a cena. Teve uma súbita idéia. Aquele casal pensaria que a pequena era sua filha. Para isso, precisaria dos dons do irmão mais velho, que não seria problema algum. Logo, dentro de alguns dias, Amélia e Túlio Cavendish freqüentavam as rodinhas de pais do bairro com sua primogênita, Claire.
- Viu, Adrian? – Jeremy sorria – Como você foi covarde! Abandonou sua própria filha... Você não tem coração?
- Cala a boca! Você estragou tudo! – Adrian tremia.
- Ministro... – Tim abria a porta, olhando para os dois homens firmemente – Lamento, o horário de visitas acabou.
Adrian olhou para Paul, depois para Tim com raiva.
- Tudo bem... Já tivemos tempo para conversar com nosso irmão...
- Achamos que Jeremy está muito mais lúcido, e cremos que ficar com a família o fará bem... – Paul comentou com Tim ao sair da sala – Podemos conversar com um médico para dar alta ao nosso irmão?
- Verifiquem na recepção a escala dos médicos – Tim respondeu indiferente – Hoje não há nenhum disponível para tal coisa. Agora, se nos dão licença... Precisamos fechar a Ala... – E apontou para a saída, sem maiores rodeios.
Os dois homens, acompanhados pelos seguranças, saíram dali. Enquanto isso, Luna ao certificar-se que estavam longe dali, empurrou com força uma porta corrediça, entrando no compartimento onde Jeremy se levantava, com um sorriso de vitória no rosto. Ele a mirou.
- Então? O que achou?
- Eles podem matar você!
- Luna, por favor, eu não sou idiota o suficiente para me deixar pegar...
- Jerry, que pessoas horríveis são os seus irmãos! Se eu não tivesse ouvido os mesmos, acharia que era obra de zonzóbulos!
- Imagina, eles são ruins mesmo... – Jeremy olhou para o pequeno aparelho na mão de Luna – Gravou tudo?
- Gravei... Esse negócio é legal! O que você pretende fazer agora?
- Eu quero que isso chegue às mãos de Harry Potter... Seria possível?
Luna abriu um sorriso para Jeremy, como se dissesse com o mesmo “deixa comigo”.
***
Harry e Hermione miravam Caroline como se a menina fosse a luz para todas as suas dúvidas.
- Onde está Claire, heim? Estou morta de saudades! – Carol sorria.
- Ela está em Hogwarts... – Harry falou sem pensar.
- HOGWARTS!? Oh, meu Deus! Vovó! Claire é bruxa! – a menina pegou na mão da avó, que sorria.
- Que coisa, não, querida?
- Ai, queria eu ir para Hogwarts também!
- A Sra sabia que a menina era uma bruxa? – Harry ficou confuso.
- Eu não sabia.
- Não?
- Não. Mas eu sabia que Claire era especial de algum jeito. Depois, quando a família dela se mudou e nunca mais tivemos notícias, de certa forma confirmei isso.
Harry franziu a testa. Embora ambas lembrassem-se dos Cavendish, também não sabiam de seu paradeiro. Sentiu como se tivesse nadado uma maratona inteira para sentir cãibra no final da prova e perder por milésimos de segundo.
- Claire sempre foi uma criança adorável... – Continuou tia Petúnia – Doce como o mel. Carol e ela sempre foram amigas, nasceram na mesma época. Lembro que assim que nasceu, ficou um mês no hospital, fragilizada. Nascera prematura, de sete meses. Foi um milagre que tivesse sobrevivido.
Hermione fez cara de confusa.
- Então, Claire quase morreu no pós-parto? – Perguntou, ligando os fatos.
- Isso. Amélia chorava muito, eu sempre a dizia para confiar em Deus que tudo daria certo. E deu. Claire é uma benção!
- Tia... – Harry resolveu ir direto ao ponto – A família Cavendish não tem nenhuma relação com o mundo mágico, nenhuma das últimas gerações demonstrou dom de magia, então... Claire não é filha legítima deles.
- Ah... Não?
- Estamos tentando entender a história dessa menina, Sra. – Hermione prosseguiu – Ela apareceu na plataforma de embarque para Hogwarts sem nenhuma expectativa sobre a Escola. Disse que havia fugido de casa pois seus pais não se lembravam dela.
- Nossa! Que loucura! – Carol arregalou os olhos.
- E parece que só vocês se recordam dessa família.Visitamos todos os lugares que Claire disse ter estudado, morado... E ninguém nunca ouviu falar dela. – Harry falou, acariciando o cabelo de Caroline.
- Ah, agora eu entendi... – Tia petúnia deu um breve sorriso.
- Entendeu...?
- Se você perguntar para as outras pessoas daqui, certamente elas vão dizer que não se recordam dos Cavendish também. Somente Carol e eu lembramos.
- Mas, como é possível?
- Sua mãe, Harry – A velha mulher sentiu os olhos úmidos – Ela fala comigo por sonhos, ela me disse para guardar Claire no meu coração, pois ela traria você novamente até mim.
Harry sorriu, melancolicamente.
- Pois então, para via dos fatos, não conhecemos nenhum Cavendish. Inclusive quando um bruxo mal encarado apareceu rondando as ruas do Surrey.
- Bruxo mal encarado? – Hermione se interessou.
- É... Assim que Claire e seus pais sumiram daqui, um homem muito bem vestido estava rondando por aqui. Eu protegi Carol e me protegi dele, parecia que nossa casa estava invisível a ele, pois ele sequer olhou para nossa direção. Acho que ele fez todos se esquecerem dela.
- Ele não via essa casa?
Harry sorriu Lembrou-se da época em que ainda morava ali e aquela casa era protegida, mas tal proteção, segundo Dumbledore, acabaria no momento em que ele se tornasse maior de idade. Mas parece que mesmo o velho sábio não conhecia muito a fundo o coração maravilhoso de sua mãe.
- É o que parece. Prova disso é que nem Duda se lembra deles, daí Carol e eu temos um trato, não é querida?
- Isso! – A neta beijou a mão da avó.
- Que trato?
- Vovó pediu para eu nunca mais falar de Claire, só falássemos quando Harry Potter nos perguntasse!
- Trato cumprido! Minha neta é uma garotinha de palavra!
Após tomarem conhecimento de outras informações sobre a família Cavendish, Hermione olhou para o relógio. Já era muito tarde, então, decidiram ir embora, mas não antes de Harry prometer voltar ali com os filhos e a esposa, e Hermione também. No momento de despedida, Tia Petúnia entregou a Harry um cordão de ouro, com um pingente grande. Não disse nada ao sobrinho, apenas o entregou. Harry percebeu que tal pingente podia ser aberto, e ao abri-lo, mirou nele uma foto de sua família: ele, bebê, no colo da mãe, e seu pai ao lado de Lilian. Era uma família linda. Harry beijou a face da tia e colocou em seu pescoço o cordão. Aquele seria seu amuleto a partir de agora. Entraram no carro, discutindo sobre as informações que acabaram de receber.
- Quem você acha que é esse tal bruxo que sua tia falou? – Hermione começou seus questionamentos, quando Harry parou num sinal vermelho.
- Bom, temos algumas suspeitas: O Ministro e aquele homem que estava com ele. Temos toda a certeza que isso partiu de um deles.
- Se Claire é mesmo filha do Ministro, ele não tem coração...
- Não sei se você pensou a mesma coisa que eu, mas é possível que Claire tenha sido trocada por um bebê morto...
- Exatamente o que eu pensei!
- Ah... – Harry parecia ter lembrado de algo importante – Mione... Lembra do que Draco disse sobre um irmão do Ministro?
- Jeremy? O internado do St. Mungus?
- Não, o outro, o mais velho. Que leciona em Hogwarts...
- Ah, sim... O diretor da Sonserina. Rosa tem ojeriza a ele...
- Tiago e Alvo também... Draco disse que esse tal é um bruxo extremamente poderoso. Será que ele estaria compactuando com isso também?
- Se estiver, Harry... Temos um problemão. Ele está muito mais perto de Claire que nós mesmos.
Harry encarou a amiga profundamente. Estava certíssima. Claire em Hogwarts não estava nenhum pouco segura.
***
A porta do Salão Comunal da Grifinória se abriu, dando passagem para Zac. O menino não estava chorando, mas seus olhos denunciavam que ele não estava nada bem. Por onde passava, as pessoas o miravam com olhar de pena, e ele resolveu não encarar ninguém. Sentia-se fraco, com fome, embora não tivesse nenhuma vontade de comer, e derrotado. Foi seguindo até a Clareira, pois sabia que não precisaria sequer procurar os amigos. Tiago e Justin sempre sabiam onde ele estava Lá chegando, sentou-se num dos bancos, e se pôs a admirar a lua. O pensamento ainda estava a mil, e só o fato de lembrar-se que nunca mais veria o pai o fez sentir vontade de chorar de novo. Ouviu passos distantes, virou a cabeça empolgado, desejando ver os amigos, mas compridos cabelos loiros iam esvoaçando, conforme Claire, sorridente, chegava até ele.
- Zac! Que bom te ver! Está melhor?
- Claire! – Zac abraçou a menina. Depois de Tiago e Justin, com certeza Claire era a pessoa mais importante para ele naquele momento – Eu... Ainda estou muito triste... Meu pai morreu, eu nunca mais vou vê-lo...
- Mas você acabou de descobrir que tem outro pai! E um irmão!
Zac olhou confuso para Claire, um tanto indignado.
- Claire... Malfoy não é meu irmão!
- Ah, é sim, Zac... E o pai dele é seu pai...
- Não é! Meu pai é Lucas...
- Zac, olha... – Claire fez sinal para o menino ouvi-la – Minha mãe sempre me dizia que Deus nunca fecha uma porta sem ter aberto uma janela antes. Eu imagino sua dor de perder seu pai de criação, e eu sei que pai é aquele que cria, dá amor, carinho... Mas nada acontece fora do olhar divino. Se seu pai teve que partir para o outro plano, Deus está te dando uma nova família, que você vai aprender a amar do mesmo jeito que você ama seu pai e sua mãe.
- Claire... eu.... – Zac parecia não saber o que dizer.
- E tem mais... – A menina prosseguiu – Eu disse quase o mesmo para Escórpio. Você é um amor, Zac, uma das pessoas que eu mais amei conhecer aqui. Você e ele são muito diferentes, mas sabe no que vocês são muito iguais?
- Qual? – Zac não poderia imaginar qualquer semelhança entre eles.
- Ambos são doces e amigos. A única diferença é que você tem quem veja e explore isso, você tem amigos que tiram o melhor de você para o mundo. Ele, não. Tudo que Escórpio precisa é de apoio. Viramos amigos, eu disse a ele que você será um irmão maravilhoso, assim como eu te digo que ele será um grande amigo seu, se você der uma chance a ele se mostrar quem ele é de verdade.
Zac mirou Claire, incrédulo. Era impossível discutir com a menina. Ficou abismado com a maturidade dela. Tentou assimilar aquelas palavras tão sábias, e de certo modo, sentiu-se mais alegre ao ouvi-las. Claire era sempre a pessoa certa no lugar certo, na hora em que mais se precisava de um amigo.
- Zac... Eu pedi para Escórpio me prometer que ia descobrir em você um amigo, um irmão. Eu queria que você me prometesse o mesmo. Não por mim, mas por sua mãe, seu pai e principalmente, por você. Ódio é um sentimento horrível de se sentir. Quem endurece o seu coração está assinando seu atestado de infelicidade pelo resto da vida. Então? Prometido? – Claire estendeu sua mão para o menino.
- Prometido... – Zac sorriu, apertando a mão da menina – Eu não acredito que você existe, Claire... Parece brincadeira... Você é perfeita!
Os dois amigos se abraçaram ternamente. Claire estava radiante de felicidade, pois conseguira arrancar de Zac e de Escórpio um sorriso sincero após tantas lágrimas derramadas. Só que, ela e Zac não perceberam que naquele momento, outras lágrimas rolavam, ali mesmo, pertinho deles. Jullie estava escondida, escutando aquela conversa, e chorava baixinho, sem querer chamar atenção para si. Havia chegado logo atrás de Zac, ao ver que o menino havia saído do Salão Comunal da Grifinória, enquanto ela se dirigia para o seu Salão Comunal, mudou de direção para observar de longe se o menino estava bem. Olhou para os dois se abraçando.
- Claire... Por que tem que ser assim? – Murmurou para si mesma, quase sem voz – Você é a pessoa mais linda do mundo... Eu preciso tanto de você!
***
Diana seguia aquele desconhecido, com o coração batendo mais forte. “Que raios ele quer comigo!” ela se perguntava. O homem apontou para um local, era uma cafeteria pequena, que Diana reconheceu como a entrada para um vilarejo mágico, no centro de Paris. O homem entrou no pequeno local, que tinha um agradável cheiro de capuccino, cumprimentou o homem do balcão e se dirigiu a um corredor mal iluminado. Ao chegar nele, virou-se para Diana.
- Poderia nos dar a passagem? Eu não o posso.
- Não pode? – Diana tateou a varinha – Por quê?
- Porque eu não tenho varinha.
- Não tem? – A loira bateu com a varinha em três tijolos irregulares da parede, abrindo a passagem para a “Tiret du bonheur”, ou Travessa da Felicidade, centro comercial mágico no coração de Paris, que estava dentro da Ville de fleurs, o vilarejo mágico mais conhecido da França.
- Não, eu não sou bruxo, sra.
- Se não é bruxo, como sabe desse local? – Diana acenou para o homem passar pela abertura da parede.
- A sra não é trouxa, e sabe tudo do mundo trouxa, não é? Pois bem... Eu sou trouxa, mas seu tudo sobre o mundo mágico. Embora por razões que gostaria de tratar com a Sra...
- Não me chame de senhora... Eu não sou tão velha assim... – Diana riu.
- Desculpe! Como posso chamá-la, então?
- Diana... Mas, eu ainda não sei como eu devo chamá-lo tampouco.
Diana o mirou sorridente. Viu que ele não era tão mais velho que ela, aparentava ter os seus 34 anos e era um homem bastante bonito. Estava mais aliviada, pois ele escolhera um local muito movimentado, onde nada poderia ser feito contra ela. Ainda mais sendo ele um trouxa. Só tentava entender o motivo pelo qual ele a levara ali, e de onde o conhecia.
- Desculpe, não me apresentei e ainda não me expliquei, também... – O homem sorriu e estendeu a mão para ela – Me chame de Túlio. Preciso muito que você nos ajude, Diana. Aliás, você tem que se ajudar também. Está correndo risco de vida.
Diana ficou pálida. Um homem que não conhecia, não era bruxo e tampouco parecia francês, a julgar pelo forte sotaque britânico do seu inglês, a abordara, e agora dizia que ela estava correndo perigo de vida. Aquela história estava cada vez mais estranha.
[red][b]***[/red][/b]
Ronald Weasley acabara de chegar em casa. Ia desapertando o nó da gravata e jogando a bolsa de couro preto em cima de um sofá, coisa que só o fez porque Hermione ainda não estava ali, já que certamente estaria gritando a essa altura. Procurou pelo filho, inutilmente, lembrando-se que ele estaria na casa de seus pais. Tirou os sapatos, e ia se preparando para um banho, quando ouviu a campainha tocar.
- Ora, isso são horas? – Remungou.
Abriu a porta de má vontade. Um homem bem vestido e com ar jovial se deixou enxergar.
- Boa noite, Weasley... – O homem cumprimentou.
- Boa noite... Desculpe, nos conhecemos?
- Não, não... Mas terei prazer em me apresentar...
Numa fração de segundos, o homem sacou a varinha. Rony pressentiu o ataque, mas estava sem sua varinha consigo. Sem sucesso, tentou fechar a porta, mas já era tarde demais. Um feitiço o havia acertado em cheio, fazendo com que ele caísse num estrondo no chão da sua sala de estar.
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