Epílogo
Harry andava pelas ruas de pedra do Beco Diagonal com um sorriso de orelha a orelha, mal reparando nas lojas coloridas por que passava. Sua atenção era desviada pelos pequenos bruxinhos e bruxinhas que corriam pelas calçadas, seguravam sacas de brinquedos, exigiam em altas vozes que queriam ir até a Gemialidades Weasley, tomavam sorvete, brincavam de pega-pega ou se escondiam dos pais...
Em breve ele estaria lá com os seus filhos. Pai. Ainda não cabia em si de alegria com a barriga quase estourando de Gina, afinal o bebê estava previsto para qualquer dia daquela semana e ele já segurava a sacola com os doces que Gina o mandara comprar.
Mas naquele momento, seu sorriso era maior ainda, segurando uma carta nas mãos ao entrar numa loja apinhada de bruxinhos, a "Artigos de Qualidade para Quadribol". A carta tinha chegado algumas horas antes enquanto ele estava na Central de Aurores e o rapaz decidira que a situação pedia um presente.
"Querido Harry, não pude esperar que chegasse em casa para te contar a novidade. Teddy acabou de fazer magia!! Não... não estou falando de se metamorfosear sem querer... estou falando do primeiro sinal de magia dele!!
Como estava garoando hoje a tarde inteira, eu disse a ele que deveria brincar em casa. Mas, para meu desgosto, ele montou a velha vassoura de brinquedo que você deu para ele há alguns anos - aquela que já está até pequena para sustentá-lo - e ficou levitando com ela pela sala. Esbarrou em várias coisas e provavelmente já tinha levado umas três chamadas de atenção quando eu escuto da cozinha o barulho de louça quebrando.
Claro que fiquei zangada, oras. E não diga que devo ser mais indulgente, Sr Potter - venho te falando há muito tempo que você mima demais meu neto. De qualquer forma, fui para a sala pronta para dar uma bronca nele, quando o vejo agachado recolhendo os pedaços de um antigo vaso... conforme ele tocava nos pedaços, eles se juntavam intactos sem que Teddy tivesse consciência de obrigá-los a isso!!
Ele virou-se para mim e disse 'Veja o que fiz, vovó... sou um bruxo de verdade!!'... ah Harry, foi inevitável não me lembrar de Dora e quando ela me disse a mesma coisa aos 7 anos de idade!! Comecei a chorar de emoção, ao mesmo tempo que ria... Teddy não entendeu nada, só ficou satisfeito que não levou a bronca que merecia e, ao invés disso, eu preparei um bolo para ele.
Adoraria que você passasse mais tarde aqui para falar com ele e tomar um lanche. E, claro, Rony, Hermione e Gina estão convidados.
Um abraço, Andromeda."
Mal contendo a alegria, Harry contou a Rony o que tinha acontecido e deixou sob responsabilidade dele contar para a irmã e para a mulher que essa noite iriam visitar Andromeda. Saiu mais cedo do Ministério e finalmente estava pagando o presente que seu afilhado tanto merecia. Uma vassoura de crianças a partir de 7 anos. Com certeza mil vezes melhor que a vossoura de brinquedo em que Ted voava desde os 3 aninhos... essa vassoura, da marca Nimbus, até levantava 10m do chão. Sem pensar na cara que Andromeda faria ao ver o presente do neto, Harry também comprou um conjunto das vestes do time Francelhos de Kenmare, o qual não poderia ter fã mais intusiasmado do que Teddy Remus Lupin.
- Isso, por favor embrulhe para presente. - disse Harry ao jovem balconista.
Harry foi o primeiro a chegar na casa de Andromeda aquela noitinha... e escutou o grito do menino ao reconhcê-lo da janela.
- Tio Harry, tio Harry... - o menino correu pala porta como uma bala. Harry se abaixou um pouco para evitar a colisão, mas estendeu os braços para o menino, que se jogou e permitiu ser levantado no ar pelo padrinho, as gargalhadas. Então se acalmou um pouco e disse: - Eu sou um bruxo de verdade, tio!!
- Claro que é, nunca duvidamos disso Teddy.
- Mas eu nunca tinha feito nada a não ser mudar a cor do cabelo, o tamanho do meu pé...
- Seu capetinha - disse Harry, começando a fazer cócegas na barriga do afilhado.
Andromeda desceu os degraus de pedra da entrada e cumprimentou Harry com um abraço, fazendo o rapaz entrar. Pouco depois chegaram Rony, Hermione e uma Gina enorme e radiante.
- Meus parabéns, querido. - disse Gina, dando um beijo em Teddy.
- Tia, agora eu vou poder ajudar a cuidar do seu filho. - disse o menino, sério. - É só consertar as coisas que ele quebrar e... - mas o resto da frase foi abafada pelo riso dos adultos e Teddy ficou um pouco encabulado, e o cabelo castanho claro do menino ficou, de repente, ruivo como os cabelos de Rony.
- Olha só o que eu te trouxe, Ted. - disse Hermione, estendendo um bonequinho de exército feito de madeira, entalhado pela própria Hermione. - Mais um soldado para aquele exército que luta contra as invasões bárbaras.
O menino sorriu radiante ao pegar a miniatura e se atirou no colo de Hermione.
- Ogrigado, titia.
- Ah Hermione, adoro como você conta as Grandes Histórias trouxas para Teddy, fazendo parecer brincadeira... o menino está até brincando com as antigas guerras dos romanos, saxões e ingleses... - comentou Andromeda.
Todos riram.
- Eu também te trouxe um presente, Teddy. - disse Harry. Ted se virou para o padrinho com um ar meio encabulado e meio curioso. - Não quer saber o que é?
- Quero!! - disse o menino, entusiasmado.
Harry foi até a sacola que tinha deixado no canto e puxou um grande pacote cumprido. Os olhos acizentados de Teddy brilharam. Mas Harry escondeu o pacote nas costas e, com um breve olhar para Andromeda primeiro, disse:
- Antes, quero fazer um trato com você. Me promete que só vai brincar com o presente no quintal?
- Prometo, prometo!!
- E promete que vai obedecer a vovó quando ela disser que está na hora de guardar para jantar ou tomar banho?
Teddy hesitou um tiquinho de nada, então arqueou os ombrinhos e suspirou.
- Prometo, tio.
- Então aqui está. - Harry estendeu o pacote e Teddy rasgou o embrulho na mesma hora.
- Uau... - disse ele, pegando a vassoura pelo cabo, encantado. Então viu as vestes de seu time. - Nossa, titio... - colocando tudo no sofá, o menino pulou no colo de Harry e beijou o padrinho, agradecendo.
- Obrigado, obrigado, tio...
- Você merece, campeão. - comentou Harry, abarçando a criança que tanto amava.
- E aí, vamos experimentar essa vassoura? - convidou Rony.
- Brincar de Quadribol? - perguntou Teddy, olhando assombrado para Rony, com os olhos brilhando. - Vamos, vamos... - começou ele todo empolgado, mas Harry olhou para Andromeda e Rony pegou o olhar, e ficou meio encabulado.
- Não... - apressou-se a dizer Andromeda - Podem ir.
E assim Rony e Harry passaram um tempão brincando de Quadribol com Teddy no quintal de Andromeda, enquanto Hermione fazia companhia para a enorme Gina.
- Vai ser divertido quando a família for maior. - comentou Gina feliz, acariciando a barriga. - Vai mesmo. - concordou Andromeda - Daqui a pouco será você a barriguda, heim Hermione? - brincou a senhora. A moça riu sem graça e concordou.
- Acho que sim... eu e Rony queremos muito, mas requer planejamento e...
- Você planeja demais, Hermione. - brincou Gina. Andromeda riu e disse:
- Lembro-me que um dia Dora e Remus me contaram que você era super-responsável e Rony meio desleixado, mas que mesmo assim estava visível para todos que estavam apaixonados... - Hermione corou um pouco enquanto Gina ria - E isso já faz tanto tempo... vocês era adolescentes, crianças... quê? Uns 15 ou 16 anos...
- Acredite, eles estavam loucos um pelo outro. - brincou Gina. Andromeda riu e Hermione sorriu um pouco encabulada.
- Mas estou falando sério, querida. - tornou Andromeda - Você é tão natural e boa com Teddy, tenho certeza de que será uma ótima mãe. As duas. - acrescentou ela, dando uma palmadinha na perna de Gina.
No quintal, Harry e Rony controlavam a altura de suas vassouras para ficar na mesma altura do menino, que disparava para todos os cantos, tentando marcar gols ou brincar de pega-pega no ar. Os três se divertiram tanto que até perderam a hora enquanto escurecia rapidamente. Então Andromeda os chamou.
- Ahhhh. - reclamou Teddy.
- Achei que tinhamos um combinado, Ted. - comentou Harry casualmente, pousando.
- Tudo bem. - apressou-se a dizer o menino e, então: - Tio, você fica aqui em casa até eu ir pra cama?? - e fez cara de pedinte. Como Harry hesitou um pouquinho, pensando na mulher grávida e no dia seguinte, que teria que acordar cedo, Teddy implorou - Poooorrr favoooorr?? Harry riu e acabou concordando.
- Oooobbbaaa. - comemorou Ted, correndo para dentro de casa para poder se lavar, jantar e, finalmente ir para cama.
- Mas eu não estou com sono. - disse o menino, bocejando.
- Está sim, Teddy. Sem discussão. - Andromeda foi firme. - Vamos Teddy, eu vou com você... quer que eu te conte uma história? - disse Harry, levantando-se e chamando o garoto.
- Quero!! - disse Ted, trepando no colo do padrinho, que o levou até sua cama.
O menino entrou de baixo das cobertas e se jogou no travesseiro enquanto Harry se sentava na beirada da cama, com a porta do quarto entre-aberta.
- Então, o que vai ser? Quer que eu leia uma história de Beedle ou...
- Não. - interrompeu Ted. - Eu quero que você me conte de novo a história dos Marotos. - o menino irradiava felicidade.
- Era uma vez um rapaz que tinha sido mordido por um lobisomem. Toda noite de lua cheia ele se transformava em um enorme lobo peludo. Mas ele não gostava disso, sofria por ser um lobisomem e acreditava que as outras pessoas não gostariam mais dele se descobrissem seu segredo.
"Mas seus melhores amigos descobriram o segredo e, muito ao contrário de repudiá-lo, fizeram uma coisa para tornar as transformações do lobisomem menos dolorosas."
- Se transforamaram em Animagos. - disse Teddy, prontamente.
- Isso mesmo. - tornou Harry - Toda noite de lua cheia, enquanto Remus era o lobo e, por isso foi apelidado de Aluado, Sirius era o enorme cão preto e foi apelidado de Almofadinhas, James era o cervo com grande galhada na cabeça e foi apelidado de Pontas; e Pedro, que se transformava em rato, foi apelidado de Rabicho. Os quatro amigos sempre saiam para se divertir pelos terrenos da escola de Hogwarts...
Inventando um ponto ali, acrescentando uma coisinha lá, ou então sendo cem por cento fiel a história, Harry narrou novamente a vida daqueles quatro amigos.
- Traíra asqueroso!! - exclamou Teddy, quando Harry contou que Rabicho já não se divertia mais com seus amigos e, portanto, encontrou uma nova galera inimiga e acabou entregando o esconderijo de James.
- Eeeehh! - comemorava Teddy, enquanro Harry narrava o reencontro de Sirius e Remus, dizendo que nunca antes dois homens se abraçaram tão fraternalmente como naquele momento.
- Mas meu pai não ficou sozinho depois que Sirius foi pro céu, né Tio?
- Não... ele era o último Maroto, mas finalmente tinha encontrado o amor nos braços de uma moça super-divertida e engraçada.
- Minha mãe. - disse a criança com orgulho.
- E agora eles estão todos juntos novamente, felizes.
- Tio... - disse o menino, já sonolento - Eles olham por nós, né? Por mim e por você e pelo tio Rony e pela tia Hermione e tia Gina e minha vó e...
- Sim, Teddy, eles olham. - respondeu Harry, esperando o menino adormecer.
- Titio? - ainda suspirou Teddy.
- Quê? - perguntou Harry, tranquilo.
- Você vai continuar sendo meu melhor amigo mesmo que tenha um monte de filhos com a tia Gina?
Harry foi pego totalmente desprevinido contra essa pergunta estranhamente ciumenta, afinal Teddy não costumava ter reações de ciúmes. Sorriu e beijou o afilhado no rosto.
- Claro que sim, Teddy. Seremos sempre melhores amigos. Você sempre vai ter o seu espaço comigo. - ele despenteou os cabelos do menino, que ficaram roxos, azuis, vermelhos, pretos, loiros e voltaram para o tom castanho enquanto o menino ria, meio sonolento.
- Te adoro, titio. - suspirou o menino e adormeceu, sentindo-se seguro e feliz.
- Te amo, pestinha. - disse Harry, beijando o rosto da criança mais uma vez e saindo do quarto com cuidado, sentindo que, com certeza, amava esse menino como se fosse seu filho mais velho.
"E ele é a cara do Remus." pensou Harry, fechando a porta "Mesmo que consiga se metamorfosear como Tonks."
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
N/A: (contem spoilers de Pottermore)
Essa foi minha fanfic sobre os Marotos, relatando os principais anos da vida do Remus.
Minha intenção, ao escrever a fic, já há aproximadamente seis anos atrás (quando terminei de ler Relíquias da Morte pela quarta vez), era fazer uma coisa delicada, que soasse simples, mas que tivesse a dor pesada por que Remus passou a vida inteira. Não sei se consegui passar tudo o que senti ao escrever essa fic para meus leitores, mas espero que alguns tenham captado...
Com o final da série que me acompanhou por toda a minha adolescência, eu senti que faltava descobrir alguns momentos, e já que Jo Rowling não tinha publicado os momentos que eu senti falta, resolvi escrevê-los, procurando-os dentro de mim, a partir da minha intensa viência emocional ao ler os sete livros de Harry Potter treze vezes cada ao longo de sete anos (dos meus 12 aos meus 19 anos)... Assim surgiu a fanfic "O último Maroto", e também minha outra fanfic da qual gosto muito "Dezenove Anos e Além - Momentos".
Eu amo demais a história dos Marotos, especialmente a parte entre a formatura deles de Hogwarts e a morte de James e Lily, pois é durante a guerra que descobrimos o quanto nossos amigos são realmente amigos e não na segurança do colegial, né? Adoro a amizade Remus/James/Sirius, pois acredito que eles eram como irmãos mesmo... e cada um com suas características é apaixonante!!
E, claro, desde que eu li Prisioneiro de Azkaban pela primeira vez, então com 13 anos, Remus Lupin se tornou um dos meus personagens preferidos. Com um drama guardado a sete chaves em seu coração, que o faz parecer melancólico, mas ao mesmo tempo um adulto justo e ético, que age como uma forte figura paterna para o Harry no terceiro livro, eu logo me encantei...
Nossa, como esse personagem sofreu!! A gente mal pensa nas dores dos outros personagens enquanto lemos HP, pois focamos na história do trio, mas eu acho a história dos Matotos MUITO triste. Pra começar eles eram a sensação da escola, felizes e encrenqueiros. Mas só acontece desgraça depois disso... a traição de Rabicho, a prisão de Sirius (que é outro que passou metada da vida sofrendo) e a solidão de Remus... se formos analisar, James foi o que menos sofreu, morrendo rápido e sem perdas. E, além disso tudo, Lupin era um lobisomem, tadinho... acho irônico que a história deles, na escola, conta como eles eram felizes e engraçados, mas que depois disso vira uma tragédia.
É claro que, quando Remus parecia finalmente feliz, eu apostei minhas fichinhas de que ele casaria com Tonks, teriam filhos e sobreviveriam ao livro sete. É claro que foi devastador que ele não sobrevivesse, mas ele experimentou a sensação de segurar o filho no colo, coisa que Sirius não conseguiu viver...
Enfim, vale aqui um pequeno adendo: Esta fanfic foi escrita e publicada muito antes de existir o Pottermore... Agora, com o lançamento do terceiro livro no Pottermore, ficamos sabendo de uma maravilhosa biografia de Remus Lupin, e eu mesma fiquei encantada com algumas coisas que coloquei acertadamente em minha fanfic... No mais, Rowling explicou que Lupin ficou sabendo do ataque de Voldemort contra James e Lily enquanto estava em uma missão (na fanfic eu coloquei ele sabendo quando voltava). E também Rowling nos comunicou que os Marotos tiveram o mapa confiscado por Filch, e como estavam se envolvendo na guerra contra Voldemort, não despreenderam energia para recuperá-lo (Enquanto, na fic, eu coloquei que eles haviam deixado o mapa deliberadamente na escola).
O que achei muito interessante, além da biografia de Lupin em si, é que a Jo continuou deixando margens para nossa imaginação e, portanto, para as fanfictions... Jo é mesmo uma escritora muito talentosa e, em minha opinião, muito generosa com seus leitores!
Espero que vocês tenham gostado da fanfic, MUITO obrigada para quem comentou - comentários são realmente motivadores!! - e, pra quem terminou de ler agora, eu adoraria ler seu comentário...
Valeu mesmo gente!! E quero fazer uma menção honrosa pra Jo - sim, pra Jo Rowling - pois mesmo que ela NUNCA leia uma fanfic inteira na vida, ela nos proporcionou um mundo tão maravilhoso, que todos nós, da antiga "Geração Potter", pudemos ter uma adolescência num rico fandom (fanfic, rock bruxo, fanarts, fanvídeos, eventos, cosplay, etc) e nos divertir muito, pra dizer o mínimo. (Nostalgia daquela época...)
Beijos e abraços,
Praty.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!