Plenitude



As semanas se passaram, a guerra era cruel e impiedosa, mas com o coração apaixonado, as coisas não pareciam tão difíceis, sabiam aonde buscar apoio e consolo.

- Será que vamos viver em paz algum dia? - chorava Tonks, fazendo o coração de Remus se apertar de dor ao vê-la naquele estado. Ele a abraçava forte, ambos deitados na cama de casal em sua casa. A morte de Alastor Olho-Tonto tinha sido impactante para Ninfadora, muito mais madura do que antes, mas inegavelmente despreparada para as dores que ainda sofreria naquele ano.

- Calma, Dora... você não pode ficar assim... sabemos que estamos correndo riscos. Além disso, se você não tem esperança de viver em paz, como poderemos construir nossa família? - ele sorriu vacilente para ela.

- Como é que é? - perguntou ela icrédula. Remus estava voluntariamente tocando naquele assunto, naquele que ele sempre fugia e a deixava remoendo suas vontades de ser mãe ou programar uma gravidez sem que ele persebesse... será que só falava disso para consolá-la?

- Dora, - começou ele, com a voz carregada de amor - se não tivermos esperança que a paz virá, porque estamos lutando? Quais são os nossos valores? O que desejamos da vida se estamos casados?

Ela levantou o rosto lavado de lágrimas e olhou para Remus, então passou seus dedos pelo rosto mal barbado dele num gesto de carinho.

- Você tem razão, Re... meu amor, meu lindo... - disse ela, com a voz tão calma que mal parecia que estivera chorando tanto. - Se eu não tivesse esperanças não colocaria um filho no mundo, nesse mundo cheio de coisas maravilhosas para se desfrurar com liberdade.

Se abraçaram.

Porém, quando a certeza de que uma criança nasceria, uma criança de verdade, fruto desse amor maduro, mas puro como o amor de adolescentes, estava crescendo no ventre de Dora, as coisas não seriam tão perfeitas assim.

- Você tem certeza?? - perguntou ele pela milésima vez, depois de esboçar um sorriso e abraçá-la.

- Claro que sim!! Pare de me perguntar, Remus, até parece que você não gostou... - disse Tonks, insegura, parecendo desconfiada.

Mas inseguro mesmo estava Remus. Como, pelos raios luminosos do céu, pelas mágicas invocadas por Merlim na época do Rei Arthur, como, *como* ele tinha deixado isso acontecer? Como essa criança nasceria? Como ele poderia ser pai? E se um dia fugisse da floresta sob a forma de lobo e atacasse o próprio filho? Como deixar Dora sozinha com o bebê em tempos de guerra?? E se acontecesse alguma coisa a ele durante a guerra? Dora teria que criar o filho de um lobisomem sozinha... não... pior, e se Dora morresse durante a guerra? Como poderia cuidar do próprio filho? Sentiu-se covarde no segundo seguinte ao pensar isso... ele precisava demostrar força e felicidade.

Felicidade? Mas exatamente como, se agora sabia que tinha transmitido a licantropia para um ser inofensivo que nada tinha a ver com isso... nunca realmente pensara na possibilidade verdadeira e palpável de ser pai, mas agora sabia, tinha certeza absoluta de que a licantropia era genética. Como pode fazer isso? Sentiu-se um monstro ao ter a consciência de uma vida inteira de dor e preconceitos que agora passava a diante. "Sou um monstro..." concluia, lembrando-se vividamente do sofrimento das transformações.

Não tinha com quem desabafar o que estava sentindo, o que falar para Dora que estava radiante de alegria? O que falar para os sogros, que estavam mais animados do que nunca? Ele não podia trazer mais sofrimento para essa família. Tinha invadido a vida de Ninfadora Tonks, pensando apenas no seu amor egoísta... não devia ter deixado o fato de ser correspondido por ela lhe subir a cabeça... nunca deveria ter se casado com ela.

- Pare de dizer asnices!! - disse Tonks quase gritando quando, desesperado, desabafou um pouquinho do que sentia - Como se atreve a falar isso??!!

Remus a encarou, arfando como um lobo cansado de correr de caçadores. Controlava o impulso de chorar... "Covarde", se xingava, conseguindo raiva de si mesmo e, com isso, força para se controlar.

- Remus, meu amor... - tornou ela, num tom de voz totalmente diferente, se aproximando para abraçá-lo - Eu tenho certeza de que vai dar tudo certo. Licantropia não é genético, só se pode pegar ao ser mordido por um lobisomem.

- Eu não sei... nunca vi um caso como esse... nunca soube de outro lobisomem que fosse pai... pai... - ele parecia engasgar.

- Sim, você vai ser pai, Remus... - disse Tonks, cheia de amor, mergulhando os dedos nos cabelos do marido.

Mas isso não consolava, isso torturava. Se ele não tivesse licantropia, se o bebê tivesse essa sorte, com certeza absoluta morreria de vergonha do pai que tem... um marginalizado da sociedade... não... teria que ir embora, se afastar. Essa criança não poderia ser criada por ele.

Encaixando como uma luva em seus medos de ser pai, Harry, Rony e Hermione estavam fugindo para caçar Voldemort. Sim, Remus confiava inteiramente neste trio que provara sem muito valente, leal... mas ainda eram crianças em seus olhos, talvez mais maduras do que aquelas crianças que tinha ensinado no terceiro ano, quando Hermione saiu aos gritos de cima da árvore dizendo que a Profa McGonagall tinha lhe dado bomba e Rony caíra na gargalhada com o bicho papão dela... o coração de Remus transbordou de carinho por aqueles três e, de repente, viu Rony e Hermione se casando n'A Toca, o que provavelmente aconteceria um dia, como os adultos já tinham comentado mais de uma vez "Está na cara que esses dois estão apaixonados."... mas isso se sobrevivessem. E Remus sentiu aquela mão de aço esmagando seu coração novamente, eles *tinham* que sobreviver. E Harry, Harry... era para ele como um sobrinho amado, um afilhado, talvez o sentimento de ser pai fosse parecido... Harry estava em perigo mortal e Remus estava totalmente disposto a morrer pela salvação do garoto, não importava o que o adolescente dissesse. Faria o possível para ir com eles na tal missão.

Mas o possível não foi suficiente e Remus saiu magoado do Largo Grimmauld, a voz de Harry ecoando em seus ouvidos... "Eu nunca imaginaria isso, o homem que me ensinou a conjurar o Patrono... um covarde.". Harry não tinha entendido sua colocação, não tinha... a voz aguda de Hermione ainda o chamava... "Remus, Remus... volte!!" Será que ela e Rony descordavam de Harry? Ele não era um covarde aos olhos de Rony e Hermione, como era para Harry?

Saiu enfurecido e frustrado caminhando rapidamente por Londres, sem ter um objetivo definido, parecia perdido. Queria cuidar de Harry, ajudá-lo... a final o amava como um sobrinho, mas era assim que seria tratado? Será que Harry não percebia que ele queria ficar com Tonks, ter seu próprio filho e construir uma família como as pessoas normais... mas não, ele não era normal, era uma fera assassina.

Sua frustração lhe doía no peito como se facas em brasa lhe perfurassem a carne e o pulmão... sentia-se sem rumo, lembrou-se de Tonks costurando sapatinhos de lã enquanto cantava serenamente da última vez que a tinha visto, lhe beijado o rosto e saído de casa, na esperança de ter saído da vida da moça. "Covarde" se xingou novamente, porque tinha doído tanto escutar da boca de Harry o que ele mesmo pensava de si?

Mas ele tinha que se controlar... a final ele era expert nisso ou não? Talvez não mais... as provações que passara não tinham sido poucas, não tinham sido piedosas, podia muito bem confessar que era traumatizado pois já tinha perdido todas as pessoas que mais amara na vida... por que acreditar que seria feliz agora? Por que acreditar que a vida lhe seria bela, finalmente?

"Tenho que continuar tentando." - decidiu, refazendo o caminho de casa.

Certa vez Remus tinha concluído que o tempo não cura tudo, pois nada cicatriza permanentemente a falta de pessoas amadas, mas agora achava que o tempo podia ser miraculoso a seu modo... já que, sem opção, encarou a situação e passou a sonhar com a idéia de ser pai e aceitar a realidade ao ponto de dar todo o apoio que Dora merecia. Sem poder sair para suas missões, Remus trabalhava agora para divulgar notícias sobre a verdade que o Ministério abafava sobre Voldemort e montou, junto com os outros d'A Ordem da Fênix o Observatório Potter. Lá, passou sempre a falar bem de Harry. Sim. não tinha magoa guardada do menino, que com certeza era a salvação daquela guerra... Remus tinha total confiança no garoto, na verdade era difícil Remus definir se tinha mais confiança ou mais afeição pelo filho de um de seus melhores amigos, que tinha se tornado um homem honrado para dizer o mínimo. Era reconfortante saber que tinha um dedinho seu na construção do caráter de Harry.

Com mais tempo livre, Remus e Tonks passavam muito tempo juntos em casa, muitas vezes sozinhos para davarem vasão ao seu amor, a paixão, ao desespero que a guerra proporcionava. E a barriga de Tonks crescia, tal como crescia o sentimento de felicidade instalado no peito de Remus. Ele sentia que esse sentimento era tão forte que a guerra não poderia abalar e, em algum momento, explodiria de felicidade... ele seria pai. Pai. Pai.

Mas então aconteceu uma grande tragédia na família Tonks, quando, já sofrendo pela fuga às pessas que Ted teve que programar, descobriram que ele tinha sido assassinado. Andromeda ficara em choque e Ninfadora ficou deprimida. Coube a Remus levantar o astral das duas de todas as maneiras que conseguiu pensar. Mas a tristeza seria equilibrada logo em breve com a chegada do mais novo membro da família, pouco depois dos três receberem a mensagem de Gui, dizendo que Harry, Rony e hermione estavam na casa deles.

O dia do nascimento chegara.

Dora estava na sala fazendo um exercício de yoga com sua mãe, para manter a gravidez e o corpo saudáveis, enquanto Remus lia o jornal.

- Mãe. - Remus escutou a voz vibrante da mulher interromper o exercício costumeiro - Fica calma... mas acho que meu bebê está querendo conhecer a luz do dia.

Remus pulou do assento, deixando o jornal voar até algum canto... encaminhou-se apressado para Tonks enquanto Andromeda já a apoiava nos ombros.

- Amor... - Tonks olhou para Remus - Nosso filho vai nascer agora.

Ela parecia calma, tão diferente da agitada menina que ele conhecera e por quem tinha se apaixonado. Mas, por outro lado, sabia que amava ainda mais intensamente essa linda Dora com instintos maternais. Remus queria pegá-la no colo e levá-la depressa até o quarto, mas Andromeda não deixou, alegando que poderia prejudicar as contrações e que, neste momento do parto, era bom que ela caminhasse um pouco... assim ambos a ajudaram até o quarto de casal deles e a tortura de Remus começou, pois ele teve que esperar do lado de fora, ajudando a levar os materias que Andromeda precisava até a porta.

Passaram-se horas, Remus andando de lá para cá pela casa, nervoso, escutando de vez enquando um berro de sua mulher, de sua amiga e amante, de sua amada. Até que escutou um berro de criança, bem menos potemte que os berros da mãe, mas ainda assim alto o suficiente para se fazer notar. O coração de Remus disparou e ele correu até o quarto, na dúvida se poderia ir entrando. Mas sua sogra já tinha aberto a porta com uma cara cansada.

- Nasceu, Remus querido. - a sogra lhe deu um beijo no rosto e um leve abraço, pois Remus estava doido para entrar.

Dora estava com uma cara de exausta e suada, envolta nos lençóis... os cabelos rosa-choque lisos despenteados, uma expressão de plenitude. Nos braços dela estava um embrulhinho que mamava gulosamente no seio de Tonks.

Ela levantou os olhos e encontrou Remus olhando para o bebê com uma cara de apaixonado, cheio de ternura e amor.

- É um menino. - disse ela calmamente, ajeitando o filho nos braços para o pai poder vê-lo melhor. Remus se sentou ao lado dela e viu como seu filhinho tinha cabelos pretos escuros e tocou levemente o bebê com sua mão, que lhe pareceu enorme e desajeitada.

- Um menino... menino... - sussurrou, sentindo que nada na vida tinha lhe proporcionado tanta felicidade quanto aquele momento. Não conseguia parar de sorrir. - Nosso Teddy... Ted Lupin. - disse ele, olhando para Dora, que sentiu os olhos marejarem de emoção.

- Ted Remus Lupin. - ela disse, sua voz soando apaixonada - É um nome honrado.

Remus se aproximou e beijou os lábios dela, sentindo-se completo pela primeira vez na vida. Completo. Uno. Pleno.

- Harry vai ser o padrinho. - disse ele, o que sentia há meses e meses.

- Claro que sim. - concordou Dora - Ninguém melhor do que ele para ser o padrinho de Teddy.

Remus se aconchegou perto da mulher e filho e ficaram um longo tempo juntinhos, sem palavras, apreciando o milagre do amor que tinham em seus braços. Se falassem, apenas sussurravam.

- Olhe. - disse Remus extasiado, na hora em que Andromeda voltava para o quarto. As finas mexas pretas de seu filho estavam ficando mais claras... castanhas... dourados... não, loiras... peraí, ficaram ruivas... tão vermelhas quanto os cabelos dos Weasleys.

- Os cabelos de Dora começaram a mudar de cor menos de uma hora depois que ela nasceu. - contou Andromeda - Ted é um metamorfomago. - a jovem senhora irradiava felicidade e orgulho.

Remus e Dora se entreolharam sorrindo... nada poderia ser mais perfeito. Os três não conseguiam tirar os olhos do bebê faminto que mamou e mamou... até que largou o peito da mãe, obviamente em sono profundo.

- Adormeceu. - contou Dora, dizendo o que era claro, mas usando um tom de voz que mesclavam a felicidade irreprimível e o cansaço.

- Deixe-me pegá-lo e colocá-lo no berço, assim você também pode dormir um pouco, querida. - disse Andromeda, enquanto Lupin concordava e já fazia um carinho na cabeça da mulher.

- Eu vou esperar você dormir para ir até o Chalé das Conchas levar as boas novas. - disse Remus sorrindo encantado.

E logo Dora adormeceu nos travesseiros fofos, sentindo-se muito cansada pelo parto... num estado bem diferente, Remus estava eletrizado com a novidade e foi direto para a casa de Gui, onde sabia que o trio estava, ía contar a melhor novidade do ano.

Lupin abraçava Harry como se este fosse seu filho mais velho... o olhava como se já fosse um homem, a final Harry já era se comparado com o bebê que agora dormia em sua casa. Abraçou com muito carinho aquele rapaz, símbolo de tudo o que presava e que mal tinha consciência da força que tinha dado a ele.

- Você será o padrinho. - disse Remus ao garoto, ao se separarem e viu o olhar de alegria nos olhos verdes-vivo que o garoto tinha herdado de Lílian.

- Padrinho... uau!! - disse Harry... a atmosfera não poderia ter sido melhor. Mas Remus queria logo voltar para perto do seu menino.

O bebê era lindo, forte... e reconheceu o pai tão logo o mesmo o segurou nos braços. Os cabelos do bebê mudavam com frequência... loiro, ruivo, moreno, roxo, turquesa, verde... Andromeda estava tão feliz que não parava de tirar fotos. Dora e Remus sorririam com o filho nos braços para sempre naquelas fotos.

- Olha o papai aqui, olha. - disse Remus para o filho, numa voz de bocó, segurando o menino no alto. O bebê, quase um recé-nascido, deu uma leve risadinha e seu cabelos ficaram azuis clarinhos.

A felicidade estava completa. Que a guerra acabasse logo para poderem desfrutar da maior alegria que tinham vivido!! Mas, aconteceu o que eles não planejavam.

- Harry, Rony e Hermione estão em Hogwarts em vias de uma grande batalha... Neville convocou a Armada de Dumbledore. - soou a voz de Quim Shacklebolt do belo lince prateado que irrompera na sala dos Tonks.

Andromeda sentiu um gelo lhe percorrer a espinha. Olhou apavorada para a filha, que segurava seu netinho nos braços e tinha uma expressão de medo ao ver o marido se levantar na mesma hora.

- Remus... - disse ela, sentindo um mal pressentimento.

- Dora, você sabe que tenho que ir. Você fica aqui com sua mãe cuidando de Teddy.

- Nem... - começou ela, mas Remus a interrompeu.

- Dora, *por favor*. Eu preciso ir. Sinto que essa é a batalha final e não posso me esconder esperando que os outros que amo lutem pelo mundo melhor que eu desejo. Vou lá, para trazer paz a nossa família e, um dia, contar ao Teddy tudo o que pude fazer por ele.

Enquanto lutava com os Comesais da Morte, sentindo o desespero que cercava o castelo de Hogwarts, Remus tinha a consciência de que tinha um motivo a mais para estar lá do que no dia que tinha ido com James e Sirius se inscrever na Ordem da Fênix. E horas e horas de luta se passaram, mas Remus ainda via a luz do sol.

Seu coração só bateu descompassado quando viu uma linda jovem de cabelos rosa-choque combatendo uns três Comensais da Morte ao mesmo tempo... foi como se visse a cena em câmara lenta. Correu para ajudar e, a situação contornada, ele a puxou para um canto mais vazio.

- O que está fazendo aqui? - perguntou ele, quase grosseiro. Dora começou a chorar.

- Eu não podia, Remus... não vou te perder nunca mais, te deixar escapar pelos meus dedos. Agora já me envolvi demais. - ela o puxou para um abraço e Remus a retribuiu, lhe beijando as faces e os lábios. Tonks continuou - Comecei n'A Ordem por ideologia... hoje estou lutando aqui por amor e nada vai me fazer sair do seu lado... nunca mais.

Remus a apertou mais forte em seus braços.

- Eu te amo tanto... te amo muito... - disse ele comovido.

- Meu amor. - disse Dora, encostando a cabeça no peito do amado, escutando seu coração...

Então lado a lado lutaram madrugada a dentro, mal tendo consciência de seus outros amados, apenas rezando para que tudo ocorresse bem.

Do meio de todos os destroços e das pessoas que lutavam bravamente, Remus viu o Comensal Dolohov se destacar, brandindo a varinha e matando alguns estudantes que Lupin não reconheceu... sentiu um ódio corrosivo e logo estava duelando com ele... raios de diversas cores jorravam de ambas varinhas, clarões. Então Remus deu um floreio com a varinha e fez a face de Dolohov se cortar, o sangue respingando. Remus viu ódio no olhar do homem que disse uma palavra - ou será que tinha sido uma frase? - e Remus viu um enorme clarão de luz verde.

Como se fosse em câmara lenta, olhou para o lado em que Tonks lutava com alguém... sua linda Dora o olhou e suas almas conversaram naquele momento, em comunhão. Pode sentir o desespero de Dora ao olhar para o amado. E aos poucos o rosto dela sumiu enquanto o clarão verde obstruía toda sua visão e ele sentiu alguma coisa quente lhe atingir o peito e irradiar calor para todas as partículas de seu corpo. Sabia que estava morrendo e ficou surpreso com isso... será que não perderia sua consciência como nas vezes que se transformara em lobo sem a poção de Acônito?!

Sentiu uma pontada de dorzinha na cabeça e fechou os olhos. Sentiu cheiro de grama... abriu os olhos e quase se cegou com a luz solar que brilhava radiante no campo onde estava... o campo, sonho de Maroto. Quantas e quantas vezes ele, James e Sirius não tinham planejado morar no campo??

Se levantou e parecia esquecer as dores de seu corpo, na cabeça, no coração... simplesmente sentia-se renovado como se tivesse rejuvenecido. Abriu os braços e sentiu os cheiros de mato e flores. Então riu alto, alegre... estava só, mas nunca se sentira menos só na vida.

Ao longe escutou outras gargalhadas e quando se virou já sabia o que iria ver e começou a chorar antes mesmo que os visse inteiramente.

Lílian, James e Sirius corriam ao seu encontro, jovens como adolescentes, risonhos e corados... tão reais quanto o corpo que sentia, quanto ao seu coração que pulsava. No momento seguinte estava embolado num forte abraço múltiplo, sentia o cheiro das mexas ruivas de Lílian, ouvia os gritos de Sirius, sentia o abraço forte de James.

- Estávamos com muitas saudades, cara. - disse James ao soltar o amigo finalmente, olhando-o cheio de admiração.

- Você tem sido maravilhoso, Remus. - disse Lílian, lhe beijando a face com carinho e Remus sentiu o calor vivo dos lábios dela de forma inegavelmente real.

- Eu estava tentando resumir as novidades para esses dois. - brincou Sirius - Agora você pode me ajudar.

Remus puxou seus amigos mais uma vez para um grande abraço embolado, sentindo-se preenchido por dentro e recebendo a luz solar em seu rosto de forma quente e agradável. Ah!! Aquele momento tinha demorado tanto... tanto... mas não se sentia mais o último, a não ser pelo fato de que o último a chegar é sempre o mais bem-vindo.

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